Por motivos vários não foi, mas aqui a trago!
Uma teatrada
A
(uma ecologista)-O governo português e a Vinci pretendem avançar com a expansão
da Portela e a construção de um novo aeroporto no Montijo.
B
(Da Vinci)-Minha cara amiga (enfatuado) aí está uma excelente iniciativa de um
excelente governo. (conta pataco)
A-
Mas em Londres, em 2014, o Governo britânico abandonou a ideia de construir um
novo aeroporto numa zona de estuário, por representar um risco desproporcionado
para os passageiros aéreos e ser difícil de compaginar com as normas europeias
de conservação da natureza.
B-Ora,
ora, essa malta, o Brexit já lhes dá a volta, essas regras europeias são uma
ofensa à soberania nacional, e estuários.... o minha amiga antigamente até se
aterrava neles....
A-
Mas na zona do Montijo, foram detectados, num só ano, três milhões de voos de
aves no corredor de aproximação à pista norte, tornando clara a inevitabilidade
de corvos-marinhos, cegonhas, flamingos ou gaivotas provocarem um acidente
grave
B-Um
acidente grave? Mas a menina acha que somos irresponsáveis? E acha que esses
passarocos podem, alguma vez provocar um acidente? Se for preciso usamos um
canhão e até comemos flamingo de fricassé. Está convidada pra jantar (e
crava-lhe o olhar nos peitos!)
A-(Começa
a reagir.)... o senhor está a brincar certo?
B- Olhe
que não, olhe que não....
A-
Então se senhor o dono do projecto tem que compensar a perda de vastas áreas de
alimentação utilizadas por aves aquáticas migradoras e pertencentes à rede
natura 2000, com a reabilitação de áreas que já estão protegidas por lei e que
já estão incluídas na Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo, que
negócio é este? Vai proteger o que já
está protegido? Porquê?
B-Oh,
oh, oh, essa é uma malandrice dos nossos amigos, (enfatiza) nossos amigos do
governo. Eu próprio não percebo o que eles querem, já lhes demos bastante (esfrega os dedos), mas isso são questões de... roda o pé
A-Mas
senhor Da Vinci (aqui já zangada desabafa) que saudades do
verdadeiro....porque razão temos que ter este aeroporto, ou melhor este
aeródromo uma vez que tomando como certas as previsões em que se baseiam os senhores
Vincis, o número de movimentos aéreos previstos para 2032 para o conjunto
Portela+Montijo seria igual ao que se observa hoje no aeroporto de Gatwick, em
Londres, que tem apenas uma pista.
B-(Falando
para si) estes tótos ainda me licham o guito. Isso é s ó fumaça, vai haver muitos, muitos mais voos, aliás
também teremos que alargar (desabafo- e aí safei-me destes melros,eh,eh,eh) e
muito a Portela, então não sabe que a expansão económica é real, (ataque de
tosse) e o que queremos é mais muito mais turistas, todos, ainda bem que temos
o apoio do governo.....
A-Mas
com as alterações climáticas o senhor acha que podemos continuar a aumentar a
entropia, a multiplicar as emissões de CO2, a degradar os sistemas vivos?
E
não acha que seria mais económico defender outros sistemas de transportes,
ligações ferroviárias de qualidade de bitola europeia, pensar bem e desenvolver
um sistema aeroportuário de raiz e em rede, que evitasse a poluição sonora e de
micropartículas em área urbana?
B-(comentário)
Esta está a tornar-se difícil (coloca um monte de notas a jeito da rapariga)
Pois só faltava mais essa, nem os presidentes do Estados Unidos, do Brasil, e
se calhar nem o da India e China acreditam nessas coisas, temos é que
desenvolvermo-nos, logo encontraremos solução para esses problemas se os houver
. Mais, muito mais economia é que é preciso, (empurra o maço de notas....pensando
que a ecologista é da Quercus)
Finalmente....
Nesta
nossa brincadeira quisemos mostrar que a brincar podemos levar a carta a
Garcia.
É
desnecessário este novo aeroporto, temos que pensar no fim da Portela, temos
que alterar os dados meramente financeiros deste projecto, insensato
economicamente, errado ambientalmente, arriscado em termos da saúde pelo ruído
inacreditável, pelos poluentes presentes e também e esse é um problema bicudo,
porque as aves, as milhares de aves, dezenas de milhar poderão provocar algum
acidente, até com o dito.
Para
tal temos que cumprir a legislação, que obriga o Estado português de defesa da
natureza, de observâncias pelas regras que obrigam as actividades
aeroportuárias, e os imperativos e directivas europeias.
Temos
que parar e estudar, voltar a estudar ou retomar estudos. Sabemos que há muito
que o Montijo foi afastado em estudos rigorosos, como o foi o aeroporto quase
decidido entre duas serras, numa zona palustre e cheia de águas subterrâneas; a
Ota foi afastada!
é
preciso pensar o transporte aéreo em articulação com a ferrovia e sobretudo com
a redução necessário do número de voos e taxação à aviação, com vista a cumprir
os acordos de Paris sobre o clima, e estudar as várias alternativas, como exige
uma avaliação ambiental estratégica.
Esperemos
que se não houver dirigíveis que haja pelo menos quem nos dirija com bom senso.
Nós aqui estamos.
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