ANTES DE MAIS, esclareço que quando o Novo Aeroporto de Lisboa estiver operacional (na Ota ou noutro lado qualquer), já me darei por muito satisfeito se ainda estiver vivo, pelo que o meu interesse pelo assunto dificilmente será como utilizador - mas apenas como cidadão interessado, eleitor compulsivo e contribuinte à força.
No entanto, no meio de tanta discussão e conversa-fiada, há uma coisa que eu gostava que alguém me esclarecesse:
Será verdade que a Ota não terá possibilidades de ampliação?
Se assim for, dentro de uma vintena de anos os nossos filhos andarão a discutir o mesmo que tanto nos apaixona agora. Claro que isso, por si só, não tem mal nenhum; mas, como toda a gente por esse país fora dá dicas, opiniões e palpites, aqui fica a minha contribuição «como engenheiro, inscrito na Ordem dos Engenheiros» - como dizia "o outro".
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COMO SE SABE, actualmente as duas maiores discussões são entre os que acham que ele deve ficar mais a Norte e os que acham que deve ficar mais a Sul, e em torno da impossibilidade de ampliação futura, se vier a ser construído na Ota.
Claro que, sendo uma obra que vai atravessar vários governos, seria bom que os principais partidos se entendessem sobre o assunto. Mas desiludamo-nos! - os que ontem defendiam a Ota opõem-se-lhe hoje, pelo que não estamos livres do vice-versa.
Assim sendo, e como a discussão já tem "partidarite" a mais e seriedade a menos, vamos mais longe no delírio:
Porque não, como se fez em Macau, um aeroporto no meio da água - porventura ao largo do Bugio? Aí, estaria livre de especulação imobiliária e teria um razoável espaço para ALARGAMENTO...
Porque não, como se fez em Macau, um aeroporto no meio da água - porventura ao largo do Bugio? Aí, estaria livre de especulação imobiliária e teria um razoável espaço para ALARGAMENTO...
E, já agora, que se construísse em cima de bidões flutuantes, para poder ser REBOCADO em todas as direcções, satisfazendo todos: não só o actual governo, como também os outros que hão-de vir, e que decerto defenderão o contrário, o inverso-do-contrário, e até mesmo o oposto-do-inverso-do-contrário...
7 comentários:
Ora, o CMR é um homem novo! Não gosto de o ouvir falar desse jeito ... eu sei, eu sei que o novo aeroporto só daqui a 50 anos ... tal qual o Alqueva ... só espero que não nos traga água em mau estado, como este último;-)
He, he, he, pobre Bugio. Olhe, eu proponho que coloquem sim o nosso Portugal sobre bóias e o reboquem; não, pensando melhor, do que precisamos mesmo é colocar cimento nos pés de muitos dos ilustres que por aí há e jogá-los ao fundo ... no mar alto, para não aparecerem no Bugio.
A ideia de referir o Bugio era vir a fazer um trocadilho com «Vão bugiar», mas acabou por não vir a inspiração necessária para introduzir esse pormenor.
Bem visto :)
Isabel G
Aqui deixo algumas dicas soltas, que não se enquadravam no espírito brincalhão do post, e sem qualquer preocupação de ordem:
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A opção por fazer um novo aeroporto internacional (se, quando e onde) é, em toda a parte do mundo, uma decisão 100% política:
Decidir porque é que se gasta dinheiro numa coisa e não noutra; ou porque é que se vai dar preferência ao desenvolvimento de uma região e não de outra - é política pura e dura, e tem pouco a ver com o facto de o terreno ser mais plano ou mais acidentado.
É mesmo assim, e é para decidir essas coisas que há políticos profissionais (no Governo e na Oposição) a quem pagamos.
Claro que isso não pode bloquear o direito que os contribuintes têm de serem informados sobre algumas opções - e é aí que o Governo se tem "espalhado" ao comprido.
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Este assunto está a deixar de ser uma discussão política (lógica e natural, pelo que atrás se disse) para se transformar numa discussão partidária - quando um partido passa a defender na Oposição o oposto do que defendia no Governo.
