A presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Paula Teixeira da Cruz (PSD), reitera que Santana Lopes não tem perfil de «rigor» e «ascetismo» que defende para a presidência da autarquia da capital.
quinta-feira, abril 30, 2009
Subscrevo
Santana Lopes não tem perfil para gerir Lisboa, diz Paula Teixeira da Cruz
No Reino do Absurdo (cont.)
Depois do que se mostrou [aqui], um morador resolveu sinalizar o buraco com sacos de plástico
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28 Abr 09
No dia seguinte, a sinalização foi reforçada...
O letreiro do táxi diz «O Pai Paga» - valha-nos isso!
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Em segundo plano, uma madame protesta:
Ela - coitada! - bem quer tirar o carro do passeio, mas os malvados que estacionaram em 2ª fila não deixam...
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Felizmente, a EMEL não dorme!, como se pode confirmar [AQUI]...
Estas fotos, juntamente com outras que documentam o mesmo escândalo, foram hoje enviadas, mais uma vez, para o «Nós, por cá», da Sic, uma espécie de Provedoria de Justiça que até funciona!
quarta-feira, abril 29, 2009
No Reino do Absurdo
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REPARE-SE que, dos 3 metros de largura que o passeio tem, os carros ocupam dois terços - sem qualquer necessidade, pois esses 2 metros ficam vagos, atrás, no espaço reservado para estacionamento!
Foi você que pediu um Plano de Pormenor?
Esta coisa dos Planos de Pormenor tem que se lhe diga. Se um dia alguém vir chumbado um projecto de loteamento, já sabe, pode sempre recorrer à figura daquele plano, e fazer até o trabalho que é, supostamente, da responsabilidade da CML.
Há também outros casos, como aqueles Planos de Pormenor que são gizados pela CML, para 'cerzir' a malha urbana, e depois verifica-se um torcer abrupto do rendilhado, de modo a que, muito esticadinho o ponto, a malha abranja no seu regaço um determinado lote, bem afastadinho do resto da malha, até do outro lado da avenida, se for possível.
Se a bolsa o permitir, nada melhor do que adicionar um nome grande da arquitectura do regime.
Depois é confiar no beneplácito de quem tem que emitir pareceres: estrutura consultiva do PDM, CCDR-LVT e IGESPAR. Em caso de aborrecimento lá terá que ir à IGAL, para o 'nim' da praxe.
Shaken, not stirred. Dá um magnífico PP.
Há também outros casos, como aqueles Planos de Pormenor que são gizados pela CML, para 'cerzir' a malha urbana, e depois verifica-se um torcer abrupto do rendilhado, de modo a que, muito esticadinho o ponto, a malha abranja no seu regaço um determinado lote, bem afastadinho do resto da malha, até do outro lado da avenida, se for possível.
Se a bolsa o permitir, nada melhor do que adicionar um nome grande da arquitectura do regime.
Depois é confiar no beneplácito de quem tem que emitir pareceres: estrutura consultiva do PDM, CCDR-LVT e IGESPAR. Em caso de aborrecimento lá terá que ir à IGAL, para o 'nim' da praxe.
Shaken, not stirred. Dá um magnífico PP.
NB: Até há pouco tempo havia ainda uma modalidade, a de 'regime simplificado'. Foi 'reconvertida' na magna figura da 'suspensão pontual do PDM'. Somos mesmo imaginativos.
29 DE ABRIL DE 1838
Era inaugurado, em Lisboa, o Real Teatro do Salitre, construído segundo projecto do arquitecto João Gomes Varela.
terça-feira, abril 28, 2009
Rua Prof. João Barreira - Telheiras
Os pilaretes de cimento que uns artistas colocaram na Rua João Barreira em frente a 4 Bancos com Multibanco e que dão para colocar meio carro no passeios.
Imagine-se agora o que passa diariamente numa das principal vias de acesso de Telheiras, transformada bizarramente em local de atravessamento da cidade, muita mais movimentada agora com o alargamento do eixo Norte-Sul.
Imagine-se agora no período do maior trânsito com uma via só.
Nunca vi a policia admoestar ninguém.
E um parque com dezenas de lugares livres a vinte metros do local.....
Entrada para o Eixo Norte-Sul (vindo da Av. Forças Armadas)
Por diversas vezes alertei a CML e a Policia Municipal (e porventura tambéma PSP) para uma situação com a qual me confronto quase diariamente:
Na descida da Av. das Forças Armadas, na saída para o Eixo Norte-Sul (direcção Telheiras) encontro pessoas do lado de fora ou do lado de dentro dos separadores, que se preparam para atravessar a estrada, quase sempre depois das 18 horas.
Descem de uma vereda e atravessam exactamente na curva que dá acesso ao Eixo Norte-Sul.
Os condutores não têm possibilidade de ver que se encontra alguém nessa curva e as pessoas não têm possibilidade de verem os carros a aproximar-se sem se posicionarem na via.
Descem de uma vereda e atravessam exactamente na curva que dá acesso ao Eixo Norte-Sul.
Os condutores não têm possibilidade de ver que se encontra alguém nessa curva e as pessoas não têm possibilidade de verem os carros a aproximar-se sem se posicionarem na via.
A policia escreveu-me a dizer que nada vê no local e eu insisto que vejo o perigo à espreita quase diariamente. Ainda hoje, já com pouca luz, vi mais uma pessoa que se preparava para atravessar.
Fatalidades, dizem eles.
'Ex libris' de Lisboa (26 Abr 09)
Anteontem, às 16h 20m, nos 'Dias da Música' do CCB
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Sem que se veja um polícia, uma multidão de amadores de música invade os relvados de Belém
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(Pormenor)
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O TÍTULO deste post, que esteve para ser, apenas, «O 26 de Abril», podia parecer provocatório, mas tinha a sua razão de ser: é que no dia 25 de Abril de 74 muita gente pensou que, a partir daí, podia fazer-se o que se quisesse - ao mesmo tempo que boa parte das autoridades se demitia das suas funções - nomeadamente das repressivas.
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O facto de estas fotos terem sido tiradas num dia 26 de Abril acaba por ser uma metáfora dessa perversa forma de encarar a Liberdade...
Irritações solenes (6)
No Metro alguém espirrando e tossindo, sem sequer tentar estancar os miasmas de modo a não conspurcar quem se sentava a seu lado e à sua frente. Foi assim, "civilizada" de Roma ao Rossio, onde se meteu no elevador. Subi as escadas.
Irritações solenes (5)
Santana Lopes à boleia dos cidadãos, contra os contentores, contra a TTT com pópós, etc. e dizendo que lança a campanha na Net, porque o "tempo não está para festas". Sá Fernandes anunciando a reabilitação dos espaços verdes do Jardim das Francesinhas, e zelando pela não poluição visual no Marquês de Pombal. Iguaizinhos.
Quer V. Ex.ª um c opo de orchata?-28.04.2009, Alexandra Prado Coelho-PUBLICO
Bebidas que já não se viam há muito tempo - orchata, mas também capilé ou leite perfumado - voltam às ruas de Lisboa em três quiosques antigos restaurados. "Gosto de pegar numa coisa semiesquecida e perceber como se pode adaptar aos tempos de hoje", explica Catarina Portas, responsável, com João Regal, pelo projecto. Só foi preciso cortar - e muito - o açúcar nas bebidas. Parece que os nossos bisavós gostavam delas mesmo muito doces.
Bebidas que já não se viam há muito tempo - orchata, mas também capilé ou leite perfumado - voltam às ruas de Lisboa em três quiosques antigos restaurados. "Gosto de pegar numa coisa semiesquecida e perceber como se pode adaptar aos tempos de hoje", explica Catarina Portas, responsável, com João Regal, pelo projecto. Só foi preciso cortar - e muito - o açúcar nas bebidas. Parece que os nossos bisavós gostavam delas mesmo muito doces.
Estava um dia de calor e Alípio "apenas avistou na porta o ventre enorme do desembargador", precipitou-se para lhe tirar o chapéu das mãos, perguntar-lhe pelas senhoras e oferecer-lhe um copo de orchata, bebida que o dr. Vaz Correia tinha sempre fresca, "na saleta de dentro" nos meses de Verão. "Quer V. Ex.ª um copo de orchata?". E o desembargador: "- Pois venha de lá a orchata. Vai de refresco."
Mas o mundo das personagens de Eça de Queirós e do seu Conde de Abranhos já não existe e, com eles, a orchata parecia também ter desaparecido para sempre dos hábitos dos portugueses. Agora, cem anos depois, a bebida fria à base de leite de amêndoa voltou pela mão de Catarina Portas, a proprietária da loja A Vida Portuguesa, e do arquitecto João Regal, da mercearia gourmet DeliDelux, que a colocaram à venda nos três quiosques que recuperaram e estão a explorar no Largo de Camões, Praça das Flores e Jardim do Príncipe Real, em Lisboa.
