É risível ou demagógico e manipulador afirmar que andar a 50 km/h "provoca sono", como afirma a petição.
É irresponsável ou ignorância, afirmar que se pode naquelas vias "andar um pouco mais depressa sem correr grandes riscos". Demonstra que quem promoveu a petição só estava a pensar nos condutores e ocupantes do automóvel - e mesmo assim erradamente porque não fez as contas ou infelizmente não sabe do que fala e só pensou no seu umbigo. O que infelizmente é cada vez mais verdade na forma como pensamos em segurança rodoviária em Portugal - salve-se quem puder! O melhor é comprar um jeep bem alto.
As distâncias de travagem aumentam com o quadrado da velocidade do automóvel. O risco de ser envolvido num acidente em que alguém é morto ou hospitalizado, dobra aproximadamente por cada 5 km/h acima dos 60 km/h. Por isso, a petição está a exigir que alguns condutores possam conduzir a uma velocidade que aumenta o risco de matar ou enviar alguém para o hospital mais de 16 vezes (uma vez que a tolerância dos radares anda pelos 5 km/h) nas vias em causa.
Poucas vias de Lisboa teriam noutra capital da Europa uma velocidade máxima superior a 70 km/h, e para isso, não pode existir nem uma passagem que não seja desnivelada. O aumento de velocidade nas cidades não implica somente o problema da segurança das pessoas, mas também o aumento significativo dos diversos tipos de poluição.
A petição é realmente escrita por quem não percebe para que existem limites de velocidade, por quem é egoista demais para perceber que uma cidade não serve para a atravessarmos a 100km/h à hora (provocando acidentes, poluição, ruído e congestionamento). Na Alemanha há zonas onde os automóveis são obrigados a circular a Schrittempo, ou seja ao ritmo de passo. Em Lisboa, queremos transformar as avenidas em vias-rápidas
Entristece assistir a todas estas demonstrações de puro ódio pelo automóvel e por quem o conduz e é sistematicamente tomado, à partida, como uma besta.
"Risível, demagógico e manipulador" é sim esta fanática cruzada que tudo reduz a uma questão de velocidade. E que, sem mais, passa uma qualificação de demência a quem ousa questionar essa orientação.
Tresanda às manifestações arrogantes de "superioridade moral" a que, a pretexto de outras coisas, temos tido a desdita de assistir.
Gostaria que, antes de fazer acusações genéricas, que especificasse as suas acusações. Gostaria que apontasse exactamente onde estão "demonstrações de puro ódio pelo automóvel e por quem o conduz". Eu conduzo e por isso dificilmente poderia considerar os condutores umas bestas - em nada do que disse, ou li nos comentários a este post, encontro as coisas enormes que afirma. Parece-me que anda à procura de fantasmas para defender o indefensável. Insisto, porque ou se discute ideias e factos ou se está a estereotipar um grupo indefinido de pessoas.
Não querendo defender o comentário da Joana, parece-me evidente que só disse que é risível ou demagógico e manipulador afirmar que andar a 50 km/h "provoca sono". Concordo, porque de facto ri-me, quando li a dita passagem da petição. Fiquei na dúvida se o peticionante acreditava realmente nisso ou se foi uma "figura de estilo" de quem escreve para impressionar o próximo.
Admita-se então que do que está até agora escrito nestes comentários, não há "ódio". Há apenas, tanto quanto consigo identificar, risibilidade, demagogia, manipulação, irresponsabilidade, ignorância (sob essa forma genérica e a de desconhecimento do tema tratado) , erro e egoísmo.
Tudo isto somado é bastante, que diabo! Mas não chegará ainda ao extremo do ódio, tomado em sentido literal, formal. Perdoará - perdoarão - então, peço-lhe esta minha imprecisão.
Em sentido literal e formal, insisto. Porque em termos subtantivos, a culpabilização massiva, irrestrita, apriorística, indiscutível, dos automobilistas, tem "o seu quê" de cegueira, obnubiladora de um raciocínio límpido.
E leva - isso sim e tomando as suas palavras - "a estereotipar um grupo indefinido de pessoas". Só que aqui ele até está bem definido: são os automobilistas.
Todos, por grosso, tomados à partida como gente perigosa e sob as quais é imprescindível fazer inverter o princípio da inocência.
O que é muito conveniente para aqueles de nós, automobilistas, que sejam de facto perigosos. Dilui-lhes a culpa: ela passa a ser própria da condição de automobilista e não já consequência do seu específico comportamento
É muito conveniente para as autoridades, assim incitadas a concentrar-se num tipo de actuação que lhes é cómoda: é muito mais fácil multar por acção remota de um radar, do que perseguir e imobilizar, com evidentes riscos, por exemplo.
É muito conveniente para quem "planeou" e "mantém" as nossas cidades, ruas, estradas, avenidas, sinalização, etc., e vive em santa impunidade.
É muito conveniente para quem regula a instrução da condução automóvel e a emissão das respectivas licenças, onde o que conta é não falhar as três perguntinhas - por vezes absolutamente irrelevantes para a boa concretização do acto de conduzir - no exame de código.
É muito conveniente para todos eles porque fornece um permanente bode expiatório, ópimo para sossegar consciências.
Não nos esqueçamos que quando, mais uma vez, escutamos um oficial da BT da GNR (a figura mais recorrente) a afirmar, sem mais, que um dado acidente se ficou a dever a excesso de velocidade, em regra os envolvidos nesse acidente - o seu "causador", desde logo - não o podem contraditar.
A sua palavra não conta; se acaso está vivo não tem um acesso sequer remotamente comparável aos meios da dita comunicação social.
E enquanto esse oficial da GNR fala, faz-se impunemente "street racing"; circulam pesados carregados de forma inimaginável; conduzem milhares de pessoas - na melhor boa fé - com uma formação na matéria absolutamente anedótica ("x" horas no pára-arranca da cidade e onde os grandes critérios são - a todo o custo! - não pisar o traço contínuo nem tocar no passeio ao estacionar...); existem estradas, ruas, etc., que são autênticas armadilhas e assim se eternizam; são construídas vias de características "rápidas", para escoar trânsito e onde, depois, se impõem os limites próprios de uma rua residencial.
Massacra-se o condutor, uma a outra e outra vez, como "O" responsável, como se nada mais houvesse. Faz-se o silêncio sobre tudo o resto. E pretende-se resolver o problema.
Todas as afirmações que fiz são relativas a posições de um grupo de pessoas. Se ler com atenção os meus adjectivos qualificam frases e tomadas de posição e não pessoas. Muito menos pessoas genéricas como "os condutores". Sou condutora há 25 anos e dificilmente posso, e seria de facto incorrecto, qualificar "todos os condutores" da mesma forma. Conheço condutores que conduzem de forma excelente e outros com conduzem como umas bestas - atenção, não são bestas, entende? Risibilidade, demagogia, manipulação eram adjectivos para qualificar uma frase de uma petição. Não quem a escreveu ou assinou.
De resto, tem toda a razão - existem milhares de condutores de boa fé e por isso seria totalmente incorrecto generalizar. Mas que há tomadas de posição de alguns condutores absurdas até vc concorda. Que há comentadores de jornal que escrevem coisas palermas, até vc concorda. Atenção - escrevem coisas palermas, não leia que os chamei de palermas e que chamei quem escreve nos jornais de palerma. Por vezes leituras apressadas do português levam as estas coisas.
Talvez não dê sono. Em qualquer caso, adjectivar com tamanha severidade essa referência ao sono é, dir-se-ia, pelo menos desproporcionadamente severo. Mas é evidentemente a minha opinião. Nada mais. Vale o que vale e é bem pouco, seguramente, esse valor.
Quanto ao resto, concordará decerto que, mau grado esse seu cuidado, muito estimável, em não confundir o agente da acção e a pessoa desse agente, ele encerra uma subtileza de raciocínio que muito provavelmente escapará quando a discussão do tema se generaliza.
Posto que a mesma lidará, diria, com as causas do que se passa nas nossas ruas e estradas, mais do que com a exegese profunda das suas palavras.
