Ora aí está uma bela exposição, excelentemente guiada por competentes historiadores, e uma oportunidade única para visitar o hemiciclo de São Bento, jardim, claustro, escadaria e «passos perdidos». Com sorte e engenho dá para ver a sala do senado. Mais uma aposta ganha na continuação da afirmação dos porquês de Berardo no C.C.B.: apenas não se justifica(r)am os moldes em que a «OPA» foi feita.
segunda-feira, abril 30, 2007
3D Colecção Berardo na Assembleia
Ora aí está uma bela exposição, excelentemente guiada por competentes historiadores, e uma oportunidade única para visitar o hemiciclo de São Bento, jardim, claustro, escadaria e «passos perdidos». Com sorte e engenho dá para ver a sala do senado. Mais uma aposta ganha na continuação da afirmação dos porquês de Berardo no C.C.B.: apenas não se justifica(r)am os moldes em que a «OPA» foi feita.
Foto: Jean Dubuffet L'Arbre biplan, 1968
«The Invisible Man Returns»
Uma homenagem justa
domingo, abril 29, 2007
Lisboa na encruzilhada do vazio
Lisboa bateu mesmo lá em baixo, no bas-fond. Um sítio onde não há luz nem caminho. A política não funciona. As políticas também não. PSD e PS fazem contas de somar e subtrair. Marina Ferreira também.
Marques Mendes vai ter ma semana horrível. É a vez dele. Fontão e Carmona Rodrigues já tiveram as suas.
Sócrates espera mais uns degraus nesta escadaria em que a CML só tem sabido descer.
Esse é o nível complexo da política.
As políticas
Mas convinha agora reflectir também sobre as políticas, para lá da política. Ou seja: e as políticas sectoriais? Vamos às mais importantes, caso a caso.
1. Política ambiental
Pontos quentes como as árvores do Campo Pequeno, o Parque da Bela Vista (os impactos do Creamfields que aí vem), as árvores das avenidas, as zonas verdes, os jardins (esqueçam os jardins digitais do folclore pacóvio).
2. Política urbanística
Um descalabro, para lá dessas histórias escabrosas do Porto de Lisboa agora virado ao turismo e dos casos em investigação na PJ (Parque Mayer, Feira Popular, Infante Santo, Vale de Santo António etc.), há todo um vazio que incomoda: o recurso ao despacho e ao loteamento «ad hoc» em vez do plano, o caso concreto em vez do planeamento da Cidade, o Plano Director Municipal ultrapassado a cada pé de passada em razão de razões do investimento em vez de o ser em razão de razões de interesse público quando tivesse de o ser…
3. Política cultural
Umas acções desgarradas, poucas, mas que mesmo assim ainda brilham no meio deste marasmo. Mas as estruturas físicas estão tão mal tratadas que o milagre é não ruírem de vez. Bibliotecas em ruína, então, é mato (por exemplo): há cinco anos que não se investe um tostão na sua reabilitação...
4. Política desportiva
O silêncio. Piscinas fechadas, projectos abandonados, uns subsídios à clientela e pouco mais. O Pavilhão Carlos Lopes a desfazer-se...
5. Política educacional
Nem se sabe o que seja ou pudesse ser, entregue que está o pelouro a tais mãos. Mesmo as infra-estruturas, designadamente os edifícios escolares sobretudo, só não caem mais por milagre. Há escolas a fechar por falta de condições.
6. Política de mobilidade
São conhecidas as falhas deste sector, pesem embora as boas intenções anunciadas ultimamente. Ontem mesmo, com a ACA-M, a Câmara lá deu um arzinho da sua graça com as passadeiras comemorativas. Para trás ficam as restantes medidas: radares, temporização de semáforos, fiscalização de estacionamentos de forma séria…
7. Política financeira
O desastre. Mais de mil milhões e 200 mil euros de dívida global. Estará agora travada, dizem alguns. Mas a dívida de curto prazo que já irá perto dos 300 milhões é uma dor de cabeça para agora e para os próximos anos. Mas não falta dinheiro. Todos os dias a CML recebe mais de um milhão, em média. E tem crédito. O problema é a falta de cabeça ou de regras ou de bom senso.
A coisa está preta
Em suma: tudo muito complicado, nas próximas semanas. Seja Carmona, seja Marina Ferreira, seja uma Comissão Administrativa multi-partidária para preparar as agora mais do que indispensáveis eleições. Mais uma vez o recurso à política para salvar as políticas.
Hoje, a coisa está preta a vários títulos.
Grau zero. Podia ser o título do filme que está a correr Lisboa, a percorrer Lisboa, quero eu dizer.
Espaços com verde: Ainda o Campo Pequeno
O José Carlos Mendes e o Paulo Ferrero recordam as árvores arrancadas no Campo Pequeno, onde se deixou de sentir os "leaping greenly spirits of trees" (1).
Pouco a pouco, como uma fatalidade, vamos deixando uma cidade sem sossego, mal pacificada com quem nela vive e trabalha, agressiva, sem a sabedoria e o barulho das árvores "as it grows wiser and older".
Não é uma questão de poesia ou será que não aprendemos nada? Tal como as árvores, é uma questão de sabedoria.
(1)"i thank You God for most this amazing
day:for the leaping greenly spirits of trees"
e. e. cummings
.
Fotografia: Setembro 2006, jardim no centro de Dublin
.
NOTA:
Segundo um artigo do JN de 16-5-06 : " segundo o vereador, a remoção das 60 árvores danificadas (na sua maioria nas raízes e copas) será compensada com a plantação de 140 novas unidades. O projecto inclui também o redesenho dos caminhos pedonais e dos canteiros, cujo número será reduzido mas a dimensão aumentada. Os caminhos serão cobertos com um novo material e será instalado um sistema de drenagem e de rega automática, actualmente inexistente. O projecto inclui também a colocação de cerca de 125 bancos, 25 papeleiras, 125 candeeiros e dois bebedouros, bem como a recuperação dos sanitários públicos existentes. Outra das intervenções é a requalificação do parque infantil existente na zona norte da praça. O novo parque será vocacionado para crianças dos 2 aos 14 anos, com novos brinquedos distribuídos por espaços distintos consoante as idades para que estão vocacionados. Segundo o vereador, está também prevista a requalificação do campo de jogos existente no jardim, mas essa intervenção será custeada pela autarquia e ainda não tem data para avançar."
Pergunto: além da remoção das árvores, quantas destas obras já existem?