Quando desafiou João para concorrerem juntos ao concurso lançado pela câmara municipal para a recuperação e exploração dos quiosques, Catarina sabia que tinham que ter uma ideia original. "Sempre gostei de quiosques e fazia-me impressão passar por eles e vê-los fechados sem nada a acontecer. Gosto de fazer este exercício de pegar numa coisa semiesquecida e perceber como é que se pode adaptar aos tempos de hoje de uma forma interessante, preservando as características originais de preferência", conta Catarina, num banco do jardim do Príncipe Real, ao lado de um dos novos/velhos quiosques.
Enjoadíssimos
Ao pesquisar no Arquivo Fotográfico Municipal e em livros antigos sobre a origem dos quiosques, Catarina percebeu que muitos deles vendiam refrescos. "Achei que era engraçado recuperá-los para a função que tinham na sua origem." Refrescos, portanto. Nova pesquisa, desta vez para tentar descobrir que tipo de bebidas eram apreciadas pelos lisboetas do final do século XIX. Encontrou várias referências, sobretudo em textos do crítico gastronómico José Quitério e, juntamente com o sócio, lançou-se na fase seguinte: testar os refrescos.
"O primeiro dia foi dramático. Ao final da tarde estávamos enjoadíssimos e pensávamos que aquilo não ia resultar. As bebidas tinham uma quantidade de açúcar inacreditável. Há 100 anos havia açúcar numa quantidade muito menor de produtos, mas mais concentrado". Assim não funcionava, pensaram.
Mas Catarina acreditava que a ideia inicial era boa. "Achei que de alguma forma isto já tinha dado a volta. As pessoas bebiam estes refrescos há 100 anos, depois puseram-se a beber refrigerantes, perceberam que estes tinham uma enorme colecção de 'Es' e agora estão a voltar a coisas com menos corantes, conservantes e aromatizantes." A solução tinha que ser reduzir a quantidade de açúcar.
Para além da orchata, queriam recuperar bebidas como a groselha, o capilé ou o leite perfumado. "Percebemos que os xaropes de groselha e capilé existentes em Portugal são muito desinteressantes porque são todos à base de aroma artificial." Decidiram que precisavam de ajuda e que a pessoa certa era Daniel Roldão, que, com a sua Fábrica do Rebuçado, fez renascer os rebuçados de ovo de Portalegre. E Roldão meteu mãos à obra para desenvolver novos xaropes, o de capilé a partir de folha de avenca e essência de flor de laranjeira, e o de groselha com groselhas holandesas para já (a partir de Julho já será possível usar as portuguesas), com muito menos açúcar do que as receitas centenárias.
Agora nos pequenos quiosques restaurados, e depois de um esforço considerável para conseguir aproveitar o diminuto espaço de arrumação, estão disponíveis as novas receitas de capilé, groselha, orchata, chá gelado, limonada chic (uma receita que junta ao sumo casca batida, para que aquele fique mais cremoso e menos amargo), mazagrã (bebida de café) e leite perfumado (leite fervido com canela, limão e açúcar e servido gelado). A cerveja não é permitida nos quiosques, mas há bebidas alcoólicas como a ginjinha, o Licor Beirão, a Amêndoa Amarga ou o vinho do Porto. No Inverno haverá vinho quente e outras bebidas para atrair os clientes ao quiosque mesmo com frio e chuva.
Sanduíches de torresmos
A comida segue a mesma lógica de fidelidade aos "sabores lisboetas": há sanduíches de bacalhau em meia desfeita, pasta de sardinha com pimentos assados, queijo de cabra e pasta de azeitona, presunto com azeite de amêndoa, torresmos com geleia de pimentas e queijo flamengo com marmelada. E, por fim, há doces tradicionais, das queijadas de Sintra aos queques de Tomar, passando pelos chocolates Arcádia, e até pelos "velhinhos" rebuçados do Dr. Bayard e as sombrinhas de chocolate Regina.
Não havia certamente sanduíches tão sofisticadas nos quiosques do século XIX. Mas estes eram importantíssimos pontos de encontro para os lisboetas. "O quiosque é o sucedâneo do café, da taberna, da leitaria, da papelaria; a loja em miniatura, próxima dos clientes, acessível, económica e altamente futurista. Acessível a todas as bolsas é sobretudo escolhida pelos operários, pela arraia miúda e pela pequena burguesia comerciante. Os estudantes e a elite intelectual também não desdenham este poiso para beber um copo, comprar o jornal ou um bilhete de lotaria e dar um dedo de conversa com os vizinhos", explica Claudie Bony em Uma História de Quiosques (ed. artemágica, 2004), um dos livros a que Catarina Portas recorreu na sua pesquisa.
É em Novembro de 1867 que surge nas Actas das Deliberações da Assembleia Municipal de Lisboa aquele que Bony identificou como o primeiro texto explícito sobre quiosques, no qual se propõe que "se officie ao governo de Sua Majestade, dizendo que a camara approva a collocação dos 'kioskos' propostos pelo sr. Dom Thomaz de Mello, como uma cousa útil, e, até certo ponto, como um meio de embellesamento".
Inspirados nos modelos parisienses, começam então a aparecer em Lisboa vários quiosques, uns para refrescos e comidas, outros para venda de jornais e colocação de anúncios. Ainda segundo Bony, no final do século XIX existiam já na capital 22 quiosques. Mas o pioneiro terá sido o que foi colocado no Rossio em 1869. Tinha sido baptizado como Elegante, "mas os operários e pequenos artesãos alcunharam-no de Bóia" e mais tarde ficou conhecido como o quiosque dos "libertários" por se ter tornado o ponto de encontro dos progressistas.
Nas velhas fotografias do arquivo municipal vêem-se homens de chapéu de coco à volta de um dos quiosques de refrescos do Largo de Camões (Catarina descobriu num alfarrabista um postal de 1905 que mostra o largo com nada menos do que cinco quiosques). Um pano às riscas, como o das barracas de praia, oferece uma zona abrigada do calor, e uma mulher de lenço a cobrir-lhe a cabeça está sentada nessa sombra. Outra imagem mostra um quiosque particularmente elegante, no jardim de São Pedro de Alcântara, com uma aba larga que dá sombra a uma pequena esplanada. (Também Catarina e João querem em breve ter esplanadas nos seus quiosques e esperam apenas a autorização da câmara).
Os cisnes da Estrela
Ao longo do tempo muitos foram desaparecendo, outros continuaram a ser utilizados, mas foram-se degradando. Um dos que deverão ir a concurso para serem reabilitados, e que Catarina considera dos mais bonitos, é o que está na praça em frente ao Jardim da Estrela, com os elegantíssimos cisnes a sustentar o telhado, mantendo uma dignidade intemporal, apesar do estado de degradação em que se encontra. Houve também quiosques que mudaram de sítio - é o caso do recém-inaugurado no Largo de Camões, que veio do Jardim das Amoreiras, e antes disso esteve no Porto de Lisboa e na Rua da Artilharia Um, prova de que a vontade de sobrevivência tem sido superior ao desgaste provocado pela passagem do tempo.
Agora, pelo menos os três Quiosque de Refresco (Catarina e João registaram esta marca e outra, Refresco de Quiosque, para o caso de virem a comercializar as bebidas fora dos quiosques) vão trabalhar a sério. Com 22 funcionários, a ideia é que estejam abertos todos os dias das 7h30 da manhã à meia-noite (o do Camões só fecha à uma da manhã), encerrando apenas três dias por ano. "São estabelecimentos democráticos, estão no meio da rua, são para toda a gente", diz Catarina. "Não faz sentido que estejam fechados, tal como não faz sentido que tenham preços elitistas" - um café aqui custa 60 cêntimos, e uma limonada, por exemplo, custa 1,20 euros.
A ligar os três está uma pequena carrinha que será identificada com a imagem de todo o projecto - os nomes das bebidas em faixas ondulantes, uma ideia para a qual o designer Ricardo Mealha se inspirou numa colecção de rótulos da antiga Fábrica Âncora - e que transportará várias vezes ao dia as bebidas e as sanduíches feitas na cozinha central da Rua do Poço dos Negros.
E assim, ao passarem pelo Camões, pelo Príncipe Real ou pela Praça das Flores, os lisboetas já podem recuar no tempo e, quem sabe, voltar a citar o desembargador Amado, a responder ao solícito Alípio: "Pois venha de lá a orchata. Vai de refresco".
