O dia em que se completaram seis meses de mandato de António Costa à frente da Câmara Municipal de Lisboa passou sem reparo de maior. Nem a oposição nem comunicação social ensaiaram fazer o escrutínio que se impunha.
Como foi diferente quando passaram os primeiros seis meses de mandato de Santana Lopes ou de Carmona Rodrigues… A comunicação social então foi exigente e implacável na análise dos sucessos e insucessos e procurou a posição da “maioria” e da “oposição”. Desta vez não…
Mas não é correcto fazer assim generalizações e por isso aponto um caso.
O jornal Correio da Manhã assinalou os seis meses de mandato de António Costa. Mas confesso que a notícia se pode confundir com um comunicado do gabinete do presidente da câmara. Admito que uma qualquer agência de comunicação (agora na moda) tivesse dificuldade em fazer melhor propaganda…
Não, não estou a exagerar!
Eis o título da notícia: “Após seis meses de mandato Costa falha só uma das prioridades”. Atente-se o pormenor da colocação do “só” na frase.
Depois a introdução: “Completa-se hoje seis meses desde que António Costa tomou posse como presidente da Câmara de Lisboa. Das dez medidas prioritárias que anunciou para a cidade, apenas uma não foi cumprida a cem por cento. “Por razões que nos ultrapassam”, garantiu ao CM fonte do gabinete do autarca.” Aqui repare-se também na utilização do “apenas”.
O desenvolvimento da notícia segue o mesmo registo. Sem questionar, sem qualquer dúvida, sem se procurar segunda opinião, são referidas algumas das dez promessas, consideradas como integralmente cumpridas. Por exemplo a limpeza da cidade ou a tolerância zero ao estacionamento são referidas como estando cumpridas… Extraordinário!
A notícia pode ser consultada aqui. O que não se pode observar é o exercício do contraditório pois a fonte é sempre o gabinete do presidente da câmara.
António Prôa
2 comentários:
O António Costa está a a fazer um bom trabalho, o possível...
Eu acho que só pode haver grande confusão entre a cidade de Lisboa que o Costa supõe que gere e a cidade de Lisboa onde o cidadão mora e circula. Enfim, é sabido que o mundo dos políticos é outro.
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