quinta-feira, junho 24, 2010

Esperança

O País está mergulhado em semidepressão colectiva: instalou-se a ideia do empobrecimento fatal e cresce o sentimento de que o pouco que há é objecto de saque por poucos. Estão longe os ensinamentos de Séneca em ‘Cartas a Lucílio’: "Um homem que entender o dever como limite rigoroso ao poder, pode exercer o poder sem perigo para os demais..." No último inquérito Eurostat, a maior preocupação dos Portugueses é a Pobreza e a segunda é o receio de serem pobres na velhice, por diminuição das reformas, referindo ainda que a grande maioria dos Portugueses paga as suas contas mensalmente, mas com dificuldade: qualquer oscilação para pior leva-os à insolvência.

Vale a pena meditar nesta situação e não ignorá-la, como o fez a Ministra do Trabalho no Parlamento, insinuando que este estudo é sobre o que os Portugueses sentem e não sobre o que realmente se passa (pergunto-me se quando a Senhora Ministra tem uma dor, se dói mesmo ou se apenas pensa que dói).

Como sair desta situação?

As soluções passam em primeiro lugar por colocar à frente do Governo do País das múltiplas direcções de todos os organismos públicos e empresas públicas nomeados, directa ou indirectamente, pelo Governo, pessoas para Servir e não para se servirem. Acabar com a lógica de colocar os amigos em lugares de Poder para depois daí tirar os proveitos que esses cargos permitem.

Já todos percebemos que com o actual Governo os amigos dos actuais governantes, os dirigentes nomeados pelos actuais governantes e os amigos dos dirigentes dos actuais governantes, ou de outros que se sigam, não chegamos lá! Só com uma nova classe dirigente se afastará, por boa gestão, a Pobreza do horizonte.

Depois, temos de saber o que produzir, onde, o que incentivar, fiscalizar os incentivos e punir quem os use abusivamente.

Temos a agricultura por reconstruir, indústrias para instalar e tecnologia de excelência. O sistema de comprar o cão com o pelo do cão (refiro-me a certas alavancagens financeiras) está esgotado.

E se transitoriamente foi preciso um aumento de impostos, é preciso compreender que a solução estrutural não é taxar e taxar e taxar: é criar riqueza e diminuir a despesa pública, redesenhando o Estado, extinguindo uma parte substancial de instituições (da administração indirecta ao sector empresarial estadual e municipal), fundindo outras. E ter em quem nos governe um referencial, não uma fonte de desconfiança permanente.




In Correio da Manhã

2 comentários:

Julio Amorim disse...

Temos a agricultura por reconstruir..."

Curioso este assunto da agricultura. Vivo há 36 anos no Norte da Europa e nunca encontrei um tomate, uma laranja ou qualquer outro produto fresco de origem portuguesa. Os tomates por exemplo são na maioria das vezes oriundos da Holanda - obviamente - um país com um clima muito mais propício à cultura do tomate....
Mas claro, é melhor aproveitar este belo clima....para ir para a praia

Anónimo disse...

O pior é que o principal partido da oposição também não sabe o que quer e não se constitui como alternatica credível: é só ver o caso das SCUTS.

E agora até parece que andam a pensar que nos devemos preocupar com a alternativa república/monarquia...