A ideologia dominante, que estimula o individualismo, a insensibilidade social e a neutralidade cívica, não sai derrotada desta acção, nem esta experiência de generosidade resolve o drama português. Se a boa vontade não é esclarecida, e os limites do amparo não forem definidos pela política, o balanço da iniciativa apenas momentaneamente é positivo.
O sistema de ganância, de dissolução de valores, destruiu os laços relacionais formativos dos povos e das instituições. É necessário não só renunciar mas, sobretudo, combater esta doutrina que não concilia o respeito mútuo com a dimensão e as exigências civilizacionais. As nossas heranças só serão desiguais quando desinvestimos no carácter humanista da condição a que pertencemos. As decepções e as insatisfações permanentes talvez justifiquem algumas das nossas debilidades morais, como a indiferença ante o sofrimento dos outros. Mas não podem nunca caucionar a duplicidade dos nossos comportamentos nem a capitulação das nossas batalhas.
NO MOMENTO - O Miguel Sousa Tavares fez publicar, na gazeta semanal onde costuma deixar as escorrências a que chama artigos, um texto sobre a greve, cujo teor me abstenho de qualificar. A meio, insere um comentário, pretendidamente espirituoso, à minha crónica da última quarta-feira. Não lhe acerta uma. Deseja, apenas, fazer chicana. E demonstra uma impiedosa crueldade para quem gosta de prosa escorreita e asseada: não consegue escrever com tino, brio e gramática. Aquilo é um emaranhado de disparates, de espinoteantes tolejos, e apenas traduz a conjunção do que de mais retrógrado existe na sociedade. Ele é o xamã dessa tendência. Como só o leio quando se me refere, obriga-me, nessas funestas ocasiões, ao penoso exercício de tentar perceber o que quer dizer. Saí da árdua leitura em estado de exaustão. Sobre manifestar uma atroz inimizade com a língua portuguesa, o pobre homem é desprovido do mais escasso pingo de humor. E não é difícil descortinar, no seu carácter amolgado, sinais de ressentimento, de rancor e de despeito. É só. Mas acaso seja necessário, voltarei a tão encantador assunto...
4 comentários:
Todos os portugueses com fome deviam ter direito a uma casa da câmara, à semelhança do que acontece com os portugueses com copos.
este senhor , que aqui vem sempre que Baptista Bastos publica uma crónica, falar das casas da CML deve ser daqueles que tem varias reformas, funcionário publico metido chefe pelo aparelho partidário ou um daqueles a quem a inveja tanto aflige. As casas da camara não são apenas para pessoas que vivem na extrema pobreza, devem ser um apoio quem precisa ,claro, e alugadas a pessoas que não tenham muitos rendimentos,pena é que tantas casas camarárias estejam ao abandono e fechadas . Batista bastos é um cidadão de Lisboa, que honra a sua cidade, vive da sua escrita e não me consta que tenha andado a dar reviravoltas politicas á procura do tacho como acontece com tantos, ex- comunistas então é mato...Não me consta que seja rico ou que tenha grandes rendimentos,e vive do seu trabalho quem é este anónimo para estar constantemente a falar do mesmo? Sabe os rendimentos de BB ou só porque é escritor não pode ter uma casa da CML? Olhe mas é para aqueles que têm as casas por cunha e conivência politica, esses são muitos , com rendimentos altos e se calhar o anónimo é um deles.
josé Vaz- Lisboa
Justamente, olho para os desavegonhados que têm casa por cunha.
Irra!
BB, onde é que estavas no dia 9 de Novembro de 1989? Parece que aconteceu alguma coisa nesse dia...
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