quinta-feira, julho 01, 2010

Chega

A maior parte dos Portugueses até hoje não consciencializou a brutal dimensão das dificuldades financeiras em que o País vive. Percebe-se porquê, embora a partir de hoje se vá tornar mais visível a ponta do iceberg. É que, com excepção dos desempregados, os ordenados, as reformas, têm chegado até hoje todos os meses, regularmente. E os juros ainda não dispararam.

Assim sendo, para aqueles que têm emprego, o dinheiro tem chegado para os compromissos já assumidos: casa, carro, etc.

O Estado, por sua vez, não parou de gastar (sem critério) nem de crescer ou de alimentar uma clientela vasta.

Só que existe um problema: o dinheiro com que fazemos quase tudo vem de dinheiro emprestado pelas instituições de outros países, a juros cada vez mais altos. E assim fomos chegando aqui. Esses tempos foram-se.

Agora, os desempregados continuam a aumentar, os juros vão disparar, sendo que as prestações das casas vão subir pela primeira vez, desde Outubro de 2008.

A bolsa derrapa, o Ministro Vieira da Silva diz-se preocupado com a banca, o Banco Central Europeu corta fundos à banca, os mercados vivem momentos de incerteza, economistas de renome referem que Portugal vai ser obrigado a desvalorizar salários e preços nos próximos anos...

No meio de tudo isto, há o discurso incompreensível do Primeiro-ministro, como se estivesse investido de uma missão sacralizada de pregar confiança, esquecendo que a confiança se cria, não se apregoa.

O Primeiro-ministro parece completamente alheado da realidade, reclama uma melhoria da situação económica quando a nossa economia quase não existe; afirma e reafirma o seu optimismo. Optimismo com quê? Encantado consigo próprio, de tal forma que afirma sentir--se o único a puxar (!!) pelo País, o Primeiro-ministro não admite que cometeu erros ou falhanços e dizer a verdade, pelos vistos, está fora de questão. José Sócrates já entrou numa realidade virtual.

Tal como o Procurador-geral da República, com a espantosa afirmação de que não encontra na Europa melhor Justiça do que a Portuguesa, mesmo sendo o responsável máximo de uma magistratura que vem sendo muito maltratada e objecto de tentativas de funcionalização. Chega!




In Correio da Manhã

2 comentários:

Anónimo disse...

Bem, se a maior parte dos Portugueses até hoje não consciencializou a brutal dimensão das dificuldades financeiras em que o País vive é porque, além do PS e do licenciado por fax, há outros não lhes fizeram passar essa mensagem.

(correcção) disse...

(há outros que)