terça-feira, fevereiro 02, 2010

Outro jardim



Entretanto, noutro jardim completamente esventrado e mal tratado, realizou-se uma visita guiada com o objectivo de dar a conhecer as características do jardim e as alterações que a Câmara Municipal de Lisboa está a implementar.

Recordam-se daquele cena do filme "A canção de Lisboa", quando Vasco Santana armado em veterinário perante as tias, diagnostica às girafas doença grave por terem manchas? É a percepção que tenho desta trapalhada em que as árvores do Príncipe Real andam enredadas. Já vi esta cena no Campo Pequeno e lá estão as "árvores palito" para quem as quer ver.
Pobres
Ficus macrophylla, Populus nigra e Cupressus lusitanica! também não lhes conhecia os nomes, mas fiquei a conhecer, o que para o caso não importa muito. O que eu também não poderia prever é que um dia iria escrever sobre jardins, e ando nisto.

Escrevo sobre o que ouvi e tenho lido, pois nada sei de Botânica, o que não significa que isso faça de mim uma cidadã desinteressada. O que me aborrece é que a natureza romântica do jardim ficará desvirtuada, que as sombras serão menores, logo o jardim ficará menos fresco, que a transparência irá aumentar assim como a barreira sonora, sem falar nas consequências para o solo e para o habitat natural. Sim, porque as árvores têm vida própria, comportamentos diferentes e condicionam a vida vegetal e animal à sua volta (espero não estar a dizer disparates).

Aborrece-me que se abatam árvores em nome do "alinhamento" e que sejam plantadas outras cuja desvastação no solo (árvores invasoras) é por todos conhecida. Certamente haveria outra forma, mais cordata, para resolver esta questão. O facto é que as árvores adoecem e morrem, mas aconselharia o bom senso um acompanhamento das mesmas caso a caso, retardando a doença e resolvendo a substituição por morte. Pobre jardim, com história malograda e funesta, de cuja sina não se consegue livrar!

Para além das árvores, ainda existe a questão do piso e do mobiliário urbano. Só posso esperar que prevaleça o bom senso e que o Jardim do Princípe Real não seja transformado no Terraço do Princípe Real.

No entanto, nem tudo é mau: gostei de ver o envolvimento dos moradores, alguns deles com filhos pequenos, e do interesse de muitos cidadãos que, num Domingo de manhã se dispuseram a ouvir falar da hitória e das maleitas do jardim. Gostaria de ter visto mais jovens, porque afinal o jardim será deles. Do que existia há uns meses atrás, só nos livros de olissipografia.

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