Mais do que resultado de uma apressada leitura do seu português - aliás, há que o notar, minha senhora, louvavelmente escorreito (coisa que vai sendo preciosa e rara, por estes tempos) - talvez o que eu nele tenha encontrado haja sido a interpretação infeliz (mas muito conveniente, para certas entidades) que ele, apesar dessa sua enxuta característica, permite sustentar.
Mas afinal a questão, nesta nossa agradável troca de palavras, parece ser que eu, dando de barato a minudência argumentativa de causar ou não sono, concordo que "em Lisboa, o limite de 50 km/h foi imposto precisamente nos locais onde, pelas características da rodovia, os lisboetas podiam, depois de muitos engarrafamentos, andar um pouco mais depressa sem correr grandes riscos".
Concordo que se deveria tomar "as medidas necessárias para converter o actual limite dos 50 km/h para os 80 km/h em todos aqueles troços que, como os indicados neste texto, sejam do tipo "via rápida", com quatro faixas [eu diria três] de rodagem e baixa frequência de atravessamentos."
E suponho, das suas palavras (perdoe-me se suponho mal), que a senhora discorda.
Muito bem, agora que se afastou a visão de generalizações onde não existiam, podemos usar o nosso português enxuto para discutir ideias. :-) Devo só acrescentar que é vulgar o autor da petição de acusar quem não está de acordo com ela de fanáticos - "eles" que se atrevem a partilhar uma opinião com milhares de especialistas, investigadores de segurança rodoviária e pessoas de bom senso em todo o mundo. Enfim, na falta de argumentos...
As ideias, então. Diz que concorda com esta frase:
"em Lisboa, o limite de 50 km/h foi imposto precisamente nos locais onde, pelas características da rodovia, os lisboetas podiam, depois de muitos engarrafamentos, andar um pouco mais depressa sem correr grandes riscos"
Gostaria de saber onde vai buscar elementos para poder subscrever que nestas avenidas se pode andar mais depressa sem correr grandes riscos. Uma opinião fundamentada em quê? Empírico? Vontade de que assim seja? Não entende, que é uma frase sem qualquer significado ou base estatística? Que é atirar uma léria À parede a ver se cola?
O que lhe posso afirmar é que centenas de estudos em todo o mundo dizem o contrário - a probabilidade de acidente cresce com a velocidade e não de uma forma linear e intuitiva. Ler com atenção o meu primeiro comentário e encontrará lá números que não são meus ou inventados por mim obviamente - poderei fornecer as referências de universidades e publicações se assim o desejar. Aliás basta ir ao google e encontrar publicações da OCDE, OMS, relatórios de universidades, todos a explicar porquê que esta frase é absurda e disparatada. Estamos a lidar com crescimentos exponenciais de risco.
Diz que concorda com esta frase:
"as medidas necessárias para converter o actual limite dos 50 km/h para os 80 km/h em todos aqueles troços que, como os indicados neste texto, sejam do tipo "via rápida", com quatro faixas [eu diria três] de rodagem e baixa frequência de atravessamentos."
Também já foi referido por várias pessoas que estas avenidas têm passadeiras, cruzamentos de nível, locais de trabalho com milhares de trabalhadores, escolas secundárias e bairros nas imediações. Não é de espantar, portanto, que haja dezenas de atropelamentos (ver as estatísticas) nestas mesmas avenidas por ano - agora diga-me se vale a pena matar ou ferir mais pessoas para alguns condutores pouparem 27 segundos por quilometro. Aliás, para alguns chegarem ao próximo semáforo uns segundos mais cedo, outros não chegarão mais a casa. É esse o peso e o contra-peso da balança.
Claro que há quem diga que a solução é criar ainda mais barreiras para que não haja peões próximo destas estradas. Valerá a pena pôr redes e muros de betão e obrigar desvios difíceis e penosos de usar por todos e impossíveis de transpor por deficientes, pessoas com bagagens, bicicletas e alguns idosos? Estamos a comparar segundos com minutos, esforço de subir e descer umas escadas com o esforço de tirar o pé do pedal do acelerador. Estamos a transformar Lisboa numa cidade de barreiras porque alguns gostam de andar depressa. Por isso é que esta petição é egoísta - não pensa em todos.
Ou seja, minha senhora, permitem-se erros urbanísticos tremendos que cercam de habitação e ocupação profissional, o que deveriam ser canais de escoamento rápido e eficaz de tráfego. Veja-se a "pérola" do vale de Alcântara, um bairro cortado não por uma rua residencial, mas por um desses canais. O facto dessa via ser anterior - muito anterior - a esse bairro é, parece, absolutamente irrelevante.
Obriga-se a que penetre a cidade um volume de tráfego absolutamente escusado, porque se eterniza e adia por décadas a construção de vias circulares verdadeiramente externas à mancha urbana (e ao ritmo e descontrolo a que ela cresce, não sei se alguma vez haverá tais vias; ou, havendo, por quanto tempo assim se manterão). E quando finalmente são construídas, são portajadas. Veja-se a esse propósito a pressão de "pesados" de mercadorias, na 2ª Circular - como se houvesse quanto a elas uma alternativa efectivamente realista.
A Grande Lisboa cresce desordenada, numa actuação digna de malfeitoria, cujos fautores gozam desde sempre de tranquila impunidade. A circulação automóvel, na Grande Lisboa (cidade crescendo, ao longo de décadas, em olímpico desprezo pelo automóvel e sem cuidar de - desprezando-o - desenvolver alternativas ao mesmo), é, apenas, um reflexo - uma consequência mais - disso.
Mas o alvo, para os bem pensantes, é sempre e só o mesmo: o automobilista. Tudo o resto não interessa; fora ele - o automobilista - não há responsáveis. Ou se há, a sua acção é desprezível.
Não tenho, minha senhora, abundantes estudos a exibir (ou, como aqui vejo, apenas a invocar sem mais). Tenho a sensibilidade de várias décadas de vida na Grande Lisboa. Morando na cidade e trabalhando na periferia, morando na periferia e trabalhando na cidade, ou, como agora, morando e trabalhando na cidade. Como peão, como cliente (chega de "utente"!) dos infelizes transportes públicos que temos. E como automobilista.
E tenho o grande cansaço de, enquanto automobilista, ser sistemática e metodicamente demonizado.
Talvez por isso eu veja a petição, nos seus méritos e eventuais defeitos, na maior ou menor exequibilidade do que sustenta e propõe, como uma reacção natural e legítima (ainda que politicamente incorrectíssima e, seguramente, absolutamente impossível - desde logo e apenas por isso - de adoptar).
O que, é de recear, nos coloca aos dois em posições inconciliáveis. Mas felizmente preservando, valha isso, a cortesia de trato.
Ninguém o quer prejudicar ou tramar-lhe a vida. Basta tirar o pé do acelerador que vai ver que vive com menos stress e sorrirá para o bimbo que foi fotografado e ficou ao seu lado no semáforo seguinte. E terá a satisfação de estar ajudar a cidade a ficar mais humana e razoável.
Passou um mês desde que lancei a Petição Online pela conversão do limite de velocidade, nos radares de Lisboa, dos 50km/h para 80km/h.
A Petição aproxima-se paulatinamente das 8.000 assinaturas e estamos em pleno Agosto. Só um “cego” não vê o significado que isso tem.
A Petição tem incomodado algumas pessoas. São os fundamentalistas do trânsito e pertencem a diferentes categorias:
- Os que foram afectadas por algum acidente e que, compreensivelmente, ficaram traumatizados. É pena que uma parte dessas pessoas pareça ter dirigido as suas energias não para resolver os problemas mas para castigar a sociedade.
- Os que sonham com um mundo idílico onde só haveria peões e, talvez, bicicletas. Como se trata de uma utopia, que as pessoas crescidas não adoptam, tentam chegar ao mesmo resultado criando toda a espécie de empecilhos aos odiados automobilistas.