Passadeira de pedra a cortar Terreiro do Paço ao meio inquieta participantes em debate-28.04.2009, Ana Henriques - PUBLICO
Sociedade Frente Tejo continua sem divulgar desenhos que permitiriam perceber melhor o projecto de reabilitação da praça
O projecto de dividir o Terreiro do Paço ao meio com uma passadeira de pedra, para assinalar o percurso entre o arco da Rua Augusta e o Cais das Colunas, foi ontem recebido com inquietação por vários dos participantes numa conferência dedicada às praças da Europa que decorreu no Centro de Informação Urbana de Lisboa.
Apesar de o autor do projecto de reabilitação da Praça do Comércio, Bruno Soares, ter estado presente no debate, ainda não foi desta que foram tornados públicos os desenhos que poderão tornar mais claro o que pretende fazer este arquitecto do local. Bruno Soares disse que ainda não tinha chegado a altura de os mostrar.
Ao certo, sabe-se que o projecto que a sua equipa está a elaborar para a Sociedade Frente Tejo, entidade encarregue de recuperar para o usufruto da população alguns troços da zona ribeirinha, prevê o alargamento em 20 metros dos passeios junto às arcadas do lado poente e nascente, de modo a que ali possam ser instaladas esplanadas. Já a placa central deverá estar liberta desse tipo de equipamentos. Para o arquitecto, é um erro fazer comparações entre o Terreiro do Paço e algumas praças espanholas com esse tipo de ocupação no seu centro, como Salamanca ou Valladolid, uma vez que se trata de locais com características diferentes: desde logo a dimensão - a praça portuguesa é muito maior -, e depois a situação geográfica da Praça do Comércio, que é aberta ao rio. "É inóspita, tem muito sol e vento. Seria um grande erro colocar quiosques e esplanadas no centro para fazer com que as pessoas para lá fossem", observou. Também por questões de escala, Bruno Soares pensa não ser de voltar a colocar no local as árvores que já lá existiram no final do séc. XIX: se fossem suficientemente imponentes tapavam os edifícios; se fossem demasiado pequenas ficariam ridículas numa praça tão grande. Quanto à passadeira, servirá para encaminhar os peões em direcção ao rio - segundo o arquitecto, não fará grande contraste com o restante pavimento da praça, devendo ficar ao mesmo nível que este.
Conhecida pelo seu desempenho à frente de vários museus, a historiadora de arte Raquel Henriques da Silva não hesitou em admitir as suas reticências em relação a vários aspectos do projecto. Além da inquietação que demonstrou sobre a passadeira para os peões, criticou a prevista abertura de um hotel de charme num dos edifícios do Terreiro do Paço. "E a ocupação das arcadas apenas com funções comerciais e turísticas é um erro", preveniu. O que Raquel Henriques da Silva gostaria de ver no local era um pólo do Museu da Cidade dedicado à época pombalina que permitisse aos turistas perceber a história do sítio. E, acima de tudo, que a intervenção a que a Praça do Comércio vai ser sujeita seja mínima.
Quanto à animação domingueira ali promovida pela autarquia, a historiadora de arte espera que não regresse, porque se tratou "de um desastre absoluto".
Sociedade Frente Tejo continua sem divulgar desenhos que permitiriam perceber melhor o projecto de reabilitação da praça
O projecto de dividir o Terreiro do Paço ao meio com uma passadeira de pedra, para assinalar o percurso entre o arco da Rua Augusta e o Cais das Colunas, foi ontem recebido com inquietação por vários dos participantes numa conferência dedicada às praças da Europa que decorreu no Centro de Informação Urbana de Lisboa.
Apesar de o autor do projecto de reabilitação da Praça do Comércio, Bruno Soares, ter estado presente no debate, ainda não foi desta que foram tornados públicos os desenhos que poderão tornar mais claro o que pretende fazer este arquitecto do local. Bruno Soares disse que ainda não tinha chegado a altura de os mostrar.
Ao certo, sabe-se que o projecto que a sua equipa está a elaborar para a Sociedade Frente Tejo, entidade encarregue de recuperar para o usufruto da população alguns troços da zona ribeirinha, prevê o alargamento em 20 metros dos passeios junto às arcadas do lado poente e nascente, de modo a que ali possam ser instaladas esplanadas. Já a placa central deverá estar liberta desse tipo de equipamentos. Para o arquitecto, é um erro fazer comparações entre o Terreiro do Paço e algumas praças espanholas com esse tipo de ocupação no seu centro, como Salamanca ou Valladolid, uma vez que se trata de locais com características diferentes: desde logo a dimensão - a praça portuguesa é muito maior -, e depois a situação geográfica da Praça do Comércio, que é aberta ao rio. "É inóspita, tem muito sol e vento. Seria um grande erro colocar quiosques e esplanadas no centro para fazer com que as pessoas para lá fossem", observou. Também por questões de escala, Bruno Soares pensa não ser de voltar a colocar no local as árvores que já lá existiram no final do séc. XIX: se fossem suficientemente imponentes tapavam os edifícios; se fossem demasiado pequenas ficariam ridículas numa praça tão grande. Quanto à passadeira, servirá para encaminhar os peões em direcção ao rio - segundo o arquitecto, não fará grande contraste com o restante pavimento da praça, devendo ficar ao mesmo nível que este.
Conhecida pelo seu desempenho à frente de vários museus, a historiadora de arte Raquel Henriques da Silva não hesitou em admitir as suas reticências em relação a vários aspectos do projecto. Além da inquietação que demonstrou sobre a passadeira para os peões, criticou a prevista abertura de um hotel de charme num dos edifícios do Terreiro do Paço. "E a ocupação das arcadas apenas com funções comerciais e turísticas é um erro", preveniu. O que Raquel Henriques da Silva gostaria de ver no local era um pólo do Museu da Cidade dedicado à época pombalina que permitisse aos turistas perceber a história do sítio. E, acima de tudo, que a intervenção a que a Praça do Comércio vai ser sujeita seja mínima.
Quanto à animação domingueira ali promovida pela autarquia, a historiadora de arte espera que não regresse, porque se tratou "de um desastre absoluto".
O REGRESSO DOS LIVROS
A Feira do Livro de Lisboa, este ano na sua 79ª edição, é apresentada em conferência de imprensa em que estarão presentes o presidente e o vice-presidente da APEL, Rui Beja e João Espadinha. A Feira do Livro de Lisboa deste ano começa a 30 de Abril e encerra a 17 de Maio, sendo o Brasil o país convidado.
Fonte: Sol.
segunda-feira, abril 27, 2009
Quando os cidadãos 'postam' a cidade
por RUI PEDRO ANTUNES (DN)
Da simples denúncia de problemas à proposta de solução, na blogosfera multiplicam-se os espaços em que Lisboa é tema. O DN foi conhecer as motivações por detrás de alguns destes projectos.
Terminam em blogspot.com mas, tendo em conta os temas sobre os quais incidem, o domínio podia ser outro: blogspot.lx. O domínio "lx" não existe, mas tal não impede vários blogues de terem como tema a cidade de Lisboa e afirmarem-se cada vez mais como espaços de debate, denúncia e informação.
"Um blogue que se destina a aplaudir, apupar, acusar, propor e dissertar sobre tudo quanto se passe de bom e de mau na capital". Esta é a premissa do Cidadania LX, um dos blogues do género mais visitados. Não descartando estes "sugestivos" verbos, o administrador Paulo Ferrero acrescenta que o Cidadania é um espaço de "defesa de causas, do património, do ambiente, de melhor mobilidade, de luta por mais oferta cultural e de denúncias de corrupção".
Apesar de hoje ser um motivo de orgulho, Paulo Ferrero não guarda as melhores recordações da origem do blogue. Isto porque "o espaço surgiu para travar o processo de demolição da casa onde viveu Almeida Garrett", em Campo de Ourique mas tal não aconteceu. A primeira causa foi perdida mas ao longo destes cinco anos "várias situações foram corrigidas graças ao blogue", conta.
O Lisboa SOS, o Carmo e a Trindade e a Sétima Colina são alguns dos muitos espaços não políticos que se dedicam à cidade. Muitas vezes são autênticos órgãos de informação que se antecipam à comunicação social. Paulo Ferrero também escreve n'O Carmo e a Trindade e explica que "há notícias que aparecem nos jornais que somos nós que denunciamos dias antes".
António Almeida, autor do Sétima Colina e de mais quatro blogues temáticos sobre a capital, confirma. Foi na "sétima colina" de Lisboa que António, profissional na área das telecomunicações, sempre viveu e, por isso, decidiu adoptar o nome para o blogue pessoal, onde escreve sobre "coisas, locais e cheiros da cidade". Acredita que postar no blogue é um acto de "cidadania" e confessa que para desempenhar essa tarefa goza de um importante privilégio. "Uma presidente de junta que é minha amiga facultou-me uma credencial para aceder a locais e eventos", esclarece.
