– As campanhas eleitorais e os processos eleitorais que se seguem exigirão necessariamente uma postura diferente de todos os partidos políticos e movimentos de cidadãos. A ‘engenharia’ pessoal de certos apoios tem de ficar definitivamente arredada em nome do bem comum, que exige que as escolhas sejam firmes, consistentes e até – porque não? – referenciais nas suas áreas de actuação. Poderá ter chegado a vez, os tempos, de os homens realmente sérios serem a regra e não a excepção. Mais por exigência da população a que as organizações políticas têm de responder, sob pena de censura nas urnas. Com o contexto que temos não sobra grande espaço para aventuras e gritarias de listas.
Não é impossível imaginar ou recriar um diálogo entre o Principezinho e a Raposa, adaptando-o à nossa realidade: "Que se passa naquele País?" – perguntaria o Principezinho.
– "Pela primeira vez não sei" – responderia a Raposa, que continuaria: – "Tantos se aproveitam, fingem, fazem teatro e as pessoas continuam a acreditar nelas. Sinto que isto está a mudar, mas não sei para onde nem como."
O Cidadão pura e simplesmente já não se vai rever na teia de jogos e compadrios para um qualquer lugar de qualquer listazinha ou de apoios comprometidos em troca de cómodas administrações. E ele há certas impunidades que também já não são compatíveis com estes tempos. Não vão acabar bem e as responsabilidades vão acabar por ser assacadas, como ultimamente se vai vendo, ainda que de forma tímida.
A Democracia tem de arranjar forças para se regenerar, sob pena de completa ingovernabilidade, de aumento da nossa pobreza e diminuição da nossa liberdade.
Se não temos de ser fatalistas sobre o nosso futuro, também não lhe podemos ser indiferentes e muito menos irresponsáveis. Ainda há pessoas sérias e competentes que não se deslumbram com o Poder e assumem o serviço público. A responsabilidade estará nos projectos e nas escolhas. O resto, incluindo os compromissos pequenos, pessoais, o aproveitamentozinho, o folclore, a demagogia, tudo cerzido numa teia de interesses, esperemos que não seja transformado em regra, já que pedir que acabe é utópico.
Esses compromissos não os queremos. Queremos O Compromisso. Veremos.
2 comentários:
Muito curioso que Alegre ache óptimas as candidaturas independentes nas eleições para a AR, mas ache que as candidaturas independentes para as autarquias se devam dissolver nas candidaturas partidárias.
Isto é que é coerência.
Das declarações de Fernando Rosas que ontem ouvi na SIC Notícias, percebi que o Bloco e Helena Roseta andaram em conversações para a arquitecta ser candidata à CML pelo Bloco.
Essas conversações não tiveram sucesso.
Entre o Bloco e a gestão da CML de António Costa, também segundo Fernando Rosas, há um mundo que os separa.
Recapitulando: Helena Roseta, que andou em negociações com o Bloco, cujo Bloco está em completo desacordo com a actual CML, acabou candidata pela actual lista da CML, casamento apadrinhado por Manuel Alegre.
É assim a política dos que, ainda por cima, costumam ter a pretensão de vir dar lições de coerência e de princípios na política.
Desejo-lhes mais vergonha na cara.
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