quarta-feira, setembro 26, 2007

OS INIMIGOS DA ECONOMIA

Por causa desta entrada o leitor Paulo Antunes chama-me demagógico e acusa-me de estar de má-fé. Bem sei que as palavras perderam valor nos tempos que correm. Basta ver as enormidades que s etêm dito na campanha interna do PSD para perceber que se tem de dar um desconte ao que se diz sobre o valor literal dos vocábulos. Chamarem-me demagogo ainda é o menos. No grego, etimologicamente, demagogia é a arte de conduzir o povo. Só o palavreado corrente, lá está, lhe conferiu significado menos abonatório. Não é que me arrogue tal pretensão (nos tempos que correm, é, aliás, muito duvidoso que a tarefa de conduzir o povo mereça o esforço), mas não me importo. Agora acusarem-me de má-fé já merece resposta. Temos de nos habituar a que uma discordância não significa que alguém está de má fé. É apenas uma discordância. E eu insisto. A duplicação do IMI sobre os prédios devolutos é mais um assalto fiscal à propriedade, é economicamente irracional, é politicamente necessária para alimentar uma máquina de despesa que é a CML e não resolverá o problema do arrendamento. Aos socialistas não basta que os proprietários paguem e muito sobre os rendimentos da propriedade. Év também necessário que paguem mesmo que a propriedade não lhes proporcione nenhum rendimento. Isto, sim, é sociliasmo puro e duro. E ainda falam na morte das ideologias...
(publicado no Tomar Partido)

9 comentários:

Miguel Carvalho disse...

Economicamente irracional?
Explique lá isso, porque me parece altamente aconselhável do ponto de vista económico, mesmo que o dinheiro fosse queimado a seguir (isto sim seria irracional).

Há enormes externalidades para a sociedade de um prédio estar devoluto como esvaziamento da cidade e todas as externalidades que acarreta como mais trânsito, mais tempo perdido, mais recursos gastos em nova construcção, pior qualidade de vida para quem sai da cidade, menos animação da cidade o que aumenta a insegurança, descaracterização da cidade, pior estética da cidade, etc... etc... etc... e toda a teoria económica diz que externalidades destas devem ser taxadas. E teoria económica neo-clássica não é da "socialista".

Miguel Carvalho disse...

Uma coisa é taxar um bem privado com possibilidade de ser infinitamente produzido.
Agora espaço urbano é um bem quase público, escasso, e cujo abondono tem as externalidades que referi.

Quero ouvir essa sua "racionalidade económica"...

Anónimo disse...

Caro Jorge Ferreira,

Demagogia (actuação política pautada pelo interesse imediato de agradar às massas populares) é descrever uma medida fiscal, que até pode ser discutida, como "esganar os contribuintes sempre com mais impostos" (sic).

Má-fé é descrever o aumento do IMI de fogos devolutos, como uma forma de estarmos "todos a trabalhar mais para alimentar os vícios de cada vez menos gente"(sic).

Cada um usa o tom e a arte que tem para discutir ideias. Só que neste caso o Jorge Ferreira se esqueceu das ideias.

Concordo que só por inépcia politica ou trapalhada jornalística, uma media urgente e essencial para a cidade de Lisboa, tenha sido associada ao necessário saneamento financeiro da CML.

Em relação à questão ideológica, posso responder com as palavras do Mayor Bloomberg de Nova Iorque para defender o portejamento da entrada de carros em Manhattan:

"Using economics to influence public behaviour is something this country is built on -- it's called capitalism"

PA

Mario J Alves disse...

A Pigovian tax (also spelled Pigouvian tax) is a tax levied to correct the negative externalities of a market activity.
(...)
Pigovian taxes are named after economist Arthur Pigou (1877-1959) who also developed the concept of economic externalities.

http://en.wikipedia.org/wiki/Pigovian_tax

Anónimo disse...

« (...)um bem quase público, escasso (...)»

Já ouviu falar em propriedade privada?

Comunas da tanga: "O que é teu é meu, mas o que é meu, é meu"
Vá-se tratar.

Anónimo disse...

Um desconte? A mim, nunca deram uma coisa dessas, mas tenho pena.

Miguel Carvalho disse...

Caro anónimo das 9.41.
Não entre numa discussão que não compreende, se não conhece os termos técnicos da economia.
Não sou eu que o diz. Abra qualquer livro de economia pública ou economia urbana, e veja o que está lá escrito.

Anónimo disse...

Em relação aos proprietários "cuja propriedade não lhes proporcione nenhum rendimento" e que não dispõe de dinheiro para empreender as obras necessárias (e que efectivamente existem), não percebo porque hão-de ser encarados como vítimas. Basta-lhes vender o prédio devoluto em causa, levar o dinheiro para casa e deixar de se preocupar.

Rodrigo Freitas

Paulo Ferrero disse...

Caro Jorge,

Esqueceu-se de uma coisa muito importante:

Eu arrisco que a maioria esmagadora dos prédios devolutos de Lisboa são propriedade (quando não o são da CML e/ou do Estado) de construtoras, imobiliárias e bancos, que aguardam que eles caiam para construirem e venderem novos. Ora, a esses não faz mal dobrar ou triplicar o IMI. E se não pagarem, pois que venha a intimação.

Mais, defendo que os proprietários de imóveis classificados como sendo de interesse público, concelhio, com predicados histórico-culturais, sejam simplesmente expopriados - edifícios notáveis que viram palheiro, ou caixote de lixo para seringas, etc. isso é o que há mais por aí... Abr.