Mas a recessão, ou melhor, a depressão, não passou. Não acredito nas análises "optimistas", ou melhor, menos pessimistas dos últimos dias, porque para além de medidas de sustentação de queda no abismo, ainda não vi o necessário relançar de verdadeiros planos económicos criadores de riqueza, obviamente à luz de outros paradigmas de vida e também de consumo. Para mim e por agora só não nos precipitámos no abismo. Persiste igualmente uma sobranceria atroz em torno da questão da qualificação, difícil de compreender. Porventura foi-se longe de mais na degradação social, na queda civilizacional (o que pode explicar a filmagem de violação de uma criança com deficiência cognitiva, de doze anos, e a divulgação em vídeo pela escola que frequenta, senão uma sociedade que já se esgotou?!)
Quanto à concreta necessidade de economia planificada, entendo-a como evidente. Venham os planos, volto a insistir, longe das incertezas dos investimentos que o nosso quadro legal tanto acarinha. Nos grandes investimentos como nos pequenos investimentos, também a falta de concretização de megaprojectos públicos pode inviabilizá-los ou encarecê-los. Incertezas como, por exemplo, de traçados (v.g. o TGV), penalizam os grandes e os pequenos investimentos: atingem em cheio o cidadão comum (é pensar Alentejo dentro, porque maiores ou menores melhorias nas terras estão obviamente suspensas até conhecimento efectivo do traçado do TGV). Nada se constrói sobre incertezas. Mas nós de facto somos uma incerteza total: é incerteza sobre a lei, é incerteza sobre as instituições, é incerteza sobre os investimentos.
É por isso que francamente lá os dramas da discussão em praça pública de quem ocupa ou não ocupa determinados cargos para além de infeliz e desfocada, me parece bem longe da realidade que atinge todos os dias milhares de desempregados.
Lá veio o Presidente, uma vez mais, lucidamente chamar a atenção para o País real e para as pequenas e médias empresas e o apoio social de proximidade. Não fala nem de mais, nem de menos. Pedagógico, útil, a obrigar a pôr os pés na terra.
Não se pode permitir que o País não valha a pena.
1 comentário:
Também nunca imaginei que o Presidente Obama alguma vez se referisse ao "nosso" TGV e às "nossas" PME's.
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