quinta-feira, outubro 07, 2010

Não mesmo

Ainda há dois meses, em Agosto, o actual Primeiro-Ministro descrevia a situação do País como se do País das Maravilhas se tratara. Diga-se, aliás, que há anos que o mesmo Primeiro-Ministro recusa a verdadeira situação económica e financeira do País, contra todas as evidências e advertências (basta recordar a sua actuação, os seus discursos, as respostas aos adversários...).

Senhor de uma máquina poderosa de propaganda e de distribuição de benesses, o Primeiro-Ministro escondeu a situação do País, satisfez muitos interesses e calou muitas vozes (ou pô-las a falar contra os seus adversários, o que é o mesmo).

Tal como o doente a quem não se diagnostica doença alguma, o mal do País – que podia ser mais simples de tratar, se assumido a tempo – agravou-se profundamente e chegou o dia em que os sintomas tornaram a doença evidente para toda a gente.

Confrontado com a doença – que sempre negou –, o Primeiro-Ministro propõe agora uma terapia que mascara os sintomas, não trata e agrava a doença. Mas mascarar, mascara.

Em primeiro lugar, não há razão para acreditar numa terapia proposta por quem sempre negou a doença; em segundo lugar, a terapia proposta depressa matará o doente. É por isso que é um erro afirmar que mais vale um tratamento qualquer (leia-se um Orçamento qualquer) do que tratamento algum.

Há tratamentos que matam, embora, muitas vezes, o desespero faça com que se reclame qualquer tratamento.

O que vem descrito é o caminho do Primeiro-Ministro: não seria nunca o caminho de alguém que tivesse sido diligente e assumisse em tempo o mal de que o País sofre. Ora, o "tratamento" que o Governo pretende dar ao País vai agravar-lhe a doença, precipitá--lo na recessão e na pobreza. Não é terapia adequada.

Ninguém pode, pois, exigir a qualquer partido da Oposição que aplauda e siga o caminho proposto pelo Governo e muito menos em nome do interesse nacional.

Vão ser precisos sacrifícios profundos, mas em nome de um projecto de futuro e não em nome de engenharias financeiras ou de manutenção do poder.

Há momentos decisivos em que é preciso ter a coragem para dizer não, por muito que se seja criticado e incompreendido e por muito que vozes acomodadas agitem fantasmas que ajudaram a esconder a realidade.



In Correio da Manhã

2 comentários:

Pois disse...

A deputada e ex-presidente do PSD Manuela Ferreira Leite defendeu hoje que os sociais democratas devem anunciar antecipadamente que viabilizam o Orçamento para 2011 em nome do interesse nacional, responsabilizando exclusivamente o Governo pelo seu conteúdo.

Anónimo disse...

Realmente é uma vergonha.Neste país o que não falta é falta de civismo, sincreramente...é pena não ter fotografado á uns meses um carro parado em frente ao portao de entrada do centro comercial e condominio Saldanha Residence.So ao fim de 2 horas é que retirou o carro e toda a gente á espera que a criatura tirasse o seu carro.