sábado, janeiro 29, 2011

Apontamentos de Lisboa

Um grande entre pequenos e um pequeno entre grandes.
.
Os prédios de cima têm a frente para a Av. da República e as traseiras para a R. de Entrecampos. Os de baixo têm a frente para a R. de Entrecampos e as traseiras para a Av. da República.

quinta-feira, janeiro 27, 2011

Mas um dia vai mudar...

Anteontem, fazia um frio medonho. Cumpri as rotinas: comprei os jornais, três, fui à pastelaria e sentei-me na mesa habitual, junto à vitrina maior. Estava embaciada e o interior do estabelecimento cheirava a café como lhe cumpre. Os clientes do costume e o ambiente de concerto falhado. O correio trouxera-me um livro de Ruben A., Um Adeus aos Deuses, editado pela devoção atenta de Liberto Cruz, chancela da Assírio & Alvim, e prefácio de Rosado Fernandes. Gostava muito do Ruben: do seu inesgotável talento para interpretar as coisas da vida, do júbilo esfuziante com que se movia, como andava, rápido, ziguezagueante, sorriso prazenteiro, transeunte sempre apressado.

Entrava na Redacção do Diário Popular, cumprimentava de fugida, sentava-se, invariavelmente, nas mesas de três jornalistas: Jacinto Baptista, José de Freitas e na minha. Por minutos. Não tinha tempo para obscuros devaneios. "Tudo na mesma. Mas um dia vai mudar. Não sei é quando." Três frases que resumiam analogias procuradas, desejos discretos, o pulsar agitado de um coração em permanente alvoroço.

Salazar detestava-o, tanto quanto ao estilo de que se servia para dizer o mundo. Despediu-o. "Este homem é destrambelhado." Não percebia a grandeza do funcionário. Tal como Marcelo Caetano injuriara Raul Brandão e o Húmus, num texto vergonhoso por ignorante e sórdido. Os tiranos execram aqueles que escapam às suas esquadrias. Ruben, sobre ser um prosador incomum, um romancista, um memorialista e um cronista de primeiríssima água, especializara-se em D. Pedro V, sua paixão de embalar.

"Tudo na mesma. Mas um dia vai mudar. Não sei é quando." Na pastelaria de bairro, sentado na segunda-feira de todas as decepções, recordo o amigo que batalhou contra as superstições da época, utilizando o adjectivo como modo de tomar partido e as espantosas criatividade e imaginação para se proteger da infâmia do tempo. Um Adeus aos Deuses é um livro único e, simultaneamente, a comovida expressão de quem ambiciona fugir para os seus mitos a fim de se refugiar das violências da realidade. A música que Ruben A. possuía era-lhe própria e sistema de exclusividade. A sensibilidade ilimitada de um criador extraordinário, cujo estilo é o particular panteísmo de quem quer ter a lua junto de si.

Na manhã de segunda-feira, no after day acabrunhado que nos impingem como novidade e festa manifesta-se, pegajosa e escorregadia, a nefasta tristeza de um dia que se continua a outros dias glaucos e viscosos. Revejo-o, saltitante, sorridente, célere a entrar na Redacção. Vai ali e vem já. Entrega o original e corre para a a saída. Ruben A. A recordação de épocas felizes, porque alagadas de esperança, sobrevém a todas as nefastas melancolias.



In Diário de Notícias

Ainda o Comércio da Baixa

No rescaldo da interessante conferência havida há uma semana no Centro Nacional de Cultura, sob o tema “Lojas da Baixa e Chiado” e os auspícios de projecto homónimo em boa hora lançado pelo Gabinete de Estudos Olisiponenses (http://geo.cm-lisboa.pt), i.e., pelos empenhados Guilherme Pereira, Judite Reis e Luís Pavão (fotos), dou-me por digerindo não as coisas boas que foram ditas mas as que talvez devessem ter sido ditas e, sobretudo, aquelas que o foram, de alguma assistência, mas para as quais já não há pachorra. Começando pelo fim:

Não há paciência para a síndrome dos que crêem, conscientemente (?), que a culpa do comércio da Baixa estar como está é do popó não poder circular e estacionar por todo o lado, como “antigamente”. Ora, dantes não se dava popós em concursos televisivos nem havia Metropolitano até ao centro da Baixa, nem havia tanto parque de estacionamento subterrâneo. É triste, por isso, haver quem se agarre a esse argumento capcioso, até porque andar a pé e subir e descer escadas só faz é bem, a começar porque se combate a obesidade.

O que se passa é que o comércio da Baixa (e o Chiado é toda uma outra realidade) não atrai a generalidade dos potenciais clientes, e não atrai porque a sua qualidade, preço e simpatia no serviço de venda está abaixo do exigível pelo consumidor mediano. Os horários de funcionamento são incompatíveis com uma Baixa que se deseja “poder levar uma volta”. As cargas e descargas são feitas a más horas. Os interiores das lojas, as publicidades e as esplanadas, a trouxe-mouxe. À noite é o deserto. Mas há excepções à regra.

Faltou dizer, porque extravasava o âmbito do projecto em apreço, que a CML tem na gaveta a implementação de uma proposta aprovada em Abril de 2009 em que se deliberou dar corpo ao apoio de facto ao comércio tradicional “traduzido na efectivação de acções de acompanhamento, formação e aconselhamento” e “atribuição de incentivos financeiros às empresas comerciais, parte a fundo perdido, parte reembolsável, em moldes e percentagem a definir pela CML, que se traduzam na redução ou isenção de taxas, permitindo aos comerciantes efectuar as pequenas obras consideradas necessárias à manutenção e à preservação das características que balizam o estatuto de comércio tradicional”.

É grave que assim continue, porque talvez a CML tivesse agido no processo do último correeiro da R. dos Correeiros, que fechou porque a CML se desinteressou de o classificar enquanto património municipal intangível, e de defender junto do hoteleiro que comprou o prédio a sua permanência no local, facto que só enobreceria o hotel, aliás. Falta de visão e de empenho. Um sinal de mudança de atitude da CML em relação às “Lojas da Baixa e Chiado” seria a publicação deste levantamento do GEO. Será?



