Libertem os artistas
No
dia 13 de Junho cumprem-se 90 dias de catástrofe provocada pela
pandemia. Um número monstruoso de músicos, actores, bailarinos, artistas
de circo, técnicos de som e luz, curadores, programadores, encenadores,
realizadores, ficaram aprisionados nas suas casas sem culpa formada.
Timidamente alguns ofereceram o seu trabalho em plataformas digitais.
Mas quase sem qualquer benefício. Continuaram abaixo do limiar da
sobrevivência. Apesar dos milhões de euros anunciados pelo Ministério
da Cultura para os profissionais das artes, até hoje só ouvimos
histórias de fome.
A
Fábrica do Braço de Prata sente-se particularmente implicada no
destino daqueles artistas que vivem da venda dos seus concertos. Na
confusão das medidas de desconfinamento, ficamos sem compreender que,
ao mesmo tempo que se realizam homenagens à música Pimba no Campo
Pequeno, com a presença do Primeiro Ministro, continuem a ser proibidos
os espectáculos de música ao vivo fora dos auditórios. As recentes
declarações da Dra Graça Freitas sobre o baixo perigo de contágio nos
arraiais , e respectivo desmentido 3 horas depois, agravam os sinais de
desrespeito do Governo e da Direcção Geral de Saúde pelo mundo dos
concertos em pequenas salas e em colectividades. Não percebem que um
simples grelhador com sardinhas - num espaço ao ar livre com um pequeno
palco - vale muito mais do que 100 salas do Campo Pequeno quando se
trata de celebrar colectivamente a experiência da música. Cresce a
suspeita de que o Governo só aceita que músicos venham apresentar o seu
trabalho quando agenciados pelos grandes empresários, por esses Covões e
Malteses da vida, que controlam as grandes salas e todos os festivais
de verão.
No
próximo sábado, dia 13 de Junho, dia de aniversário da Fábrica,
queremos organizar um protesto colectivo contra o abuso de critérios
sanitários para proibir pequenos espectáculos de música ao vivo.
Respeitaremos todas as medidas de protecção do público e dos músicos.
Serviremos sardinhas e sangria na tenda da esplanada Espinosa,
controlando a lotação e a distância entre mesas, fornecendo
desinfectante e apelando ao uso de máscaras. Mostraremos que é possível
libertar os músicos da sua prisão securitária sem comprometer o
combate à pandemia.
Manifest@: libertem os músicos! será
a festa de celebração dos mais de 1.000 músicos que nas nossas 4
pequenas salas de concerto criaram, ao longo dos últimos 13 anos, o
mais extraordinário movimento musical deste país. Graças a uma
bilheteira que revertia a 100% para os músicos, conseguimos que eles
recebessem no total desses 13 anos mais de 2 milhões de euros,
independentes de subsídios, de empresários, de patrocínios. Vamos ter
que esperar muitos meses até recuperar essa vitalidade radicalmente
informal. Mas não podemos esperar mais pela libertação dos nossos
músicos. No dia 13 de Junho, algumas dezenas dos músicos que fizeram a
história da Fábrica, vão subir ao palco num gigantesco festival de
celebração e de protesto. As sardinhas irão para a grelha às 18h. Os
concertos, num palco recheado de manjericos, terão início às 19h. E
continuarão até que as forças policiais anti-arraial nos venham
prender.
A entrada é livre
Texto, que me chega de Nuno Nabais e que merece o meu total, total apoio.
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