terça-feira, agosto 28, 2007

Tratadores que são um tratado...

«QUEM JÁ VISITOU a biblioteca do Palácio das Galveias, em Lisboa, talvez conheça uma simpática salinha com quatro mesas e dezasseis cadeiras onde poderá ler inúmeros jornais e revistas - não só os do próprio dia, mas também os anteriores.
Sucede que essa divisão tem duas grandes portas envidraçadas que dão para um jardim muito acolhedor onde, além dos pombos, dos pavões e das frondosas árvores, há umas mesas (com as respectivas cadeiras) e uns confortáveis bancos que estão mesmo a pedir que os utilizem.
Ora, no passado dia 12 de Junho (véspera de Santo António, em que Lisboa abrasava de calor), passei por lá. Entrei, e fiquei satisfeito por ver que essas tais portas estavam entreabertas, permitindo-me aceder às sombras convidativas que me chamavam do outro lado.
Peguei na minha revista favorita, mas - falha imperdoável! - esqueci-me de que estava em Portugal: nem dois minutos haviam passado, e já um diligente segurança me convidava a desandar dali para fora, esclarecendo (a pedido...) que as portas estavam abertas apenas «para arejar».
No dia 19 de Julho, outro dia de grande calor, voltei lá. Desta vez, as portas não estavam apenas entreabertas mas sim escancaradas - só que, pelo que me explicaram, ainda não tinha chegado a autorização para se aceder ao jardim - o que, segundo fiquei a saber, costuma suceder a 15 de Julho.
Voltei lá, então, no passado dia 3 de Agosto - mas apenas para me deparar com a mesma situação. A única diferença foi que, dessa vez, fiquei a saber que o assunto já está a ser tratado.
De qualquer forma, já não tenho grandes esperanças de que o assunto seja «tratado» em tempo útil, pois o mais certo é que os «tratadores» de tão magno problema andem ocupados a «tratar» de outras coisas (como os programas de incentivo à leitura, por exemplo) - e o tempo, apesar de os dias agora serem grandes, também não dá para tudo.»
*
O QUE ACIMA SE LÊ é o teor de uma carta minha publicada no "Público/Local-Lisboa" em 8 de Agosto de 2006. Poucos dias depois, uma senhora responsável respondeu, no mesmo local:
Dava-me razão, e explicava que o que impedia o acesso aos jardins era o facto de ser possível que alguém roubasse publicações da Biblioteca, passando-as pelas janelas que dão para a(s) rua(s).
Mas - adiantava - o assunto já estava a ser tratado, pelo que, em breve, o jardim abriria ao público.
*
HOJE (mais de um ano depois, portanto), voltei lá, só para ver se o assunto já estava tratado...
Será mesmo preciso dizer o resto?

5 comentários:

Anónimo disse...

Parabens pelo interesse e pela "teimosia" em querer usufruir de um espaço que segundo algumas cabecinhas é de todos.
Eu tinha desistido hà primeira.
Destesto "Seguranças" armados em conservadores de museus e etc.

Carlos Medina Ribeiro disse...

Pois... Mas «pior do que um chefe, só um chefezinho» (e um burocrata, diria eu), pelo que mais depressa se abre a Praça do Comércio aos lisboetas do que o jardim das Galveias aos frequentadores.

Ah!, e lá estão os bancos, as mesas e as cadeiras no local que se vê na foto.
Sem ninguém (além dos pavões), evidentemente!

Anónimo disse...

Bem parece uma história de ficção.

Carlos Medina Ribeiro disse...

Este caso é paradigmático pela forma como a senhora varreu o assunto para debaixo do tapete dizendo que estava a ser tratado.

Aliás, passou-se um caso semelhante, em Janeiro deste ano, com a estátua "Eça e a Verdade", que foi vandalizada e cujos cacos estão no Museu da Cidade.

O "post" sobre o assunto (colocado aqui e no blogue "Sorumbático")teve algum impacto, e o «PÚBLICO» e o «Tal & Qual» pegaram no assunto:
Foram lá ver, fotografaram, entrevistaram responsáveis e fizeram reportagens de (quase) página inteira sobre o tema.

Pois bem; a senhora do Pelouro da Cultura disse que a estátua não voltará ao local original; a vereadora do Urbanismo prometeu o contrário.

Venha daí um palpite: qual das duas é mais provável que tenha dito a verdade?

Anónimo disse...

A minha aposta é:
- Ministério da Cultura: - O assunto está a ser tratado.

- Pelouro da Cultura: O assunto está a ser analizado.

- Vereadora da cultura: - O assunto está a ser estudado