sexta-feira, outubro 17, 2008

QUEM NÃO QUER SER LOBO NÃO LHE VESTE A PELE

Vai para três anos, soube-se que o grupo Tertir solicitou ao Governo que clarificasse a sua posição sobre a localização da actividade portuária, porque estava insatisfeita com a ideia de ter de deslocar o terminal de contentores portuário para fora de Lisboa. Estava na altura em causa a meritória ideia de “devolver" a área ribeirinha à população de Lisboa.

A Tertir era então proprietária da Liscont e, para além de não desejar suportar os custos inerentes à construção de uma nova central de contentores, tinha óbvio interesse na renovação da concessão de Alcântara. Claro que a Tertir ficou sem resposta, o Governo calou-se muito bem caladinho, sempre brandindo o ideal da libertação da zona ribeirinha para uma nova era de lazer, a que de resto os lisboetas aspiram há décadas.

Então o que fez a Tertir? Em 2007, vendeu a sua posição na Liscont à Mota-Engil, que assim passou a controlar a empresa. E é justamente aqui que importa esclarecer: como é que antes a renovação do contrato de concessão desejada pela Tertir era impossível por força da estratégia de libertação da zona ribeirinha e, assim que a Liscont passa para as mãos da Mota-Engil, o contrato de concessão é logo celebrado, ainda por cima com condições mais favoráveis e sem concurso público?

Destes factos pode concluir-se, em primeiro lugar, que para o PS Lisboa é carne para canhão de negócios e, em segundo lugar que há um dado novo, que parece ter alterado tudo: Jorge Coelho na Mota Engil. Claro que o silêncio de outrora vai regressar. O silêncio sempre foi o método de explicação dos negócios públicos inexplicáveis. Pela comunicação social passou vagamente uma reacção do PSD, que se revelou até agora inconsequente. Nem sequer o Bloco de Esquerda se lembrou de tentar um inquérito parlamentar, não fosse José Sá Fernandes na Câmara fugir ainda mais de controlo. E depois, venham-me cá com belos discursos…

(publicado no Democracia Liberal e no Tomar Partido)

3 comentários:

Luís Serpa disse...

O que se está e vai passar com o Terminal de Contentores de Alcântara é nauseante, revoltante, repulsivo.

Mas parece-me que estamos condenados, infelizmente. A nossa classe política sabe bem que OTAs só aparecem uma vez mil. As outras 999 são elas que ganham.

Anónimo disse...

Eles conhecem bem o povo que governam...............

Anónimo disse...

-extraordinário!

«Nem sequer o Bloco de Esquerda se lembrou de tentar um inquérito parlamentar, não fosse José Sá Fernandes na Câmara fugir ainda mais de controlo.» ;)