sexta-feira, outubro 24, 2008

Golpada

O Governo deixou cair a anulação do défice, está longe de resolver o problema das famílias endividadas e aumentou a despesa sem compensar com receita.


O PIB não cresce, o investimento caiu, os exportadores perdem quotas de mercado.

No Orçamento não há reformas estruturais e as PME não podem esperar.

Do que o Governo parece não se ter esquecido no Orçamento – ao que se noticia – é de contribuir para o descrédito do sistema político, alterando – em vésperas de eleições – o sistema de financiamento dos partidos políticos e permitindo que estes voltem a receber financiamento em dinheiro. A confirmar-se, que golpe!

Esta medida seria um recuo em relação à legislação aprovada em 2003 e abriria a porta a todas as promiscuidades. A solução seria má, a forma deplorável e absolutamente descarada. Compete às oposições a denúncia de uma medida que induz a corrupção.

O clima de suspeição que recai sobre tudo o que tenha a ver com sistema partidário é perigoso, mas lá que há razões para isso há: das leis-medida ao recuo na transparência do sistema.

No último acto eleitoral, o percentual de abstenção foi de 50%, o que dá muito que pensar. Diga-se o que se disser e por mais rebuscadas análises que se queiram fazer, a verdade é simples: 50% das pessoas não se reviram, pura e simplesmente, no espectro político-partidário. E isto é muito preocupante porque, quer se queira quer não, deslegitima e enfraquece a democracia.

Com um sistema a dar os piores sinais, os cidadãos não sabem quem é quem na política: quem está lá por interesse seu ou de terceiros, quem está lá em regime de voluntariado.

Dito isto, há que reconhecer que o PSD se tem de afirmar como alternativa. E tem todas as motivações e condições para o fazer. Tem a obrigação de o fazer. Tem Gente para o fazer. Mas tem também de preservar os valores. O PSD tem de encarar com determinação o futuro. A mera vitória sem valores a defender não nos satisfaz nem servirá para nada: há que enfrentar a crise e trilhar o caminho da credibilidade que é, bem sei, um caminho de pedras. O PSD tem de recuperar a seriedade na política. O Governo não tem agenda alguma para enfrentar a mudança de paradigma que estamos a viver. Nem pensa na coisa.

As políticas meramente tácticas, as intrigas de bastidores, a propaganda, a confusão, a falta de transparência e de credibilidade de muitos dos agentes políticos, definitivamente começa a ser nauseante.



Paula Teixeira da Cruz


In Correio da Manhã

1 comentário:

Anónimo disse...

À mulher de César não basta ser séria tem que o parecer...........

Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és..................