terça-feira, setembro 30, 2008

Abanar a placidez do lago!

Vai por aí um pequeno grande sururu relativamente à habitação camarária e, por consequência, ao património habitacional da CML, respectivas regras de atribuição e a quem devem ser atribuídas.

Ora, temos nesta casa, um ilustre escritor que tem sido invectivado consecutivamente por lhe ter sido atribuída uma habitação pela CML.

No meu entender não devemos ter tabus, pessoalmente gosto de desmitificar os pequenos sururus que só visam amesquinhar os demais.

Analisando:

1 - A CML não sabe, nem sequer tem a mínima ideia, de qual é o seu património imobiliário.

2 - O património imobiliário da CML está entregue aos serviços camarários; serviços esses que põe e dispõe a seu bel prazer do património inventariado e, daquele outro que não se encontrado inventariado, por portas e travessas é destes conhecido e disposto como bem entendem.

3 - Os serviços são inaptos, incapazes, inconsequentes, peculários e irresponsáveis - não prestam contas perante ninguém, não são despedidos, não são levados perante a Justiça (são os serviços que devem ser investigados).

4 - A CML é a maior proprietária imobiliária de Lisboa.

5 - A maior proprietária imobiliária de Lisboa, é ao mesmo tempo, aquela que tem o património imobiliário mais degradado, porque não providencia as obras de conservação, recuperação ou remodelação necessárias.
Se virem um edifício degradado, pensem primeiro em que o mesmo pertença à CML, e depois perguntem quem é o proprietário.
Poucas vezes se irão enganar ...!

6 - As regras, se é que existem regras, de atribuição de habitação são cavernícolas.
A regras básica não deveria ser a da insuficiência económica, mas sim, a do interesse no arrendamento.
Com tanto património imobiliário, a CML não tem que andar a fazer figura de boazinha, seguindo-se as situações lamentáveis e lastimáveis que se vão assistindo, inclusive, a processos de investigação pela PJ e Min. Público.

7 - Antes do glorioso 25, quem quisesse arrendar habitação à CML poderia fazê-lo sem que estivesse subjacente essa ridícula regra da insuficiência.
Tinha que ser pessoa de bem, educada, com capacidade para interagir em sociedade, responsabilizar-se e promover a conservação do imóvel.
Hoje é o oposto.
A habitação que está a ser arrendada, é a pessoas que não preenchem os mínimos exigíveis.

8 - A CML tem, de facto, de alterar toda uma mentalidade, postura e regulação, no tocante ao património habitacional, e não só, da autarquia lisboeta, a saber:
- colocar os serviços na ordem;
- fazer uma correcta selecção dos arrendatários, não com base em insuficiência económica, mas no interesse no arrendamento;
- regulamentar a conduta da habitação pelo arrendatário (desqualificados, não são permitidos);
- inventariar TODO o património imóbiliário;
- tendo em conta que o património está degradado, optar por uma das soluções: proceder a obras de conservação, restauro ou remodelação (considerando que a autarquia não tem capacidade financeira ...) ou efectuar a alienação, primeiramente aos arrendatários, posteriormente a particulares singulares que se mostrem interessados em adquirir uma habitação.

Já no tocante ao nosso escritor, não sei porque tanto gritam as virgenzinhas ofendidas ... só pode ser dor de ... cotovelo.

7 comentários:

Anónimo disse...

"Antes do glorioso 25, quem quisesse arrendar habitação à CML poderia fazê-lo sem que estivesse subjacente essa ridícula regra da insuficiência.
Tinha que ser pessoa de bem, educada, com capacidade para interagir em sociedade, responsabilizar-se e promover a conservação do imóvel.
Hoje é o oposto.
A habitação que está a ser arrendada, é a pessoas que não preenchem os mínimos exigíveis", só falta dizer que antes não havia entre os locatários ovelhas negras, e que agora há.

Anónimo disse...

Só falta dizer que não há mal nenhum em uma vereadora da habitação da cmL pagar 146 euros de renda por uma casinha da câmara, e ainda por cima recebendo 3350 euros de reforma.