E se Ferrero gosta de olhar para o Cidadania como um blogue de "denúcia", já António Almeida acredita que "a denúncia só pela denúncia não em interessa. Não se deve perder tempo com isso, é preferível apontar caminhos para as soluções."
Todos os bloguistas que o DN contactou indicaram como blogue "bem conseguido" e "engraçado" o Lisboa S.O.S.. Este espaço é da responsabilidade de seis autores anónimos que vão denunciando, numa sequência de fotografias, situações de degradação na área urbana da capital. O blogue é inspirado no site inglês Fix My Street, onde qualquer pessoa pode indicar o que está degradado na rua onde vive. O conceito foi adoptado pelo Lisboa S.O.S. que pretende alertar para situações deploráveis que, devido ao hábito, já ninguém repara.
Sejam culturais, de consciência ambiental ou políticos, os blogues sobre a cidade de Lisboa são cada vez mais. Seria impossível referir todos, porque ao contrário do que se passa nos blogues, o espaço aqui não é infinito.
por RUI PEDRO ANTUNES (DN)
Da simples denúncia de problemas à proposta de solução, na blogosfera multiplicam-se os espaços em que Lisboa é tema. O DN foi conhecer as motivações por detrás de alguns destes projectos.
Terminam em blogspot.com mas, tendo em conta os temas sobre os quais incidem, o domínio podia ser outro: blogspot.lx. O domínio "lx" não existe, mas tal não impede vários blogues de terem como tema a cidade de Lisboa e afirmarem-se cada vez mais como espaços de debate, denúncia e informação.
"Um blogue que se destina a aplaudir, apupar, acusar, propor e dissertar sobre tudo quanto se passe de bom e de mau na capital". Esta é a premissa do Cidadania LX, um dos blogues do género mais visitados. Não descartando estes "sugestivos" verbos, o administrador Paulo Ferrero acrescenta que o Cidadania é um espaço de "defesa de causas, do património, do ambiente, de melhor mobilidade, de luta por mais oferta cultural e de denúncias de corrupção".
Apesar de hoje ser um motivo de orgulho, Paulo Ferrero não guarda as melhores recordações da origem do blogue. Isto porque "o espaço surgiu para travar o processo de demolição da casa onde viveu Almeida Garrett", em Campo de Ourique mas tal não aconteceu. A primeira causa foi perdida mas ao longo destes cinco anos "várias situações foram corrigidas graças ao blogue", conta.
O Lisboa SOS, o Carmo e a Trindade e a Sétima Colina são alguns dos muitos espaços não políticos que se dedicam à cidade. Muitas vezes são autênticos órgãos de informação que se antecipam à comunicação social. Paulo Ferrero também escreve n'O Carmo e a Trindade e explica que "há notícias que aparecem nos jornais que somos nós que denunciamos dias antes".
António Almeida, autor do Sétima Colina e de mais quatro blogues temáticos sobre a capital, confirma. Foi na "sétima colina" de Lisboa que António, profissional na área das telecomunicações, sempre viveu e, por isso, decidiu adoptar o nome para o blogue pessoal, onde escreve sobre "coisas, locais e cheiros da cidade". Acredita que postar no blogue é um acto de "cidadania" e confessa que para desempenhar essa tarefa goza de um importante privilégio. "Uma presidente de junta que é minha amiga facultou-me uma credencial para aceder a locais e eventos", esclarece.
E se Ferrero gosta de olhar para o Cidadania como um blogue de "denúcia", já António Almeida acredita que "a denúncia só pela denúncia não em interessa. Não se deve perder tempo com isso, é preferível apontar caminhos para as soluções."
Todos os bloguistas que o DN contactou indicaram como blogue "bem conseguido" e "engraçado" o Lisboa S.O.S.. Este espaço é da responsabilidade de seis autores anónimos que vão denunciando, numa sequência de fotografias, situações de degradação na área urbana da capital. O blogue é inspirado no site inglês Fix My Street, onde qualquer pessoa pode indicar o que está degradado na rua onde vive. O conceito foi adoptado pelo Lisboa S.O.S. que pretende alertar para situações deploráveis que, devido ao hábito, já ninguém repara.
Sejam culturais, de consciência ambiental ou políticos, os blogues sobre a cidade de Lisboa são cada vez mais. Seria impossível referir todos, porque ao contrário do que se passa nos blogues, o espaço aqui não é infinito.
Chiça!
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HOJE mesmo, a tristemente famosa esquina junto ao Santander Totta, na Av. de Roma, recebeu a prenda que em cima se vê, pelo que bem podem 'limpar as mãos à parede' as GRANDESSÍSSIMAS BESTAS a quem tal se deve; e olhem que não são poucas - especialmente se, às responsáveis pela ACÇÃO, juntarmos as da OMISSÃO...
A propósito do Convento do Carmo
Na Canonização de D. Nuno Álvares Pereira
MOSTRA BIBLIOGRÁFICA na Biblioteca Nacional de Portugal 24 de Abril a 13 de Maio
MOSTRA BIBLIOGRÁFICA na Biblioteca Nacional de Portugal 24 de Abril a 13 de Maio
Entrada livre
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(...) Poderoso em terras, privilégios e honrarias, mas avesso às intrigas de corte e muito esmoler, termina a sua carreira no Convento do Carmo como “Monge Bem-Aventurado, desprezando as pompas” (epitáfio da sepultura). Tornou-se particularmente grato ao povo de Lisboa e arredores, merecendo-lhe romarias, festejos e cantares. (...)
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domingo, abril 26, 2009
O mais engraçado é que, um dia destes, os responsáveis por estas vergonhas vêm pedir-nos o voto!
NESTA fotografia (tirada há mais de um ano na Rua Frei Amador Arrais - junto à Av. de Roma, em Lisboa), vê-se de tudo um pouco:
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Lixo colocado impunemente fora dos ecopontos (muitas vezes por pessoas facilmente identificáveis), um carro estacionado ao lado deles, um camião em cima do passeio (que, além de o ocupar na totalidade, impede a entrada e saída dos carros para o pátio existente do lado direito) e ainda - cereja em cima do bolo! - uma senhora (no carro branco, ao meio) a querer sair dali...
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VEJAMOS O QUE MUDOU ENTRETANTO
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Esta foto, tirada na mesma esquina vários meses depois, mostra o impensável: é que a rua é de sentido único... da direita para a esquerda!.
Esta outra foi tirada às 13h45m de 18 de Abril de 2009, no mesmo local da anterior, do outro lado da rua.
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Além dos carros e da moto em contravenção (o que já não é novidade para ninguém, por aqueles lados), há agora a curiosidade adicional do mini - que, porventura inspirado na cena da foto anterior, decidiu estacionar em cima da passadeira e virado ao contrário!!, pois a rua, como atrás se diz, é de sentido único, da esquerda para a direita!
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Entretanto, acaba de fazer um ano que foram lançados os Prémios António Costa - ver [AQUI]. De acordo com o respectivo regulamento, as situações aqui documentadas podem proporcionar até almoços de lagosta no Gambrinus (um por mês até às eleições autárquicas!), mas ainda ninguém os ganhou - nem sequer reivindicou!
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NOTA: Reconheço que pode parecer doentia, da minha parte, a insistência neste escândalo, que já é um ex-libris desta zona da capital, com pretensões a fina. Mas sucede que passo ali várias vezes por dia, de há 56 anos (!) a esta parte, pelo que posso garantir que o que lá sucede é paradigmático: é uma amostra bem representativa do que se passa em muitos lados da capital.
Quanto à sua evolução, só posso dizer que, desde os tempos de Abecassis, não há qualquer diferença entre o que se passa quando a autarquia é gerida pela esquerda ou pela direita. Quando estão em causa os pequenos problemas - como este, de fácil resolução - que infernizam a vida dos cidadãos, todos eles exibem uma insensibilidade assustadora e uma incompetência crassa que, como se sabe, não lhes tira o sono!
sábado, abril 25, 2009
Outras batalhas
Na foto: Jorge Santos Silva, Paulo Ferrero, Nuno Santos Silva e Luis Marques da Silva: os "operacionais"do movimento cívico Forum Cidadania Lx
Por Margarida Davim
Chamam-lhes fundamentalistas, velhos do Restelo, D. Quixotes. Escrevem diariamente num blog, lançam petições na Internet, dão entrevistas aos media e dizem só ter em comum o amor por Lisboa e a vontade de lutar por causas ligadas ao património, à mobilidade e ao ambiente.