(Maria Isabel Goulão)
sábado, abril 28, 2007
sexta-feira, abril 27, 2007
Mil palavras, uma pequena acção
Este evento procura sensibilizar automobilistas e peões para o grave problema que é a sinistralidade rodoviária dentro dos grandes centros urbanos, nomeadamente no que diz respeito a acidentes que envolvem peões.
Ao longo do fim-de-semana, irão ser aplicadas mais três passadeiras evocativas, a saber: Cais do Sodré (frente à estação), Avenida de Berna (Frente à universidade Nova - FCSH) e Marquês de Pombal (Frente à EDP) .
Ainda o túnel
Muito obrigada
«Ordenamento do território: Governo deixa de ratificar planos municipais»
Ou seja, vai ser "fartar, vilanagem"; e é caso para esfregar a vista e ler de novo!
Fonte: Sol Online
quinta-feira, abril 26, 2007
Carmona Rodrigues constituído arguido
Carmona vai ao DIAP na próxima semana
Carmona Rodrigues vai ao DIAP na próxima semana depor, como arguido, no âmbito das investigações sobre a permuta de terrenos do Parque Mayer, propriedade da Bragaparques, e da Feira Popular de Lisboa, da CML, negócio que se revelou ruinoso para a autarquia lisboeta.
Inquirido esta tarde, durante a sessão pública do executivo camarário, sobre a sua situação judicial, Carmona não confirmou nem desmentiu que tinha sido constituído arguido, declarando, contudo, que “aconteça o que acontecer, o meu propósito é levar o mandato que os lisboetas me confiaram até ao fim”.
Curiosamente, o vereador Pedro Feist defendera ontem a manutenção no cargo de Carmona, mesmo que viesse a ser constituído arguido no caso Bragaparques.
- Expresso Online
Boas vindas e campanha
Contra factos não há argumentos #2
Contra factos não há argumentos #1
O Espírito do 25 de Abril
Ainda hoje soubemos que os autarcas arguidos em processos crime ligados à sua actividade autárquica vão ter a sua defesa paga pelo município; quer dizer, por todos nós.
É de total justiça: ser arguido num processo de peculato é uma coisa que pode suceder a qualquer vereador. Um acidente de trabalho sob forma específica.
Além disso os generosos pagamentos com dinheiros públicos poderão ser uma boa fonte de receita para os advogados especializados em processos crime ou outros que ocorram para ajudar amigos em momentos difíceis.
Estamos pois perante um acto de pura solidariedade que certamente será aprovado pelos nossos eleitos sem quaisquer reservas. E sem limite de verbas para que possam ser contratados bons advogados que, como se sabe, são caros.
J.L. Saldanha Sanches
Há 33 anos
José Miguel Júdice
Há 33 anos
Luís Coimbra
terça-feira, abril 24, 2007
Há 33 anos
LISBOA: NASCE UM PONTO NEGRO NO MARQUÊS
É um túnel de risco.
Esse risco pode ser diminuído, monitorizado, desvalorizado, negado.
Mas existe.
Por isso mesmo, a Directiva da União Europeia sobre segurança em túneis, de Abril 2004, indica que não se ultrapasse a inclinação máxima de 5% em túneis da Rede Europeia de Estradas.
A CML não tem normas específicas sobre segurança em túneis. Segue as normas da Estradas de Portugal (ex-JAE) que, por sua vez transcreve a Directiva Europeia como referência para todos os túneis portugueses.
O desrespeito por normas de segurança internacional não pode (ou não deveria) ser camuflado por propaganda publicitária.
Voltamos a dizer, como sempre dissemos: o túnel do Marquês não é seguro.
E voltamos a dizer, como sempre dissemos: as entradas e saídas do túnel impedem a livre e segura circulação dos peões na zona do Marquês.
Não queremos ser cúmplices de eventuais fatalidades futuras neste novo túnel, seja por atropelamento seja por despiste ou colisão.
Por isso, voltamos a lembrar o que dissemos em 2004: A CML construiu um ponto negro no Marquês.
Abaixo, enviamos extractos da documentação produzida pela ACA-M no âmbito da Declaração de Impacto Ambiental do Túnel do Marquês, em 2004
A direcção da ACA-M
Documentos:
Directiva 2004/54/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de Abril de 2004, relativa aos requisitos mínimos de segurança para os túneis da rede rodoviária transeuropeia:
(...)
2.2.2. Não devem ser permitidos declives longitudinais superiores a 5% nos novos túneis, salvo se não for geograficamente possível nenhuma outra solução. [era possível outra solução]
2.2.3. Nos túneis com declives superiores a 3%, serão tomadas medidas adicionais e/ou reforçadas para melhorar a segurança com base numa análise de riscos [não foi realizada análise e riscos].
Pronunciamento da ACA-M sobre o Estudo de Impacte Ambiental da Concepção/Construção do Desnivelamento da Av. Duarte Pacheco, Rua Joaquim António de Aguiar e Av. Fontes Pereira de Melo (Túnel do Marquês):
Consultar o texto completo em Consultar o texto completo em
O perigo inerente (in-built) da infra-estrutura proposta – sobretudo, a sua inclinação excessiva, a sua grande extensão e a suas características indutoras de congestionamento - decorre directamente da opção de traçado e não é um factor de risco que possa ser simplesmente negligenciado, minimizado ou eliminado.
- no final da inclinação com uma pendente média de 9,3%, no sentido Cascais-Lisboa, indica-se a intenção de construção de uma curva apertada e sem visibilidade;
- o perfil transversal do túnel não é suficientemente largo para possibilitar a passagem de veículos de emergência entre as duas vias que compõem cada faixa de rodagem;
- não estão previstas rampas de fuga intervaladas de modo a permitir o auto-salvamento de pessoas, incluindo aquelas com capacidades de mobilidade reduzida;
- o túnel, apesar da sua grande extensão – mais de 1200 metros – não é concebido em tubo duplo com corta-fogos intervalados;
- e a sua estrutura, com vigas de sustentação transversais, não permite uma ventilação adequada preventora de intoxicação em caso de incêndio.
O imperativo ético-legal
O Parlamento Europeu e o Conselho da União Europeia aprovaram a Directiva 2004/54/CE relativa aos requisitos mínimos de segurança para os túneis da Rede Rodoviária Europeia.
A inexistência de qualquer norma construtiva específica sobre túneis, por parte da Câmara Municipal de Lisboa é um motivo adicional para que seja tido em consideração o conjunto de requisitos mínimos de segurança em túneis listados na directiva supra-mencionada. Não é nunca, por isso, demais sublinhar que esta vem obrigar os estados-membros a cumprir pelo menos esses requisitos mínimos, desejando-se sempre que eles prefiram a todo o momento valorizar requisitos máximos de segurança nos túneis sob sua responsabilidade.