- Os que têm da vida em sociedade uma visão burocrática e legalista. Essas pessoas têm dificuldade em perceber que há uma diferença entre a velocidade máxima legalmente permitida e a velocidade máxima para circular em segurança nas situações concretas do dia-a-dia. Que só esporádicamente a velocidade máxima estabelecida por lei pode ser usada, com razoabilidade, na vida prática.
Estas atitudes em várias combinações, a partir de posições fortes na comunicação social e usando despudoradamente os “mortos e feridos”, conseguiram tornar-se a doutrina oficial. Tal só foi possível porque os responsáveis políticos tiveram medo de não parecer “politicamente correctos”.
Em vez de se isolar e punir os causadores de acidentes e os que insistem em comportamentos de alto risco, que são perseguidos com muito pouca convicção, as atenções são todas viradas para a generalidade dos cidadãos inocentes. Como o objectivo é castigar a sociedade é preciso transformar cada cidadão num assassino disfarçado. A maneira mais fácil de o conseguir é estabelecer padrões de comportamento, por exemplo com os limites de velocidade, quase impossíveis de cumprir.
Mas os milhões de cidadãos que todos os dias desrespeitam os limites legais de velocidade não são, na sua esmagadora maioria, nem “street racers” nem irresponsáveis. São pessoas normais que trabalham; que precisam de chegar ao emprego a horas; que têm em casa, à espera, os velhos ou as crianças; que tentam chegar ao infantário antes que feche; que trabalharam demasiadas horas e já estiveram em demasiados engarrafamentos. Estes é que são os criminosos que se devem perseguir ?
Bem esclarecedor desta lamentável situação é o famoso slogan “guerra civil nas estradas” que procura dramatizar o fenómeno dos acidentes em vez de o esclarecer. Invocam irresponsavelmente as guerras civis mas omitem que os 850 mortos que ocorrem durante um ano nas estradas portugueses são um número atingido em questão de dias, por exemplo nos atentados do Iraque ou mesmo nos homicídios da Venezuela. Se isto não é manipulação...
A tal “guerra civil nas estradas” muitas vezes caracterizada como “de todos contra todos” induz a ideia de intencionalidade. Como se para além de descuidados, impreparados e imprudentes os automobilistas, todos presume-se, tivessem igualmente a intenção de ferir e de matar os seus concidadãos. Simplesmente vergonhoso.
É absolutamente necessário fazer uma rotação dramática na forma como a prevenção dos acidentes é tratada no nosso país. Para isso há que:
- Abandonar o catastrofismo e as abordagens emocionais e tratar do problema de acordo com a sua verdadeira dimensão. As fortunas que se têm gasto numa prevenção rodoviária mal perspectivada teriam, provavelmente, salvo muito mais vidas em campanhas de prevenção do cancro ou das doenças vasculares/cerebrais, que matam mais de 40.000 pessoas todos os anos.
- Adoptar uma política de pontuação individual dos condutores, que parece estar a resultar em Espanha, baseada na penalização das manobras perigosas e do consumo de álcool e drogas em vez de privilegiar o incumprimento dos limites abstractos de velocidade.
- Ouvir o que pensa a generalidade dos cidadãos em vez de os tratar como delinquentes. Se os cidadãos são suficientemente responsáveis para eleger o Presidente e a Assembleia da República também são responsáveis nas questões do trânsito. Se assim não fosse teríamos que concluir que as leis do trânsito não são legitimas pois foram feitas pelos eleitos do povo.
Para finalizar: conduzo há 43 anos, já fiz cerca de um milhão de quilómetros na Europa, na África e na América, nunca fui multado por excesso de velocidade e nunca tive qualquer acidente.
-O trânsito numa cidade diminui-se com uma boa rede de transportes públicos, que tenham uma ampla cobertura dessa mesma cidade, cumpram horários e sejam confortáveis. Os acidentes diminuem-se com uma boa sinalização e qualidade dos pisos, para além dum correcto traçado. As vias rápidas não devem rasgar uma cidade, mas contorná-la. O excesso de velocidade está longe de ser a principal causa de acidentes, então em matéria de acidentes urbanos, entre os quais o atropelamento, já aqui referidos por outros comentadores, falar ao telamóvel, não sinalizar as manobras ou o desrespeito pela sinalização são muito mais perigosos do que o excesso de velocidade. Para quem falou na Alemanha sabem que por lá nas auto-estradas não existem limites de velocidade, mas sempre que as condições o justificam, chuva, nevoeiro, intensidade de tráfego, ele aparece? Para além disso a polícia monitoriza as estradas para detectar quem practica condução perigosa, interceptando-os mais à frente? Talvez não tenha é um retorno tão rápido do investimento como o que vai render o saque ao automobilista com estes radares, mas são mais eficazes por lá. Em Madrid conhecem os limites de velocidade na circular M30?
Ninguém o quer prejudicar ou tramar-lhe a vida. Basta tirar o pé do acelerador que vai ver que vive com menos stress e sorrirá para o bimbo que foi fotografado e ficou ao seu lado no semáforo seguinte. E terá a satisfação de estar ajudar a cidade a ficar mais humana e razoável.
Bem haja, Joana"
Mas já o faço, minha senhora, já o faço. Na cidade de Lisboa, não sei o que seja, em quase trinta anos de condução, uma multa por excesso de velocidade.
Mas, é certo, multas dessas foram já duas (o que deve fazer de mim um perigoso ressabiado). Uma numa longínqua manhã de Domingo, na estrada, sem trânsito outro que não eu próprio, numa longa recta e onde fui "caçado" porque, ingénuo, não liguei o solitário carro, parado na berma, a uma "caçada"; nem cuidei nesse preciso instante de monitorizar com escrupulosa exactidão a minha velocidade. É que a diferença entre a velocidade a que seguia e o limite legal, naquele local, era ridícula.
Outra, numa localidade, é certo. Também já longínqua e também em similar situação de (ausência de) de trânsito e de grau de excesso.
Calcule - imagino o seu espanto - que me prezo de respeitar o código da estrada (ainda que discordando de algumas das suas normas). E calcule - imagino ainda um seu maior espanto - que me considero um condutor respeitador dos outros, sejam condutores ou (espanto!) peões (coisa que, por estranho que lhe possa parecer, sou muitas vezes).
Note ainda que em qualquer dessas vezes em que violei o limite de velocidade - e fui (sossegue) devidamente punido -, conduzia um automóvel em perfeitas condições de operacão, escrupulosamente mantido. Oferecendo, estou convicto, bem mais capacidade de rápida imobilização, do que tantos outros que seguramente circulavam por aí. Bem sei que isso é irrelevante nas circunstâncias - nem tão pouco aleguei tal facto - mas não é irrelevante para a minha consciência, enquanto condutor.
Não é a mim que querem tramar a vida. Não mereço nem pretendo o estatuto de mártir - e lamento que a senhora tenha entendido necessário seguir essa desnecessária via de irónica fulanização, de bem duvidoso gosto e levando-me a estas linhas, presumindo mesmo - é o que decorre das suas palavras iniciais - que eu habitualmente conduzo em excesso de velocidade.
Já aceito menos bem sentir-me parte de um grupo de milhares de meus concidadãos sobre quem recai, a priori, e de forma insistentemente cultivada, uma predisposição cega para culpar. Uma predisposição estremecidamente acarinhada por tantos outros cidadãos que assim encontram, muito convenientemente e para repouso das suas consciências, um culpado para uma questão que não conseguem controlar (e para a qual acham que "basta tirar o pé do acelerador"). É essa a questão.
Diz-se, enfim, que quem não sente, não é filho de boa gente.
As minhas desculpas se o meu português foi, desta vez, demasiado enxuto. Foi um comentário a sorrir.
Caro Penim,
Continue a apelidar os outros todos que não concordam consigo de fanáticos. Vai pelo bom caminho. Obviamente estou a brincar. Leia quem estuda o assunto e depois debata factos e ideias. O resto são passes de magica e textos vazios de conteúdo.
Caro António Almeida,
Onde leu ou confirmou tamanhas convicções sobre segurança rodoviária? Fique sabendo que os relatórios sobre segurança rodoviária publicados nas últimas décadas, apontam sempre a velocidade como o problema principal e recomendam a sua rigorosa fiscalização. Uns fanáticos certamente, diria o Penim.
