O País vive com demasiados "especialistas" em grandes generalidades, em que o génio para a negação da realidade, o errado e o superficial é inversamente proporcional ao produtivo, positivo ou consistente.
Transformados em especialistas forçados de transformações severas e convulsivas, todos os dias nos responsabilizam por passivos sobre passivos, especulação sobre especulação e toda a espécie de "assombrações" que podem fazer claudicar uma sociedade.
Quando as dificuldades surgem, o melhor é enfrentá-las como desígnio colectivo em vez de cada um tentar resistir, só, à enxurrada, ou tentar escapar-lhe sem se preocupar com os que ela arrasta. A começar pelo Governo.
Esperar-se-ia agora que o Governo assumisse responsabilidade e serenidade. Mas não: afinal, temos um Governo meramente "esperançado" (será a crença na mãe invisível?), em que se instala um "clima de confiança" face à subida dos juros da dívida pública. Um dos membros do Governo, considerado mais político (?!), afirmou mesmo: "[...] que é importante que o clima de confiança ultrapasse as paredes da Assembleia da República e se projecte no fundamental a garantia de que o País tem condições de governabilidade, de que tem um Orçamento que pode executar e de que está em condições de afirmar, interna e internacionalmente, o controlo das contas públicas portuguesas".
Frase de "especialista" a causar muita preocupação: em primeiro lugar não parece que exista propriamente um clima de confiança no Governo dentro ou fora das paredes da Assembleia e o Governo parece que não sabe que só depende de si próprio o País ter condições de governabilidade, bem como o controlo das contas públicas. Orçamento já o Governo o tem e também ninguém o impede de o executar, sendo da responsabilidade de quem governa. A afirmação é, por isso, própria de "especialista" em desresponsabilização, em especial quando se sabe que os gastos do Estado sobem em Outubro mais do que subiram até Setembro... Como se tudo isto não dependesse do Governo e, ainda, criar o clima de confiança que pede.
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