Julgo que uma das mais sérias pechas do PSD é, de um ponto de vista meramente formalista, o seu actual funcionamento interno. Infelizmente para o País, felizmente para Sócrates. Uma das matérias em que a implosiva rivalidade Santana Menezes se tornou decisiva e quase fatal é o célebre «pacto» sobre a lei eleitoral autárquica. Infelizmente para a democracia, felizmente para o centrão. Trata-se de uma proposta de lei assassina do pluralismo. Seria útil que o pacto fosse rompido. Mas tal não deverá acontecer. E apenas por razões de luta interna pelo poder no PSD. É que o PSD profundo quer aquela lei. E Santana não quer ceder ao desejo momentâneo de Menezes de romper o «pacto» por mera «révanche» relativa ao que se passou com o «mapa judiciário». Ou seja: a nada disto corresponde nada de útil para o País e se o «pacto» for rasgado será por mera razão de mesquinhez e de guerra intestina pelo poder real. Uma tristeza invade quem quereria que as razões fossem bem mais sérias. Mas isso é puro idealismo de pés no ar: este é o PSD que temos e sempre teremos (felizmente para Sócrates, infelizmente para o País); este é o PS que sempre teremos (felizmente para o centrão, infelismente para o País).
Lamentemos mas que ninguém desista de pôr o dedo na ferida.
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Lusa 23 de Fevereiro de 2008, 02:59
Menezes garante acordo com PS para lei autárquica
Vila Verde, Braga, 23 Fev (Lusa) - O presidente do PSD, Luís Filipe Menezes afirmou hoje em Vila Verde que o acordo com o PS para a nova lei eleitoral autárquica será mantido, mas exigiu que os presidentes das freguesia possam votar os orçamentos municipais.
"Haverá nova lei! Mas o PSD tem de ouvir a voz dos cinco mil portugueses que exercem responsabilidades nas juntas de freguesia, do PCP ao CDS/PP, que querem continuar a votar os orçamentos municipais", afirmou, negando ter havido quebra de compromisso com o PS, por parte dos social-democratas.
O dirigente do partido falou durante um jantar-comício, que juntou mil pessoas, e que se seguiu à tomada de posse da Comissão Política Distrital, liderada por Virgílio Costa tendo o presidente da Câmara local, José Manuel Fernandes, como presidente da Mesa da Assembleia.
No acto participaram, o presidente do Grupo Parlamentar do partido, Santana Lopes, vários deputados e presidentes de Câmara do distrito.
Menezes disse que não fechará os ouvidos aos apelos dos presidentes das juntas de freguesia, garantindo que "o PSD cumprirá, como sempre o fez, os compromissos que assume".
O líder do PSD dirigiu fortes críticas ao PS e ao Governo, rejeitando, de forma especial, a acusação feita pelos socialistas de que "está sempre" a mudar de posição.
"Quem muda de posição quase todos os dias é o Primeiro-Ministro, como se viu na OTA, na nova ponte sobre o Tejo e, recentemente, na saída do ex-ministro da Saúde", afirmou, dizendo que o PS devia "ter vergonha" de andar a caluniar, difamar e denegrir os social-democratas.
O líder social-democrata garantiu que se o PSD ganhar as eleições irá reabrir os serviços públicos que o actual Governo encerrou, nomeadamente os serviços de urgência e de saúde, as escolas e os postos da PSP e da GNR.
Menezes disse que "o Governo/PS passa a vida a dizer que a culpa da actual situação do país é dos governos do PSD, quando na verdade, nos últimos 14 anos, o PS foi governo em 12, enquanto que o PSD, com Durão Barroso e Santana Lopes esteve pouco mais de dois anos no poder".
O presidente do PSD classificou de "medíocre" o resultado da governação socialista, exemplificando o adjectivo com o facto de Portugal estar a crescer, anualmente, 30 por cento abaixo da média da União Europeia.
Nesse sentido, aproveitou para anunciar que a comissão do partido, que está a preparar as medidas para a próxima legislatura, definiu já uma meta ambiciosa, a de o país crescer mais um por cento do que a Espanha, de forma a atingir os níveis económicos do país vizinho.
O discurso de Menezes englobou, ainda, várias "farpas" aos críticos internos, baseadas na defesa da tese de que se tratam de militantes que se distanciaram das bases, muitos dos quais "estão a fazer ruído por não perceberem que as coisas mudaram, e para sempre no PSD".
"A decisão de deixar a escolha dos deputados às bases distritais está a incomodar alguns que não têm a confiança dos militantes", afirmou, desafiando os críticos dizer abertamente, já no próximo comício partidário, quais as ideias que defendem.
A anteceder a intervenção de Menezes, Santana Lopes falou na actividade parlamentar do PSD, nomeadamente no que toca a iniciativas para impedir a desertificação do interior, para apoio às micro-empresas, no arrendamento e na criação de uma comissão de inquérito parlamentar à actuação dos órgãos de supervisão, no chamado caso BCP.
Santana Lopes acusou o primeiro-ministro, José Sócrates, de "andar nervoso" e frisou que no parlamento respondeu com insultos a uma pergunta que lhe colocou, mas foi "todo sorrisos" quando a mesma questão lhe foi colocada por um jornalista na televisão.
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