In Jornal de Notícias (27/1/2011)

quarta-feira, janeiro 26, 2011

As duas "CML"

Como a CML trata as passadeiras da cidade
.
Como a CML trata as passadeiras da cidade
.

A PROPÓSITO do post de hoje de MJR, aqui se mostra o estado de duas passadeiras, ambas aos cuidados de uma CML. Num dos casos, o L é de Lisboa, e no outro é de Lagos.

Bons exemplos lá de fora








Fonte: AE

Notas de desalento e esperança no actual contexto imobiliário - I

Chegado por e-mail:

«Por Francisco Silva Carvalho
PTSM - Advogados

I - O contexto actual: degradação do património e congelamento das rendas

No meio da crise, constatamos com pesar e impotência a progressiva degradação do parque imobiliário das cidades.

No centro e zonas mais nobres de Lisboa, por exemplo, é deprimente assistir, diariamente, ao espectáculo de dezenas, centenas de prédios, de construção e arquitectura magníficas, vazios, semi-devolutos, ocupados por três ou quatro inquilinos. E de todos os arrendamentos somados, o proprietário de um desses edifícios recebe menos de 200 euros por mês, quando, no prédio ao lado, o m2 de arrendamento para comércio e serviços é de 18 euros e para habitação de 13 euros.

Este é o cenário que temos desde a inflação galopante dos anos após 25 de Abril de 1974, que, conjuntamente com os arrendamentos vinculísticos e o congelamento das rendas, arruinou os proprietários, destruiu o mercado imobiliário nos centros das cidades, obrigou duas gerações a empenhar o futuro para comprar casa própria, e estimulou a construção desenfreada que contribuiu para a ruína económica e moral do país.

A última reforma do arrendamento urbano, de 2006 (o “NRAU”), foi mais um logro: segundo números de Novembro de 2010, divulgados pelo Diário Económico, desde a entrada em vigor do NRAU, foram actualizadas 2.614 rendas num universo de 429 mil rendas antigas anteriores a 1990! Num artigo próximo, abordarei as razões que justificam a relutância dos proprietários em actualizar as referidas rendas.

Neste contexto, e no do crédito fácil e barato, os investidores e promotores imobiliários dedicaram-se, durante os últimos anos, à construção nova e à compra e venda para habitação. O arrendamento ficou circunscrito aos sectores não habitacionais, de comércio e serviços.

II – A reabilitação urbana

Hoje, com o congelamento do crédito e a estagnação do mercado imobiliário, é consensual que a solução passa, necessariamente, pela reabilitação urbana. Os olhos de todos voltaram-se para o património degradado das cidades. Contudo, a reabilitação urbana é cara, demorada, e os incentivos fiscais instituídos pelo OE de 2009 fazem depender a sua aplicação da verificação de dois requisitos pouco interessantes (art. 71.º, n.º 21 do Estatuto dos Benefícios Fiscais):

- Os prédios objecto da operação de reabilitação urbana devem ser prédios arrendados passíveis de actualização faseada de rendas nos termos do NRAU (i.e., “rendas antigas”); ou
- Ser prédios urbanos localizados em “áreas de reabilitação urbana”.

Estes requisitos travam em grande parte o efeito útil dos incentivos fiscais, pois muitos dos imóveis que têm interesse para um investidor (e que necessitam urgentemente de reabilitação) encontram-se fora das “áreas de reabilitação urbana” delimitadas pelos municípios e, por outro lado, quanto mais rendas antigas tiver um imóvel, menos ele se torna interessante para o investidor. O investidor pode investir num imóvel apesar dos arrendamentos antigos que nele subsistam, e nunca por causa dos mesmos. O legislador não entende isso, porque acredita que fez uma excelente reforma do arrendamento em 2006.
»

terça-feira, janeiro 25, 2011

Costa Troca Tintas

Qual Mancha Negra, António Costa tudo tem feito para que os peões da cidade de Lisboa o vejam como o chefe dos vilões que ameaçam a sua integridade e a tranquilidade.

Falta de provas



O Ministério Público concluiu que a construção, actualmente em curso, de uma vasta área de habitação e serviços junto à Rua de Artilharia 1, em Lisboa, só se tornou possível devido à prática de numerosas ilegalidades ao longo de mais de uma década. Mas nada aconteceu, nem vai acontecer. Foi tudo arquivado. Nuns casos por prescrição, noutros por não haver, da parte dos técnicos e vereadores da Câmara de Lisboa, consciência da natureza ilegal das suas decisões.

O inquérito concluído no mês passado pela Unidade Especial de Investigação da Procuradoria-Geral da República, coordenada pela procuradora Maria José Morgado, teve origem numa denúncia apresentada em Dezembro de 2008 pela Associação para a Qualidade de Vida em Lisboa, constituída por residentes na zona. Em causa estava a aprovação do loteamento dos cerca de três hectares em que funcionou o Colégio dos Maristas, na antiga Quinta do Mineiro, entre a Av. António Augusto Aguiar e a Rua de Artilharia 1.

De acordo com o despacho final de 16 de Dezembro, no qual o procurador adjunto Ricardo Matos determinou o arquivamento, os factos apurados são susceptíveis de "configurar em abstracto a comissão" de crimes de abuso de poder e prevaricação. O primeiro, segundo a definição legal, é cometido pelo funcionário, ou titular de cargo público, que abuse dos seus poderes, ou viole os seus deveres, com o objectivo de obter benefícios para si ou para terceiros, ou de causar prejuízo a outrem. Já a prevaricação respeita aos titulares de cargos políticos que conscientemente tomem decisões ilegais para beneficiar alguém.

Vantagem para o promotor

Entre as numerosas ilegalidades detectadas em todo o processo avulta a aprovação do loteamento, que o relatório pericial apenso aos autos considera nula, e a emissão da informação prévia favorável a essa operação. Foi essa informação, aprovada em 2000 pela vereadora Margarida Magalhães, no executivo presidido por João Soares, que atribuiu ao promotor (grupo do empresário João Pereira Coutinho) o direito de ali construir sem que fosse previamente elaborado o Plano de Pormenor exigido pelo PDM.