[um ano mais tarde, a directiva foi adoptada pelo então Instituto de Estradas de Portugal]
Perigo no túnel
O Comité da PIARC para os Túneis Rodoviários estipula que:
- um gradiente de 3,5% aumenta em 5 vezes probabilidade de avarias e auto-ignição dos veículos;
- um gradiente de 5% duplica a probabilidade de intoxicação mortal por ingestão de monóxido de carbono e outros gases venenosos (dado os fumos só terem uma direcção de saída);
- um gradiente de 3,5% obriga a distâncias de travagem superiores a 30m, a 50km/h.
É verdade que um desastre, auto-ignição ou incêndio num túnel com pendentes elevadas envolvendo veículos pesados tem consequências particularmente graves, por relação àqueles envolvendo apenas viaturas ligeiras. Mas a análise de risco não avalia o risco de despiste ou colisão de um veículo com peso bruto entre os 3,000 e os 3,500 quilos, nem calcula as distâncias de segurança e a velocidade permitida em função dos tempos de travagem nas descidas de grande inclinação, seja para as viaturas autorizadas em geral, seja para este tipo de veículos em particular.
A Directiva indica que “os condutores dos veículos rodoviários de transporte de passageiros devem, em condições normais, manter em relação ao veículo da frente uma distancia mínima equivalente à distância percorrida pelo veículo em dois segundos” (Directiva 2004/54/CE, p. 79). O Estudo de Impacte Ambiental, infelizmente, não procede a um cálculo dos fluxos de tráfego no interior do túnel em combinação com a velocidade máxima a permitir, o tempo de travagem, a pendente e a curva apertada.
Numa via com uma pendente inferior a 2,5%, o tempo de travagem para uma viatura ligeira circulando a 40/50 km/h é, em média, de 2 segundos, e a distância percorrida de 25 metros. No caso do “túnel do Marquês” seria essencial calcular o impacto de uma inclinação superior a 9% em pelo menos duas secções do túnel sobre os tempos e distâncias de travagem para determinar qual a distância de segurança entre veículos e, por extensão, definir a real capacidade do túnel. Sem estabelecer estes valores, é totalmente especulativa qualquer análise do impacto do túnel sobre fluxos de tráfego e sobre segurança rodoviária.
O EIA não considera o facto de, em pendentes inclinadas, uma viatura com peso bruto de 3,500 quilos (se tiver uma tara legal) necessita de um tempo de travagem até 50% superior a um veículo ligeiro de classe 1 e 2, o que significa que as distâncias de segurança no interior do túnel não apenas deverão ser claramente superiores aos 25 metros propostos na Directiva para “condições normais” devido à pendente e curva apertada, mas também devido à presença daquele tipo de veículos (viaturas comerciais, viaturas mistas, minibus, camionetas de caixa aberta, jipes, SUVs).
Como afirmámos anteriormente, a equipa que elaborou a análise de risco não fundamenta a sua recomendação sobre uma velocidade máxima no interior do túnel entre 40 e 50 km/hora. Não seria de admirar que o cálculo acima proposto impusesse uma velocidade máxima segura não superior a 30 km/h, com uma presença de não mais de 25 veículos no interior do túnel a cada momento, em cada faixa – situação que, associada à necessidade de monitorização nas rampas de saída das Avs. Fontes Pereira de Melo e António Augusto Aguiar devido à probabilidade de congestionamento à superfície em horas de ponta, obrigaria ao acendimento frequente da semaforização antecipativa na entrada da Av. Duarte Pacheco - Av. Joaquim António de Aguiar e, portanto, à perversão absoluta da intenção de descongestionamento do trânsito de entrada naquela secção.
Desresponsabilização vs boas práticas
A não consideração deste tipo de cálculos, impede uma devida avaliação da obra em termos de custo-eficácia no descongestionamento do tráfego e de custo-benefício com contabilização do risco potencial de acidente e incêndio. A este propósito, há que confrontar a argumentação do EIA a propósito do “civismo” dos condutores. O estudo diz que “a questão do civismo dos automobilistas é uma questão de formação no que se refere ao cumprimento da lei. Em relação a esta matéria nada poderá ser proposto (Relatórios Técnicos: Análise de Risco, p. 41). Responsabiliza também os condutores pela eventualidade de colisão e despiste, caso não cumpram rigorosamente os limites de velocidade, em especial na secção com pendente superior a 9% (sentido Cascais-Lisboa) (cf. Relatório-Síntese, p.108).
A primeira responsabilidade da CML é oferecer uma infra-estrutura segura, tolerante e auto-explicativa. No caso do “túnel do Marquês” não será apenas no período nocturno que o problema da velocidade excessiva (e da alegada “falta de civisimo”) se poderá colocar. Estudos recentes de psicologia social demonstram que a condução agressiva e o excesso de velocidade em zonas urbanas e peri-urbanas derivam directamente da tensão provocada por congestionamentos, em particular quando estes antecedem vias onde a circulação se faz fluidamente. O caso do projecto do túnel do Marquês é uma ilustração da previsibilidade deste tipo de reacção: confrontados com congestionamentos contínuos à superfície, nomeadamente à entrada de Lisboa (A5, acessos em Monsanto, Av. Duarte Pacheco, túnel das Amoreiras), os condutores terão a tendência, potenciada pela inclinação excessiva do túnel e pela súbita ausência de congestionamento (pelas razões de segurança acima apontadas), para a prática de comportamentos agressivos, velocidades excessivas e manobras perigosas.
Em casos como este, desresponsabilizar a influência da infra-estrutura projectada, como parte co-causadora, na ocorrência de desastres graves, e lançar o ónus da responsabilidade para os chamados – mas não compreendidos – comportamentos de falta de civismo, é uma atitude totalmente contrária ao espírito de boas práticas e auto-responsabilização das entidades gestoras, que deveriam ter no conceito “horizonte zero”, primeiramente desenvolvido pelas autoridades gestoras da segurança rodoviária da Suécia, e posteriormente promovido pela Organização Mundial de Saúde e adoptado pela Comissão Europeia e pelo Conselho da UE, um importante corolário e exemplo.
Consultar também:
Foi o caos!
Militares revoltosos tinham tomado de assalto o Quartel do Carmo!!