Paulo Ferrero tem 45 anos e é licenciado em Economia, mas há cinco anos que dedica todo o tempo livre ao Fórum Cidadania Lx. A ideia surgiu para tentar impedir a demolição da casa Garrett e deu lugar a um blog onde se foram juntando pessoas, “do BE ao CDS”. O edifício foi demolido, mas o Fórum cresceu. Hoje, tem112 membros e um site com uma média de 600 visitas diárias.
“Somos um movimento de causas”, define Ferrero, que sublinha o facto de se tratar de uma “associação informal” completamente apartidária, mas não apolítica”. O activista só conhece pessoalmente metade dos elementos do Fórum, mas explica que entre os que colaboram “há gestores, advogados, médicos, gente ligada aos media, ás artes e espectáculos arquitectos, engenheiros, estudantes…Novos e velhos”. Todos conciliam a vida profissional com a actividade cívica e alguns moram mesmo no estrangeiro. “Sem Internet não havia nada disto”, diz Paulo Ferrero, lembrando que “tudo é feito a custo zero”.
Lutar contra moinhos de vento
Luis Marques da Silva tem 46 anos e é arquitecto. Passa os dias entre Lisboa e o Porto e aproveita os fins-de-semana para escrever petições, distribuir folhetos e andar pela cidade à procura do que está mal. “Já nos chamaram malucos, mas as nossas causas não são moinhos de vento, são monstros”, diz lembrando uma das vitórias do movimento: graças a uma petição (que reuniu mais de cinco mil assinaturas), o projecto dos arquitectos Valsassina e Aires Mateus para o Largo do Rato foi travado. “O que estava projectado era excessivo em termos de volumetria e desenquadrado do contexto sócio-urbano da zona” justifica.
Foi, aliás, esse projecto que o levou a juntar-se ao Fórum Cidadania, mas Marques da Silva é também um dos mais activos na contestação ao novo Museu dos Coches. Antes já tinha dado a cara pelo movimento Em Defesa do Bolhão, no Porto. “Posso até ser penalizado em termos profissionais, mas não consigo assistir impávido à destruição desta bela cidade”, afirma.
“As nossas próximas batalhas tanto podem ser a colocação de semáforos num sitio qualquer, como a defesa de um edifício histórico”, adianta Nuno Santos Silva. O jurista de 33 anos confessa que muitos dos temas que leva para o Fórum nas cem quando está “no transito ou nos transportes públicos”. A mobilidade é o assunto que mais o motiva e diz que, por isso, já está habituado “a receber muitos insultos e comentários menos simpáticos” no site.
Mas a polémica surge mesmo dentro do “núcleo operacional” do movimento. Jorge Santos Silva, 44 anos, licenciado em História revela ser contra uma das iniciativas do Fórum: “Não posso aceitar que se coloquem autocolantes nos automóveis mal estacionados, até porque eles estragam os carros”.
Santos Silva descobriu por experiência própria a dificuldade que os cidadãos têm em ser ouvidos. “Moro num prédio na Alameda D. Afonso Henriques, que é propriedade do Ministério da Saúde, e ameaça ruir”, conta acrescentando que “foi só depois de ter chamado os jornais e as televisões que o assunto começou a ser resolvido”.
De resto, uma das maiores armas deste movimento de cidadãos tem sido a denuncia na comunicação social. “Sempre que enviamos cartas para as autoridades, ficamos sem resposta”, lamenta Paulo Ferrero, que vê nos media a única forma de “consciencializar as pessoas”.Mas, em ano de autárquicas, Ferrero sabe que vai ter uma atenção redobrada por parte dos partidos. “Todos os anos lhes enviamos um dossiê com alguns dos assuntos que achamos mais importantes”, relata, sabendo que a história se repete a cada eleição: “A maioria nem responde e os que respondem acabam por se esquecer”.“É por isso que cada um tem o seu partido e isso não interfere no movimento”, comenta Jorge Santos Silva, que acredita que, “seja qual for a força politica que esteja na Câmara de Lisboa , haverá sempre problemas”.Paulo Ferrero reconhece que a guerra que trava nunca vai ter fim: “Ganhamos umas batalhas, perdemos outras. Mas há sempre lutas novas”
Por Margarida Davim
Chamam-lhes fundamentalistas, velhos do Restelo, D. Quixotes. Escrevem diariamente num blog, lançam petições na Internet, dão entrevistas aos media e dizem só ter em comum o amor por Lisboa e a vontade de lutar por causas ligadas ao património, à mobilidade e ao ambiente.
Paulo Ferrero tem 45 anos e é licenciado em Economia, mas há cinco anos que dedica todo o tempo livre ao Fórum Cidadania Lx. A ideia surgiu para tentar impedir a demolição da casa Garrett e deu lugar a um blog onde se foram juntando pessoas, “do BE ao CDS”. O edifício foi demolido, mas o Fórum cresceu. Hoje, tem112 membros e um site com uma média de 600 visitas diárias.
“Somos um movimento de causas”, define Ferrero, que sublinha o facto de se tratar de uma “associação informal” completamente apartidária, mas não apolítica”. O activista só conhece pessoalmente metade dos elementos do Fórum, mas explica que entre os que colaboram “há gestores, advogados, médicos, gente ligada aos media, ás artes e espectáculos arquitectos, engenheiros, estudantes…Novos e velhos”. Todos conciliam a vida profissional com a actividade cívica e alguns moram mesmo no estrangeiro. “Sem Internet não havia nada disto”, diz Paulo Ferrero, lembrando que “tudo é feito a custo zero”.
Lutar contra moinhos de vento
Luis Marques da Silva tem 46 anos e é arquitecto. Passa os dias entre Lisboa e o Porto e aproveita os fins-de-semana para escrever petições, distribuir folhetos e andar pela cidade à procura do que está mal. “Já nos chamaram malucos, mas as nossas causas não são moinhos de vento, são monstros”, diz lembrando uma das vitórias do movimento: graças a uma petição (que reuniu mais de cinco mil assinaturas), o projecto dos arquitectos Valsassina e Aires Mateus para o Largo do Rato foi travado. “O que estava projectado era excessivo em termos de volumetria e desenquadrado do contexto sócio-urbano da zona” justifica.
Foi, aliás, esse projecto que o levou a juntar-se ao Fórum Cidadania, mas Marques da Silva é também um dos mais activos na contestação ao novo Museu dos Coches. Antes já tinha dado a cara pelo movimento Em Defesa do Bolhão, no Porto. “Posso até ser penalizado em termos profissionais, mas não consigo assistir impávido à destruição desta bela cidade”, afirma.
“As nossas próximas batalhas tanto podem ser a colocação de semáforos num sitio qualquer, como a defesa de um edifício histórico”, adianta Nuno Santos Silva. O jurista de 33 anos confessa que muitos dos temas que leva para o Fórum nas cem quando está “no transito ou nos transportes públicos”. A mobilidade é o assunto que mais o motiva e diz que, por isso, já está habituado “a receber muitos insultos e comentários menos simpáticos” no site.
Mas a polémica surge mesmo dentro do “núcleo operacional” do movimento. Jorge Santos Silva, 44 anos, licenciado em História revela ser contra uma das iniciativas do Fórum: “Não posso aceitar que se coloquem autocolantes nos automóveis mal estacionados, até porque eles estragam os carros”.
Santos Silva descobriu por experiência própria a dificuldade que os cidadãos têm em ser ouvidos. “Moro num prédio na Alameda D. Afonso Henriques, que é propriedade do Ministério da Saúde, e ameaça ruir”, conta acrescentando que “foi só depois de ter chamado os jornais e as televisões que o assunto começou a ser resolvido”.
De resto, uma das maiores armas deste movimento de cidadãos tem sido a denuncia na comunicação social. “Sempre que enviamos cartas para as autoridades, ficamos sem resposta”, lamenta Paulo Ferrero, que vê nos media a única forma de “consciencializar as pessoas”.Mas, em ano de autárquicas, Ferrero sabe que vai ter uma atenção redobrada por parte dos partidos. “Todos os anos lhes enviamos um dossiê com alguns dos assuntos que achamos mais importantes”, relata, sabendo que a história se repete a cada eleição: “A maioria nem responde e os que respondem acabam por se esquecer”.“É por isso que cada um tem o seu partido e isso não interfere no movimento”, comenta Jorge Santos Silva, que acredita que, “seja qual for a força politica que esteja na Câmara de Lisboa , haverá sempre problemas”.Paulo Ferrero reconhece que a guerra que trava nunca vai ter fim: “Ganhamos umas batalhas, perdemos outras. Mas há sempre lutas novas”
JORNAL SOL
sexta-feira, abril 24, 2009
Assista em directo ao colóquio "Risco e trauma rodoviário: perspectivas de análise" através da página de videodifusão, nos dias 23 e 24 de Abril de 2009, a partir das 9:30
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Sexta-Feira, 24 de Abril de 2009
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10.00 3º PAINEL – PREVENÇÃO DO RISCO RODOVIÁRIO
11.30-13.00 Mesa Redonda: A segurança rodoviária existe?
