sexta-feira, setembro 07, 2007

Às 10 na Loja das Meias?

O Jorge Ferreira escreveu um post sobre o desaparecimento da Loja das Meias e, muito gentilmente, sugere-me também algumas palavras. Pois bem caro Jorge, aqui fica o que aliás já tinha escrito no meu blog, de um ponto de vista bastante pessoal:
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Num tempo em que o comércio estava na Baixa e as filhas se encontravam com as mães para fazer compras, havia dois locais "clássicos" para estes encontros: a Pastelaria Suiça ou a Loja das Meias, ou mais exactamente, na esquina com a Rua Augusta.
Era ali o local combinado, entre montras e transeuntes (agora chamam-se "peões") para um circuito de lojas, quase sempre as mesmas, muitas das quais já desaparecerem e outras, pelo que leio, vão desaparecer.
Uma delas é a Loja das Meias no Rossio, de mudança para outras paragens no estrangeiro, sinal dos tempos difíceis que vive o centro histórico da cidade, de segmentos de público desajustados ao local e da crise económica, como refere uma empregada que deixa a loja após 30 anos trabalho: "A maior parte das pessoas não tem dinheiro para comprar estes artigos".
Era o tempo em que ainda se comprava tecido a metro, lã ao quilo, em que as meias às bolinhas e outras modernices se compravam quase exclusivamente numa loja labiríntica e de paredes escuras e que agora nos faz sorrir. Sinais de outros tempos, bem diferentes dos interiores de aspecto depurado e minimalista das lojas de hoje, quer vendam sapatos ou louça. Aliás, a condizer com atendimento, cada vez mais em "part-time" e cada vez menos conhecedor.

Percorria-se a Rua Augusta, a Rua do Ouro e, com sorte, compravam-se algumas preciosidades na charcutaria da Rua Garrett. Foi assim durante a infância e assim continuou até me fazer mulher e até a morte os levar.
Já não ouço perguntar pelo "satin duchesse" mas quando me sento e peço um "esquimó" naquela pastelaria histórica, lembro-me com imensa saudade de que por ali também se fez a minha história.
(Maria Isabel G.)

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