quinta-feira, novembro 20, 2008

O Presidente

Na espuma das apresentações do ‘Magalhães’ – que como temos visto são só para a fotografia – vai o País navegando sem que se descortine rumo certo na governação. A conflitualidade é patente e para além dela também há a resignação que se sente nas ruas, como se o destino nos reservasse apenas a inevitabilidade de um fardo a condenar--nos enquanto nação. Até o Presidente da Entidade das Contas pede a demissão, aparentemente porque o Governo lhe tornou impossível o exercício das suas competências, ao permitir doações em dinheiro vivo aos partidos, ficando por saber como se controla essa situação.

Em suma, espectáculo, asneira e fatalismo, eis o Portugal de hoje. Com raras excepções.

O actual Presidente da República, nas suas intervenções pretéritas como nas actuais, tem tido uma constância de pensamento e actuação muito rara entre nós: puxa o País para cima. Recentemente veio defender a manutenção do investimento público e do investimento privado rentáveis e sublinhou fortemente que as crises trazem oportunidades. Tal como, enquanto Primeiro-Ministro, nunca deixou de insistir que Portugal devia integrar o pelotão da frente no âmbito da União Europeia.

Goste-se ou não da figura do actual Presidente da República – e confesso já que sou parcial – é reconfortante ter na primeira figura do Estado um Homem com princípios, com valores, que não se demite de intervir, não perde um segundo com a pequena política e é absolutamente imune aos deslumbramentos do poder. Coisa rara nos dias que correm.

As intervenções sobre Educação, Forças Armadas e o Estatuto dos Açores provam que existe um Responsável pelo regular funcionamento das Instituições, que conhece e estuda os problemas do País, mas também alguém que para lá do espectáculo mediático puxa pelo País, sublinha os seus exemplos de excelência, aponta-os, não se resigna, tudo sem nunca pôr em causa a necessidade de Instituições fortes, o que só é mesmo permitido aos que são fortes. O nosso problema sistémico vem muito da pequenez que não suporta junto de si a excelência e, claro, a coisa repercute-se aos mais variados níveis. A falta de preparação, quando não a ignorância atrevida de muitas equipas decisórias, nos mais diversos níveis, chega a enjoar. Quando não se fala a mesma língua, por ignorância, ninguém se entende.

Ao menos temos um Presidente com substância e imune à espuma dos dias.



Paula Teixeira da Cruz


In Correio da Manhã

1 comentário:

Anónimo disse...

Um presidente com substância? Eleito em democracia, nunca tivémos um que fosse tão fraquinho