Duas remodelações decididas num só dia
Tal é a foça de Lisboa
Tal é a foça de Lisboa
Confirma-se tudo o que de pior se temia. Eu nunca acreditei que acontecesse. Durante semanas escrevi e assinei que Sócrates não iria mexer no Governo por causa da Câmara de Lisboa e que certamente o PS teria outra solução forte para Lisboa.
Enganei-me redondamente e em vários aspectos – qual deles mais lamentável:
Enganei-me redondamente e em vários aspectos – qual deles mais lamentável:
1. Lisboa obrigou àquilo que eu mais negava como provável nesta altura, a dias da Presidência Europeia: uma remodelação e logo de topo. Tal é a força de Lisboa.
A estabilidade, pensava eu, obrigaria a que o PS buscasse fora da esfera governamental uma solução. Mas não: a opção foi pelo afunilamento. Ou fosse pela exiguidade de quadros disponíveis (Jorge Coelho, Mega Ferreira e outros negaram sempre a sua aceitação) ou fosse pela necessidade de criar uma «certeza» antecipada, psicologicamente «certa e segura», tudo se precipitou em sentido diverso do que eu esperava.
2. Lisboa obrigou simultaneamente a uma «remodelação» do Tribunal Constitucional, o topo da estrutura judiciária nacional.
Nem digo mais nada. O Dr. Rui Pereira tinha tomado posse há umas semanas com declarações sonantes. Trata-se da mais alta instância judicial portuguesa. A sua estabilidade e a sua credibilização saem afectadas. Isso é evidente.
3. Lisboa levou à semi-decapitação do Governo.
Sair o número 2, que era ministro de estado e alterar tudo, nesta altura, soa a baralhar e dar de novo. Foi um movimento de rins que se dispensava.
4. Lisboa levou à prematura tentativa de Sócrates se libertar da sombra de António Costa.
Diz-se há muito que se alguém faz sombra a Sócrates no PS é António Costa. Se o é, de duas uma: ou esta vinda para Lisboa é uma forma de afastar a sombra ou uma forma de afirmar que é preciso correr riscos: e se o PS não ganhar a 15 de Julho? E se uma vitória tangencial mostrar que Costa não é sombra?
5. Esta circunstância da escolha de Costa (e até a de Negrão) veio provar a exaustão dos seus partido.
A estabilidade, pensava eu, obrigaria a que o PS buscasse fora da esfera governamental uma solução. Mas não: a opção foi pelo afunilamento. Ou fosse pela exiguidade de quadros disponíveis (Jorge Coelho, Mega Ferreira e outros negaram sempre a sua aceitação) ou fosse pela necessidade de criar uma «certeza» antecipada, psicologicamente «certa e segura», tudo se precipitou em sentido diverso do que eu esperava.
2. Lisboa obrigou simultaneamente a uma «remodelação» do Tribunal Constitucional, o topo da estrutura judiciária nacional.
Nem digo mais nada. O Dr. Rui Pereira tinha tomado posse há umas semanas com declarações sonantes. Trata-se da mais alta instância judicial portuguesa. A sua estabilidade e a sua credibilização saem afectadas. Isso é evidente.
3. Lisboa levou à semi-decapitação do Governo.
Sair o número 2, que era ministro de estado e alterar tudo, nesta altura, soa a baralhar e dar de novo. Foi um movimento de rins que se dispensava.
4. Lisboa levou à prematura tentativa de Sócrates se libertar da sombra de António Costa.
Diz-se há muito que se alguém faz sombra a Sócrates no PS é António Costa. Se o é, de duas uma: ou esta vinda para Lisboa é uma forma de afastar a sombra ou uma forma de afirmar que é preciso correr riscos: e se o PS não ganhar a 15 de Julho? E se uma vitória tangencial mostrar que Costa não é sombra?
5. Esta circunstância da escolha de Costa (e até a de Negrão) veio provar a exaustão dos seus partido.
Quer isto dizer que os partidos respectivos estão sem abundância de quadros de 1º plano - para não dizer que estão esgotados e sem sangue novo.
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6. Lisboa acabará por ser o trampolim para os novos voos que António Costa quer, precisa e merece?
Há esta outra teoria. Não é a minha. Consiste em se pensar que Sócrates combinou com Costa algo como isto: vai lá, ganha aquilo e um dia ou me substituis ou vais para Belém. Isto, francamente, parece-me ficção política rasca.
Uma coisa já é certa e segura: a primeira declaração de António Costa criou desde logo, em certas áreas do PS / Lisboa, anti-corpos evidentes.
A força destes anti-corpos e o prejuízo que poderão acarretar para a campanha e para a candidatura do PS e, sobretudo, para o posterior exercício do poder, se for o caso, só mais tarde se notarão. Mas as incomodidades já aí estão.
Quando Costa diz sem papas na língua, como costuma, que vai renovar tudo, que vai mudar os nomes e tal, está automaticamente a condenar a actuação dos seus eleitos nestes seis anos. Isso nem vale a pena negar. Todos percebemos logo isso. Tal é a força de Lisboa.
Há esta outra teoria. Não é a minha. Consiste em se pensar que Sócrates combinou com Costa algo como isto: vai lá, ganha aquilo e um dia ou me substituis ou vais para Belém. Isto, francamente, parece-me ficção política rasca.
Uma coisa já é certa e segura: a primeira declaração de António Costa criou desde logo, em certas áreas do PS / Lisboa, anti-corpos evidentes.
A força destes anti-corpos e o prejuízo que poderão acarretar para a campanha e para a candidatura do PS e, sobretudo, para o posterior exercício do poder, se for o caso, só mais tarde se notarão. Mas as incomodidades já aí estão.
Quando Costa diz sem papas na língua, como costuma, que vai renovar tudo, que vai mudar os nomes e tal, está automaticamente a condenar a actuação dos seus eleitos nestes seis anos. Isso nem vale a pena negar. Todos percebemos logo isso. Tal é a força de Lisboa.
1 comentário:
Lisboa dá muito poder. O sr. engº Sócrates e o sr. dr. Costa parecem-me bastante sintonizados. Lançam decididamente a mão a tudo o que puderem para reforçar o duúnviro.
Cumpts.
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