quarta-feira, janeiro 17, 2007

Pedagogia da treta?

(«Destak» de hoje)
IMAGINE-SE que, no seguimento da instalação de um novo sistema de vídeo-vigilância, as autoridades detectavam, dia após dia, uns tantos indivíduos aos tiros nas ruas da capital - em cenas que ficavam perfeitamente documentadas.
Mas imagine-se, também, que as mesmas autoridades, em vez de meterem na prisão ou num hospício os "artistas" que haviam sido devidamente identificados, nos vinham dizer que só daqui a algum tempo é que iriam actuar.
Talvez pensássemos que estava tudo doido, mas o que atrás se descreve é semelhante ao que se tem passado na sequência da instalação dos novos radares pela Câmara Municipal de Lisboa: detectam-se e identificam-se verdadeiros assassinos a mais de 200km/h e, naquilo que é uma inenarrável afronta aos mortos e estropiados por gente dessa, vêm dizer-nos, com a maior das naturalidades, que por enquanto nada se faz, pois o sistema, até Março, é apenas... pedagógico!

9 comentários:

Anónimo disse...

Concordo consigo.
Dá ideia de que "ainda faltam mais uns dias"...ainda podemos...
Se estão prontos não vejo razão para não começarem já a funcionar.
Mais pedagogia? Em Portugal? Não, obrigada.

Anónimo disse...

Para irresponsáveis que circulam a
"200 à hora" dentro de uma cidade,
aqui fica uma proposta sem "pedagogias trinta anos atrasadas":
1) Apreensão imediata da carta de condução, por o mínimo de 1 ano.
2) Apreensão da viatura até o correspondente a uma multa bem elevada (300 Euros para cima), dar entrada nos cofres públicos.
3) Novo exame de condutor.

JA

Carlos Medina Ribeiro disse...

O problema não é falta de soluções para casos destes.

O problema é a falta de vontade de actuar por parte das pessoas a quem pagamos para (a tempo inteiro!) o fazer:

Desde o agente mais pachola (que se diz "desmotivado"...) até ao Ministro António Costa (passando pela vereadora da Mobilidade e por Carmona Rorigues), nenhu deles dá "sinais concretos e firmes" de que o problema do trânsito é para ser resolvido.

Para eles, é tudo "experimental, pedagógico, estamos a estudar, está a ser ponderada uma solução..."

Anónimo disse...

Enquanto as "soluções" estiverem em "papel", estamos a falar de ficção, nada mais. Estes "estudos" e "experimentos" tinham uma "raison d'être" em...1977..?
agora só servem para reafirmar, a incompetência geral.

JA

Carlos Medina Ribeiro disse...

Esta crónica foi hoje publicada no «Público/Local-Lisboa»

Anónimo disse...

Com todo o mérito. Muito bem posto!
Cumpts.

Anónimo disse...

Fala-se aqui muito em trânsito, de radares, de sinais mal colocados, de estacionamento selvagem... tudo correcto, aliás, mais que correcto. Mas quando o Carmo e a Trindade nasceu pensei que fosse um blog sobre Lisboa, sobre os problemas desta cidade. Mas pelo que aqui leio todos os dias, a cidade apenas tem um problema: o trânsito. Não admira que as coisas estejam como estão, a própria critica perde-se no seu ego, no seu narcisismo.
Uma sugestão: Deixem-se de politiquices e olhem para a cidade com olhos isentos, olhos de quem ama a cidade e não a política, olhos de quem consegue ver de facto o que é essencial.
Obrigado.

Carlos Medina Ribeiro disse...

Caro "leitor atento",

Cada colaborador do blogue escreve sobre o que mais o preocupa.

A mim, o que mais me preocupa em Lisboa é o trânsito, pois já matou um dos meus melhores amigos, uma tia da minha mulher, e "ajudou a matar" um familiar bem próximo impedindo-o de chegar a tempo às urgências.

Mas os comentários dos «leitores atentos» também são lidos (e muito), pois os "posts" com comentários são os mais procurados.
Assim, força!, diga de sua justiça, que este espaço também é seu - mesmo que o assunto possa ser diferente do "post" em causa.

Carlos Medina Ribeiro disse...

Esta crónica foi também transcrita, hoje, no «DESTAK».