14.30-16.30 Programa de demonstração de meios de prevenção e socorro à vítima de acidente rodoviário, no Átrio exterior do ISCTE (com a colaboração do BTLS - Portugal, da Academia de Condução Segura e da CR&M – Formação Activa de Condução)
quinta-feira, abril 23, 2009
Critérios e "descritérios" na famigerada «ZONA 36», uma província do reino do absurdo
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Apesar de não faltarem lugares na Rua Frei Amador Arrais (foto superior), há quem prefira estacionar em cima do passeio na famigerada esquina do Santander-Totta - onde a impunidade (vá lá saber-se porquê...) é absolutamente garantida (2.ª foto).
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Quanto à EMEL, que andava por ali, foi dar a sua atenção à Rua Infante D. Pedro (a do Hotel Roma), começando por bloquear os carros lá ao fundo (3.ª e 4.ª fotos)...
Fotos desta semana
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Av. João XXI
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MUITAS vezes, ouvem-se queixas de que "já não há respeito pelas autoridades. É, porventura, o que testemunha a foto de cima:
Completamente indiferentes à presença da moto da Polícia Municipal (que indica que o agente deve andar por perto...) automobilistas vão chegando e estacionando calmamente na paragem de autocarro existente junto ao n.º 27 da Av. de Roma.
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As duas outras fotos mostram que talvez fosse desejável que "alguém" desse o exemplo...
Confissão
O problema dos Portugueses e das poucas personalidades políticas de referência que respeitem, gostem ou não delas, pura e simplesmente pelo exemplo que são e pela consistência da sua actuação, acentua-se de dia para dia. Todo o País se assemelha a um lamaçal onde nos afundamos e poucos políticos tratam de limpar a lama e de enfrentar a crise.
O Presidente da República, já o escrevi, é uma delas. Com o Primeiro-Ministro sucede cada vez mais o contrário. Sócrates sai a perder muito mais do que parece na resposta que deu a uma intervenção do Presidente: na forma e no conteúdo. Na forma, porque está longe de ser elegante, no conteúdo, porque não tem nenhum. E vir agora esclarecer que a resposta se dirigia à Oposição não convence ninguém.
Pese a pouca polida resposta a um alerta consistente, não acabará a cooperação institucional, pela simples razão de que o Presidente é um institucional, põe as Instituições bem à frente destas coisinhas pequeninas que a politiquice tem e ignora-as olimpicamente, bem sabendo que todos os esforços se devem concentrar em soluções para as dificuldades e não em trocas de galhardetes que para além de não servirem para nada também não lhe vão ao feitio.
Mesmo na entrevista de terça-feira, no que verdadeiramente importa, o Primeiro-Ministro não só nada adiantou como tornou clara a inconsistência do Governo. Afirmou aliás algo de verdadeiramente extraordinário, por demonstrativo da total ausência de um programa integral para combater a crise: anunciou a disponibilidade para em qualquer altura adoptar novas medidas. Disponibilidade? Então temos um Governo disponível? Em qualquer altura? Então não era tempo para existir já um programa estrutural e em execução? Novas medidas? Mas não era suposto as novas medidas estarem já pensadas, planificadas?
O Governo não tem aprovadas soluções nenhumas para sectores estratégicos, num momento em que da economia ao social nada ficará na mesma. E isso mete medo, por todos nós e, em particular, pelas gerações mais novas. O Governo não interiorizou ainda que vamos empobrecer décadas? Não o explica aos Portugueses? Não entende que a planificação é urgente e que as campanhas eleitorais que se avizinham não podem sobrepor-se a respostas necessárias à coesão social e a uma sustentabilidade mínima para o País?
Afinal andamos à deriva, foi esta a confissão do Primeiro-Ministro. Poucos ouviram.
O Presidente da República, já o escrevi, é uma delas. Com o Primeiro-Ministro sucede cada vez mais o contrário. Sócrates sai a perder muito mais do que parece na resposta que deu a uma intervenção do Presidente: na forma e no conteúdo. Na forma, porque está longe de ser elegante, no conteúdo, porque não tem nenhum. E vir agora esclarecer que a resposta se dirigia à Oposição não convence ninguém.
Pese a pouca polida resposta a um alerta consistente, não acabará a cooperação institucional, pela simples razão de que o Presidente é um institucional, põe as Instituições bem à frente destas coisinhas pequeninas que a politiquice tem e ignora-as olimpicamente, bem sabendo que todos os esforços se devem concentrar em soluções para as dificuldades e não em trocas de galhardetes que para além de não servirem para nada também não lhe vão ao feitio.
Mesmo na entrevista de terça-feira, no que verdadeiramente importa, o Primeiro-Ministro não só nada adiantou como tornou clara a inconsistência do Governo. Afirmou aliás algo de verdadeiramente extraordinário, por demonstrativo da total ausência de um programa integral para combater a crise: anunciou a disponibilidade para em qualquer altura adoptar novas medidas. Disponibilidade? Então temos um Governo disponível? Em qualquer altura? Então não era tempo para existir já um programa estrutural e em execução? Novas medidas? Mas não era suposto as novas medidas estarem já pensadas, planificadas?
O Governo não tem aprovadas soluções nenhumas para sectores estratégicos, num momento em que da economia ao social nada ficará na mesma. E isso mete medo, por todos nós e, em particular, pelas gerações mais novas. O Governo não interiorizou ainda que vamos empobrecer décadas? Não o explica aos Portugueses? Não entende que a planificação é urgente e que as campanhas eleitorais que se avizinham não podem sobrepor-se a respostas necessárias à coesão social e a uma sustentabilidade mínima para o País?
Afinal andamos à deriva, foi esta a confissão do Primeiro-Ministro. Poucos ouviram.
O que espera os utentes do TGV...
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Placard existente junto à entrada, no R/C
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Placard existente junto à entrada, no piso superior
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As referidas bilheteiras de Longo Curso, 'devidamente' desactivadas
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Placard existente junto à entrada, no R/C
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Placard existente junto à entrada, no piso superior
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As referidas bilheteiras de Longo Curso, 'devidamente' desactivadas
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NA ESTAÇÃO de Comboios do Rossio, podem ver-se vários "placards" (relativamente recentes) indicando que, no R/C, se vendem bilhetes para as viagens de Longo Curso.
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Não é verdade. As referidas bilheteiras foram desactivadas, tendo o serviço respectivo sido transferido, já há algum tempo, para a Estação de Entrecampos.
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O pior é que não se vê, por ali, qualquer indicação nesse sentido. Pelo menos eu, quando lá me dirigi para comprar bilhetes para Lagos, bati com o nariz na porta (ou, melhor dizendo, 'nos vidros'...), e só obtive a informação correcta junto de um 'segurança' que por ali andava...
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Não é verdade. As referidas bilheteiras foram desactivadas, tendo o serviço respectivo sido transferido, já há algum tempo, para a Estação de Entrecampos.
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O pior é que não se vê, por ali, qualquer indicação nesse sentido. Pelo menos eu, quando lá me dirigi para comprar bilhetes para Lagos, bati com o nariz na porta (ou, melhor dizendo, 'nos vidros'...), e só obtive a informação correcta junto de um 'segurança' que por ali andava...
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Texto e fotos enviados hoje para o «Nós, por cá», da Sic.
quarta-feira, abril 22, 2009
segunda-feira, abril 20, 2009
Texto de opinião "Uma experiência para Lisboa"
Uma experiência para Lisboa
20.04.2009, Pedro Magalhães-PUBLICO
Candidato que não se proponha impedir a entrada de carros na cidade não merece um único dos nossos votos
Eram sete horas da manhã do dia 17 de Fevereiro de 2003 quando ocorreu uma mudança histórica na cidade de Londres. A partir desse momento, todos os veículos que quisessem circular ou estacionar no centro da cidade durante os dias de semana passaram a pagar uma "taxa de congestão", que é hoje de oito libras (nove euros). Os residentes têm direito a um desconto de 90 por cento e estão isentos de pagar a taxa se estacionarem em garagens ou zonas designadas. Veículos com baixas emissões de CO2, de emergência ou usados por deficientes, transportes colectivos, assim como motos e bicicletas estão também isentos. O cumprimento destas regras é aferido através de câmaras que identificam automaticamente as matrículas, que são diariamente confrontadas com o registo dos pagamentos feitos.