Sabe que acontece quando apanha ideias do "ar", sem pensar ou confirmar? Publica no seu blog e engana os seus amigos todos que na próxima segunda-feira haverá um fenómeno único: "parecerá que a Terra tem 2 luas, pois o brilho de Marte será tão grande como a Lua cheia".
Sugiro que se junte ao Penim e que de mãozinhas dadas, passem a noite de segunda-feira a olhar para o céu. É que se acreditarem muito numa ideia, até as leis da física se alteram. Por mais que acreditem os dois, haverá sempre meia dúzia de fanáticos a dizer que dia 27, Marte não se encontra à distância mínima da Terra, não se vê a olho nu do tamanho da Lua e que nem tão-pouco é visível no céu. Pois, mas não será por uns tantos fanáticos a estragarem as vossas convicções que deixará de haver pai natal. :-)
Gostava de conhecer os relatórios onde se prova que a velocidade máxima de 50 km/h é a correcta para a Av. dos Estados Unidos da América ou para as outras que refiro na Petição. É isso que está em causa na Petição e a Joana responde com generalidades.
Não é preciso ser cientista para saber que bater contra uma parede a 80 dói mais do que bater a 50. Isso até uma criança sabe. Só que o problema não é esse. Também não é preciso ser cientista para saber que se todos os veículos estiverem parados não podem colidir.
Um dia destes explico-lhe porque é que o controle abstracto da velocidade não é a solução socialmente mais eficaz para resolver o problema dos acidentes embora tenha pouca esperança de que algum dia venha a perceber.
A Joana pertence à categoria de fundamentalistas que adoptaram "causas" em substituição da religião tradicional. Guardaram no entanto a noção do pecado e da expiação. Pensam que os problemas do mundo se resolvem pela penitência.
Aquando do terramoto de 1755 em Lisboa o padre Gabriel Malagrida defendia no púlpito que a catastrofe se devia aos pecados dos lisboetas e que constituía um castigo dos céus. Teve o azar de se cruzar com o Marquês de Pombal, um espírito prático, e acabou na fogueira em 1761.
É óbvio que os relatórios não se referem à Av. do Estados Unidos da América. O que mencionam são modelos probabilísticos de risco, com locais de controle em várias partes do mundo e vários tipos de via. Podem prever em média e a longo prazo qual seria o aumento de pessoas mortas ou feridas por ano se se aumentar a velocidade média numa determinada via - seria possível, por exemplo, saber quantos mortos e feridos a sua petição provocaria, se fosse aceite. Não perceber isso, demonstra que não percebe o método cientifico em geral e segurança rodoviária em particular.
O que lhe também chamei a atenção, é que existem inúmeros relatórios que dizem exactamente o contrário das teorias que você inventou - o controle dos limites de velocidade é uma das soluções mais eficaz para diminuir a severidade dos acidentes. Ninguém diz que é a única solução, ninguém diz que resolve o problema. Mas em parte alguma do mundo encontrará alguém com bom senso e tenha estudado estas matérias, decidir aumentar o limite de velocidade para 80 km/h em vias com passadeiras!
Você continua a personalizar o assunto, apelidando-me de fundamentalista, e quem sabe, desejando um "espírito prático", que queime aqueles que você, na sua visão distorcida do mundo, imagina como meia dúzia. Ficam-lhe bem esses acessos totalitários. :-)
O que lhe custa e finge não perceber, é que partilho a minha posição com a maioria de especialistas mundiais sobre o assunto e com todos governos de direita ou esquerda em todo o mundo civilizado. Você, cego e isolado neste cantinho à beira-mar plantado, continua a pensar que a "generalidade das pessoas" partilha as suas opiniões. Relaxe que a sua "causa", apesar de absurda e patética, está a tomar proporções de fanatismo religioso - adesão cega a uma doutrina sem base racional; dedicação excessiva; cegueira; obstinação. Percebe a diferença? Você acredita que andar mais depressa um bocadinho não aumenta muitos os riscos, porque, errm...você acredita. E prontos! :-)
O resto das suas divagações são desprovidas de senso: não me conhece para perceber o absurdo - seria penitencia se acreditasse que me custava alguma coisa chegar ao semáforo seguinte uns segundos mais cedo. Acontece que acredito que 50 km/h é mais do que suficiente.
Bolas Bolas Bolas! Até fiquei cansada de tanto argumento. Conduzo hà já 15 anos e também me orgulho de até hà data não ter tido NENHUMA multa. No entanto não posso concordar com alguns limites agora impostos, que me parecem ter sido feitos com o unico propósito da CAÇA à MULTA. Enquanto não vir os tais "desgraçadinhos" dos Peões serem autuados quando decidem cortar caminho e atravessar a rua fora das passadeiras. Quase me apetece dizer: ou há Democracia ou comem todos no chão. E aqueles que se poem à beira da passadeira e saltam quando veêm que o carro já está pertinho? E o que é mesmo engraçado, é que não vejo ninguem fazer petições para que esses profissionais da indemnização sejam penalizados, nem a D. Joana, que partilha certas toerias com "especialistas mundiais" admitir que os excessos são praticados por todos, não são excluzivo dos automobilistas.Caramba já chega de tanto extremismo.
Ora bolas! :-) O número de anos que você conduziu e o número de multas que teve é totalmente irrelevante para esta discussão. Não estamos a discutir os méritos de cada um.
Acha que não seria mais fácil fazer o que você chama de caça-à-multa com radares móveis e escondidos como fazem em muitas cidades da Europa? Falar em "caça-à-multa" quando nos referimos a radares enormes e luminosos, que avisam o motorista do excesso de velocidade e dão a oportunidade de a baixar antes de fotografar a matricula, é demagógico e desonesto.
Os seus argumentos para se referir aos peões como "desgraçadinhos" e alguns como profissionais da indemnização é ridículo, demonstra extremismo e uma generalização ofensiva. Por isso mesmo nem merece resposta.
Cara D. Joana Talvez esplicando melhor consiga entender. Será que não ter multas se deva ao facto de respeitar o código e os limites? Será que somos todos maus condutores? SERÁ QUE NÃO EXISTEM MAUS PEÕES?Para mim Extremismo e fanatismo é só ter um ponto de vista. Eu orgulho-me de ter os dois. Pelo que li, a Sra. apenas defende os radares e os peões. Não escreveu uma unica palavra para admitir que peões também cometem erros, erros esse que muitas vezes são pagos pelos condutores. Quanto ao radares móveis eles existem e não são tão poucos como a maioria pensa. Se calher se andassem na estrada oom mais atenção davam por eles.
E agora só para chatear: - Se não mereço resposta porque respondeu?
Existem maus peões, maus condutores, maus portugueses, maus futebolistas, maus ________(acrescente à sua vontade).
Se respeita as regras do código da estrada, só lhe fica bem. Mas repito que é totalmente irrelevante para esta conversa.
Só não respondi ao paragrafo em que se revelou ter uma posição extremista, porque generalizou e estereotipou. Também conduzo e sei observar o mundo das duas perspectivas. Nunca disse que "os condutores" são assim ou são assado. Da mesma forma que seria abusivo confundir um paragrafo infeliz consigo, que não conheço.
24 comentários:
Caro Luís Coimbra,
É risível ou demagógico e manipulador afirmar que andar a 50 km/h "provoca sono", como afirma a petição.
É irresponsável ou ignorância, afirmar que se pode naquelas vias "andar um pouco mais depressa sem correr grandes riscos". Demonstra que quem promoveu a petição só estava a pensar nos condutores e ocupantes do automóvel - e mesmo assim erradamente porque não fez as contas ou infelizmente não sabe do que fala e só pensou no seu umbigo. O que infelizmente é cada vez mais verdade na forma como pensamos em segurança rodoviária em Portugal - salve-se quem puder! O melhor é comprar um jeep bem alto.