Relativamente a todas as intervenções ilegais ocorridas no processo até à aprovação do loteamento por unanimidade, em Novembro de 2002 - já com Santana Lopes como presidente -, o despacho considera que, "independentemente de se verificar, em concreto, a existência de indícios suficientes da prática pelos funcionários da CML [ou pelos vereadores]" de crimes de abuso de poder, "cumpre referir que já decorreu na sua totalidade o prazo de prescrição", neste caso de cinco anos.

Quanto aos factos subsequentes - que se prendem com o cálculo das cedências e compensações a pagar ao município pelo promotor; com a determinação dos espaços de estacionamento público que ele ficou obrigado a construir; e com as condições em que a câmara lhe vendeu duas parcelas que eram necessárias para viabilizar o projecto - foi igualmente ordenado o arquivamento do inquérito, mas por motivos diferentes. Neste aspecto, estavam indiciados crime de abuso de poder e de prevaricação praticados até 2008, mas não foram encontrados sinais de que houvesse intenção de beneficiar terceiros.

"É certo que (...) a actividade dos intervenientes determinou uma vantagem para o promotor, consubstanciada, desde logo, na aprovação, com os parâmetros em que foi feita, da operação urbanística pretendida", escreve o procurador. Contudo, sublinha, os autos "apontam no sentido de que as condutas adoptadas resultam "de erro ou de mau conhecimento dos deveres da função"; e não de uma pré-determinação" no sentido favorecer o promotor. Por isso nem foram constituídos quaisquer arguidos

Um caso exemplar
"Este é um processo exemplar da forma como funciona a justiça e se cometem ilegalidades", sintetiza Leonor Coutinho, da direcção da associação que denunciou o caso. A antiga deputada socialista nota que só algumas das questões suscitadas foram investigadas e conclui: "As coisas são nulas e ilegais, mas ninguém é culpado." O despacho do MP diz que os actos dos vereadores Margarida Magalhães, Eduarda Napoleão, Gabriela Seara, Helena Lopes da Costa e Manuel Salgado "são passíveis de colocar em crise os princípios da legalidade", mas "não surge indiciado" que a sua actuação fosse consciente. J.A.C.

segunda-feira, janeiro 24, 2011

Empresa pública construiu escolas ilegalmente


Os responsáveis da Direcção Regional de Educação de Lisboa (DREL) correm o risco de serem responsabilizados financeiramente pelo Tribunal de Contas (TC), devido a um protocolo feito com a empresa pública Parque Expo - para a construção de três escolas em Lisboa, no valor de cerca de oito milhões de euros -, que nunca chegou a ser validado por aquele tribunal.

Através deste protocolo, celebrado em Maio de 2009, o Ministério da Educação entregou à Parque Expo, por adjudicação directa, a realização de obras de construção e remodelação nas escolas S. Vicente de Telheiras, Parque das Nações e Luís António Verney (no bairro Madre de Deus). As duas primeiras foram concluídas já durante 2010, apesar de o Tribunal de Contas não ter dado visto prévio ao protocolo - que era obrigatório para torná-lo legal.

A verdade é que, depois das dúvidas levantadas pelo TC sobre o facto de não ter sido realizado qualquer concurso público, o Ministério da Educação acabou por cancelar o protocolo. Mas deixou a Parque Expo prosseguir com a construção e remodelação daquelas duas escolas, o que pode vir a ser considerado um procedimento ilegal pelo TC, em sede de fiscalização sucessiva do processo. Nessa medida, tal pode resultar em responsabilidade financeira dos subscritores do protocolo por parte do Estado - no caso, os responsáveis da DREL.

Entretanto, e ao contrário do Governo, que optou por fazer um ajuste directo à Parque Expo, esta entidade abriu concurso para a escolha dos empreiteiros que fizeram as escolas de Telheiras e do Parque das Nações.

O facto de o protocolo ter acabado por ficar sem validade jurídica - e, em consequência disso, os contratos desta com os empreiteiros, também - obrigou o Ministério da Educação a procurar uma alternativa.

Segundo soube o SOL, deram entrada no Tribunal de Contas, «recentemente, dois acordos de cessão da posição contratual celebrados entre a Parque Expo e a DREL, em que a primeira cede à segunda a sua posição contratual nos contratos de empreitada celebrados para a construção, respectivamente, das escolas de Telheiras e do Parque das Nações» - acordos que estão ainda a ser analisados para efeitos de visto prévio.

Questionada pelo SOL, fonte oficial do Ministério da Educação confirmou esta informação. «O contrato com a Parque Expo foi rescindido e feita esta passagem para a DREL», explicou. Devido a este recuo por parte do Governo, a Parque Expo será compensada pelas emprestadas que já efectou. «Está previsto o pagamento de um montante que servirá para ressarcir a Parque Expo pela despesa em que incorreu nas empreitadas e no concurso público», disse a mesma fonte governamental.

Degradação absoluta na Luís A. Verney

O problema é que, no meio deste imbróglio jurídico, ficou por fazer a terceira obra, na escola Luís António Verney - aliás, a única em Lisboa onde ainda não foram feitas quaisquer obras, apesar de estar na lista daquelas que precisam de remodelação desde o início do programa de renovação do parque escolar, lançado pelo Governo há três anos.

Os responsáveis do agrupamento escolar da Madre de Deus dirigiram, entretanto, aos grupos parlamentares uma queixa sobre «o estado de degradação absoluta das instalações deste estabelecimento», tendo o BE enviado já um requerimento ao Ministério exigindo explicações.

Segundo as informações recolhidas pelo SOL, muitas vezes é preciso encerrar salas de aula por falta de condições de salubridade e de segurança para os alunos e professores. Mais de dez salas estão encerradas devido ao seu estado degradado.

