segunda-feira, novembro 24, 2008

Comentários


A meu ver, o actual PUALZE pouco ou nada difere das versões anteriores, ou seja, continua a partir de premissas erradas e a abusar de um cinismo inaceitável. Ou seja, ainda:

1. As tais de medidas preventivas do PUALZE nunca vigoraram nem vigoram, e quando vigorarem nada haverá já para prevenir (ex. Rosa Araújo, Duque de Loulé).

2. A CML continua a assentar todo o seu raciocínio urbanístico em premissas erradas, senão criminosas do ponto de vista estético: alinhamento de cérceas, prédios 'travestidos', harmonização volumétrica, etc.

3.A U.E. proíbe habitação em zonas tão poluídas como a Avenida e, portanto, a CML abdica de criar condições para a volta da habitação e tudo faz para que os serviços continuem e cresçam, mesmo.

4.A CML continua a ter um entendimento completamente errado em relação ao automóvel e não hesita em, com base em estudos caricatos (porque usando de metologias que apontam na necessidade de cobrir um défice de oferta de estacionamento a residentes na ordem dos 45.000 lugares (devem ter perguntado, porta a porta: 'quantas pessoas moram aqui? 4? então, 4 carros, 4 lugares de estacionamento), promover 5 parques de estacionamento subterrâneos no eixo do PUALZE [(2x 260 lugares subterrâneos defronte ao Cinema Tivoli e ao BBV/Armani/Barata Salgueiro +150 lugares Tv. Stª Marta + 150 no Lg. Oliveirinha (este caso é de uma clara parvoíce, pq aquela zona devia ser simplesmente fechada ao trânsito e estacionamento!!!) + 600 lugares sob o Mercado do Rato (pergunta-se: quem dos 600 carros vai trabalhar para a zona da Avenida? É um argumento completamente inverosímil) mediante protocolo com a Auto-Industrial (dá vontade de dizer à CML que, então, pegue nesse protocolo e use-o para compensar o Sr. Diogo Vaz Guedes do mono do Rato...]. Será tudo muito bonito em termos de construção civil, mas que se avizinha um aumento exponencial de entrada de carros no eixo da Avenida, lá isso ninguém duvide.

5. A Circular das Colinas deixa de estar explícita e passa a subliminar, e há que ser lida em 'diagonal', de nascente a poente... Em vez de pugnar por uma melhor utilização das vias já existentes e subjacentes a esse conceito de diagonal, corrigindo o Gestrude, por exemplo, e impedindo a circulação de autocarros poluentes desde o Marquês, nada.

6. A CML é de um cinismo insuportável ao falar da Rosa Araújo como sendo uma artéria cujo edificado é de grande valia para a cidade e que importa preservar. Talvez seja por isso que a CML autoriza e promove 7-9 empreendimentos/projectos como o que estão em curso nessa mesma artéria, que se caracterizam pela demolição de interiores de prédios centenários, ampliações e alterações profundas várias, esventramento de valiosos logradouros, etc., que decorrem de décadas de abandono e especulação imobiliárias, de promotores bem conhecidos e que com a actual prática da CML saltam da gaveta num ápice: nova sede do BES; vivenda de Ventura Terra/Fund. Medeiros e Almeida; 'Hotel dos Trindade', edifício gaveto Rosa Araújo/R.Mousinho da Silveira; edifício gaveto Rosa Araújo/R.Castilho e edifício de Biggaglia, mais ao cimo, junto à Rodrigo da Fonseca. Eu diria, mesmo, que este PREC ('Reabilitação') é do mais fino recorte alguma vez executado.

7. Mais cinismo quando se refere que há 'anarquia no estacionamento à superfície'. Se há anarquia (pelo que conheço da zona e conheço bem, não creio que seja assim, e além do mais já há estacionamento subterrâneo a mais na zona da Avenida), isso deve-se à CML e à Polícia. Por outro lado, a CML não aprende com o exemplo do parque de estacionamento dado ao Sporting na Mousinho da Silveira, ao tempo de João Soares. Além de ser uma operação altamente nebulosa, não serviu para nada (pois está sempre às moscas) mas apenas para esventrar e descaracterizar uma rua que era bonita e que tinha em toda a sua extensão magníficas olaias. Neste momento é um deserto confrangedor. E também nessa altura, a CML dizia mundos e fundos… e tudo está pior.


8. Finalmente, pela parte do património e da cultura (que acho ser um todo e não uma coisa marginal para acariciar em ano de eleições…), acho inconcebível que este PUALZE não tenha nenhuma referência, nem preocupação nem nada quanto ao estado deplorável que é ver uma Avenida da Liberdade com apenas o Tivoli e o São Jorge a funcionar, quando estão, com uma única esplanada aberta a essa hora, com lojas fechadas; em que coisas como a Cinemateca, o Palácio Foz e as Portas de Santo Antão funcionam como se esta zona fosse compartimentada. A Avenida tem que ter restaurantes com esplanada nos passeios laterais que se pretende agora pedestres. Mas a Avenida tem que ser ‘atacada’ juntamente com os Restauradores e com as Portas de Santo Antão. Ex. é ridículo o PUALZE mencionar o Pátio do Tronco, como sendo de reabilitação urgente, etc. e ignorar o Odéon, cuja fachada, aliás, é contígua ao Pátio do Tronco. Que outra cidade que não Lisboa se permitiria ter o Odéon no estado em que ele está e ignorá-lo num PUALZE?

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