quinta-feira, julho 02, 2009

Lagos - Rua da Gafaria

O QUE TORNA
esta imagem particularmente curiosa não é o estacionamento em cima do passeio - tendo em conta que é em Lagos, cidade onde os direitos dos peões não chegam a ser espezinhados... porque nem sequer existem.

O curioso é tratar-se de um carro de um cidadão alemão, a quem não passaria pela cabeça fazer isso na sua terra - e eu que o diga, pois andei por lá muitos meses.

Acresce, como se verá em post que afixarei em breve [ver aqui], que ele está estacionado a 10 metros de um parque de estacionamento gratuito, e a 20 metros de outro, também gratuito, quase às moscas... Por sinal, a placa que se vê por detrás dele indica a existência de um 3º parque, também ali perto, e igualmente gratuito - como são quase todos os dessa cidade.

10 comentários:

Luís Serpa disse...

A tentação vai ser, claro, dizer que o condutor não é alemão; que é um português emigrado. Ou coisa que o valha, e aí partir para a falta de civismo dos portugueses; etc..

Nada disso: na Alemanha o condutor não faria aquilo por uma de duas razões:

a) Haveria pilaretes para o impedir;
b) Ele teria medo da multa.

Não há nenhum gene do civismo ausente do código genético português: o que está, infelizmente, demasiado ausente é a repressão, e a punição.

Carlos Medina Ribeiro disse...

Exacto.

Uma coisa é a punição (que pode existir ou não), e outra é a dissuasão. Esta só existe se a probabilidade da punição for muito elevada.

De contrário, o indivíduo punido conclui (e com lógica...) que "teve azar" - e continua a fazer o mesmo, porque o facto de a probabilidade ser baixa predomina sobre o facto de a multa ser alta.

Luís Serpa disse...

A dissuasão pode funcionar com a frequência da punição, ou com a sua grandeza.

Se as multas por mau estacionamento incluíssem uns dias de retenção obrigatória dos automóveis, haveria, penso, menos abusos.

Carlos Medina Ribeiro disse...

Em estatística, ao produto da probabilidade pelo ganho chama-se esperança matemática, e há equivalência.
Neste caso, o ganho seria negativo.

Ou seja: em princípio, seria tão eficaz uma multa de 10 euros com 100% de probabilidade, como outra de 20 euros com 50%.

No entanto, está comprovado que, em termos de infracções passíveis de multa, a psicologia do infractor não funciona dessa forma, e é a noção da probabilidade que prevalece.

Luís Serpa disse...

Aí está algo que não sabia. Obrigado.

Carlos Medina Ribeiro disse...

Michael Crichton, em «Sol Nascente», refere a baixa criminalidade existente no Japão (pelo menos nessa época), e a explicação que dava era:

As penas, por vezes, nem sequer são muito elevadas, mas a probabilidade de se ser apanhado é de quase 100%.

Luís Serpa disse...

Imagine-se o que será quando a probabilidade de se ser apanhado é alta, e as multas pesadas, como em algumas cidades da Alemanha ou da Suíça...

Carlos Medina Ribeiro disse...

Sim... E no Japão há (ou, pelo menos havia) pena de morte (enforcamento).

J A disse...

Eu diria que as probabilidades de ser apanhado neste caso específico numa cidade sueca...andarão muito próximas dos 100%.
Pois mesmo que não haja polícia na redondeza....alguém a vai chamar.

Anónimo disse...

Infelizmente, o carro do alemão não se destravou e passou o porquinh.. do Carlos Medina a ferro.
Óoooooooooooohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh, mas que pena!!!!
Talvez para a próxima ele tenha o que merece.