São questões que se repercutem directamente nas necessidades colectivas dos cidadãos, em particular nas mais relevantes. E uma delas é inquestionavelmente a Saúde, tema escolhido para o debate quinzenal no Parlamento com o primeiro--ministro (até ia a escrever Governo, mas, de facto, não é assim).
Sobre esta matéria e para além da frieza dos números – e já lá vamos – é bom ouvir quem anda por esse mundo: profissionais do sector e utentes (também me recuso a dizer clientes). O que mais me assusta são os constantes atropelos éticos de que oiço insistentemente falar, misturando serviços à revelia de todas as regras de boas práticas, com gravíssimas consequências na saúde dos cidadãos, em nome de uma contenção de custos que resulta precisamente no contrário, face às sequelas que vão ficando nas pessoas; a politização férrea de cargos que só deviam ter um único critério, o da competência, em casos como directores clínicos e chefes de serviços hospitalares. De norte a sul do País e com casos comprovados.
No mais, para além de cerca de 600 mil doentes em listas de espera na rede hospitalar – no 26º lugar numa lista de 31 países –, no sistema de cuidados de saúde, com indicadores equiparáveis à Roménia e à Bulgária, também continuam os encerramentos dos SAP e a extinção de serviços de urgência hospitalar, sem alternativas assistenciais, estando suspensos ou adiados os projectos de construção de dez novos hospitais. Só entre 2006 e 2007, as taxas moderadoras nas Urgências aumentaram cerca de 23% e os processos de introdução no mercado de medicamentos inovadores chegam a demorar três anos. O número de médicos nos centros de saúde diminuiu e o número de hospitais especializados passou de 21 para 15; o número de camas foi reduzido, sendo certo que o número de atendimentos aumentou.
Estou mesmo a falar de Portugal. Este. Onde a politização férrea de cargos na Saúde e a violação das boas políticas nos podem comprometer, muitas vezes, a vida.
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