quinta-feira, outubro 21, 2010

É Primeiro-Ministro

Senhor Primeiro-ministro, sabe V. Exa. que o País se encontra numa situação económica e financeira muito mais grave do que a conhecida, por única e exclusiva responsabilidade do Governo que tão mal dirige.

Senhor Primeiro-ministro, sabe V. Exa. que o Governo não apresentou ao País e às oposições um Orçamento que contivesse qualquer projecto económico ou de incentivo às empresas e às pessoas e que fosse susceptível de ser viabilizado: V. Exa. fê-lo com o intuito de provocar a não aprovação da proposta e fê-lo com o objectivo de provocar uma crise política, procurando desresponsabilizar-se pelos anos de chefia do Governo em que agravou a situação interna em termos que levaram ex-responsáveis do FMI a admitir a intervenção desta instituição com ou sem aprovação do Orçamento.

Senhor Primeiro-ministro, o Orçamento apresentado pelo Governo vai provocar uma recessão - como é reconhecido quer interna quer externamente - que impedirá a recuperação do País, condenando-o a um empobrecimento de mais de uma década.

Senhor Primeiro-ministro, o Orçamento conduzirá à miséria os portugueses mais necessitados, cortando em necessidades básicas - como as da alimentação - taxando da mesma forma alimentos essenciais de cabaz alimentar e bens supérfluos.

Senhor Primeiro-ministro, há que salvaguardar o tecido económico e empresarial em nome de uma possibilidade de futuro.

Senhor Primeiro-ministro, apesar de o PSD ter, com inegável sentido de responsabilidade, viabilizado medidas necessárias à regularização das contas públicas, o Governo não deixou de aumentar a despesa nem prestou contas da aplicação das referidas medidas. Nos discursos de V. Exa., o País estava muito bem e as contas sãs.

Não pode V. Exa., Senhor Primeiro-ministro, impedir que se apresentem ao País alternativas para diminuir, tanto quanto possível, os efeitos recessivos e consequências negativas constantes da proposta de Orçamento do Estado. E estranha-se, Senhor Primeiro-ministro, tanto nervosismo em torno das propostas do PSD, quando todos os outros partidos da Oposição apresentaram propostas.

Sendo a proposta de V. Exa. um documento reconhecidamente mau, seria bom que todos aqueles que se dirigem ao PSD se dirigissem a quem tem a responsabilidade do Orçamento: ao Governo e, em particular, a V. Exa. É certo, Senhor Primeiro-ministro, que V. Exa. é um problema de credibilidade, mas é Primeiro-ministro.




In Correio da Manhã

1 comentário:

Anónimo disse...

Tudo certo, mas a peregrina ideia do PSD de as deduções que deixam de existir serem pagas em certificados de aforro, ou coisa parecida, não lembrava ao careca.

Já lhes terá passado pela cabeça a enormíssima trabalheira que iria ser passar esses títulos a um enorme universo de contribuintes (não é só aos funcionários públicos, como da outra vez o subsídio de Natal) e as filas de pessoas que os iriam resgatar logo que pudessem?

E os atribuídos a pessoas que entretanto falecessem, que burocracia, depois, para os herdeiros se habilitarem aos ditos?

É óbvio que o fim das deduções para a classe média (chegando a atingir agregados familiares que nem essa classe atingem) é de uma violência inadmissível, mas a emenda proposta não tem pés nem cabeça.