Lisboa quer dar alojamento de charme a visitantes cada vez mais exigentes-PUBLICO.-14.01.2009, Ana Espada
Autarquia vai colocar à venda seis dos seus palácios centenários, respondendo à necessidade de maior oferta hoteleira da cidade. A venda poderá permitir o encaixe de 20 milhões de euros
O projecto Lisboa, Capital do Charme, apresentado ontem pelo presidente da autarquia, António Costa, visa a venda de um conjunto de seis edifícios municipais, de elevado valor patrimonial e arquitectónico, e a sua conversão em hotéis de charme, à medida do turismo de cidade e de visitantes com elevado poder de compra e cada vez mais exigentes.
Segundo explicou o autarca, a Câmara Municipal de Lisboa, em colaboração com a Associação de Turismo de Lisboa (ATL), pretende com este projecto diversificar a oferta turística na cidade, mas também melhorar a qualidade urbana, através da reutilização de seis edifícios de interesse público. Os futuros hotéis, ditos de charme, serão assim direccionados para um público com "elevado poder de compra", que procura "experiências novas e dificilmente repetíveis em qualquer parte do mundo", resumiu António Costa.
Para aprofundar a ideia do projecto, Vítor Costa, director da ATL, explicou que o paradigma do turismo tem sofrido alterações, e neste momento assiste-se a um "aumento gradual do turismo de cidade". Em 1997 Lisboa recebia, aproximadamente, um milhão de visitantes por ano, o que correspondia a nove mil quartos de alojamento. Em 2007, o número de turistas duplicou para cerca de dois milhões, respondendo o alojamento com a subida da oferta para 14 mil camas. Consequentemente, a oferta hoteleira tem vindo a ser reforçada, e os hotéis de charme vêm preencher as necessidades de um segmento da sociedade turística mais exigente e requintada.
Preservar património
Os edifícios em questão são o Palácio Braamcamp (sec. XIX), o Palácio Pancas Palha (XVIII), o Palácio do Machadinho (XVIII), o Palácio Visconde do Rio Seco (XVIII), o Palácio Benagazil (XIX) e o Edifício do Passo da Procissão do Senhor dos Passos da Graça (XVII), todos situados em zonas históricas da cidade. A capacidade hoteleira destes edifícios poderá ser ampliada através da construção de novos pisos, mas tendo em conta as condicionantes impostas pela CML como forma de preservar valores patrimoniais existentes.
A análise valorativa destes edifícios, requisitada pela CML, foi feita com base no "método do custo e rendimento", afirmou António Costa, e patenteou o "estado de viabilidade para a instalação de cada unidade hoteleira". De acordo com esta análise, o Palácio Braamcamp possui as características adequadas ao segmento hoteleiro pretendido - charme, qualidade arquitectónica e patrimonial -, mas a sua oferta em termos de alojamento é reduzida. Por sua vez, o edifício da Graça necessitará de ser sujeito a uma reconstrução estrutural, fundamentada em estudo histórico da evolução arquitectónica e arqueológica. Se todos os futuros hotéis de charme procederem a obras de ampliação do espaço irão ser criadas, aproximadamente, 200 unidades de alojamento.
Tendo como objectivo a qualificação turística em Lisboa, António Costa afirmou que "a alienação destes edifícios irá ser feita "um a um", podendo apenas aceder a candidatura de concurso as empresas do sector hoteleiro. Da mesma forma, irá ser estipulado um prazo máximo para o início da actividade", de forma a evitar "abandonos" dos imóveis por parte das mesmas. A exposição dos edifícios no mercado está prevista para Fevereiro deste ano, mas o projecto ainda tem de ser aprovado pela Assembleia Municipal.
O projecto Lisboa, Capital do Charme, apresentado ontem pelo presidente da autarquia, António Costa, visa a venda de um conjunto de seis edifícios municipais, de elevado valor patrimonial e arquitectónico, e a sua conversão em hotéis de charme, à medida do turismo de cidade e de visitantes com elevado poder de compra e cada vez mais exigentes.
Segundo explicou o autarca, a Câmara Municipal de Lisboa, em colaboração com a Associação de Turismo de Lisboa (ATL), pretende com este projecto diversificar a oferta turística na cidade, mas também melhorar a qualidade urbana, através da reutilização de seis edifícios de interesse público. Os futuros hotéis, ditos de charme, serão assim direccionados para um público com "elevado poder de compra", que procura "experiências novas e dificilmente repetíveis em qualquer parte do mundo", resumiu António Costa.
Para aprofundar a ideia do projecto, Vítor Costa, director da ATL, explicou que o paradigma do turismo tem sofrido alterações, e neste momento assiste-se a um "aumento gradual do turismo de cidade". Em 1997 Lisboa recebia, aproximadamente, um milhão de visitantes por ano, o que correspondia a nove mil quartos de alojamento. Em 2007, o número de turistas duplicou para cerca de dois milhões, respondendo o alojamento com a subida da oferta para 14 mil camas. Consequentemente, a oferta hoteleira tem vindo a ser reforçada, e os hotéis de charme vêm preencher as necessidades de um segmento da sociedade turística mais exigente e requintada.
Preservar património
Os edifícios em questão são o Palácio Braamcamp (sec. XIX), o Palácio Pancas Palha (XVIII), o Palácio do Machadinho (XVIII), o Palácio Visconde do Rio Seco (XVIII), o Palácio Benagazil (XIX) e o Edifício do Passo da Procissão do Senhor dos Passos da Graça (XVII), todos situados em zonas históricas da cidade. A capacidade hoteleira destes edifícios poderá ser ampliada através da construção de novos pisos, mas tendo em conta as condicionantes impostas pela CML como forma de preservar valores patrimoniais existentes.