As paredes estão cheias de humidade e os tectos ganharam uma cor verde, devido à queda permanente de chuva. «Chove na maioria das salas de aula. Os miúdos estão mesmo habituados a afastarem as mesas para um canto de modo a evitarem a água que cai do tecto», disse ao SOL uma pessoa que visitou a escola no início do mês.

A instalação eléctrica está permanentemente a cair, devido às infiltrações de água. «Sempre que chove, acaba a luz e o aquecimento porque o sistema eléctrico falha devido às infiltrações», observou.

Existe mesmo uma sala que foi incendiada, há vários meses, e que continua sem sofrer qualquer tipo de intervenção, por falta de financiamento.

No seu requerimento, o BE lamenta que, «apesar dos inúmeros apelos que o Conselho Geral da Escola tem feito junto das entidades directamente responsáveis, as obras da Escola Luís António Verney continuam sem solução à vista».

A própria Câmara Municipal de Lisboa (CML) - que tutela as escolas do ensino básico na capital - está sem informações sobre a situação deste estabelecimento, o que já levou o vereador com o pelouro da Educação, Manuel Brito, a pedir audiências à DREL e ao secretário de Estado da Educação.

A CML foi responsável pela remodelação de todas as escolas primárias, mas foi arredada do processo relativo às de Telheiras, Parque das Nações e Luís António Verney porque o Ministério da Educação decidiu adjudicar as três obras à Parque Expo.

Parque Expo de fora

Neste momento, continua sem se saber quando é que esta escola vai começar a ser intervencionada, uma vez que o próprio Ministério da Educação tem fornecido informações contraditórias aos responsáveis da Luís António Verney. Aliás, quando visitou o agrupamento, em Outubro passado, a ministra Isabel Alçada disse que as obras só iriam ser feitas dentro de dois anos.

Segundo apurou o SOL, a empresa pública responsável pela remodelação das escolas do ensino secundário, a Parque Escolar, esteve reunida com os responsáveis da escola Luís António Verney, na sexta-feira. Ao que tudo indica, será a Parque Escolar a realizar as obras nesta escola da capital.

Apesar disso, e tal como fez para as duas obras já concluídas pela Parque Expo, o Ministério assumiu já a posição contratual daquela entidade no concurso e nos contratos relativos às obras desta escola da Madre de Deus. O respectivo despacho foi publicado em Diário da República no dia 7 de Dezembro mas, segundo soube o SOL, o acordo entre a DREL e a Parque Expo que o formaliza ainda não deu entrada no TC.

A Parque Expo - que estará agora definitivamente posta de lado de todo este processo - garante, ainda assim, no seu Relatório e Contas de 2009, publicado no início de 2010, que «deu início às operações de requalificação da Escola Luís António Verney»."

Não fora o alçado a tardoz ...



In Agenda Cultural

MAP, um museu a (re)descobrir


In Agenda Cultural

"sensibilizar e impor medidas de Mobilidade para Todos em novas urbanizações"


Nova Estação de S. João do Estoril
Queremos um Túnel e não um Muro na Estação de S. João do Estoril

Após reuniões de negociação com a REFER e a CMC, com o objectivo de garantir a CRIAÇÃO DE RAMPAS DE ACESSO ao túnel que irá passar por baixo da linha de caminho de ferro, a única resposta que obtivemos do Sr. Presidente da CMC, António Capucho foi que "NÃO HAVERÁ RAMPAS E A DECISÃO É IRREVERSÍVELA Direcção da AMQC, dando sequência ás decisões tomadas na última Assembleia Geral, irá usar todos os meios legais para evitar que REFER e CMC cometam um enorme atentado contra a Mobilidade dos Moradores da Quinta da Carreira.

Recordemos que a Câmara de Cascais aderiu com pompa e circunstância à "Rede Nacional de Cidades e Vilas com Mobilidade para Todos" e que foi o Sr. Presidente António Capucho quem foi receber a Bandeira da Mobilidade para Todos, tendo-se assim, comprometido a "sensibilizar e impor medidas de Mobilidade para Todos em novas urbanizações"

Sabemos que a estação terá elevadores, no entanto também sabemos, por exemplo, que a plataforma elevatória para deficientes que existe na estação do Estoril, nunca funcionou, inviabilizando por completo o acesso ao Caís Sul desta estação, a pessoas com mobilidade reduzida.

Os interesses da REFER não se podem sobrepor ás necessidades das populações, nem a CMC pode ficar a assistir a este absurdo com a passividade que o tem feito.
CONSULTE O SITE

domingo, janeiro 23, 2011

Um acesso... de negligência

A FOTO de cima mostra um aspecto da entrada da Escola do Bairro de S. Miguel, em Lisboa. Está assim há anos. A de baixo, tirada esta manhã no mesmo estabelecimento de ensino (onde hoje funcionou uma Assembleia de Voto), não precisa de legenda.

sábado, janeiro 22, 2011

Metro Baixa-Chiado situação habitual: parado, paradinho

SUBIR-1 parada


DESCER - todas paradas

21-1-2011

sexta-feira, janeiro 21, 2011

quinta-feira, janeiro 20, 2011

Nevoeiros

Declaração de interesses: gosto do nevoeiro. Melhor, sou fascinado por nevoeiros. Desde que li pela primeira vez a Londres vitoriana e depois a visitei na TV e no grande «écran». Tudo talvez porque seja raro vivê-lo em Lisboa, pelo menos tão intensamente quanto o vivido na última semana, em que, por instantes, sobretudo na inesquecível noite de 5ª para 6ª julguei ver Jack, O Estripador, semi-iluminado por baixo de um dos candeeiros de certa praça pacata junto ao Areeiro, de onde desapareceu por artes mágicas, tal qual Welles pelos túneis da Viena de “O Terceiro Homem”, mas sem acordes de cítara.

Digam lá se com nevoeiro Lisboa não fica mais romântica, mais misteriosa, mais sensual, mais … europeia, até porque às mazelas, aos desbastes, às trafulhices e demais desencantos de que a cidade padece no dia-a-dia, a esses nem vê-los, quanto mais ter que os suportar, em dias com nevoeiros como aquele.

