sábado, outubro 06, 2007

A propósito do discurso do PR sobre o papel dos pais no ensino

Atento ao apelo feito por Sua Excelência o Presidente da República na data das comemorações da dita aos pais portugueses "interessados" em matéria de colaboração na educação escolar, passo a relatar-vos extractos de "As três cidras do amor" ("Contos Tradicionais Portugueses" do republicaníssimo Consiglieri Pedroso, 1851-1910):

"- Hortelão da minha horta, como passa o príncipe com a sua preta, negra, cachorra e torta? (...) O príncipe mandou matar a preta, e da pele fazer um tambor, e dos ossos uma escada para a menina subir para a cama". Depois, casou com a menina (Nota: a tal que subiu a escada e que não era a preta), e foram muitos felizes".

Quanto a "actividades" sobre este "conto", pede-se no livro a um aluno do 8º ano (12/13 anos de idade) respostas sobre "Compreensão" (do texto), "Funcionamento da Língua" ("relembra os tipos e formas de frases que estudaste (...) Era uma vez um Rei (...) não vos posso mostrar a minha gratidão de outra maneira (...) dá-me água senão morro (...) o que quer vossa alteza que eu responda àquela pomba? (...) coitadinha de mim que ando aqui perdida...".

Ainda no "Funcionamento da língua" (Ponto 6 - "A preta feia e suja" ) - perguntam os autores do livro oficial que fui obrigado a comprar à minha filha: "Partindo desta frase, cria outras colocando os adjectivos nos graus indicados e fazendo as alterações necessárias: a) Superlativo absoluto sintético, b) Comparativo de superioridade e c) Superlativo relativo de inferioridade".

Finalmente (!!!), surge a "Expressão escrita" (Ponto 8) onde se considera que "A problemática do racismo está bem presente no conto em estudo". E assim (Ponto 8.1) pede-se ao aluno que "...num texto pessoal, exprime a tua posição face ao racismo, indicando situações vividas por ti ou pelos teus colegas" - sendo que aos eruditos autores do livro (Ana Cristina Pala e Ida Lisa Ferreira) ninguém lhes terá ensinado que para existir um ponto 8.1, deveria pelo menos aparecer um 8.2, o que não é o caso.

Acontece que do ponto de vista pedagógico e dada a presença de uma rapariga "de côr" na aula - por sinal grande amiga da minha filha - todos os alunos se sentiram embaraçados com o texto que foram obrigados a ler na aula e em voz alta para depois o estudar.

Senhor Presidente da República, que me aconselha a fazer?

Requerer uma providência cautelar junto dos Tribunais a fim de que a venda deste livro seja suspensa e recolhidos os livros vendidos?

Pedir à Ministra da Educação que despeça os analfabéticos funcionários do Ministério que consideraram este livro como "oficial" para o 8º ano?

Alertar a Polícia Judiciária para que investigue todas as denuncias feitas pelos alunos (de 12/13 anos, recordo) de situações de racismo que tenham testemunhado (solicitação dos autores do livro)?

Valha-nos Santo António de Lisboa!

Luís Coimbra

1 comentário:

Anónimo disse...

percebo-te bem caro primo, caiu o mesmo livro em sorte cá em casa.
Queres fazer uma petição?
L.J.