Nas ruas de Lisboa ouvia-se pessoas a gritarem palavras de ordem, música de intervenção e propaganda comunista:
"Uma gaivota voava, voava
e a .... nunca mais parava"
Parámos para respirar fundo, a nossa família que estava em Lisboa encontrava-se bem, embora abalada com os recentes acontecimentos.
Felizmente não tinha havido derramamento de sangue.
Para as crianças eram sensações dramáticas, e sem sentido; os adultos agitavam-se, e preocupados corriam em busca dos amigos para comentarem e discutirem as novidades, e as consequências que tal iria trazer a Angola.
Não foi fácil.
E menos fácil foi, pouco mais de um ano depois, termos a vida destruída por nacionalizações consecutivas em Angola e Portugal, com total desrespeito pela propriedade privada, e por tudo aquilo que tinha sido obtido através de trabalho, inglório.
Teve coisas boas o 25 de Abril?
Algumas.
Maior liberdade de expressão pessoal e política, sem temer represálias por parte do Estado, nomeadamente da polícia política.
Más?
Quase todas, há excepção das anteriormente referidas.
Posso afirmar, sem a menor dúvida, que o 25 Abril destruiu os restos da minha infância e a vida da minha família.
Não guardo qualquer recordação boa dessa data, muito pelo contrário.
Os que chegavam e tomavam o poder, tornaram-se eles mesmos carrascos e delapidadores bem piores do que aqueles que depuseram.
Há 33 anos
Com 10 anos e 9 meses de idade, lembro-me mais do que me disseram e do que ouvi, do que propriamente do que vivi.
Bem me lembro de que passava «A Golpada» no Tivoli, e que minha mãe e tia a tinham ido ver, despreocupadas. Lembro-me da aventura contada por meu pai, de ter ido Baixa abaixo com o Morris bége, das barreiras e dos chaimites.
Lembro-me também de ouvir pela rádio o burburinho no Largo do Carmo, que nem sabia muito bem onde ficava. De gritos e vivas.
Da «Grândola» e da senha (soube-o bem mais tarde) cantada por Paulo de Carvalho.
Mas lembro-me também do Yazalde, e de Ali preparando-se contra Foreman.
Lembro-me que toda a gente parecia genuinamente satisfeita.
E lembro-me do silêncio expressivo de minha avó materna.
Nunca hei-de esquecer a Junta na RTP, nem a marcha musical do M.F.A em still na TV.
É pouco, eu sei, mas a partir daí é sempre a crescer.
Faz hoje 33 anos
Nem sei se nesse dia vesti o camuflado ou não. Só o usava quando tinha de ir à floresta: fosse para levar mantimentos a grupos de combate em operação, fosse para fazer escolta ao médico que ia visitar e dar consulta às populações (não estou a gozar: era mesmo verdade: no meu batalhão instituiu-se isso meio à revelia dos comandos).
Nem sei se nesse dia me cheirou propriamente a alguma bernarda que estivesse para rebentar aqui, onde agora estamos.
Digo isso, e penso que não, porque tinha cá estado de férias um mês e tal antes – e «apanhei» o 16 de Março. Além disso, recebia lá informação de uns amigos que estavam na França e que sabiam muito mais do que nós. Além disso, malta da tropa de Cabinda já nos tinham alertado de que algo iria acontecer. Além disso, havia uma espécie de ligação clandestina de alguns de nós a Luanda (nessa, eu não estava).
Os indícios eram muitos.
Mas o que é facto é que só soubemos mesmo do 25 de Abril como coisa certa e segura e como coisa consolidada no dia 26 pelas 15, quando a «Radio Brazzaville» (leia mesmo à francesa, como deve ser) deu a notícia em grande estilo!
A partir daí, foi um vê-se-te-avias naquele quartel a mudar tudo num instante...
Em 2 de Agosto estava em Luanda à espera de avião – o que levou um tempão.
A 2 de Outubro estava em Lisboa e aterrava na Portela, com o batalhão todo.
Largo do Carmo
Em 1389, Dom Nuno Álvares Pereira, o fidalgo mais abastado de Portugal, compra terrenos à família Pessanha (antigos grandes proprietários da zona por doação do Rei D. Dinis), e aos frades do Convento da Trindade, para aqui construir o Convento que dá nome ao largo.
No século XVI já esta zona está urbanizada em torno dos dois conventos: da Trindade e do Carmo.
O Convento do Carmo é um exemplo da imagem da destruição causada pelo Terramoto de 1755.
Neste largo destacam-se:
- o antigo palácio do conde de Valadares. Por aqui passaram várias instituições, como por exemplo: o Clube Lisbonense (1834 a 1880), local de diversão frequentado pela “fina flôr” de Lisboa, o Liceu Nacional, o Liceu do Carmo, a Escola Veiga Beirão e é hoje a Escola E. B. 2. 3. Fernão Lopes;
- o Pátio onde desemboca, desde Junho de 1902, a ponte metálica do ascensor da travessa de Santa Justa para o largo do Carmo;
- o quartel, que mais não é do que o convento convertido em abrigo militar, em 1834;
- no centro está o chafariz que data de 1796, integrado na obra do Aqueduto das Águas Livres. Quatro colunas, coroadas de cúpula, é recoberto por um baldaquino de pedra composto de quatro arcos redondos sobre pilares.
Também neste largo se encontra a Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo, instalada num vulgar prédio desde 1780. Daqui saía, até 1908, a procissão do Triunfo ou dos Santos Nus.
- Revelar Lisboa
Chapéus, há muitos, ...!
As justificações dadas pela CML ao abate sistematizado e implacável de mais de 100 árvores de grande porte no jardim do Campo Pequeno, lembram-me a rábula em que Vasco Santana diagnosticava mal de fígado às girafas do Zoo, motivo: manchas no corpo. Também os plátanos são manchados. Ou então, aquele pseudo-jardineiro lá de casa, que, de uma assentada, dizimou com serra eléctrica as sebes, as cevadilhas, os hibiscos, dizendo: «na Primavera logo rebentam». Alarve! Não voltas lá.
segunda-feira, abril 23, 2007
Atenção, visitante Nº 17500!
-
«Os livros do Carmo e da Trindade»
23 a 29 de Abril
No próximo dia 23 de Abril comemora-se o Dia Mundial do Livro. Neste mesmo dia, em pleno Largo Trindade Coelho, ao Bairro Alto, inaugura-se a iniciativa Os livros do Carmo e da Trindade.