Mas apenas gosto dos nevoeiros atmosféricos, das obscuridades feitas de humidade condensada. Não gosto de outros tipos de nevoeiro e obscuridades, muito menos das criadas artificialmente, accionadas por controlo remoto ou encenadas para espectáculo de ocasião, como forma de entreter a audiência e camuflar a dura e triste realidade.

Por isso defendo que em Lisboa deva haver faróis que avisem dos escolhos obscuros e iluminem por rota segura. E, uma vez que a D. Sebastião tão cedo o veremos por aí (se é que algum dia o veremos), é sobretudo preciso que haja uma “zorra” que ronque em dias de nevoeiro.

Que avise do perigo de naufrágio da cidade por entre o articulado em preparação para o novo Plano Director Municipal, e pelo emaranhado de pormenores aparentemente insignificantes de vários dos Planos de Pormenor (e loteamentos) em pré-implementação (Baixa, Parque Mayer, Aterro da Boavista, por ex.). Uma zorra que incuta juízo a quem decide, quando está em causa o desaparecimento efectivo do património arquitectónico de finais do século XIX-XX, vide a multiplicidade de projectos de alterações profundas e de construção nova em apreciação e desenvolvimento para as Avenidas Novas, Bairro Barata Salgueiro e Coração de Jesus.

E que o som desse farol se faça ouvir nas reentrâncias mais profundas e bafientas do labirinto neuronal de quem acha que uma árvore pode continuar frondosa se a “rolarem” e mutilarem, ou se a plantarem por cima de cimento ou a sufocarem em caldeiras minúsculas em largura e profundidade. E que o poder desse som arraste consigo e de uma vez por todas todos os automóveis estacionados em cima do passeio, bem como todos os candeeiros e bancos de fancaria que paulatinamente vêm pululando pelo espaço público de Lisboa. É difícil, mas se os antigos de Alexandria o conseguiram, também os lisboetas o hão-de conseguir.



In Jornal de Notícias (20.1.2011)

Post it

A Leonor Areal abriu mais um blogue - POST IT -  destinado a publicar coisas fáceis como fotos de automóveis a atravancar as ruas e os passeios, entre outras coisas maçadoras que maçam as nossas vidas.

Como a vida dela é outra, o blog está aberto à colaboração dos leitores.


Aqui no Carmo e Trindade congratulo-me com mais esta iniciativa; sítios destes nunca são demais, tamanha é a miséria que vai aí pelas ruas desta cidade e do país.

Obras do TGV em Lisboa condicionam trânsito na cidade

In Diário Económico
Nuno Miguel Silva


«Obras para a construção do TGV condicionam trânsito em Lisboa a partir de hoje.
. Câmara de Lisboa restringe trânsito por quatro meses na Avenida Marechal Gomes da Costa.

Apesar de não se saber se o TGV vai avançar, as obras no terreno para adaptar a linha do Norte e a linha de Cintura Interna à rede de alta velocidade continuam a bom ritmo. A partir de hoje, os lisboetas vão sentir os efeitos, tendo a Câmara Municipal de Lisboa decidido condicionar o trânsito, por quatro meses, nos dois sentidos da Avenida Marechal Gomes da Costa, entre o viaduto do Xadrez e o cruzamento do Batista Russo.

Também o trânsito na Avenida de Pádua, entre a Rua da Centieira e o Passeio do Báltico, será condicionado, nos dois sentidos e de forma alternada, durante cinco meses. »

...

Afinal, COMO É?

quarta-feira, janeiro 19, 2011

Apontamentos de uma cidade caótica e desumana

ESTA foto, tirada no passado dia 7 (e que mostra um cego completamente perdido no meio do caos que habitualmente reina na Rua Frei Amador Arrais, junto à Av. de Roma), é a última de uma sequência de seis que vale a pena ver [aqui].

NOTA: de vez em quando, fala-se no nome de António Costa para suceder a José Sócrates. Tendo em conta exemplos bem concretos como este, a ideia de um dia o ter à frente do país é (pelo menos para mim) simplesmente aterradora!

terça-feira, janeiro 18, 2011

Apontamentos de uma cidade sem uma gota de auto-estima

ESTE delicioso recanto das avenidas novas (junto à esquina da Av. Sacadura Cabral com a finíssima Av. de Roma) começou por ser referido, há cerca de um ano, por causa da estranha caixa metálica - como se pode ver [aqui].

Já recentemente, voltou a aparecer devido ao banco de madeira, devidamente vandalizado - como se pode ver [aqui].

Agora, juntaram-lhe um sofá. Fizeram bem. Além de melhorar a simetria, sempre dá outra dignidade ao local.

segunda-feira, janeiro 17, 2011

Apontamentos de uma cidade sem uma gota de auto-estima

I. S. da estação Roma-Areeiro, da Refer

domingo, janeiro 16, 2011

No Reino das Leis da Treta

No Alto dos Moinhos
(Foto enviada por P. Amorim)

sábado, janeiro 15, 2011

Vale a pena fazer o que aqui se sugere, pois o prémio (2 almoços de lagosta por mês) sai sempre!
(Anúncio no Público desta semana)
.
Actualização: quando se faz a pesquisa indicada, aparece uma resposta logo em cima, seguida de dois "Desenvolvimentos" (1 e 2). Estes fazem parte da mesma iniciativa.

sexta-feira, janeiro 14, 2011

Éramos todos tão novos...

Vítor Alves foi embora deixando a pátria numa situação que ele não desejava. Gostava muito deste homem sereno, culto, generoso, cordial a afável, que jogara, no regueirão de todos os perigos, a sorte pessoal e o desígnio colectivo. Ele e outros como ele são credores da minha maior gratidão. Ele e outros como ele resgataram os silêncios impostos e os medos compulsivos da minha geração e os das anteriores. O risco que Vítor Alves correu foi soberano entre os demais: o da vida, o da carreira, o da família.

