terça-feira, abril 24, 2007

Faz hoje 33 anos






Mayombe, oyé!
Faz hoje 33 anos, estava em Buco Zau (melhor: M' Buco N' Zau: Buraco do Elefante), em plena Mata do Maiombe – um pedaço daquela exuberante e impenetrável floresta virgem tropical que cobre Cabinda toda, terra de muito cacau também.
Nem sei se nesse dia vesti o camuflado ou não. Só o usava quando tinha de ir à floresta: fosse para levar mantimentos a grupos de combate em operação, fosse para fazer escolta ao médico que ia visitar e dar consulta às populações (não estou a gozar: era mesmo verdade: no meu batalhão instituiu-se isso meio à revelia dos comandos).
Nem sei se nesse dia me cheirou propriamente a alguma bernarda que estivesse para rebentar aqui, onde agora estamos.
Digo isso, e penso que não, porque tinha cá estado de férias um mês e tal antes – e «apanhei» o 16 de Março. Além disso, recebia lá informação de uns amigos que estavam na França e que sabiam muito mais do que nós. Além disso, malta da tropa de Cabinda já nos tinham alertado de que algo iria acontecer. Além disso, havia uma espécie de ligação clandestina de alguns de nós a Luanda (nessa, eu não estava).
Os indícios eram muitos.
Mas o que é facto é que só soubemos mesmo do 25 de Abril como coisa certa e segura e como coisa consolidada no dia 26 pelas 15, quando a «Radio Brazzaville» (leia mesmo à francesa, como deve ser) deu a notícia em grande estilo!
A partir daí, foi um vê-se-te-avias naquele quartel a mudar tudo num instante...
Em 2 de Agosto estava em Luanda à espera de avião – o que levou um tempão.
A 2 de Outubro estava em Lisboa e aterrava na Portela, com o batalhão todo.

Fotos
Angola Press e outros sites

3 comentários:

Anónimo disse...

Há 33 anos com 7 anos de idade vivia numa aldeia da Beira Alta onde as noticias não chegavam com a rapidez desejada. As minhas memórias do 25 de Abril, dessa Revolução que eu hoje festejo e cujos valores e objectivos dos que nela estiveram envolvidos tenho tentado passar para a minha filha de 9 anos, são a cara da minha mãe que mesmo não sabendo ler nem escrever achou que os seus filhos o deveriam fazer em igualdade de circunstancias com as dos ricos lá da aldeia. Preocupação essa pelo filho que tinha em Lisboa a trabalhar e a estudar e a única coisa que se ouvia dizer era que em Lisboa, que estava a um dia/noite de comboio de distância, se estavam a matar todos uns aos outros. Que tinha rebentado uma guerra.

Para mim com 7 anos era tudo muito confuso ….. não percebia. Relembro que passados uns tempos houve umas sessões de esclarecimento por soldados, hoje sei que eram esclarecimentos organizados pelo MFA, para sossegar e transmitir às pessoas da província a mensagem do que se teria passado. Eu também lá estava no Salão Paroquial agarrada às saias da minha mãe continuando a não perceber nada. Questionava porque é que aqueles homens/soldados estavam ali a fazer. Dessas sessões de esclarecimento ficou na minha memória eles no final de entre outras músicas a Cantarem a “Gaivota” aquela “…. Uma gaivota voava voava asas de vento coração de mar, como ela somos livres, somos livres de voar…..”.

O tempo foi passando e não seu muito bem porquê a minha família começou a ser apelidada de a comunista. A verdade é que na altura que eu soubesse não tinha ninguém envolvido na política. A minha mãe, que como disse não sabia ler, votava no partido da bola ao centro (muita influência religioso). Tivemos vários dissabores. Mas possivelmente por isso mesmo fez com que eu, que não vivi o 25 de Abril, ganha-se um enorme fascínio pelo lado político da vida e tentado perceber o porquê do sermos apelidados de comunistas (aquela gente acreditava mesmo que na URSS se comiam criancinhas ao pequeno almoço). Hoje algumas pessoas da família estão envolvidas na vida politica. Eu gosto de politica pese embora o descrédito da nossa actual classe nos faça quase catalogar o um pelo todo.

O que eu quero dizer é que a minha filha que hoje tem 9 anos sabe na perfeição o que foi o 25 de Abril; porque é que a Ponte Salazar se passou a chamar Ponte 25 de Abril; o que era a Censuras e quem era Salazar. Não a tento influenciar. Vou tentando explicar dizendo que nem tudo foi bem no 25 de Abril. Que houve Coisas que poderiam ter sido executadas e planeadas de outra forma. Vê filmes e livros para tirar as suas próprias conclusões.

Hoje na Rádio falou-se de um protocolo com a ASS. 25 de Abril para abordar o tema nas escolas de forma diferente.

Eu quero aqui deixar um Livro “ ERA UMA VEZ UM CRAVO” José Jorge Letria com Ilustrações de André Letria….. uma boa forma de começar a explicar a crianças que à pouco começaram a ler o 25 de ABRIL.

Será sempre uma data a recordar mesmo não a tendo vivido……….

Anónimo disse...

okcjc n.k mjg

Anónimo disse...

Olha lá,por acaso conheces o 4910?
Melhor dizendo, fazes parte do 4910? Em qualquer dos casos um abraço.