«Terceira travessia: projecto afecta dois monumentos nacionais
E 56 imóveis com valor patrimonial em Lisboa
A construção da Terceira Travessia sobre o Tejo (TTT) vai afectar 56 edifícios com valor patrimonial em Lisboa, incluindo dois monumentos nacionais, refere o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) que está desde esta segunda-feira em consulta pública.
A TTT vai ter duas vias para a alta velocidade, mais duas destinadas ao caminho-de-ferro convencional e uma nova ligação rodoviária.
O projecto atravessa cinco concelhos e 19 freguesias: Lisboa (Santa Maria dos Olivais, S. João de Brito, Marvila, Alvalade, Alto do Pina, S. João de Deus e Beato), Loures (Sacavém e Moscavide), Barreiro (Santo António da Charneca, Santo André, Alto do Seixalinho, Barreiro e Lavradio), Seixal (Arrentela e Aldeia de Paio Pires) e Moita (Baixa da Banheira, Vale de Amoreira e Alhos Vedros), sendo a forte ocupação urbana das margens uma das principais condicionantes da obra, a par da intensa actividade náutica e portuária.
Navegalibilidade em risco
«Também o desenho dos múltiplos acessos da ponte em ambas as margens se apresenta muito condicionado e possui elevada complexidade técnica, sobretudo pela ocupação urbana, proximidade de património classificado e necessidade de desnivelamento das diferentes vias ferroviárias e rodoviárias que convergem para a ponte», salienta o documento.
O EIA identifica 56 valores patrimoniais na área envolvente ao projecto, sem especificar quais são: 31 estão contemplados no Plano Director Municipal de Lisboa, sendo que dois estão classificados como Monumento Nacional e quatro são Imóveis de Interesse Público, e 25 não têm classificação patrimonial.
Um dos impactos mais significativos é o Convento das Grilas/Manutenção Militar. O EIA perspectiva também «alguns problemas sociais comuns neste tipo de obras decorrentes das incomodidades associadas ao processo de expropriações e às actividades de construção».
Na margem Sul, o traçado envolve duas soluções alternativas, designadas por Solução A (Nascente) e Solução B (Poente).
A Solução A insere-se no corredor da Av. das Nacionalizações, enquanto a Solução B contorna por poente o núcleo urbano do Lavradio.
A análise do EIA conclui que a Solução B é a mais favorável, devido ao maior afastamento de aglomerados urbanos, menor destruição de edifícios durante a fase de construção e maior compatibilização com os instrumentos de ordenamento do território em vigor.
Zonas mais afectadas
As zonas urbanas mais afectados localizam-se, na margem Norte entre a Estação do Oriente e Moscavide, entre a Estação do Oriente e Braço de Prata, entre Braço de Prata e Marvila, na zona da Madre Deus e na zona de Chelas e, na margem Sul, na zona do Lavradio e do Alto do Seixalinho.
Outro efeito negativo da construção da TTT é o abate de sobreiros numa área de montado com quatro hectares situada na zona do Barreiro, que deverá ser compensado com a rearborização de uma área equivalente acrescida de 25 por cento.
O projecto compreende o troço da rede ferroviária de Alta Velocidade entre Lisboa (Moscavide) e a Moita, numa extensão de 19,7 km, estabelecendo a ligação entre o troço Lisboa/Alenquer (Ota) do Eixo Lisboa/Porto, a Norte, e o troço Moita/Montemor-o-Novo do Eixo Lisboa/Madrid, a Sul.
Caminho-de-ferro
O caminho-de-ferro convencional, com cerca de 15,4 quilómetros de comprimento entre Lisboa (Moscavide) e Barreiro (Lavradio), estabelece a ligação entre as linhas de Cintura e do Norte, em Lisboa, e a Linha do Alentejo, no Barreiro.
A componente rodoviária, com uma extensão de 15,5 quilómetros, desenvolve-se entre o nó da Av. Santo Condestável com a Av. Marechal Gomes da Costa, em Lisboa, e o IC21 até à Quinta da Lomba, no Barreiro. Terá também uma ligação entre o Seixal e o Barreiro, com uma extensão de 4,6 km, que inclui uma travessia.
Sem comentários:
Enviar um comentário