Os jovens capitães de Abril possuem uma dimensão de coragem adveniente da espessura comovente do seu humanismo. Há qualquer coisa de épico e de poético na arrancada militar desse dia tão longínquo, tão próximo e tão delido no tempo e no esquecimento dos nossos desleixos. "O dia inicial inteiro e limpo", como lindamente lhe chamou Sophia, era o dia esperado pelos melhores de nós. E os melhores de nós desanimavam de o conhecer quando um grupo de homens muito novos nos convidou a ressurgir.

Às vezes, ia conversá-lo no seu gabinete. Os dias eram incertos, mas os sonhos nada tinham de indecisos. Ele transportava consigo uma cultura transeunte e uma bonomia que jamais ocultou as preocupações nascidas dos grandes embates ideológicos. Também bebíamos o uísque da amizade no João Sebastião Bar, reduto privilegiado de todos os imprevistos. Mais tarde, Álvaro Guerra, embaixador, escritor e jornalista, reunia, em almoços prolongados, nas casas de Mafra ou de Vila Franca de Xira, um grupo imponderável de amigos, em diálogos já perfumados de passado e de esperanças partidas. E era reconfortante ouvir este homem, apesar de tudo jovial e sorridente, a rematar os desalentos com uma frase benfazeja: "Mas as coisas estão muito melhores do que eram." A juventude já se fora; éramos uns senhores portugueses de cabelos brancos a quem a sabedoria do tempo ensinara a falar escasso para se dizer muito.

Queríamos mais do que havíamos obtido, porque sabíamos o que a "recuperação" consigo arrastava. A responsabilidade não deve ser dissimulada. Fomos nós todos que fizemos "isto". Víamo-nos mais espaçadamente. Mandava-lhe os meus livros, dirigia-me cartas generosas, calorosas e fraternas. Disse-me, há anos, que estava com problemas de saúde. Vasco Lourenço revelou-me a gravidade desses problemas. Estavam a ir alguns daqueles que eu mais respeitava; alguns daqueles, agora transfigurados em memórias e em penumbras, que tinham dado consistência à História.

Nada do que foi voltará a ser. Mas estar é, já em si, o bastante. Observo, na gelada noite da igreja do Paço da Rainha, os capitães de Abril, que se curvam ante o esquife do camarada de armas. Tínhamos todos a mesma idade.
Adeus.



In Diário de Notícias

quinta-feira, janeiro 13, 2011

O regresso

Com a má situação do País à vista de todos nós, o Governo assume um discurso que soa demasiadamente conhecido, pelas piores razões: quem não está de acordo com as políticas governamentais, quem aponta erros e responsabilidades ao Governo, é antipatriota.

A mera exigência de cidadania para que se expliquem os objectivos das medidas governamentais ou a ausência de outras tantas tem como resposta um alinhado e enérgico coro ministerial acusador de falta de patriotismo e de criação de instabilidade.

Confrontar o Governo com as suas responsabilidades, confrontá-lo com as razões por que chegámos aqui, tudo isso é considerado antipatriotismo, incluindo porque, alegadamente, sobressalta os mercados (como se o sobressalto dos ‘mercados’ não se devesse à incapacidade).

E o Governo faz escola: Carlos César deu em responder a qualquer crítica com a acusação de atentado à autonomia.

Ou seja, o Governo pretende ser a Pátria e Carlos César a Autonomia. Estas ‘encarnações’ são perigosas, e o regresso dos discursos do orgulhosamente só e da encarnação da razão contra quem pensa diferente revela perigosas lógicas totalitárias: quem não está por eles, está contra eles. E eles pretendem ser a ‘Pátria’. Salazar utilizava exactamente a mesma técnica e o mesmo discurso, que reforçava enquanto tudo ruía à sua volta.

É claro que – então como agora – o discurso oficial mais não pretende do que esconder os erros sucessivos na condução do País, para não falar de medidas que foram para além da irresponsabilidade: quem não se lembra do anúncio do fim da crise, dos aumentos salariais em 2009, dos medicamentos grátis, do anúncio de um sem-número de parcerias público-privadas e de tantas medidas absurdas, só para ganhar eleições e manter o poder?

É claro que para o Governo foram atitudes muito patrióticas mesmo... para os próprios. A ‘Pátria’ são eles, e quem com eles não concorda, inimigos da dita.

O orgulhosamente só é um tanto pior para a realidade. O ministro das Finanças sentencia mesmo que toda a situação que atravessamos é extremamente evidente: Portugal está a fazer o seu trabalho de casa, a Europa é que não. Pouco importa que, entretanto, a realidade desminta, em cada dia, infelizmente, o Governo. Mas o Governo quer estar orgulhosamente só.

O ponto é onde nos leva o regresso ao orgulho, à solidão, à recusa da realidade e ao regresso dos velhos senhores, ainda que pareçam menos velhos. E isso é intolerável





In Correio da Manhã

S.O.S. pela Casa Ventura Terra

No tempo em que havia mecenas (entendidos como aqueles que patrocinam algo abdicando de contrapartidas por esse facto), certo proprietário, por acaso “apenas” um dos maiores arquitectos do seu tempo, Miguel Ventura Terra; resolveu doar às Escolas de Belas-Artes de Lisboa e Porto o prédio que projectara e habitara em Lisboa, na R. Alexandre Herculano, Nº 57, «destinando o seu rendimento líquido para pensões a estudantes pobres e a escolas que mostrem decidida vocação para as belas-artes», conforme consta da placa afixada na fachada.

Um edifício notável, estética e funcionalmente falando, que haveria de ganhar, mal foi construído, o Prémio Valmor (1903). Oitenta anos passados seria classificado Imóvel de Interesse Municipal e em 1996 alcançaria o estatuto de Imóvel de Interesse Público. Hoje, é um dos mais valiosos, genuínos e já raros exemplos de construção e decoração Arte Nova existentes em Lisboa. Desengane-se, contudo, quem pense que todos estes galões são garantia do que quer que seja, muito pelo contrário:

A Casa Ventura Terra já não pertence às escolas de belas-artes mas sim à Direcção-Geral do Tesouro e Finanças, “emérita” herdeira do Património do Estado, pelo que duvido que os rendimentos pagos pelos inquilinos (a Casa é quase totalmente habitada) ao senhorio sirvam hoje os propósitos inscritos na placa referida. E como o património do Estado está como está, a Casa não é excepção.