Graças ao facto de esta venda ser ao ar livre, pensámos que deveríamos proporcionar algo de diferente aos nossos leitores. Assim, para além de termos convidado editores, livreiros e alfarrabistas, entrámos em contacto com a florista Pequeno Jardim e com a BIOCOOP para que esta venda tenha flores e produtos de agricultura biológica à disposição dos seus visitantes. Contudo, como ainda não estávamos inteiramente satisfeitos, resolvemos planear animações de rua e eventos de índole cultural que decorressem em paralelo.
Esperemos que desfrute ao máximo deste evento. (...)
Arcadas sem carros, de dia, finalmente!
Afinal, o estacionamento por debaixo dos prédios encarnados do cruzamento da Av.E.U.A. com a Av.Roma lá continua boqueado, durante o dia, e regressado, durante a noite. Enfim, como não se pode ter tudo (que se resolveria com colocação de pilaretes, claro), já sabe bem circular livremente naqueles passeios nem que seja das 8h-20h.
Câmara de Lisboa falhou coordenação com o Metro e agora a Cidade é que as paga...
Carmona Rodrigues vai abrir o Túnel do Marquês esta semana. Melhor: vai abrir um troço do Túnel do Marquês. O outro troço fica para depois, diz o Presidente da CML que nem se sabe bem para quando, pois depende do reforço da galeria do metropolitano. Leu-se no site da RTP há uns dias: «Questionado sobre a obra de reforço da galeria da Linha Amarela do Metro sob a Avenida Fontes Pereira de Melo, Carmona Rodrigues disse desconhecer quando está prevista esta intervenção, a realizar pelo Metropolitano de Lisboa.
"Tenho indicação de que a obra ainda não foi adjudicada e já deveria ter sido há mais de um ano", afirmou, adiantando desconhecer a razão do atraso».
Ora aqui é que bate o ponto. A CML e especialmente o seu Presidente não podem dizer que não sabem. Não podem dizer que ignoram – pelo menos aquilo que é público. Têm de conhecer pelo menos os dados que o ministério das Obras Públicas e o Metro vêm divulgando publicamente.
E que é o seguinte (veja, por exemplo, o que editei em Fevereiro, aqui):
1
Não fomos nós que começámos uma obra sem saber se podia ir até ao fim. Ou seja: a CML no tempo de Santana não se coordenou com o Metropolitano de Lisboa (ML), agora aguente-se.
2
A obra de reforço desta galeria da Linha Amarela não será antecipada por causa da obra do Túnel do Marquês.
3
O concurso foi lançado, as propostas apresentadas e abertas e há umas semanas encontravam-se em análise na Comissão competente.
4
Aquelas duas entidades (MOPCT e ML) têm dado a entender que no início deste Verão arranca a obra.
5
Têm dito que a obra durará qualquer coisa como um a dois meses. Ponha lá três a quatro meses, com a habitual derrapagem (!). Isso pode significar que, na melhor das hipóteses, lá para Setembro, Outubro deste ano acaba a obra de reforço das galerias da Linha Amarela.
Concluindo:
Há uma grande dose de má vontade do Metro e do ministério para com Lisboa. E não houve a mínima intenção de deixar entender outra coisa nem de facilitar o andamento das coisas. Houve aqui mesmo uma certa arrogância do ministro – vi eu com estes dois o que foi dito por ele e em que circunstâncias e com que semblante…
Talvez daqui por um ano seja possível inaugurar o troço restante do Túnel do Marquês.
Tudo porque no início do processo, em 2002/2003, não houve da parte da CML o discernimento de se entender com o Metro…
Bonito trabalho.
O resultado agora está aí à vista.
domingo, abril 22, 2007
Amanhã, livros baratos, flores e postais
sexta-feira, abril 20, 2007
Sugestão para fim-de-semana solarengo
Jardim Zoológico de Lisboa
Fundado em 1883 e inaugurado em 1884, o Jardim Zoológico de Lisboa foi o primeiro parque com fauna e flora da Península Ibérica. Foram vários os seus fundadores, como os Drs. Pedro van der Laan e José Thomaz Sousa Martins e o Baraão de Kessler, que contaram com o apoio de várias personalidades, como o Rei D. Fernando II e pelo conhecido zoólogo e poeta José Vicente Barboza du Bocage.
As primeiras instalações situaram-se no Parque de São Sebastião da Pedreira, que foi cedido gratuitamente pelos seus proprietários. Em 1905, foram inauguradas as novas e definitivas instalações na Quinta das Laranjeiras.
As inúmeras remessas de animais vindos de África e do Brasil contribuíram para que, ao longo dos anos, o Jardim Zoológico tivesse uma das colecções de animais mais vasta e diversificada. Destacaram-se, na realidade, alguns governadores das ex-províncias ultramarinas no contributo para o enriquecimento da colecção zoológica com exemplares de espécies exóticas, pouco conhecidas e atractivas.
Em 1952, a Câmara Municipal de Lisboa galardoou esta Instituição com a Medalha de Ouro da Cidade.
A queda do regime ditatorial em 1974 e a consequente independência das antigas colónias em África, significou a quebra do forte apoio prestado ao Jardim Zoológico pelas autoridades na diversificação e renovação da colecção animal. Por esta altura, o número de visitantes também diminuiu de forma substancial e ocorreram cortes radicais dos subsídios estatais. Assim, foi necessário desenvolver e implementar uma nova estratégia de gestão para o Jardim Zoológico, adequando-o aos valores e necessidades da época.
Em 1990 a nova política de gestão adoptada pelo Conselho de Administração que tomou posse tinha por objectivos a modernização do espaço do Jardim, assim como dos serviços. Deste modo, foram criadas áreas de trabalho específicas com objectivos próprios, para melhorar a colecção e o bem-estar animal, a sua alimentação e os cuidados médico-veterinários. Em paralelo, foram criados serviços comerciais, de marketing, relações públicas e imprensa, de modo a dinamizar o Parque como parceiro privilegiado das empresas. Promover a educação para a conservação junto do público visitante era, também, uma das principais preocupações, que rapidamente mereceu a criação de um serviço próprio, o Centro Pedagógico.
Hoje em dia, o Jardim Zoológico é um importante espaço onde aliada à conservação e à educação está uma forte componente de entretenimento e diversão. No parque habitam várias espécies de mamíferos, aves, répteis e anfíbios. Das cerca de 360 espécies do Jardim Zoológico, 54 são EEP's.
- Jardim Zoológico de Lisboa
Informações adicionais
Armas, brasão e bandeira de Lisboa
Muito antes de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, ter dado o primeiro foral à cidade de Lisboa, em Maio de 1179, já esta cidade possuía uma vastíssima história.