20.04.2009, Pedro Magalhães-PUBLICO
Candidato que não se proponha impedir a entrada de carros na cidade não merece um único dos nossos votos
Eram sete horas da manhã do dia 17 de Fevereiro de 2003 quando ocorreu uma mudança histórica na cidade de Londres. A partir desse momento, todos os veículos que quisessem circular ou estacionar no centro da cidade durante os dias de semana passaram a pagar uma "taxa de congestão", que é hoje de oito libras (nove euros). Os residentes têm direito a um desconto de 90 por cento e estão isentos de pagar a taxa se estacionarem em garagens ou zonas designadas. Veículos com baixas emissões de CO2, de emergência ou usados por deficientes, transportes colectivos, assim como motos e bicicletas estão também isentos. O cumprimento destas regras é aferido através de câmaras que identificam automaticamente as matrículas, que são diariamente confrontadas com o registo dos pagamentos feitos.
Quais os efeitos deste medida? Num artigo de Outubro de 2006 do Journal of Economic Perspectives, Jonathan Leape resume as conclusões dos estudos existentes. O número de veículos privados que circulam na zona central baixou em 30 por cento. Mais de metade dos indivíduos que deixaram de usar o carro para entrar na zona central passaram a usar transportes públicos. A este respeito, parece ter-se verificado um "círculo virtuoso": o aumento de passageiros aumentou as receitas, o que permitiu novas rotas, mais veículos e melhoria de serviço; essa melhoria de serviço, ajudada também, naturalmente, pela redução da congestão, gerou ainda mais passageiros e, logo, mais receitas; e as receitas da própria taxa têm sido desviadas para os transportes públicos, melhorando serviço, aumentando passageiros e diminuindo o tráfego de veículos privados. Todas as análises custo/benefício, apesar de reconhecerem que os custos de gestão do sistema são muito superiores ao desejável, apontam para um saldo positivo, onde se incluem diminuição de emissões de CO2, de acidentes, de tempo de viagem e dos custos de manutenção das vias rodoviárias. Um estudo publicado em 2007 no Journal of Transport Economics and Policy mediu o impacto da "taxa de congestão" no comércio e concluiu que o efeito médio foi nulo. É verdade que hoje, seis anos depois, muitos dos ganhos obtidos em tempo de viagem parecem ter sido perdidos. Tendo em conta que os níveis de tráfego não aumentaram, isso parece dever-se, em grande medida, quer a um programa de obras públicas que vem afectando Londres de há alguns anos para cá, quer ao facto de as vias reservadas para autocarros, bicicletas e motas terem aumentado à custa das que servem os veículos privados.
Estocolmo é ainda melhor exemplo de uma capital europeia que introduziu um esquema deste tipo, protegendo uma área central de 30 km2. Foi em Agosto de 2007, precedido de um período experimental na primeira metade de 2006, ao qual se seguiu um referendo local. As formas de pagamento são bastante mais fáceis que em Londres e incluem um sistema tipo "via verde". Em Março passado, a revista Transportation Research dedicou um número inteiro ao assunto. Conclusões? Efeitos iguais ou maiores que em Londres: diminuição do tráfego e do tempo de viagem; ausência de efeitos negativos no comércio; transferência de viajantes para transportes públicos; ausência de efeitos regressivos ou progressivos em termos de equidade na distribuição dos custos; e redução de acidentes, poluição e custos de manutenção da via pública. E três lições fundamentais. Primeiro, a importância de um "período experimental" para persuadir os habitantes da viabilidade da medida e dos seus visíveis benefícios. Durante este período, o apoio popular passou de minoritário a maioritário, e vem crescendo desde 2007. Segundo, a necessidade de acompanhar esta medida de acções de aumento da qualidade de serviço dos transportes e de melhoria da gestão do tráfego nas zonas adjacentes. E terceiro, a importância de adoptar sistemas de "apoio à decisão" e acompanhamento: modelos econométricos sofisticados de medição e previsão de efeitos, inquéritos de opinião e estudos de impacto anuais. Como afirmam Jonas Eliasson e os seus colegas na introdução ao número especial, o debate já não é sobre se a "taxa de congestão funciona", mas sim sobre como desenhar o sistema e como usar as suas receitas.
Eu sei que votar numa eleição não é fácil e há muita coisa a considerar. Mas espero que os mais de 500.000 eleitores que podem votar nas autárquicas em Lisboa aceitem deste seu concidadão um critério que simplificará muito a nossa decisão. Irão dizer-vos que a rede de transportes públicos em Lisboa não permite que se impeça a entrada de carros. Mas vocês sabem, como eu, que isso não é verdade. Vocês vêem, como eu, autocarros vazios em hora de ponta, parados por detrás de um mar de carros nos eixos centrais por onde se passa quando se entra e sai de Lisboa. É preciso melhorar? Sim, e irão dizer-vos que não há dinheiro. Mas vocês agora já conhecem o "círculo virtuoso" de onde os recursos para melhorar os transportes públicos podem vir. Pensem nas quantidades brutais de dinheiro que continuam a ser investidas numa rede de Metro (e nos transtornos brutais dessas obras) que já serve bem a cidade e que poderiam ser desviadas para transportes de superfície numa cidade mais descongestionada. E se vos disserem que o comércio vai ser prejudicado, já sabem que vos estão a mentir.
Eu sei que votar numa eleição não é fácil e há muita coisa a considerar. Mas espero que os mais de 500.000 eleitores que podem votar nas autárquicas em Lisboa aceitem deste seu concidadão um critério que simplificará muito a nossa decisão. Irão dizer-vos que a rede de transportes públicos em Lisboa não permite que se impeça a entrada de carros. Mas vocês sabem, como eu, que isso não é verdade. Vocês vêem, como eu, autocarros vazios em hora de ponta, parados por detrás de um mar de carros nos eixos centrais por onde se passa quando se entra e sai de Lisboa. É preciso melhorar? Sim, e irão dizer-vos que não há dinheiro. Mas vocês agora já conhecem o "círculo virtuoso" de onde os recursos para melhorar os transportes públicos podem vir. Pensem nas quantidades brutais de dinheiro que continuam a ser investidas numa rede de Metro (e nos transtornos brutais dessas obras) que já serve bem a cidade e que poderiam ser desviadas para transportes de superfície numa cidade mais descongestionada. E se vos disserem que o comércio vai ser prejudicado, já sabem que vos estão a mentir.
Vão também dizer-vos que aqueles que vêm para a cidade não têm bons meios para cá chegar sem ser o carro particular. Mas mesmo que isso fosse inteiramente verdade - e vocês sabem bem que não é -, pensem de quem será a responsabilidade, e como o actual estado de coisas desresponsabiliza as câmaras dos concelhos limítrofes de melhorarem os transportes públicos nos seus próprios municípios e os governos de investirem em melhores maneiras de chegar à nossa cidade. Pensem nos custos - em tempo, produtividade, saúde, segurança, vida familiar, conforto - que todos pagamos pelo actual estado de coisas. Vocês sabem tão bem como eu que muitos dos candidatos que temos tido à Câmara de Lisboa a vêem como mero degrau para outros cargos políticos e que, por isso, têm medo de hostilizar o eleitorado dos concelhos vizinhos. Mas isso tem sido um problema nosso que, felizmente, a democracia ajuda a que possamos fazer com que seja apenas um problema deles. É simples: candidato que não proponha uma maneira séria e radical de impedir a entrada de carros na nossa cidade não merece um único dos nossos votos. Vamos fazer essa experiência? Vão ver que funciona. Politólogo (pedro.magalhaes@ics.ul.pt)
sábado, abril 18, 2009
Farsa em 3 actos, só com 2 imagens
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1.º Acto: Um cavalheiro pára o Volvo em 2ª fila, na Av. de Roma - como se vê na imagem A.
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2.º Acto: Um motorista da Carris, depois de ter parado atrás dele e, inutilmente, ter feito sinais para que o "empata" desimpedisse a faixa de rodagem, chegou-se à frente, abriu a porta, e 'disse de sua justiça'. Houve uma troca de palavras... É o que se vê na imagem B.
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3.º Acto: O autocarro foi-se embora, e o carro lá continuou - como se vê na imagem A...
quinta-feira, abril 16, 2009
"…Mas as crianças, Senhor…"
A sociedade portuguesa perdeu, há muito, a noção de valores e tripudiou sobre as regras de convivência. Lenta mas inexorável uma endemia de dissolução alastrou, de tal forma, que põe em causa a própria razão do ser individual. Abandonámos um conceito de destino e desinteressámo-nos da ideia de futuro, se alguma vez a ambos tivemos. Antero e Oliveira Martins disseram que não. Causticámo-los com o ferrete de cépticos. Desprezámo-los quando devíamos tê-los estudado. A República animou-nos, mas a festa durou pouco. Meio século de cantochão, bota cardada, medos vários, foram as insígnias das nossas obediências. No Abril antigo, o bandolim pareceu tocar a nossa música. Pregámos um susto às bem-pensâncias, andámos a lavar as ruas, a oferecer à pátria um dia de salário e a gritar um estribilho que fora funesto no Chile: "O povo unido jamais será vencido!" Pois sim!