Desde a sua fundação, o edifício apenas teve obras nos anos 50 (pinturas), 70 (beneficiação geral) e em 1994-95 com a substituição da rede de água, gás e electricidade, obra supervisionada por quem de direito (IPPAR) mas de gosto mais que duvidoso (desapareceu a iluminação de época, da escadaria e dos patamares, por ex.) e substituiu-se a caixilharia em madeira das marquises a tardoz (incapazmente pois já apodreceu entretanto). Neste momento a Casa Ventura Terra mete água por todo o lado: telhado, fachada traseira (marquises incluídas), e lateral, carecem de obras realmente URGENTES, sob pena de Lisboa ver ruir um edifício de excepcional qualidade ou ter uma tragédia entre mãos.

Mais, anteontem a Casa Ventura Terra só não ardeu toda graças à intervenção rápida de dois dos inquilinos, que vendo o compartimento onde se encontra o motor do fabuloso elevador a deitar fumo e o dínamo a arder, de imediato conseguiram desligar o disjuntor do elevador evitando que o pior viesse a acontecer. O mais caricato é que o incidente se ficou a dever à sobre-utilização do elevador como monta-cargas feita a pedido da Faculdade de Belas Artes por motivo de mudanças… Enquanto isto, são feitas vistorias e trocam-se galhardetes, jogos de flores, entre CML e DGTF sobre quem tem que fazer obras … ora és tu, ora sou eu, ora sou eu e tu, tu e eu.




In Jornal de Notícias (13.1.2011)

quarta-feira, janeiro 12, 2011

segunda-feira, janeiro 10, 2011

Apontamentos de Lisboa

De facto, não há regra sem excepção...

quinta-feira, janeiro 06, 2011

Miguel Bombarda na Revista Time Out

Um problema chamado elevadores

Lisboa e os lisboetas têm um sério problema com os elevadores. Com os que há e quase deixam de o ser, com os que devia haver e não há. Desde logo os históricos, os ascensores e elevadores de antanho, feitos na época em que se combatia o atraso em relação à vanguarda europeia com obra de facto, mas onde não se apregoava à boca cheia o refrão da Mobilidade, mas antes se pugnava por boas condições de locomoção.

Falo dos ascensores do Lavra (1884), Glória (1885) e Bica (1892), e do elevador vertical de Santa Justa (1902): às avarias e ao vandalismo reincidentes, tem-se juntado uma aflitiva inacção e falta de imaginação de quem de direito para os explorar devidamente. Vejamos o Lavra: Carris, CML e IPPAR (ao tempo) ignoraram a construção onde funcionava a maquinaria original a vapor e que daria um excelente «museu do ascensor». Na Glória: o estado ruinoso de abandono do lado do Lg. Oliveirinha (teremos sido bombardeados na 2ª Guerra Mundial sem que o soubéssemos?), uma miséria. Já ao elevador vertical que leva ao Carmo, é comum atribuí-lo, mesmo em publicações oficiais, a Eiffel, quando na realidade foi Mesnier du Ponsard quem o desenhou.

Mais ridículo é a história do Elevador de S. Julião (1897), ao cimo da colina de S. Francisco, às Belas-Artes e também da autoria do luso-francês: em 1915 alguém achou por bem desmantelá-lo, e agora a Frente Tejo parece querer voltar a tê-lo, ainda que feito de outros materiais e em local próximo. Sintomas de esquizofrenia?

Também no Urbanismo, a relação com os elevadores tem sido esquisita, desde que os há, claro. Se nas zonas históricas feitas de prédios mui antigos e baixos, o défice será difícil de anular sem destruir a morfologia de ruas e quarteirões, já no Chiado (e Baixa, por arrastamento inevitável) ou no Bairro Azul, a preguiça em se encontrarem soluções que passem pela instalação de elevadores nos saguões, comuns a vários prédios de uma só vez, faz com que se vá optando pela solução fácil, quantas vezes criminosa, de se destruir os interiores dos prédios e as caixas de escada originais, com a complacência, claro, dos de “lá de cima”. Confrangedor, também, é reconhecer que no apogeu urbanístico de Faria da Costa, e discípulos, se construiu, e bem, esquecendo-se por completo do elevador.

Igualmente confrangedor é o Metropolitano, cujos acessos originais sem elevadores nem escadas rolantes foram sendo contrários a uma efectiva Mobilidade. Mas caricato é assistir-se, meio século passado, a avarias prolongadas (falta de pagamento?) nos elevadores feitos nem há 15 anos (Rossio, Rato, Baixa-Chiado, etc.), quando não à colocação indevida das respectivas saídas à superfície, destruindo vistas e obstaculizando à efectiva mobilidade pedonal.

Pelo exposto continuo a preferir as escadas.




In Jornal de Notícias (6.1.2011)

As duas portas

Depois do caminho que temos percorrido, com a sacralização do ter e do parecer, num ambiente de dúvidas, suspeições, fraudes, corrupção, tristes certezas e de todo o tipo de estratagemas que minam a nossa sociedade; depois dos erros acumulados, transversalmente, nos valores, no civismo, no político, no económico - vamos forçosamente ter de escolher outro percurso. No contexto que vivemos e com a severidade dos tempos que aí vêm, há duas portas que, em alternativa, podem ser abertas e que levam a caminhos muito diferentes.