Os ocupantes fenícios que habitavam o monte onde se encontra actualmente o Castelo de S. Jorge, chamavam a sua colónia de Alis ubbo. Aquando da ocupação romana, em 205 A.C., o seu nome passou a ser Felicitas Julia.
Após a passagem dos povos nórdicos, nomeadamente dos visigodos, a permanência árabe deixou vestígios indeléveis. Desta época remonta o nome de Aschbouna, enquanto os lusitanos, habitantes originais desta zona da Península Ibérica, sempre conheceram esta povoação por Olisipone ou Olissipo, facto que a fértil imaginação dos povos prontamente associou a uma passagem do mítico herói Ulisses por estas paragens.
Com toda esta vastíssima história, é perfeitamente natural que a cidade de Lisboa já possuísse um símbolo algum tempo antes da criação oficial deste. De facto, a insígnia da cidade era simplesmente uma nau, tal como em inúmeras outras cidades ribeirinhas, possuindo apenas ligeiras diferenças a nível de desenho. Assim, para além da nau, Lisboa seria representada por duas aves, um corvo e uma águia, à proa e à popa da embarcação, respectivamente.
Com o tempo, este brasão transformou-se e as aves que adornavam a nau passaram a ser, simplesmente, dois corvos. A explicação correntemente aceite para tal facto reporta-se à nau que transportou os restos mortais do mártir S. Vicente, que viajou do Algarve para Lisboa numa nau, sempre acompanhada por dois corvos que a protegeram e indicaram o caminho seguro até ao destino.
A partir do reinado de D. Manuel, a cidade de Lisboa passou a utilizar um escudo bi-partido, tendo do lado direito as armas reais e na parte superior esquerda a nau com os dois corvos, por cima da divisa do monarca - a esfera armilar, o escudo e a coroa real. Foi apenas em 1897 que a cidade requisitou um alvará que lhe concedesse oficialmente um brasão de armas.
Mais recentemente, em 1940, uma vez ouvida a Associação de Arqueólogos Portugueses, chegou-se à representação actual do brasão de armas da cidade de Lisboa:
"de ouro, com um barco exteriormente de negro, realçado de prata e interiormente de prata realçado de negro, mastreado e encordado de negro com uma vela ferrada de cinco bolsas de prata. A popa e a proa rematada por dois corvos de negro, aprontados, leme de negro realçado de prata. O barco assente num mar de sete faixas onduladas, quatro de verde e três de de prata. Coroa mural de ouro de cinco torres. Colar da Torre e Espada, listal branco; com os dizeres: 'Mui nobre e sempre leal cidade de Lisboa', de negro".
A bandeira da cidade é assim descrita:
"Quarteada de quatro peças de branco e quatro de negro, cordões e borlas de prata e negro, haste e lança douradas."
- Texto adaptado de Roteiro de Lisboa - Guia Cultural, Ruas, Serviços Públicos, Edições Anuário, Lisboa, 1987 (7a. edição).
Olha o novo terminal de cruzeiros!
quinta-feira, abril 19, 2007
Lisboa, luz e intimidade
Há imagens de Lisboa que apetece guardar no olhar. Estas são assim.
O autor, bloguista e apaixonado pela Cidade, produz cada magnífica sequência que me encanta e me enche o espírito.
Por vezes vou lá regalar-me, dar de comer aos olhos.
São imagens de grande força, em geral. Escolhi estas, por acaso. Podiam ser outras. Há lá muitas. Todas de Lisboa.
Apetece escrever: Lisboalisboalisboalisboa…
Neste concreto caso, Luís Miguel Correia faz um passeio de máquina em punho a partir do Chiado… Uma coisa bela.
Como alguém comentou naquele blog: «Magníficas fotografias de lugares muito familiares!», ao que o fotógrafo-autor respondeu: «Além dos lugares e das fotografias há a luz que é muito boa em Lisboa, e o meu entusiasmo pela cidade. De preferência com água à volta...».
E de facto há por lá outras belíssimas imagens do Tejo também. Ou melhor:do Tejo visto da Cidade.
Vale a pena uma visita.
Noutra apreciação, o autor é estimulado desta forma: «As suas fotografias conseguem sempre ver o OUTRO LADO das coisas!»
Dos sítios, diria eu.
Melhor: da alma dos sítios.
Gosto do que vejo.
Odisseia nas travessas da República
Descendo a João XXI em direcção ao Campo Pequeno e sendo proibido virar à esquerda (até aqui tudo normal nos tempos que correm), demorei 40 minutos para chegar à faixa lateral do Campo Pequeno e entrar para estacionar o meu inseparável Panda no Centro Comercial da Praça de Touros. Até lá chegar, notei que os semáforos de atravessamento da República estão quase sempre vermelhos, sendo que o verde, também político-rodoviariamente falando, deveria ser igualmente respeitado.
A saída a pé do parque "C-1" do dito CC é sensacional: há que atravessar um túnel em betão imenso, estreito e sinuoso, coisa parecida com os acessos ao "bunker" do Hitler que a TV às vezes nos mostra.
Chegado cá fora, outra aventura: o jardim do lado da Defensores de Chaves está ocupado por um estaleiro de qualquer coisa, devidamente protegido por uma forte vedação. Contornado este obstáculo, lá consegui atravessar para a CGD, na passadeira de peões, as oito faixas de rodagem, serpenteando por entre os engarrafados. De passagem perguntei a um condutor (que vinha da Av. de Berna) se tinha ocorrido algum acidente. "Não, isto é mesmo assim todos os dias", desabafou ele resignado.
Mais tarde, de regresso da Culturgest, entrei novamente pelo dito túnel pedonal. Erro meu: a porta blindada no fim do labirinto estava fechada por dentro! Diriji-me então aos dois elevadores da "Zona C". Tento o primeiro e depois o segundo: népias! Os ascensores não param no Piso -1, por avaria (viria depois a saber). De regresso à superfície, tento um segundo túnel/labirinto: lá ao fundo, finalmente abro uma porta! - e eis-me a entrar, não no parque de estacionamento, mas numa sala de cinema às escuras, em pleno funcionamento!
Resultado: fui buscar o carro utilizando uma rampa de acesso para os automóveis e depois de ter dado duas voltas ao redondel para encontrar a saída (odisseia em tudo idêntica àquela que se vive nos estacionamentos dos estádios do Sporting e do Benfica), lá consegui finalmente ver de novo a luz do dia, feliz e contente por não ter encontrado naqueles subterrâneos desérticos, algum touro ou carteirista.
