sexta-feira, junho 11, 2010

Desnorte

O Governo de José Sócrates é um barco à deriva num mar da tempestade perfeita em que se conjugam a crise interna e a internacional. Os media anunciam a situação complexa do sistema bancário nacional, suportado em horizontes semanais pelo Presidente do Banco Central Europeu. Enquanto isso, o Governo paga a factura pesada de muitos milhões de euros diários pelas aposentações que, nos seus anos de governação, fomentou, em grande parte para "desorçamentar" os ordenados da Função Pública, agravando a sustentabilidade da Segurança Social.

Pese o aumento do desemprego e da insolvência das empresas, Sócrates afirma que o desemprego vai diminuir nos próximos meses, sabendo que é uma situação que todos os anos sucede, dado o aumento de postos de trabalho sazonal.

A Saúde atinge níveis escandalosos de doentes sem médico de família, de listas de espera de meses para consultas hospitalares. Os hospitais estão submersos em dívidas, evidenciando que a nomeação de gestores por critérios partidários, gerindo dinheiro dos contribuintes com pouco controlo, não é solução. Ao mesmo tempo, o Governo tenta iludir os Portugueses com um diploma que permite aos médicos com aposentação antecipada que voltem a trabalhar no SNS, de onde saíram, em grande parte fartos de uma gestão sem valores. O que vai suceder é a contratação dos mesmos médicos que já estão nas urgências através de empresas onde trabalham: saem por uma porta e entram por outra. Grande solução. Destrói-se, paulatinamente, o SNS, ao mesmo tempo que a Ministra afirma que é a proposta efectuada por largos sectores da sociedade, de os doentes terem livre escolha, que sepultará o SNS. Ignorância ou algo mais? A Senhora Ministra não pode deixar de saber que, nos países mais avançados da Europa, é esta a regra, mantendo a universalidade e gratuidade dos serviços, com menos gastos.

Na Educação, opta-se pela extinção de 900 escolas do Ensino Básico quando, ainda há pouco, se tinha encerrado várias, colocando as crianças longe das famílias e liquidando a política de proximidade.

Na diplomacia assiste-se à articulação, quase embevecida, com Hugo Chávez (provavelmente um referencial a silenciar órgãos de comunicação social). Em termos de confiança política, uma sucessão de casos duvidosos determina que se atinja o grau zero. Numa conjuntura que desaconselha a crise política, só resta uma via: demita-se Senhor Primeiro-ministro, para ser parte da solução e não do problema.




In Correio da Manhã

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