Na verdade, ou iniciamos um caminho de contestação global - a tentação é forte e haveria bons motivos - de diluição institucional, de desresponsabilização colectiva e individual, que acabará seguramente numa convulsão social, num empobrecimento generalizado, com os riscos todos a subir e não apenas os das bolsas ou o do primeiro leilão do ano. Por esse caminho estaria assegurada a manutenção do império do "espertismo" e a colonização parasitária daqueles que, por qualquer meio, conseguem sempre chegar aos poucos recursos. Caminho alternativo seria o termos a coragem dos mea-culpa que cabem, do retorno aos valores, da cultura de responsabilidade e da responsabilização - sim, incluindo o político e o económico - e de nos atrevermos a um modelo menos material mas mais sustentado, mas onde igualmente não se criem quaisquer condições para gerar fundados sentimentos generalizados de injustiça, de impunidade, de vale tudo e ou de nada vale. Em suma, um caminho de uma sociedade em reconstrução, que começa numa educação cívica.

A recuperação da ética e da justiça como valores de uma sociedade pressupõe referenciais e esperança. É o momento para aqueles que detêm quaisquer níveis de responsabilidade saírem ou demonstrarem as suas capacidades a outros níveis: ao nível do exemplo e ao nível da competência (atrevo-me mesmo a dizer do mérito, essa palavra que nos últimos anos é tão maldita, que os seus cultores eram e são apelidados pejorativamente de meritocratas, como se o mérito não pudesse existir nos actos mais simples como nos mais complicados).

Vão-se-nos abrir duas portas e só temos de escolher entre a que nos conduz a um desígnio colectivo, ainda que difícil, ou a que nos abre o caminho da libertação da raiva, da desregulação colectiva, onde os mais fortes, por si ou por cumplicidades ocultas, continuarão a tratar dos seus destinos, dirigindo-nos.



In Correio da Manhã

Av.Ventura Terra sem placa de rua há mais de 1 ano- E informamos a JF duas vezes sem qualquer consequência

Chegado por e-mail:


«14 meses sem placa na rua e CM nada faz e Junta freguesia manda ofícios
a placa não matou ninguém porque o meu vizinho a segurou com pedras


2011/1/5 Junta Freguesia Lumiar

Exma. Senhora
Maria Teresa Goulão,

Sobre o assunto em epígrafe e em referência ao seu e-mail de 04 de Janeiro de 2010, informa-se V. Exa. que esta Junta de Freguesia solicitou a melhor atenção junto de Divisão de Alvarás, Escrivania e Toponímia, da Câmara Municipal de Lisboa.


Com os melhores cumprimentos,


O Presidente

NUNO ROQUE, DR.


---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Maria Teresa Goulão
Data: 30 de Novembro de 2010 15:57
Assunto: Re: Avenida Ventura terra sem placa de rua há mais de 1 ano- E informamos a JF duas veze sem qualquer conseqêuncia
Para: Junta Freguesia Lumiar



Exmos Senhores

Continuamos a aguardar pois a aguardar - e há mais de um ano que não temos placa na rua - no entanto, registamos que a esta vossa informação já nos tinha sido dada bastantes vezes, SEM contudo TERMOS TIDO QUALQUER CONSEQUÊNCIA A NÍVEL DA RESOLUÇÃO DESTE PROBLEMA.

Maria Teresa Goulão



No dia 4 de Novembro de 2010 02:52, Maria Teresa Goulão escreveu:


Exmos Senhores

Continuamos a aguardar pois a aguardar - e há mais de um ano que não temos placa na rua - no entanto, registamos que a esta vossa informação já nos tinha sido dada bastantes vezes, SEM contudo TERMOS TIDO QUALQUER CONSEQUÊNCIA A NÍVEL DA RESOLUÇÃO DESTE PROBLEMA.

Maria Teresa Goulão


No dia 3 de Novembro de 2010 11:56, Junta Freguesia Lumiar escreveu:


Exma. Senhora
Maria Teresa Goulão

Em ref.ª ao s/email , informa-se V. Exa. que esta Junta de Freguesia solicitou junto da Divisão de Alvarás, Escrivania e Toponímica da Câmara Municipal de Lisboa a melhor atenção.


Com os melhores cumprimentos,

Junta de Freguesia do Lumiar


De: Maria Teresa Goulão
Enviada: terça-feira, 2 de Novembro de 2010 7:01
Para: Junta Freguesia Lumiar
Assunto: Avenida Ventura terra sem placa de rua há mais de 1 ano- E informamos a JF duas veze sem qualquer conseqêuncia


Exmo Senhor Presidente da Junta de Freguesia do Lumiar


Há um ano que vimos avisando a Junta de Freguesia que a placa ( de granito) de identificação da Avenida Ventura Terra caiu sem que até hoje fosse recolocada.

Aliás , a placa manteve durante muito tempo numa situação MUITO perigosa porque podia cair para cima de alguém, e nunca a JF tratou do assunto, tendo eu ligado diversas vezes e deixado esta mensagem. Até que a placa desapareceu e hoje a Avenida Ventura Terra não tem placa de identificação . A placa estava do lado par da rua em frente da última moradia, nº 22.

Estamos pois sem placa de rua há mais de 1 ano, o que é inadmissível.


Maria Teresa Goulão
Avenida Ventura Terra
1600-781 Lisboa»

terça-feira, janeiro 04, 2011

Genial!

AMBAS as imagens documentam uma curiosa forma de combater o desemprego em Lisboa: as camionetas que estão a ajudar a destruir os passeios 'pertencem' aos mesmos que os estão a reparar. O facto de a de cima ser da Câmara Municipal é apenas um pormenor sem importância, tendo em conta os inúmeros bons exemplos dados por gente ao serviço da autarquia - alguns dos quais se podem apreciar [aqui]...
.

segunda-feira, janeiro 03, 2011

sábado, janeiro 01, 2011

Sugestões para ajudar a controlar o défice


Peão procurando uma nesga para passar
na Rua João Villaret, às 9h de ontem

.
AUMENTO de receitas: ir buscar dinheiro a pessoas como o condutor deste carro que - evidentemente - está disposto a pagar o que for preciso para poder mostrar que é uma variante rasca de dono-do-mundo.

DIMINUIÇÃO de despesas: pôr no olho da rua (de imediato e com justa causa) a legião de pantomineiros que, sendo pagos pelos contribuintes para - em profissão a tempo inteiro - combaterem situações como esta, não o fazem eficazmente.