sexta-feira, novembro 07, 2008

"António Costa junta a sua voz à dos munícipes: crateras do metropolitano são escandalosas-PUBLICO -07.11.2008, Catarina Pinto

Autarquia lisboeta vai apostar na recolha de lixo porta a porta e em estacionamentos
à superfície com lugares reservados a moradores


As ruas de Lisboa saltavam de boca em boca, apontadas as ruas esburacadas e esventradas. "Na Av. Duque de Ávila há um buraco que já foi cratera e agora é bunker. Está na altura de fecharem aquilo", dizia António Esteves, um dos residentes da freguesia de São Sebastião da Pedreira. A noite de quarta-feira caminhava já ao encontro da cidade, na sétima reunião descentralizada da Câmara de Lisboa, que não teve direito a insultos, nem a vozes mais exaltadas.
Na sala vermelha do Teatro Aberto, os assuntos polémicos ficaram, por agora, afastados, para dar lugar às ruas repletas de obras, aos ecopontos que afinal não são eco, e aos sem-abrigo que, na realidade, encontram abrigo em lugares onde não são bem-vindos. Quase a completar a ronda à cidade, através destas reuniões, o presidente da autarquia, António Costa, dirigia-se desta vez aos moradores das freguesias de São Sebastião, Nossa Senhora de Fátima e Campolide. "A situação é escandalosa", adiantava, "o metro tem que arranjar as ruas [depois das obras] e não o faz". O presidente respondia assim à queixa feita pelo cidadão que vive junto ao "buraco-cratera-bunker", na Av. Duque de Ávila. António Costa gostava, por isso, que as empresas se afastassem por momentos da sua cotação na bolsa e se preocupassem com a cotação na terra.

Jardins que perdem cor
Os espaços verdes parecem também estar a perder a cor que lhes deu nome. As queixas relativas a jardins degradados, abandonados à sujidade e povoados de sem-abrigo sucediam-se. O problema daqueles que escolhem a rua para viver não é fácil de resolver. Segundo a vereadora Ana Sara Brito, a passagem dos cerca de 900 sem-abrigo das ruas de Lisboa para casas de acolhimento não é pacífica. As regras impostas nesses centros não combinam, de todo, com a liberdade que encontram nas ruas.
Se, por um lado, existem zonas em que o verde se vai desgastando, há outras em que a cor parece estar a mais. Na Calçada dos Mestres, são as árvores que dominam o espaço. As ramadas cortam o ar. Polvilha-se o chão com folhas. Ruas e valetas permanecem por limpar, segundo José Gomes, residente na zona de Campolide.
Os problemas não ficavam por aqui. Nunca ficam. O rol continua: estacionamento impossível, insegurança, edifícios degradados e lixo que se acumula em volta dos ecopontos, tornando-os tudo, menos eco. O vice-presidente da câmara, Marcos Perestrelo, é radical: "O problema está nos ecopontos, é preferível tirá-los e fazer a recolha de lixo porta a porta."
Quanto ao estacionamento, o vereador admite que se está a trabalhar num modelo à superfície, com lugares reservados para os moradores. Já no que diz respeito a zonas degradadas, a vereadora Ana Sara Brito garante que a demolição integral dos edifícios abandonados, mas ocupados por traficantes, na zona de Vila Ferro, vai mesmo para a frente.
A autarquia garantiu ainda, aos cerca de 100 moradores presentes na reunião, que alguns dos problemas de mobilidade vão ser resolvidos com a introdução de percursos pedo-cicláveis em diversas zonas da cidade. "As zonas pedonais devem ser vias que estruturam o miolo da cidade e não devem estar só nas zonas ribeirinhas", explicava António Costa. "

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