Este é o antigo Convento/Prisão das Mónicas.
Neste momento existe um pedido de Informação Prévia (Proc. Nº 1198/EDI/2008) para alteração de uso para condomínio e serviços, apresentado à CML em nome da empresa pública Estamo e aprovado em reunião de executivo de 14 de Abril deste ano, com os votos a favor apenas dos eleitos do PS, tendo havido abstenções dos do PSD, Independentes e PCP.
Trata-se de uma aprovação com condicionantes (remetidas para sede de posterior licenciamento), é certo, mas também a dos Inglesinhos foi ao seu tempo, e agora vê-se o que ali nasceu.
As minhas preocupações são:
1. O imenso logradouro que irá ser previsivelmente ocupado por um punhado de caves para estacionamento automóvel (72), a menos que haja um mágico que as consiga construir sem beliscar árvores e respectivas raízes.
2. O património ainda existente, designadamente o antigo claustro, a antiga igreja (púlpito em madeira e lavabo em cantaria) e a antiga portaria (azulejos), propriamente dito.
3. A vista que se avista desde São Vicente de Fora, que mudará radicalmente por força da resma de volumes acoplados, com desenho "contemporâneo", que serão construídos em cima dos corpos existenes do convento.
4. A previsível valia arqueológica do lote, e já se sabe como os vestígios arqueológicos costumam ser tratados pelos promotores / construtores civis, mais a mais grandes imobiliárias.
5. O muro ao longo da Travessa das Mónicas, em como o cunhal com a Rua de São Vicente, cuja altura pretendem reduzir, e que são característicos do convento.
A ver com atenção...
1 comentário:
Se for como o Convento de Santana, no local onde hoje se demoliu o Instituto Bacteriológico Câmara Pestana para fazer os novos laboratórios da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.
Ninguém dava nada por ele até se demolir o 1.º edifício...
Resultado... um poço com 5 metros de diâmetro e 25 de profundidade (escavado arqueológicamente em 19) cheio de espólio conventual (tachos, panelas, pratos, taças, garrafas de vidro, porcelanas ming, moedas e tudo o mais que se imagine).
Já para não falar das sepulturas das freiras (quase 20).
E no fim 50 contentores cheios de espólio, 3/4 só com peças inteiras... sim, isso existe em arqueologia...
Embargado durante 5 anos... obra começou sem as licenças devidas... está numa área classificada.
Em Set. 2010, recomeçou. Já com acompanhamento a tempo inteiro.
Continuava-se a não dar nada pelo local...
E debaixo dos prédios que entretanto foram demolidos...
Pavimentos de tijoleira, restos de paredes com painéis de azulejos do século XVIII, milhares de fragmentos de cerâmica (local, regional e importada até de Itália), só em porcelana ming devem já ser uns 5/6 contentores. Moedas, medalhas, alfinetes, peças de cantaria (colunas, frisos, capitéis e embrexados).
Já para não falar de 1 pátio com calçada e dois compartimentos também com restos de azulejos e uma fossa detrítica onde pareceu de tudo o que possa pensar que existe numa cidade dos séculos XVII/XVIII
Debaixo do jardim?
Mais mortas... valas comuns que de acordo com a antropólga em campo devem ter no total umas 150 pessoas (homens, mulheres, crianças, velhos...) São só mais 25 contentores...
Compartimentos rebocados a estuque com negativo dos pavimentos de madeira...
mais 2 poços... sim, dois poços, escavados em mais de 10 metros de profundidade... onde apareceu desde medalhas, restos de leques, contas de colar, santinhas de terracota, botões, moedas (isto só normalmente raridades arqueológicas em contextos normais...).
Conventos não são realidades arqueológicas normais, principalmente quando estão dentro de uma cidade como Lisboa...
Vão com calma nessa obra, que certamente vão ter muitas surpresas.
O acompanhamento em Santana ainda não acabou e desta vez, sem os contentores das mortas, já se vai em espólio que enche pelo menos 150 contentores... e sim, há centenas de peças inteiras... algumas até bem grandes...
AD
Enviar um comentário