Ainda com a publicidade da EPUL nos ouvidos ("Praça de Entrecampos -* A vida mais perto de tudo"), consigo inverter a marcha no caos da rotunda de Entrecampos e, de regresso à República, meto-me pela faixa lateral (onde o tráfego se escoa muito melhor até ao Saldanha do que pelo túnel - e não há radares!), eis-me chegado às obras do Metro na Duque d'Avila e obrigado - com traço contínuo e tudo - a misturar-me com os autocarros da Carris, sem hipótese de escapar da faixa "Bus". Felizmente que não fui multado, até porque, como todos sabemos, a Polícia de Trânsito e a Municipal têm mais assuntos importantes com que se ocupar em horas de ponta.
Atrás de um autocarro com indicativo "727" (deve ser uma homenagem ao avião da Boeing, pensei), lembrei-me do velho "27" que, vindo do Bairro de S. Miguel, me deixava no Liceu Camões e seguia para o Restelo.
Nesses tempos era bom frequentar a República, olhar para os seus prédios bonitos e harmoniosos, dava gosto parar e ir tomar uma bica à Versailles, à Ceuta ou ao Sequeira e conspirar contra a ditadura.
Hoje, para quem vem do Marquês de Pombal, a República é uma via sem saída. À medida que nos afastamos da Liberdade, por entre túneis, obras e mamarrachos, em frente temos a memória da Guerra Peninsular e só três saídas possíveis: virar à direita para os EUA, cortar à esquerda para as Forças Armadas, ou seguir em frente pelo buraco. Triste sina!
Luís Coimbra
Convento da Boa-Hora ou ...
O convento foi fundado em 1633 por D. Luís de Castro do Rio, mecenas, no antigo sítio conhecido por Pátio das Comédias contíguo ao Palácio do Conde de Barbacena.
Por volta de 1630 albergaram-se 13 padres dominicanos irlandeses até serem transferidos para uma nova casa no Corpo Santo em 1659.
O convento foi então cedido aos irmãos Oratonianos da Congregação de S. Filipe de Néri que aí permaneceram até 1677.
Após essa data transferiram-se para o Convento da Boa Hora os Reverendos Agostinhos Descalços, que entraram em Portugal sob a protecção da rainha D. Luísa de Gusmão.
Com o terramoto de 1755, ficou o edifício muito danificado sofrendo uma reconstrução posterior. Com a extinção das Ordens Religiosas em 1834, o convento serviu de quartel do 1º Batalhão dos Voluntários do Comércio, passando para a posse da então chamada Guarda Nacional de Lisboa e por fim a Tribunal, na dependência do Ministério da Justiça.
Localização
Calçada de São Francisco nº 39, Largo da Boa Hora nº 1, Rua Nova do Almada nº 17-45
Data
Séc.XVIII
- Revelar Lisboa
Lágrimas de crocodilo
«As árvores foram seriamente atingidas pelas obras, as raízes estão irremediavelmente afectadas; as árvores ameaçam cair sobre os transeuntes, a morte está anunciada; temos muita pena.»
Constatação no local: os plátanos de grande porte, sitos nos passeios laterais, e nas alamedas exteriores e canteiros topo-sul não foram afectados por nenhuma obra, pela simples razão que ali nunca houve obra alguma. Reabilitar um jardim é arranjá-lo: reparar cercas, reabrir bicas, plantar flores e mais árvores, cuidar das que existem, levantar o alcatrão das alamedas e substituí-lo por gravilha adequada, abrir quisoques com gosto, cuidar dos bancos. Reabilitar um jardim não é serrar árvores, ainda por cima com copa que demora 30-40 anos a formar. Vão estagiar a França, S.F.F.
The trees, like lungs, filling with air. My sister - the mean one - pulling my hair. («Virgens Suicidas», 1999)
quarta-feira, abril 18, 2007
Era bom era. Vamos todos acreditar. Não custa nada
Na mesma carruagem do Metro, um acordeonista debitava «Somewhere over the rainbow», em versão sanfona. Enquanto isso, no tecto, dependuradas folhas A4 diziam «Pense amarelo! Separe. Nós cuidamos do resto», assinado, Valorsul. Cheira a déjà vu.
Um punhado de imprecisões na sessão da OA sobre o Parque Mayer
2. Parece haver alguma hipocrisia dos responsáveis do J.Botânico quantos aos efeitos nocivos de projectos potencialmente perigosos para ele, como sejam os dos planos de pormenor do Parque Mayer e do Palacete Ribeiro da Cunha.
3. Parece que todos se esquecem que quem tutela o Jardim Botânico é a Universidade de Lisboa. Ou seja, a sua posição revela-se crucial ... basta ver-se o que passou em 1970, quando um determinado projecto para o P.Mayer foi recusado devido a parecer negativo da reitoria da UL.
4. O Capitólio, pode-se afirmar com certeza (a certeza de declarações orais e escritas de CR), é para ficar e para recuperar. Quando e como, já será outro assunto.
5. Quando se diz que o IPPAR vem sendo mera figura de corpo presente, esquece-se a CCDR-LVT.
Mais aqui
Coisas estranhas nesta coisa do curso de José Sócrates
Onde páram os radares?
terça-feira, abril 17, 2007
Ainda a «reabilitação» do jardim do Campo Pequeno
1. Quem é o engenheiro florestal que garante que há 97 árvores a precisarem de ser abatidas?
2. Se houver alguma árvore que venha a morrer, então que a deixem morrer primeiro. Porque antecipar-se a CML à Natureza?
3. A Soc.Reabilitação do Campo Pequeno quer vender madeira para com a receita reconstruir o jardim? Estamos no reino do faz-de-conta?
Texto editado
Nota: há uma sondagem a decorrer no Cidadania Lx
Apolo 70
Tudo isso se foi. Mas ficaram as boas recordações de alguns filmes inesquecíveis: «Barry Lyndon», «À Beira do Fim» («Soylent Green»), «Fernão Capelo Gaivota», «Dia de Cão» («Dog Day Afternoon») e «Sonhos», por exemplo.
Foto: Arquivo Municipal
segunda-feira, abril 16, 2007
Um dia o Campo Pequeno foi assim?!
