E agora, que políticas públicas? Para já, uma certeza: os recursos são dramaticamente escassos dado o pouco que produzimos. Tudo isto sai agravado pelo muito que importamos, quase tudo. E esta realidade limita o êxito das necessárias políticas públicas sociais.
A desarticulação das várias políticas públicas, quando não o próprio antagonismo entre elas, ainda que sob o chapéu do mesmo Governo, tem sido uma constante dos últimos anos, o que explica muito do desnorte que o País vive.
Não tem havido maturação suficiente para articular, por exemplo, as Finanças com a Economia e o Ambiente, nem a Educação com as verdadeiras necessidades de recursos humanos do País. Basta olhar para o número de licenciados no desemprego, sem necessidade, aqui, de análises mais profundas, num País em que ainda se faz tudo para ter o direito a um "sr. dr." (que no resto da Europa só cabe mesmo aos médicos) e que aqui de pouco vai servindo, apesar do deslumbramento de uns tantos com o dito título.
Pensar nas razões do abandono escolar, com taxas muito elevadas e oferecer cursos profissionalizantes, seria importante. Qualificar as Universidades também (não temos nenhuma nos rankings internacionais).
E já que somos tão bons na arte de improviso, talvez não fosse mau dar um incremento à Investigação em vez de destruir instituições reconhecidas que a faziam.
Saber o que produzir, aproveitar os clusters marinhos que estão abandonados. Investir muito nas estruturas e equipamentos de proximidade, o que baixa os custos, ao invés do investimento só em monstruosos equipamentos longe das populações, o que aumenta os custos.
Mas, insisto, tudo isto tem de estar articulado. Não é cada Ministro para seu lado, como se um Programa de Governo não tivesse de provar essa necessidade de articulação. Definitivamente, o que não basta é o mero elencar daquilo que cada Ministro pretende fazer, como é hábito.
Aliás, infelizmente não foi com espanto que ouvi um Ministro recém-empossado afirmar que cumular duas pastas seria quase antinatural, porque o responsável pelas Finanças deve dizer não... aos demais responsáveis.
É esta cultura que nos leva a lado algum. Se houver um programa articulado, há que dizer não ao que não está no programa e sim ao que nele está, se o programa for sério, claro está, mas essa já é outra questão, embora seja pressuposto de tudo o que aqui vai escrito.
In Correio da Manhã