As distâncias de travagem aumentam com o quadrado da velocidade do automóvel. O risco de ser envolvido num acidente em que alguém é morto ou hospitalizado, dobra aproximadamente por cada 5 km/h acima dos 60 km/h. Por isso, a petição está a exigir que alguns condutores possam conduzir a uma velocidade que aumenta o risco de matar ou enviar alguém para o hospital mais de 16 vezes (uma vez que a tolerância dos radares anda pelos 5 km/h) nas vias em causa.
Caro Luís Coimbra, é ainda mais irresponsável, num país europeu com estatísticas verdadeiramente trágicas de acidentes na estrada, quem se lembra de fazer uma petição para poder andar mais depressa um bocadinho.
Como já foi explicado várias vezes (ver outros comentários neste mesmo blog), todas as vias mencionadas na petição têm peões e atropelamentos.
Joana
Uma colecção de memórias de quem viu, assistiu e é com horror que se lembra. Insuspeitos. Até gostam muito de carros! No fórum do AutoHoje.
Felizmente não é necessário passar pelo horror, para pensar melhor. Mais um vídeo entre centenas de campanhas frequentes em países mais civilizados. Tentativas de explicar algo que não é intuitivo para a maior parte dos condutores - as distâncias de travagem aumentam com o quadrado da velocidade do automóvel.
Cordialmente,
PA
Poucas vias de Lisboa teriam noutra capital da Europa uma velocidade máxima superior a 70 km/h, e para isso, não pode existir nem uma passagem que não seja desnivelada. O aumento de velocidade nas cidades não implica somente o problema da segurança das pessoas, mas também o aumento significativo dos diversos tipos de poluição.
JA
A petição é realmente escrita por quem não percebe para que existem limites de velocidade, por quem é egoista demais para perceber que uma cidade não serve para a atravessarmos a 100km/h à hora (provocando acidentes, poluição, ruído e congestionamento).
Na Alemanha há zonas onde os automóveis são obrigados a circular a Schrittempo, ou seja ao ritmo de passo. Em Lisboa, queremos transformar as avenidas em vias-rápidas
Entristece assistir a todas estas demonstrações de puro ódio pelo automóvel e por quem o conduz e é sistematicamente tomado, à partida, como uma besta.
"Risível, demagógico e manipulador" é sim esta fanática cruzada que tudo reduz a uma questão de velocidade. E que, sem mais, passa uma qualificação de demência a quem ousa questionar essa orientação.
Tresanda às manifestações arrogantes de "superioridade moral" a que, a pretexto de outras coisas, temos tido a desdita de assistir.
Costa
Caro Costa,
Gostaria que, antes de fazer acusações genéricas, que especificasse as suas acusações. Gostaria que apontasse exactamente onde estão "demonstrações de puro ódio pelo automóvel e por quem o conduz". Eu conduzo e por isso dificilmente poderia considerar os condutores umas bestas - em nada do que disse, ou li nos comentários a este post, encontro as coisas enormes que afirma. Parece-me que anda à procura de fantasmas para defender o indefensável. Insisto, porque ou se discute ideias e factos ou se está a estereotipar um grupo indefinido de pessoas.
Não querendo defender o comentário da Joana, parece-me evidente que só disse que é risível ou demagógico e manipulador afirmar que andar a 50 km/h "provoca sono". Concordo, porque de facto ri-me, quando li a dita passagem da petição. Fiquei na dúvida se o peticionante acreditava realmente nisso ou se foi uma "figura de estilo" de quem escreve para impressionar o próximo.
Cordialmente,
PA
Caro Paulo Antunes,
Admita-se então que do que está até agora escrito nestes comentários, não há "ódio". Há apenas, tanto quanto consigo identificar, risibilidade, demagogia, manipulação, irresponsabilidade, ignorância (sob essa forma genérica e a de desconhecimento do tema tratado) , erro e egoísmo.
Tudo isto somado é bastante, que diabo! Mas não chegará ainda ao extremo do ódio, tomado em sentido literal, formal. Perdoará - perdoarão - então, peço-lhe esta minha imprecisão.
Em sentido literal e formal, insisto. Porque em termos subtantivos, a culpabilização massiva, irrestrita, apriorística, indiscutível, dos automobilistas, tem "o seu quê" de cegueira, obnubiladora de um raciocínio límpido.
E leva - isso sim e tomando as suas palavras - "a estereotipar um grupo indefinido de pessoas". Só que aqui ele até está bem definido: são os automobilistas.
Todos, por grosso, tomados à partida como gente perigosa e sob as quais é imprescindível fazer inverter o princípio da inocência.
O que é muito conveniente para aqueles de nós, automobilistas, que sejam de facto perigosos. Dilui-lhes a culpa: ela passa a ser própria da condição de automobilista e não já consequência do seu específico comportamento
É muito conveniente para as autoridades, assim incitadas a concentrar-se num tipo de actuação que lhes é cómoda: é muito mais fácil multar por acção remota de um radar, do que perseguir e imobilizar, com evidentes riscos, por exemplo.
É muito conveniente para quem "planeou" e "mantém" as nossas cidades, ruas, estradas, avenidas, sinalização, etc., e vive em santa impunidade.
É muito conveniente para quem regula a instrução da condução automóvel e a emissão das respectivas licenças, onde o que conta é não falhar as três perguntinhas - por vezes absolutamente irrelevantes para a boa concretização do acto de conduzir - no exame de código.
É muito conveniente para todos eles porque fornece um permanente bode expiatório, ópimo para sossegar consciências.
Não nos esqueçamos que quando, mais uma vez, escutamos um oficial da BT da GNR (a figura mais recorrente) a afirmar, sem mais, que um dado acidente se ficou a dever a excesso de velocidade, em regra os envolvidos nesse acidente - o seu "causador", desde logo - não o podem contraditar.
A sua palavra não conta; se acaso está vivo não tem um acesso sequer remotamente comparável aos meios da dita comunicação social.
E enquanto esse oficial da GNR fala, faz-se impunemente "street racing"; circulam pesados carregados de forma inimaginável; conduzem milhares de pessoas - na melhor boa fé - com uma formação na matéria absolutamente anedótica ("x" horas no pára-arranca da cidade e onde os grandes critérios são - a todo o custo! - não pisar o traço contínuo nem tocar no passeio ao estacionar...); existem estradas, ruas, etc., que são autênticas armadilhas e assim se eternizam; são construídas vias de características "rápidas", para escoar trânsito e onde, depois, se impõem os limites próprios de uma rua residencial.
Massacra-se o condutor, uma a outra e outra vez, como "O" responsável, como se nada mais houvesse. Faz-se o silêncio sobre tudo o resto. E pretende-se resolver o problema.
Seja.
Costa
Todas as afirmações que fiz são relativas a posições de um grupo de pessoas. Se ler com atenção os meus adjectivos qualificam frases e tomadas de posição e não pessoas. Muito menos pessoas genéricas como "os condutores". Sou condutora há 25 anos e dificilmente posso, e seria de facto incorrecto, qualificar "todos os condutores" da mesma forma. Conheço condutores que conduzem de forma excelente e outros com conduzem como umas bestas - atenção, não são bestas, entende? Risibilidade, demagogia, manipulação eram adjectivos para qualificar uma frase de uma petição. Não quem a escreveu ou assinou.
De resto, tem toda a razão - existem milhares de condutores de boa fé e por isso seria totalmente incorrecto generalizar. Mas que há tomadas de posição de alguns condutores absurdas até vc concorda. Que há comentadores de jornal que escrevem coisas palermas, até vc concorda. Atenção - escrevem coisas palermas, não leia que os chamei de palermas e que chamei quem escreve nos jornais de palerma. Por vezes leituras apressadas do português levam as estas coisas.
De resto concordo com quase tudo o que diz.
Joana
Talvez não dê sono. Em qualquer caso, adjectivar com tamanha severidade essa referência ao sono é, dir-se-ia, pelo menos desproporcionadamente severo. Mas é evidentemente a minha opinião. Nada mais. Vale o que vale e é bem pouco, seguramente, esse valor.
