O Plano apresenta duas diferenças fundamentais em relação às ideias traçadas anteriormente pela CML para o Parque Mayer, que é como diz, aos estudos (e outra coisa não foram) dos Arq. Foster, primeiro, e Gehry, depois. Assim, enquanto ambos foram “contratados” por vontade indómita dos então presidentes de CML, o projecto do Arq. Aires Mateus, que consubstancia este plano, nasceu de concurso público submetido a júri insuspeito, o que faz toda a diferença. Por outro lado, este instrumento de planeamento urbanístico chamado Plano de Pormenor (o novo PDM há-de pô-lo fora-de-jogo) vincula a CML a um elemento-chave de bom governo: a participação do público. Mas vamos ao que interessa:
A verdade por vezes dói, mas os tempos de um Parque Mayer de «Sericoté» de minha Avó, ou de textos magníficos de César de Oliveira já foram, para nunca mais voltarem. Foram-se eles e foram-se as épocas. Tentar recuperá-los é pura perda de tempo. Verdade seja dita, ainda, que o ideal para o Parque Mayer seria, tal como foi defendido em tempos por Manuel Maria Carrilho e sua equipa, manter o Capitólio e o resto jardim, não construindo mais nada, ali e sem ser ali. Daí a derrota. Falhado esse cenário, e face ao índice de construção pré-estipulado pela CML e escrupulosamente cumprido pelo projectista, resta-nos o quê?
Bom, desde logo garantir que este Plano respeite integralmente o Jardim Botânico em todas as vertentes. Garantir a permeabilidade dos logradouros da zona envolvente: R. Escola Politécnica, R. Salitre, R. Alegria e Cç. Patriarcal. Que nada seja construído (caves ou piscinas) sem que haja estudos fidedignos para a área do Plano: hidrogeológicos, de impacte no sistema de vistas e na circulação do ar, vitais para a sustentabilidade de Lisboa. Que haja justificação técnica e financeira (11 M€!) para os novos teatros de raiz, quando não se sabe bem o que fazer aos existentes e aos a recuperar, no recinto (Capitólio e Variedades) e nas imediações (São Jorge e Odéon). E, sobretudo, que a CML respeita o público.
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