Mais, a triplicação da área física atribuída aos contentores (comprimento x altura), subjacente à prorrogação da dita concessão, ampliando a já de si inaceitável “muralha de aço” existente entre os terminais de cruzeiros da Rocha Conde d’Óbidos e de Alcântara, decidiu-se quase simultaneamente com declarações do então administrador do Porto de Lisboa assegurando que Alcântara estará saturada em alguns anos, mesmo depois de ampliado o TCA, e que a melhor solução para os contentores seria a margem esquerda do Tejo, Golada fechada. Ou seja, Alcântara não serve mas faz-se de conta que serve. O país que pague.
À petição já referida haveria de se contrapor uma outra, quase de imediato, mal se tornou evidente a adesão em massa à primeira de milhares e milhares de cidadãos, semana a semana, mês e mês. Declaradamente masoquista, a petição antagonista reclamava, pasme-se, a prorrogação decretada. Caricaturalmente, ambas seguiram até à AR, mas só na passada semana, finalmente, ano e meio passado, e graças ao novo equilíbrio partidário existente no Parlamento, foi confirmada, preto no branco: a aprovação por decreto-lei da revogação da prorrogação da concessão do TCA.
É uma vitória da Democracia e da cidadania (resta a saber como seria se a representação partidária na AR não tivesse mudado). Falta agora que esta vitória se traduza numa vitória da Lei, i.e., que seja acatada por quem deve ser. E numa vitória para Lisboa, ou seja, que as entidades oficiais (Governo, APL, CML e autarquias vizinhas) aproveitem esta decisão para, até 2015, altura em que terminará a actual concessão do TCA, decidirem acertadamente sobre o que entendem como Porto de Lisboa e qual a melhor localização dos contentores a longo prazo, tendo como preocupação maior não o facilitismo do provisório e o imobilismo contentor, ou o “amiguismo” encapotado e a promiscuidade suspeita, mas os superiores interesses do país em termos de ordenamento do território. A ver.
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