Quanto ao resto, concordará decerto que, mau grado esse seu cuidado, muito estimável, em não confundir o agente da acção e a pessoa desse agente, ele encerra uma subtileza de raciocínio que muito provavelmente escapará quando a discussão do tema se generaliza.
Posto que a mesma lidará, diria, com as causas do que se passa nas nossas ruas e estradas, mais do que com a exegese profunda das suas palavras.
Mais do que resultado de uma apressada leitura do seu português - aliás, há que o notar, minha senhora, louvavelmente escorreito (coisa que vai sendo preciosa e rara, por estes tempos) - talvez o que eu nele tenha encontrado haja sido a interpretação infeliz (mas muito conveniente, para certas entidades) que ele, apesar dessa sua enxuta característica, permite sustentar.
Mas afinal a questão, nesta nossa agradável troca de palavras, parece ser que eu, dando de barato a minudência argumentativa de causar ou não sono, concordo que "em Lisboa, o limite de 50 km/h foi imposto precisamente nos locais onde, pelas características da rodovia, os lisboetas podiam, depois de muitos engarrafamentos, andar um pouco mais depressa sem correr grandes riscos".
Concordo que se deveria tomar "as medidas necessárias para converter o actual limite dos 50 km/h para os 80 km/h em todos aqueles troços que, como os indicados neste texto, sejam do tipo "via rápida", com quatro faixas [eu diria três] de rodagem e baixa frequência de atravessamentos."
E suponho, das suas palavras (perdoe-me se suponho mal), que a senhora discorda.
O que é absolutamente legítimo.
Costa
Muito bem, agora que se afastou a visão de generalizações onde não existiam, podemos usar o nosso português enxuto para discutir ideias. :-) Devo só acrescentar que é vulgar o autor da petição de acusar quem não está de acordo com ela de fanáticos - "eles" que se atrevem a partilhar uma opinião com milhares de especialistas, investigadores de segurança rodoviária e pessoas de bom senso em todo o mundo. Enfim, na falta de argumentos...
As ideias, então. Diz que concorda com esta frase:
"em Lisboa, o limite de 50 km/h foi imposto precisamente nos locais onde, pelas características da rodovia, os lisboetas podiam, depois de muitos engarrafamentos, andar um pouco mais depressa sem correr grandes riscos"
Gostaria de saber onde vai buscar elementos para poder subscrever que nestas avenidas se pode andar mais depressa sem correr grandes riscos. Uma opinião fundamentada em quê? Empírico? Vontade de que assim seja? Não entende, que é uma frase sem qualquer significado ou base estatística? Que é atirar uma léria À parede a ver se cola?
O que lhe posso afirmar é que centenas de estudos em todo o mundo dizem o contrário - a probabilidade de acidente cresce com a velocidade e não de uma forma linear e intuitiva. Ler com atenção o meu primeiro comentário e encontrará lá números que não são meus ou inventados por mim obviamente - poderei fornecer as referências de universidades e publicações se assim o desejar. Aliás basta ir ao google e encontrar publicações da OCDE, OMS, relatórios de universidades, todos a explicar porquê que esta frase é absurda e disparatada. Estamos a lidar com crescimentos exponenciais de risco.
Diz que concorda com esta frase:
"as medidas necessárias para converter o actual limite dos 50 km/h para os 80 km/h em todos aqueles troços que, como os indicados neste texto, sejam do tipo "via rápida", com quatro faixas [eu diria três] de rodagem e baixa frequência de atravessamentos."
Também já foi referido por várias pessoas que estas avenidas têm passadeiras, cruzamentos de nível, locais de trabalho com milhares de trabalhadores, escolas secundárias e bairros nas imediações. Não é de espantar, portanto, que haja dezenas de atropelamentos (ver as estatísticas) nestas mesmas avenidas por ano - agora diga-me se vale a pena matar ou ferir mais pessoas para alguns condutores pouparem 27 segundos por quilometro. Aliás, para alguns chegarem ao próximo semáforo uns segundos mais cedo, outros não chegarão mais a casa. É esse o peso e o contra-peso da balança.
Claro que há quem diga que a solução é criar ainda mais barreiras para que não haja peões próximo destas estradas. Valerá a pena pôr redes e muros de betão e obrigar desvios difíceis e penosos de usar por todos e impossíveis de transpor por deficientes, pessoas com bagagens, bicicletas e alguns idosos? Estamos a comparar segundos com minutos, esforço de subir e descer umas escadas com o esforço de tirar o pé do pedal do acelerador. Estamos a transformar Lisboa numa cidade de barreiras porque alguns gostam de andar depressa. Por isso é que esta petição é egoísta - não pensa em todos.
Joana
Ou seja, minha senhora, permitem-se erros urbanísticos tremendos que cercam de habitação e ocupação profissional, o que deveriam ser canais de escoamento rápido e eficaz de tráfego. Veja-se a "pérola" do vale de Alcântara, um bairro cortado não por uma rua residencial, mas por um desses canais. O facto dessa via ser anterior - muito anterior - a esse bairro é, parece, absolutamente irrelevante.
Obriga-se a que penetre a cidade um volume de tráfego absolutamente escusado, porque se eterniza e adia por décadas a construção de vias circulares verdadeiramente externas à mancha urbana (e ao ritmo e descontrolo a que ela cresce, não sei se alguma vez haverá tais vias; ou, havendo, por quanto tempo assim se manterão). E quando finalmente são construídas, são portajadas. Veja-se a esse propósito a pressão de "pesados" de mercadorias, na 2ª Circular - como se houvesse quanto a elas uma alternativa efectivamente realista.
A Grande Lisboa cresce desordenada, numa actuação digna de malfeitoria, cujos fautores gozam desde sempre de tranquila impunidade. A circulação automóvel, na Grande Lisboa (cidade crescendo, ao longo de décadas, em olímpico desprezo pelo automóvel e sem cuidar de - desprezando-o - desenvolver alternativas ao mesmo), é, apenas, um reflexo - uma consequência mais - disso.
Mas o alvo, para os bem pensantes, é sempre e só o mesmo: o automobilista. Tudo o resto não interessa; fora ele - o automobilista - não há responsáveis. Ou se há, a sua acção é desprezível.
Não tenho, minha senhora, abundantes estudos a exibir (ou, como aqui vejo, apenas a invocar sem mais). Tenho a sensibilidade de várias décadas de vida na Grande Lisboa. Morando na cidade e trabalhando na periferia, morando na periferia e trabalhando na cidade, ou, como agora, morando e trabalhando na cidade. Como peão, como cliente (chega de "utente"!) dos infelizes transportes públicos que temos. E como automobilista.
E tenho o grande cansaço de, enquanto automobilista, ser sistemática e metodicamente demonizado.
Talvez por isso eu veja a petição, nos seus méritos e eventuais defeitos, na maior ou menor exequibilidade do que sustenta e propõe, como uma reacção natural e legítima (ainda que politicamente incorrectíssima e, seguramente, absolutamente impossível - desde logo e apenas por isso - de adoptar).
O que, é de recear, nos coloca aos dois em posições inconciliáveis. Mas felizmente preservando, valha isso, a cortesia de trato.
Costa
Caro Costa,
Ninguém o quer prejudicar ou tramar-lhe a vida. Basta tirar o pé do acelerador que vai ver que vive com menos stress e sorrirá para o bimbo que foi fotografado e ficou ao seu lado no semáforo seguinte. E terá a satisfação de estar ajudar a cidade a ficar mais humana e razoável.
Bem haja,
Joana
Passou um mês desde que lancei a Petição Online pela conversão do limite de velocidade, nos radares de Lisboa, dos 50km/h para 80km/h.
A Petição aproxima-se paulatinamente das 8.000 assinaturas e estamos em pleno Agosto. Só um “cego” não vê o significado que isso tem.
A Petição tem incomodado algumas pessoas. São os fundamentalistas do trânsito e pertencem a diferentes categorias:
- Os que foram afectadas por algum acidente e que, compreensivelmente, ficaram traumatizados. É pena que uma parte dessas pessoas pareça ter dirigido as suas energias não para resolver os problemas mas para castigar a sociedade.