Fui um daqueles que deitou foguetes. E ainda me resta uma pequena fagulha, apesar de o desemprego correr a galope, de os nossos velhos morrerem nos jardins, e de termos atingido, agora, a abjecção com o que fazemos aos nossos miúdos: abandonamo-los, enchemo-los de miséria, de fome e de morte por extinção moral.
Anteontem, os jornais alargaram-se em notícias sobre estes sacrilégios. Porque há pais que abandonam os filhos? Que desespero incontido pode levar alguém a deixar uma criança à bússola do acaso? E que bizarro mecanismo mental encaminha progenitores a não dar de comer aos seus miúdos, mas a adquirir-lhes roupas de marca? Pensemos duas vezes.
A família tem cada vez mais dificuldade em se representar. Mas foi a família que se não opôs às imposições de uma sociedade, cuja inconsistência transformou o secundário em primordial. O desprezo pelos miúdos conduz a conflitos profundos com as suas personalidades. Porém, o Estado abandonou os pais, e os pais deixaram de se interessar, no essencial, pelos filhos. O círculo ainda não encerrou. E as notícias a que me refiro advertem da existência de uma compressão da época e de um mal da alma, resumidos nesta frase medonha: "Não tenho tempo a perder."
Não temos tempo a perder com quem? Com os nossos filhos? Com os outros? Connosco próprios? Estamos a encurtar tudo (a vida, o amor, a amizade, o ócio) com melancólica leviandade. "Às duas por três nascemos/às duas por três morremos/e a vida?/não a vivemos" - ensinou Alexandre O'Neill. Nunca ouvimos os poetas.
Não há unidade nem absoluto possível se não conseguirmos travar a marcha de um sistema doente, cuja natureza se opõe à partilha, e tem destruído e aniquilado o melhor dos nossos sentimentos e emoções.
Fui um daqueles que deitou foguetes. E ainda me resta uma pequena fagulha, apesar de o desemprego correr a galope, de os nossos velhos morrerem nos jardins, e de termos atingido, agora, a abjecção com o que fazemos aos nossos miúdos: abandonamo-los, enchemo-los de miséria, de fome e de morte por extinção moral.
Anteontem, os jornais alargaram-se em notícias sobre estes sacrilégios. Porque há pais que abandonam os filhos? Que desespero incontido pode levar alguém a deixar uma criança à bússola do acaso? E que bizarro mecanismo mental encaminha progenitores a não dar de comer aos seus miúdos, mas a adquirir-lhes roupas de marca? Pensemos duas vezes.
A família tem cada vez mais dificuldade em se representar. Mas foi a família que se não opôs às imposições de uma sociedade, cuja inconsistência transformou o secundário em primordial. O desprezo pelos miúdos conduz a conflitos profundos com as suas personalidades. Porém, o Estado abandonou os pais, e os pais deixaram de se interessar, no essencial, pelos filhos. O círculo ainda não encerrou. E as notícias a que me refiro advertem da existência de uma compressão da época e de um mal da alma, resumidos nesta frase medonha: "Não tenho tempo a perder."
Não temos tempo a perder com quem? Com os nossos filhos? Com os outros? Connosco próprios? Estamos a encurtar tudo (a vida, o amor, a amizade, o ócio) com melancólica leviandade. "Às duas por três nascemos/às duas por três morremos/e a vida?/não a vivemos" - ensinou Alexandre O'Neill. Nunca ouvimos os poetas.
Não há unidade nem absoluto possível se não conseguirmos travar a marcha de um sistema doente, cuja natureza se opõe à partilha, e tem destruído e aniquilado o melhor dos nossos sentimentos e emoções.
In Diário de Notícias
Experiências...
Em recessão profunda, com uma contracção da economia por agora estimada em 3,5%, segundo o Banco de Portugal – que, com franqueza, não se tem mostrado particularmente fiável (lembremo-nos que partiu de uma previsão de 0,8%) – o Governo dá-se a experiências, prossegue a política de tudo funcionalizar e continua o deslumbre das novas tecnologias.
Está de ver que este é mesmo o momento para experiências absurdas em pilares do Estado como a Justiça. Quando precisamos de um pensamento consistente sobre um modelo para enfrentar os novos tempos, o Governo brinda-nos com "experiências". Ainda ninguém se convenceu de que vamos mesmo empobrecer e que é preciso arranjar do que viver com novos clusters e o regresso a outros há muito abandonados.
Supostamente o novo mapa judiciário entrou em vigor (peço desculpa mas há muita coisa que deixei de escrever com letra maiúscula), em três comarcas-piloto (esta das experiências-piloto pelos vistos também veio para ficar), e como é evidente sem que as condições estejam reunidas, apesar de já ter passado um ano depois de o dito mapinha ter sido aprovado. Enfim, o Governo deve ter tido pouco tempo. Lê-se que foi preciso um investimento de 17 milhões em obras de requalificação e construção de novos tribunais (novos tribunais quando 234 comarcas foram convertidas em 39 circunscrições?). Provavelmente é a pensar no desdobramento das comarcas, o que significa que a conversão não foi tanta assim. À custa da experiência ficam já por preencher 60 lugares de procuradores, o que para o resto do País não é uma boa notícia, mas o País também está habituado a não as ter propriamente boas. À boleia mais funcionalização para o Ministério Público.
Um País com duas justiças, a duas velocidades. E já agora vai de aumentar as custas que de tão elevadas mais configuram verdadeira denegação de justiça e impedem o acesso aos tribunais.
Ainda bem que alguém se lembrou de levar o monstrinho do mapinha ao Tribunal Constitucional. E que aí pereça. Já agora podia suceder o mesmo às custas.
Mas as experiências não se ficam – como se fosse pouca coisa – pelos pilares do Estado: é que é mesmo tempo – com a escassez de meios que por aí anda – de aprovar novos regimes de reabilitação urbana com vendas forçadas e obras coercivas... e é verdade, tem muito interesse receber por SMS o valor do reembolso do IRS... ainda se pudesse ser o dito...
Assim vamos nós.
Está de ver que este é mesmo o momento para experiências absurdas em pilares do Estado como a Justiça. Quando precisamos de um pensamento consistente sobre um modelo para enfrentar os novos tempos, o Governo brinda-nos com "experiências". Ainda ninguém se convenceu de que vamos mesmo empobrecer e que é preciso arranjar do que viver com novos clusters e o regresso a outros há muito abandonados.
Supostamente o novo mapa judiciário entrou em vigor (peço desculpa mas há muita coisa que deixei de escrever com letra maiúscula), em três comarcas-piloto (esta das experiências-piloto pelos vistos também veio para ficar), e como é evidente sem que as condições estejam reunidas, apesar de já ter passado um ano depois de o dito mapinha ter sido aprovado. Enfim, o Governo deve ter tido pouco tempo. Lê-se que foi preciso um investimento de 17 milhões em obras de requalificação e construção de novos tribunais (novos tribunais quando 234 comarcas foram convertidas em 39 circunscrições?). Provavelmente é a pensar no desdobramento das comarcas, o que significa que a conversão não foi tanta assim. À custa da experiência ficam já por preencher 60 lugares de procuradores, o que para o resto do País não é uma boa notícia, mas o País também está habituado a não as ter propriamente boas. À boleia mais funcionalização para o Ministério Público.
Um País com duas justiças, a duas velocidades. E já agora vai de aumentar as custas que de tão elevadas mais configuram verdadeira denegação de justiça e impedem o acesso aos tribunais.
Ainda bem que alguém se lembrou de levar o monstrinho do mapinha ao Tribunal Constitucional. E que aí pereça. Já agora podia suceder o mesmo às custas.
Mas as experiências não se ficam – como se fosse pouca coisa – pelos pilares do Estado: é que é mesmo tempo – com a escassez de meios que por aí anda – de aprovar novos regimes de reabilitação urbana com vendas forçadas e obras coercivas... e é verdade, tem muito interesse receber por SMS o valor do reembolso do IRS... ainda se pudesse ser o dito...
Assim vamos nós.
In Correio da Manhã
C O N V I T E
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Mestrado Interdisciplinar em Risco, Trauma e Sociedade - ISCTE
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quarta-feira, abril 15, 2009
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