A bagunça não pode justificar os casos mais extremos.

MP disse...

Ora, caro/a anónimo/a, aí está o busílis da bagunça reinante no mastodonte camarário.

Não sei se presumo mal ao considerar que escreveu ambos os comentários, mas cá vai a resposta a ambos:

- no tocante ao antes do glorioso 25, a regra era exactamente a que referi, excepções (más) há-as em todas as épocas, para todos os gostos e feitios, aquilo que quis salientar foi que, a excepção de então transformou-se na regra de hoje.

- já aquilo que refere como a bagunça, não concordo, nem deixo de concordar; aquilo que foi veiculado pela comunicação social é de que a pessoa em causa tem a habitação há pelo menos 20 anos - 20 anos, não é de hoje.

Tudo isto reflecte a falta de um regulamento que permita que qualquer interessado, independentemente da situação económica, possa arrendar uma habitação à CML.
Seria ainda uma forma de recuperar o património habitacional e promover a humanização da cidade.

Já agora, comente identificado/a, que é para eu saber a quem me estou a dirigir.

Disponha sempre.

Anónimo disse...

Eu escrevi apenas o segundo comentário, e o mesmo forçosamente aconteceu com que escreveu o primeiro, talvez aquela coisa dos IPs permita confirmar isso.

MP disse...

Exactamente por estar apenas, e tão só, a presumir fiz esta chamada de atenção:

«Não sei se presumo mal ao considerar que escreveu ambos os comentários, mas cá vai a resposta a ambos»

Anónimo disse...

Antes do 25 de Abril , tinha de ser da ANP ou da UN, se possivel conhecido do Afonso Marchueta, ter boa informação da PIDE, em alguns casos uma cunha de alguem com peso na ditadura.

Eram estes os termos.

Aliás os bairros sociais, faziam-se para a pequena burguesia, porque o povinho era mandado para Guerreiros, como sucedeu na altura do viaduto Duarte Pacheco, e Guerreiros na altura ficava quase a DUAS HORAS de Lisboa, com uma camioneta de manhã e outra á tarde.

Outros bairros eram para a GNR e para a PSP como o Bairro da Fundaç
ão Salazar ( Hoje dois de Maio).

Por isso Lisboa até há cerca de 10 anos , estava INUNDADA DE BARRACAS, foram quase 20 anos e sucessivas vereações da Camara de Lisboa, para apagar essa nodoa, deixada pelo Salazar e pelo Caetano.

MP disse...

Já cá faltava essa "onda" ... mas a essas suas "memórias" este tanto lhe digo:

fala desse passado, de aspectos desagradáveis (que o são, e são-no em qualquer altura, e sob que pretexto seja), fala como se a cunha e a partidocracia, a pseudo ghetização e a todos os aspectos que invoca, sejam exclusivo dos governos de Salazar e Caetano!!

Caro/a anónimo/a,

Já olhou à sua volta?!
Não me parece, aliás aquilo que se me dá a perceber é que transporta para o passado todos os "males", esquecendo que o presente é tão igual ou tanto pior que então.

A cunha, a partidocracia, acrescido agora do regabofe dos serviços - sem lei, nem roque, sem controle; em suma, o pequeno poder anda à solta. Faz negociatas, troca favores, bens e serviços por debaixo da mesa, etc, etc.

Portanto, prefere ver os males lá atrás, e fechar os olhos à situação que existe bem pior do que então, transvestida agora em democracia!

Lá atrás não pôde fazer nada, agora pode pelo menos tentar mudar o estado das coisas, assim o entenda.

Eu defendo que o município deve arrendar e alienar o seu património a particulates singulares que mostrem interesse.
Ao colocar no mercado os imóveis, por arrasto, os valores exorbitantes de arrendamento e alienação particular terão necessariamente de ajustar à reacção do mercado, baixando em consequência.

Como vê, toda esta "estória" é apenas mais um golpe de asa; quanto mais escasso é um bem no mercado, tanto mais caro se torna ao consumidor final (eis a moral da história).