- Os que sonham com um mundo idílico onde só haveria peões e, talvez, bicicletas. Como se trata de uma utopia, que as pessoas crescidas não adoptam, tentam chegar ao mesmo resultado criando toda a espécie de empecilhos aos odiados automobilistas.
- Os que têm da vida em sociedade uma visão burocrática e legalista. Essas pessoas têm dificuldade em perceber que há uma diferença entre a velocidade máxima legalmente permitida e a velocidade máxima para circular em segurança nas situações concretas do dia-a-dia. Que só esporádicamente a velocidade máxima estabelecida por lei pode ser usada, com razoabilidade, na vida prática.
Estas atitudes em várias combinações, a partir de posições fortes na comunicação social e usando despudoradamente os “mortos e feridos”, conseguiram tornar-se a doutrina oficial. Tal só foi possível porque os responsáveis políticos tiveram medo de não parecer “politicamente correctos”.
Em vez de se isolar e punir os causadores de acidentes e os que insistem em comportamentos de alto risco, que são perseguidos com muito pouca convicção, as atenções são todas viradas para a generalidade dos cidadãos inocentes.
Como o objectivo é castigar a sociedade é preciso transformar cada cidadão num assassino disfarçado. A maneira mais fácil de o conseguir é estabelecer padrões de comportamento, por exemplo com os limites de velocidade, quase impossíveis de cumprir.
Mas os milhões de cidadãos que todos os dias desrespeitam os limites legais de velocidade não são, na sua esmagadora maioria, nem “street racers” nem irresponsáveis. São pessoas normais que trabalham; que precisam de chegar ao emprego a horas; que têm em casa, à espera, os velhos ou as crianças; que tentam chegar ao infantário antes que feche; que trabalharam demasiadas horas e já estiveram em demasiados engarrafamentos. Estes é que são os criminosos que se devem perseguir ?
Bem esclarecedor desta lamentável situação é o famoso slogan “guerra civil nas estradas” que procura dramatizar o fenómeno dos acidentes em vez de o esclarecer. Invocam irresponsavelmente as guerras civis mas omitem que os 850 mortos que ocorrem durante um ano nas estradas portugueses são um número atingido em questão de dias, por exemplo nos atentados do Iraque ou mesmo nos homicídios da Venezuela. Se isto não é manipulação...
A tal “guerra civil nas estradas” muitas vezes caracterizada como “de todos contra todos” induz a ideia de intencionalidade. Como se para além de descuidados, impreparados e imprudentes os automobilistas, todos presume-se, tivessem igualmente a intenção de ferir e de matar os seus concidadãos.
Simplesmente vergonhoso.
É absolutamente necessário fazer uma rotação dramática na forma como a prevenção dos acidentes é tratada no nosso país. Para isso há que:
- Abandonar o catastrofismo e as abordagens emocionais e tratar do problema de acordo com a sua verdadeira dimensão.
As fortunas que se têm gasto numa prevenção rodoviária mal perspectivada teriam, provavelmente, salvo muito mais vidas em campanhas de prevenção do cancro ou das doenças vasculares/cerebrais, que matam mais de 40.000 pessoas todos os anos.
- Adoptar uma política de pontuação individual dos condutores, que parece estar a resultar em Espanha, baseada na penalização das manobras perigosas e do consumo de álcool e drogas em vez de privilegiar o incumprimento dos limites abstractos de velocidade.
- Ouvir o que pensa a generalidade dos cidadãos em vez de os tratar como delinquentes.
Se os cidadãos são suficientemente responsáveis para eleger o Presidente e a Assembleia da República também são responsáveis nas questões do trânsito. Se assim não fosse teríamos que concluir que as leis do trânsito não são legitimas pois foram feitas pelos eleitos do povo.
Para finalizar: conduzo há 43 anos, já fiz cerca de um milhão de quilómetros na Europa, na África e na América, nunca fui multado por excesso de velocidade e nunca tive qualquer acidente.
-O trânsito numa cidade diminui-se com uma boa rede de transportes públicos, que tenham uma ampla cobertura dessa mesma cidade, cumpram horários e sejam confortáveis. Os acidentes diminuem-se com uma boa sinalização e qualidade dos pisos, para além dum correcto traçado. As vias rápidas não devem rasgar uma cidade, mas contorná-la. O excesso de velocidade está longe de ser a principal causa de acidentes, então em matéria de acidentes urbanos, entre os quais o atropelamento, já aqui referidos por outros comentadores, falar ao telamóvel, não sinalizar as manobras ou o desrespeito pela sinalização são muito mais perigosos do que o excesso de velocidade. Para quem falou na Alemanha sabem que por lá nas auto-estradas não existem limites de velocidade, mas sempre que as condições o justificam, chuva, nevoeiro, intensidade de tráfego, ele aparece? Para além disso a polícia monitoriza as estradas para detectar quem practica condução perigosa, interceptando-os mais à frente? Talvez não tenha é um retorno tão rápido do investimento como o que vai render o saque ao automobilista com estes radares, mas são mais eficazes por lá. Em Madrid conhecem os limites de velocidade na circular M30?
"Caro Costa,
Ninguém o quer prejudicar ou tramar-lhe a vida. Basta tirar o pé do acelerador que vai ver que vive com menos stress e sorrirá para o bimbo que foi fotografado e ficou ao seu lado no semáforo seguinte. E terá a satisfação de estar ajudar a cidade a ficar mais humana e razoável.
Bem haja,
Joana"
Mas já o faço, minha senhora, já o faço. Na cidade de Lisboa, não sei o que seja, em quase trinta anos de condução, uma multa por excesso de velocidade.
Mas, é certo, multas dessas foram já duas (o que deve fazer de mim um perigoso ressabiado). Uma numa longínqua manhã de Domingo, na estrada, sem trânsito outro que não eu próprio, numa longa recta e onde fui "caçado" porque, ingénuo, não liguei o solitário carro, parado na berma, a uma "caçada"; nem cuidei nesse preciso instante de monitorizar com escrupulosa exactidão a minha velocidade. É que a diferença entre a velocidade a que seguia e o limite legal, naquele local, era ridícula.
Outra, numa localidade, é certo. Também já longínqua e também em similar situação de (ausência de) de trânsito e de grau de excesso.
Calcule - imagino o seu espanto - que me prezo de respeitar o código da estrada (ainda que discordando de algumas das suas normas). E calcule - imagino ainda um seu maior espanto - que me considero um condutor respeitador dos outros, sejam condutores ou (espanto!) peões (coisa que, por estranho que lhe possa parecer, sou muitas vezes).
Note ainda que em qualquer dessas vezes em que violei o limite de velocidade - e fui (sossegue) devidamente punido -, conduzia um automóvel em perfeitas condições de operacão, escrupulosamente mantido. Oferecendo, estou convicto, bem mais capacidade de rápida imobilização, do que tantos outros que seguramente circulavam por aí. Bem sei que isso é irrelevante nas circunstâncias - nem tão pouco aleguei tal facto - mas não é irrelevante para a minha consciência, enquanto condutor.
Não é a mim que querem tramar a vida. Não mereço nem pretendo o estatuto de mártir - e lamento que a senhora tenha entendido necessário seguir essa desnecessária via de irónica fulanização, de bem duvidoso gosto e levando-me a estas linhas, presumindo mesmo - é o que decorre das suas palavras iniciais - que eu habitualmente conduzo em excesso de velocidade.
Já aceito menos bem sentir-me parte de um grupo de milhares de meus concidadãos sobre quem recai, a priori, e de forma insistentemente cultivada, uma predisposição cega para culpar. Uma predisposição estremecidamente acarinhada por tantos outros cidadãos que assim encontram, muito convenientemente e para repouso das suas consciências, um culpado para uma questão que não conseguem controlar (e para a qual acham que "basta tirar o pé do acelerador"). É essa a questão.
Diz-se, enfim, que quem não sente, não é filho de boa gente.
Costa
Caro Costa,
As minhas desculpas se o meu português foi, desta vez, demasiado enxuto. Foi um comentário a sorrir.
