Mágoas passadas, e agora que me preparava para voltar eis que uma amiga me avisa em jeito de Stop: «está uma lástima; aquelas casinhas todas abandonadas, a relva seca, o lago é um pântano, as estufas estão fechadas para os vidros não se estilhaçarem, não há empregados para manter o Jardim aberto depois da 18h, etc.». Logo no Verão, quando apetece ir em busca de sombra e refresco nos jardins, as entidades que os supervisionam entendem que é tempo de pouparem na água e na jardinagem.
Mas bem vistas as coisas, a verdade é que o estado deste jardim tropical não poderia deixar de ser o que é. Pobre de espírito de quem outra coisa esperasse das nossas entidades oficiais. Numa altura em que mil protestos se levantam em defesa de Monsanto por se ter convertido em banco de terrenos, a Tapadas das Necessidades é um fantasma e os jardins da CML são clareiras e canteiros de canos de irrigação, imaginar-se que o jardim fronteiro ao Palácio de Belém pudesse estar noutro estado, mais a mais dependendo directamente da Universidade de Lisboa, que pouco ou nada quer saber de um outro, por sinal a aguardar ser classificado de Monumento Nacional há 40 anos e que se chama Jardim Botânico!
É lamentável que um jardim criado há cerca de 100 anos com o intuito de fomentar em simultâneo a investigação científica com a existência de um grande espaço de lazer invulgarmente belo, que devia estar impecável e ser frequentado assiduamente por quem quer fugir ao calor e ao tubo de escape, não o esteja e não o possa ser. É lamentável que o Estado (Ministério da Educação, Ministério da Agricultura, Ministério do Ensino Superior) seja prolixo a mudar-lhe o nome (já foi Jardim Museu Agrícola Tropical e Jardim Colonial) sempre que mudam as conveniências, e o queira aparentar digno no mundo virtual, se revele desleixado, desinteressado e incumpridor na responsabilidade de o apresentar como tal ao visitante real.
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