A análise valorativa destes edifícios, requisitada pela CML, foi feita com base no "método do custo e rendimento", afirmou António Costa, e patenteou o "estado de viabilidade para a instalação de cada unidade hoteleira". De acordo com esta análise, o Palácio Braamcamp possui as características adequadas ao segmento hoteleiro pretendido - charme, qualidade arquitectónica e patrimonial -, mas a sua oferta em termos de alojamento é reduzida. Por sua vez, o edifício da Graça necessitará de ser sujeito a uma reconstrução estrutural, fundamentada em estudo histórico da evolução arquitectónica e arqueológica. Se todos os futuros hotéis de charme procederem a obras de ampliação do espaço irão ser criadas, aproximadamente, 200 unidades de alojamento.
Tendo como objectivo a qualificação turística em Lisboa, António Costa afirmou que "a alienação destes edifícios irá ser feita "um a um", podendo apenas aceder a candidatura de concurso as empresas do sector hoteleiro. Da mesma forma, irá ser estipulado um prazo máximo para o início da actividade", de forma a evitar "abandonos" dos imóveis por parte das mesmas. A exposição dos edifícios no mercado está prevista para Fevereiro deste ano, mas o projecto ainda tem de ser aprovado pela Assembleia Municipal.
Os palácios -14.01.2009
Palácio Braamcamp -Páteo do Tijolo e Travessa do Conde de Soure - Santa Catarina
Segundo refere a Câmara de Lisboa, "os terrenos, no sítio do Moinho, pertenciam aos condes de Soure, e após sucessivas transacções foram adquiridos pela família Braamcamp para ali edificarem a sua residência. Após a morte de Anselmo José Braamcamp, político eminente, outro estadista ocupou o palacete: Fontes Pereira de Melo. Em 1917, a venda do imóvel ao Governo francês trouxe a École Française de Lisbonne, que até meados do século XX teve aí as suas instalações. Em 1962, a CML, que adquirira o imóvel em 1945, disponibilizou-o para sede da sua Caixa da Previdência e Serviços Sociais, que aí permaneceram até 2008.
Palácio Benagazil -Rua C (Aeroporto de Lisboa) - Santa Maria Olivais/Charneca
Na descrição da nota histórica elaborada pela CML, era a casa de recreio de uma das quintas dos limites da cidade - a Quinta do Policarpo, junto ao pequeno aglomerado habitacional da Portela. O 1º visconde de Benagazil, Policarpo José Machado, foi o responsável pela sua construção. Integrado nos terrenos adquiridos para a construção do aeroporto de Lisboa, o palácio sobreviveu até hoje, tendo sido ocupado pela TAP, com a sua creche e o Clube TAP. Após a saída da TAP, o palácio foi ocupado pela Divisão de Museus e Palácios. Para além de algumas obras menores de adaptação à creche, o palácio nunca foi objecto de intervenções de vulto.
Palácio Pancas Palha -Rua de Santa Apolónia e Travessa do Recolhimento de Lázaro Leitão - Santa Engrácia
Refere a CML que foi construído no segundo quartel do século XVIII por D. Luís de Meneses, senhor de Pancas e de Ponte da Barca. Em 1820 é comprado pela família Palha. A CML adquire-o à família Van Zeller, para demolir e alargar a Rua de Santa Apolónia, em 1968. À classificação do Edifício de Interesse Público, nos anos 80, segue-se a candidatura a fundos comunitários para a sua recuperação. O projecto foi do arquitecto Frederico George.
Palácio do Visconde do Rio Seco -Rua da Atalaia e Travessa da Água-da-Flor - Encarnação
De génese setecentista, refere a nota da autarquia, o palácio é, no final do século XIX, propriedade do visconde do Rio Seco. Por sua iniciativa, o edifício é revestido a azulejos estampilhados a azul e branco, como era então moda. Nos anos 20 e 30 do século seguinte, realizam-se obras no imóvel, a cargo da Sociedade Editorial Democrática e, em 1936, instala-se uma casa de pasto no rés-do-chão da Rua da Atalaia, a Empresa Nacional de Culinária, cuja memória persiste na fachada.
Palácio do Machadinho -Rua do Machadinho e Rua do Quelhas - Santos-o-Velho
Na segunda metade do século XVIII, José Pinto Machado, o Machadinho, fidalgo da Casa Real, torna-se proprietário de um palácio seiscentista à Madragoa, empreendendo uma campanha de reedificação, ampliação e redecoração do edifício. Após a sua morte sucedem-se os proprietários e inquilinos, dos quais se destacam o poeta António Feliciano de Castilho e seu filho, o olisipógrafo Júlio de Castilho. Em 1948, a Câmara Municipal de Lisboa adquire o palácio, que estava bastante degradado e após a sua reabilitação, sem grandes alterações, o edifício passou a albergar serviços municipais.
Edifício do Passo da Procissão do Senhor dos Passos da Graça -Costa do Castelo e Largo Rodrigues de Freitas - Socorro
A construção deste edifício insere-se na renovação da área da Mouraria, após a expulsão dos mouros decretada em 1496 por D. Manuel I, no seguimento da qual se inicia na zona a construção de palácios, conventos e igrejas nos séculos XVI, XVII e XVIII. Diz ainda a nota histórica da CML, que o edificado, com origem no século XVII e de tipologia pré-pombalina, encontra-se integrado num conjunto de edifícios notáveis que formam o conjunto setecentista de Arquitectura Nobre a Santo André, com proposta de classificação como Edifício de Valor Concelhio.
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