Caro Penim,
Continue a apelidar os outros todos que não concordam consigo de fanáticos. Vai pelo bom caminho. Obviamente estou a brincar. Leia quem estuda o assunto e depois debata factos e ideias. O resto são passes de magica e textos vazios de conteúdo.
Caro António Almeida,
Onde leu ou confirmou tamanhas convicções sobre segurança rodoviária? Fique sabendo que os relatórios sobre segurança rodoviária publicados nas últimas décadas, apontam sempre a velocidade como o problema principal e recomendam a sua rigorosa fiscalização. Uns fanáticos certamente, diria o Penim.
Sabe que acontece quando apanha ideias do "ar", sem pensar ou confirmar? Publica no seu blog e engana os seus amigos todos que na próxima segunda-feira haverá um fenómeno único: "parecerá que a Terra tem 2 luas, pois o brilho de Marte será tão grande como a Lua cheia".
Sugiro que se junte ao Penim e que de mãozinhas dadas, passem a noite de segunda-feira a olhar para o céu. É que se acreditarem muito numa ideia, até as leis da física se alteram. Por mais que acreditem os dois, haverá sempre meia dúzia de fanáticos a dizer que dia 27, Marte não se encontra à distância mínima da Terra, não se vê a olho nu do tamanho da Lua e que nem tão-pouco é visível no céu. Pois, mas não será por uns tantos fanáticos a estragarem as vossas convicções que deixará de haver pai natal. :-)
Bem hajam todos,
Joana
Gostava de conhecer os relatórios onde se prova que a velocidade máxima de 50 km/h é a correcta para a Av. dos Estados Unidos da América ou para as outras que refiro na Petição.
É isso que está em causa na Petição e a Joana responde com generalidades.
Não é preciso ser cientista para saber que bater contra uma parede a 80 dói mais do que bater a 50. Isso até uma criança sabe.
Só que o problema não é esse.
Também não é preciso ser cientista para saber que se todos os veículos estiverem parados não podem colidir.
Um dia destes explico-lhe porque é que o controle abstracto da velocidade não é a solução socialmente mais eficaz para resolver o problema dos acidentes embora tenha pouca esperança de que algum dia venha a perceber.
A Joana pertence à categoria de fundamentalistas que adoptaram "causas" em substituição da religião tradicional.
Guardaram no entanto a noção do pecado e da expiação. Pensam que os problemas do mundo se resolvem pela penitência.
Aquando do terramoto de 1755 em Lisboa o padre Gabriel Malagrida defendia no púlpito que a catastrofe se devia aos pecados dos lisboetas e que constituía um castigo dos céus.
Teve o azar de se cruzar com o Marquês de Pombal, um espírito prático, e acabou na fogueira em 1761.
É óbvio que os relatórios não se referem à Av. do Estados Unidos da América. O que mencionam são modelos probabilísticos de risco, com locais de controle em várias partes do mundo e vários tipos de via. Podem prever em média e a longo prazo qual seria o aumento de pessoas mortas ou feridas por ano se se aumentar a velocidade média numa determinada via - seria possível, por exemplo, saber quantos mortos e feridos a sua petição provocaria, se fosse aceite. Não perceber isso, demonstra que não percebe o método cientifico em geral e segurança rodoviária em particular.
O que lhe também chamei a atenção, é que existem inúmeros relatórios que dizem exactamente o contrário das teorias que você inventou - o controle dos limites de velocidade é uma das soluções mais eficaz para diminuir a severidade dos acidentes. Ninguém diz que é a única solução, ninguém diz que resolve o problema. Mas em parte alguma do mundo encontrará alguém com bom senso e tenha estudado estas matérias, decidir aumentar o limite de velocidade para 80 km/h em vias com passadeiras!
Você continua a personalizar o assunto, apelidando-me de fundamentalista, e quem sabe, desejando um "espírito prático", que queime aqueles que você, na sua visão distorcida do mundo, imagina como meia dúzia. Ficam-lhe bem esses acessos totalitários. :-)
O que lhe custa e finge não perceber, é que partilho a minha posição com a maioria de especialistas mundiais sobre o assunto e com todos governos de direita ou esquerda em todo o mundo civilizado. Você, cego e isolado neste cantinho à beira-mar plantado, continua a pensar que a "generalidade das pessoas" partilha as suas opiniões. Relaxe que a sua "causa", apesar de absurda e patética, está a tomar proporções de fanatismo religioso - adesão cega a uma doutrina sem base racional; dedicação excessiva; cegueira; obstinação. Percebe a diferença? Você acredita que andar mais depressa um bocadinho não aumenta muitos os riscos, porque, errm...você acredita. E prontos! :-)
O resto das suas divagações são desprovidas de senso: não me conhece para perceber o absurdo - seria penitencia se acreditasse que me custava alguma coisa chegar ao semáforo seguinte uns segundos mais cedo. Acontece que acredito que 50 km/h é mais do que suficiente.
Joana
Bolas Bolas Bolas!
Até fiquei cansada de tanto argumento.
Conduzo hà já 15 anos e também me orgulho de até hà data não ter tido NENHUMA multa.
No entanto não posso concordar com alguns limites agora impostos, que me parecem ter sido feitos com o unico propósito da CAÇA à MULTA.
Enquanto não vir os tais "desgraçadinhos" dos Peões serem autuados quando decidem cortar caminho e atravessar a rua fora das passadeiras. Quase me apetece dizer: ou há Democracia ou comem todos no chão.
E aqueles que se poem à beira da passadeira e saltam quando veêm que o carro já está pertinho?
E o que é mesmo engraçado, é que não vejo ninguem fazer petições para que esses profissionais da indemnização sejam penalizados, nem a D. Joana, que partilha certas toerias com "especialistas mundiais" admitir que os excessos são praticados por todos, não são excluzivo dos automobilistas.Caramba já chega de tanto extremismo.
Cara fr,
Ora bolas! :-) O número de anos que você conduziu e o número de multas que teve é totalmente irrelevante para esta discussão. Não estamos a discutir os méritos de cada um.
Acha que não seria mais fácil fazer o que você chama de caça-à-multa com radares móveis e escondidos como fazem em muitas cidades da Europa? Falar em "caça-à-multa" quando nos referimos a radares enormes e luminosos, que avisam o motorista do excesso de velocidade e dão a oportunidade de a baixar antes de fotografar a matricula, é demagógico e desonesto.
Os seus argumentos para se referir aos peões como "desgraçadinhos" e alguns como profissionais da indemnização é ridículo, demonstra extremismo e uma generalização ofensiva. Por isso mesmo nem merece resposta.
Bem haja,
Joana
Cara D. Joana
Talvez esplicando melhor consiga entender.
Será que não ter multas se deva ao facto de respeitar o código e os limites?
Será que somos todos maus condutores?
SERÁ QUE NÃO EXISTEM MAUS PEÕES?Para mim Extremismo e fanatismo é só ter um ponto de vista.
Eu orgulho-me de ter os dois.
Pelo que li, a Sra. apenas defende os radares e os peões. Não escreveu uma unica palavra para admitir que peões também cometem erros, erros esse que muitas vezes são pagos pelos condutores.
Quanto ao radares móveis eles existem e não são tão poucos como a maioria pensa. Se calher se andassem na estrada oom mais atenção davam por eles.
E agora só para chatear:
- Se não mereço resposta porque respondeu?
Existem maus peões, maus condutores, maus portugueses, maus futebolistas, maus ________(acrescente à sua vontade).
Se respeita as regras do código da estrada, só lhe fica bem. Mas repito que é totalmente irrelevante para esta conversa.
Só não respondi ao paragrafo em que se revelou ter uma posição extremista, porque generalizou e estereotipou. Também conduzo e sei observar o mundo das duas perspectivas. Nunca disse que "os condutores" são assim ou são assado. Da mesma forma que seria abusivo confundir um paragrafo infeliz consigo, que não conheço.
Joana
Não há alguma petição que seja contra esta petição? Uma do tipo "mantenham os radares a 50 km/h?"
Adira ao movimento Lisboa+Viva. Conto consigo!
E desculpem qq coisinha...
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