quinta-feira, março 19, 2009

'Media'

O poder político que nos governa tem uma obsessão em condicionar os outros poderes, particularmente a Justiça e a Comunicação Social, utilizando quaisquer meios. Quanto à Justiça, estamos falados: da desvirtualização à funcionalização, passando pelo Big Brother a tudo vigiar, não há limites para a tentativa de condicionamento. Quanto à Comunicação Social, ele é a publicidade institucional, a intimidação, ou mesmo a utilização indirecta de certos veículos empresariais.

Se em momentos que não são de depressão há uma bolsa alargada de oxigénio para resistir, em situações de depressão é quase impossível resistir. Mas precisamos da resistência dos ‘media’.

Os meios de Comunicação Social, numa sociedade de comunicação, desempenham um papel fundamental, insubstituível, para que as sociedades sejam democráticas. Depois de terem sofrido uma revolução tremenda – refiro-me à tecnológica –, o desenvolvimento dos meios de comunicação parece agora sofrer um condicionamento a nível ‘empresarial’.

A influência do económico-financeiro é decisiva sobre a Informação. Ponto é que não ponha em causa a isenção, imparcialidade e rigor, nem a sujeição a critérios que não os da sua natureza, sem forças identificáveis ou inidentificáveis que moldem os ‘media’, na senda da preocupação de Alvin Toffler.

Certo é que alguma informação vem sendo transmitida subordinada a critérios políticos ou de consumo, não de qualidade e de verdade.

Na Informação não devem existir condicionantes alheios à sua natureza. Mas aqui chegados, é importante manter a resistência, sabendo que os meios de Comunicação Social terão sempre um problema de amor/ódio com os seus condicionantes e consumidores. Refiro-me à questão da tentativa de domínio pelo poder político e também à questão das audiências.

Escapar ao condicionamento do poder político não é fácil numa sociedade dominada como a nossa – mas há bem quem consiga, é bom sublinhar –, e quanto à questão das audiências estamos perante o eterno problema do ovo e da galinha. São os meios de Comunicação Social que se demitem da informação/formação, da cultura, ou são os consumidores que reivindicam produtos marcadamente pobres? Se todos os poderes estão já desacreditados, não pode chegar a vez do Quarto Poder. Alguém disse, um dia, que os ‘media’ dissiparam as trevas, bom é que as trevas não surjam agora da cegueira de potentes holofotes mediáticos.



In Correio da Manhã

1 comentário:

Anónimo disse...

POR ACASO, ESTE BLOGUE JÁ DENUNCIOU O ESCANDALO DO REGULAMENTO AGORA APROVADO QUE DEIXA AOS SERVIÇOS DA CÂMARA DE LISBOA O LIVRO ARBITRIO DE DEFINIR O MONTANTE DOS ALVARÁS?????????