A "coisa" está a assumir aspectos de casmurrice e de guerra tonta, do género Benfica-Sporting.
Num assunto como este, isso não pode ser, e espera-se dos políticos um pouco mais de elevação e clareza (de intenções e processos).
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Os que querem o aeroporto na Ota, dizem que há interesses a puxar por outra localização. Os que querem o aeroporto noutra localização, dizem que há interesses a puxar pela Ota.
Mas é mesmo assim, e estranho seria se os possíveis beneficiados por ele não fizessem pressão para o seu lado!
Se isso até sucede com a localização de uma paragem de autocarro - quanto mais com a de um aeroporto internacional!
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Os custos não me preocupam muito, pois o que são 3,5 mil milhões comparados com os 16 ou 17 de fuga ao fisco (números oficiais)?
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Por que razão Mário Lino, só depois de MUITO pressionado é que disponibilizou os estudos na Internet? E como é que se explica que, de vez em quando, se venha a descobrir que foram omitidos estudos que não lhe interessavam?
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E quanto ao número de passageiros? Quando nos dizem que para os dois TGV vai haver não-sei-quantos milhões de utilizadores (que os justificam), fico com a ideia que eles não são descontados nas contas dos futuros voos para Madrid e Porto. Mas também reconheço que isso não é grave, pois já me enganaram com coisas muito piores.
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Conheço pessoalmente o Professor Galopim de Carvalho, e custa-me a engolir que menosprezem as opiniões dele, especialmente comparando com a valorização dada aos jovens da Quercus - que Mário Lino até convidou para almoçar.
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Etc., etc.
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Mas a explicação para todas essas dúvidas e tropelias é muito simples:
Tratando-se - queiramos ou não - de um decisão política, os "estudos" até podem vir DEPOIS, pois "só interessam os que interessam", como sucede com os pareceres que os governos pedem aos juristas, e de que só aproveitam os que "confirmam o que, antes, já foi decidido"...
vi recentemente um representante do PSD alegar num programa televisivo de discussão política, que os estudos que justificaram a ota não são válidos porque têm 10 anos. é o mesmo que dizer que os estudos actuais que apontam para outra(s) localizações serão inválidos daqui a dez anos quando o aeroporto estiver(?) construído.
Ou será mais prudente esperar mais dez anos por novos estudos sempre e sempre mais avançados?
O que equivale a dizer que em termos práticos, é indiferente a localização, não faltarão estudos a suportá-la e a contestá-la, é só deixar passar o tempo.
A maleabilidade dos resultados dos estudos, de resto, apenas relativiza a recente paixão dos portugueses pela legitimidade de títulos académicos.
Ainda bem que os fundadores de lisboa não tiveram esse problema científico. Se fossem todos urbanistas encartados ainda hoje se procuraria um lugar que agradasse a todos para fundá-la. Na Trafaria? num mouchão frente a Alcochete? Na Brandoa? Era só encomendar estudos.
Rui,
As movimentações demográficas, se rápidas, podem, de facto, fazer com que uma determinada infraestrutura (prevista para um local) fique desajustada anos depois.
Mas é para obviar a isso que há projecções de longo-prazo e se estudam tendências (também de longo-prazo). E é essa percepção correcta (ou não) do futuro que faz a diferença entre um ESTADISTA e um "politiqueiro vendedor de banha da cobra".
Além disso, acaba por dar-se o fenómeno inverso: as infraestruturas, por sua vez, fixam população.
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Um outro caso curioso é o empreendimento de Alqueva:
Demorou tanto tempo a ser feito que, quando pronto, já não tinha quem o aproveitasse (e vamos esquecer que os canais de irrigação ainda estão atrasados).
Agora, ao invés, é a sua existência que atrai gente - mas mais turistas e golfistas do que agricultores alentejanos... entretanto falecidos.
NOTA: Este meu texto veio a ser publicado no PÚBLICO e, numa versão mais curta, no DESTAK
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