Mas a coisa começa mal: anuncia-se o abate de 97 plátanos, o que significa que 1/3 das árvores existentes daquela magnífica espécie irão ser abatidas, pois já estão marcadas! Só por si é grave, sim, mas aliado à justificação adiantada é esquisito, senão veja-se:
Diz-se que há árvores afectadas com as obras efectuadas durante quase uma década. Como se não vêem muitas mossas nas árvores que lá estão (à excepção daquelas que foram abatidas na altura, no topo norte, e que todos negaram, menos as fotos comparativas), adianta-se que veremos os "efeitos a médio-longo prazo".
Agradece-se a atenção prospectiva, mas não colhe, porque depois se diz que serão abatidas árvores nas alamedas. Como é isso possível se nunca houve obras nas alamedas? E, depois, como é possível marcar-se para abate "árvores-palito" recentemente colocadas pelo promotor no topo norte, depois das obras terem sido dadas por findas?
Não será antes que por força de algum erro de construção haja alguma fissura, alguma infiltração na estrutura do centro comercial, ou no parque de estacionamento, e agora se queira emendar o erro à custa das árvores? Por favor, não abatam os plátanos, e não tomem as pessoas por parvas! Se há erros estruturais, descosam-se!
Mais e mais conduta
Sporting: José Sá Fernandes ameaça com queixa
Se a CML aprovar um loteamento de construção para o clube
"(..) Em causa, está uma área de 80.000 metros quadrados de construção que a CML se prepara para atribuir ao Sporting Clube de Portugal numa reunião extraordinária convocada para segunda-feira, «prescindindo das obrigatórias cedências para o domínio municipal de espaços verdes e equipamentos colectivos de cerca de 40.000 metros quadrados».
«Numa zona altamente betonizada, sem uma árvore ou escola, a CML, sem nenhuma razão objectiva, pretende favorecer ilegalmente um clube de futebol, em prejuízo da cidade», denuncia o gabinete do vereador bloquista em comunicado.
«Caso a CML tenha a ousadia de aprovar o loteamento em causa, sem obrigar o Sporting a ceder as correspondentes áreas de terrenos para equipamentos colectivos e espaços verdes», José Sá Fernandes «informará de imediato o ministério público para uma intervenção urgente sobre mais esta vergonha urbanística», lê-se no documento. (...)
O mesmo gabinete defende que «para a área de construção em causa» deviam ser contabilizados «os metros quadrados ocupados pelo Centro Comercial Alvaláxia, a sede da empresa de construção civil OPCA e a sede da EPUL» e que a CML não contabiliza como área de construção, considerando esses espaços como «áreas para fins desportivos».
Chama igualmente atenção para o facto de todas as infra-estruturas que servem a urbanização terem sido «pagas ou cedidas pelo Estado ou pela CML - como por exemplo os arruamentos».
«Independentemente do discutível estilo arquitectónico proposto - prédios em forma de suportes de papel higiénico - e de não se preverem as necessárias zonas para estacionamento, uma coisa é certa: a zona em causa precisa de espaços verdes e de equipamentos colectivos, pertença da cidade e ao serviço de todos os cidadãos», insiste. (...)"
domingo, abril 15, 2007
Câmara de Lisboa, 2007
Na Câmara de Lisboa, ninguém quer baixar a fasquia de se produzir a média de uma bronca por dia. Esta semana que passou, por exemplo, não fugiu à regra:
Segunda, 9
Rebenta a bomba das contratações de favor. PJ parece que vai finalmente investigar a contratação de malta do PSD em multidões para certos gabinetes de vereadores e analisar essa questão de excesso de horas extra. Pode ler aqui.
Terça, 10
É conhecido o 1º Relatório sobre o Parque da Bela Vista, da responsabilidade do respectivo Observatório. Muito preocupante. E é ali mesmo que a CML quer que se realize em 19 de Maio o «Festival» Creamfields! Pode ler aqui. Clique no título do post para ceder ao Relatório.
Ainda por cima, sabe-se que a CML vai prescindir de taxas no valor de 3,5 milhões de euros…
Quarta, 11
O atelier de Jorge Silva recusa-se a continuar a fazer a Agenda Cultural da CML por falta de pagamento, segundo o ‘Público’. Leia aqui.
Quinta,12
É pedida a nulidade das nomeações de dois administradores da EPUL feita por Carmona Rodrigues. Quem a pede? Dois vereadores do PS, mas da linha não-Concelhia-de-Lisboa: Nuno Gaioso Ribeiro, militante do PS, administrador e jurista, e Isabel Seabra, independente, arquitecta. Pode ler aqui e aqui.
Sexta, 13
Soube-se hoje que um presidente de Junta de Lisboa (São José) é assessor de comunicação de um novel vereador do PSD. Nada do outro mundo? Mas como presidente de JF é deputado municipal e deveria fiscalizar o seu novel patrão na CML Incompatibilidade à vista. Diz ele que vai deixar a Junta. Mas ao mesmo tempo diz que é assessor à borla. Para pior, este vereador está apenas em trânsito: é substituto de um dos suspensos por serem arguidos. Falta de confiança no desenrolar do processo? Julgará este presidente de Junta que este vereador vai ficar e que o outro já não regressa? Que desorientação... (Veja no ‘DN’ / papel desse dia o artigo deLuisa Botinas – que não passou para o on line).
Sábado, 14
Maria João Lopo de Carvalho, ex-amiga da CML, assessora de Santana, dona da empresa que leva às escolas o inglês do enriquecimento curricular diz que vai acabar com as aulas: a CML não paga. (Não encontrei o link no ‘Expresso’ on line: leia na edição impressa mesmo, pág. 47).
Domingo (hoje), 15
Piscina de São Vicente pode fechar por falta de pagamento da CML. No ‘Público’, reproduzido aqui.
Uff!
sábado, abril 14, 2007
sexta-feira, abril 13, 2007
Solução para o excesso de trânsito...
«Sorte acompanha o Casino Lisboa»
Fonte: Correio da Manhã
Túnel do Marquês abre dia 25 de Abril
A saída do túnel para a avenida António Augusto de Aguiar não vai abrir na mesma altura, uma vez que falta ainda escavar uma extensão de cem metros na avenida Fontes Pereira de Melo, um trabalho condicionado pelas obras de reforço da galeria da Linha Amarela do Metropolitano de Lisboa, que passa a escassos metros do túnel.(...)
Na altura, o vereador com o pelouro das obras municipais, Pedro Feist (PSD), afirmou que "não houve derrapagem" nos custos da obra em si, mas um atraso de "dois anos e meio" na construção, motivado pela providência cautelar interposta por José Sá Fernandes, hoje vereador do Bloco de Esquerda na câmara, e por atrasos do empreiteiro.
(...)
(M Isabel Goulão)