quarta-feira, janeiro 31, 2007

Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa e Jorge Coelho


Dois «outsiders» a puxar para eleições em Lisboa

A coincidência não pode escapar a quem observa: Marcelo na RTP 1 no domingo e Jorge Coelho na SIC Notícias hoje advogam a mesma saída imediata para Lisboa: eleições já.

Quem tem acompanhado a coisa pode ter algumas interrogações. A primeira de todas: o que é que fará mover estes dois senhores do comentário? Eles são ambos «outsiders» em relação aos seus próprios partidos. Marcelo fala e no PSD tudo fica com comichão. No PS, é notório o temor reverencial pela opinião de Coelho. Isso vê-se. Mas também se vê que o PS fica inquieto com estes comentários. E com razão. Quem pode garantir que no dia seguinte algo estava melhor? Mais: já alguém sabe o que está a ser investigado? Parece que, ao certo, ao certo, não. Alguém sabe se vai haver acusação? Parece que não. Alguém duvida de que deva ser o PSD a encontrar uma saída para a situação? O PSD tem essa obrigação decorrente do resultado eleitoral. Tem a maioria.

A segunda questão que surge depois de ouvir ambos é a seguinte: será mesmo que, como consta recorrentemente nas redacções e noutros locais bem frequentados (não é piada), Coelho se está a posicionar para a Praça do Município e Marcelo para a São Caetano?


Nota
Pedro Rolo Duarte
entrou em delírio total? No «DN» de hoje ele chega a afirmar que isto só lá vai com a «entrega da autarquia à gestão privada». Ele mesmo confessa que isto é um delírio. E é. Mas faço notar que quem manda em Lisboa há cinco anos são exactamente esses: os privados: a banca, os grupos económicos, os investidores, os grandes construtores civis. Ou tem dúvidas? Bragaparques, Bibi, Obriverca, Bernardino Gomes e similares. E também os grandes arquitectos de renome: Renzo Piano, Gehry, Siza, Foster, entre outros.
E o que é que a Cidade lucra com isso?
Rolo Duarte é pago pelo «DN» para terminar em beleza: diz ele que «há doenças para as quais a cura é a morte. Para dar lugar ao renascimento. Esse é, cada vez mais claramente, o caso de Lisboa...». Morte, homem? Santa Maria. Calma.

POMPEIA

(Pompeia com Vesúvio ao fundo)

Só falta o Vesúvio e a sua erupção histórica para vivermos em Pompeia. Os últimos dias não são de sexo desregrado, mas de dissolução política dolorosa. Já dói olhar para tanta Praga Com ou Sem Parques. Entretanto, o Casino de Lisboa, a única coisa nova na cidade desde 2002, acaba de atribuir o maior jackpot da sua pequena história: 250.000 euros. Certamente uma ninharia para a roleta da política autárquica. Seguramente uma terminação na raspadinha da dívida municipal. O jogador, de 45 anos, pediu anonimato. Caça dotes, acautelem-se: peçam já uma escuta telefónica ao contemplado. Quiçá lhe conseguirão vender um T0, ou qualquer coisa, enfim, vender. Entretanto, apesar da tortura do labirinto das eternas obras do Metro no Saldanha, salva-se a Versalhes, cujos croquetes, pastéis de bacalhau e rissóis continuam iguais a si próprios. Do melhor.
(publicado no Tomar Partido)

Sintrenses pretendem restauro do Chalet da Condessa d'Edla


A associação cultural Alagamares está a pedir às pessoas, sintrenses e não sintrenses, que lhe enviem sugestões e ideias para info@alagamares.net sobre a recuperação do chalet em epígrafe (para quem não saiba, trata-se da cantora de ópera de origem suíça, segunda mulher de D.Fernando II) na Pena e sobre os usos a dar-lhe depois (se a casa não cair entretanto, claro; ou for destruída como o seu outro chalet na Parede... ):

«Na sequência do Relatório da Missão da Unesco a Sintra, de Março de 2006, a associação Alagamares promoveu, no passado dia 17 de Novembro, em Galamares, um encontro-debate focado no restauro e recuperação do Chalet da Condessa d'Edla, Imóvel de Interesse Público desde 1993, que consta da lista de Património Mundial, mas há décadas em completo abandono e hoje já parcialmente destruído por um fogo ocorrido em 1999

O Caso de Lisboa

Pedro Rolo Duarte escreve hoje sobre a situação da Câmara Municipal de Lisboa. Não concordo com tudo, sobretudo não concordo quando PRD reconhece o trabalho exemplar de Sá Fernandes mas depois mostra grande cepticismo relativamente à mudança. De qualquer forma, aqui fica o link para a sua crónica no DN.

terça-feira, janeiro 30, 2007

Se ...

Hoje foram publicadas declarações ontem proferidas à comunicação social pelo Presidente da CML:

Carmona demite-se se Fontão for constituído arguido

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carmona Rodrigues, admitiu ontem demitir-se se o seu vice, o vereador Fontão de Carvalho, for constituído arguido.

- DD


Ainda hoje:

Carmona reitera ter condições para continuar à frente da CML

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carmona Rodrigues, reiterou esta terça-feira ter condições para governar a autarquia, depois das buscas da PJ e da constituição como arguida da vereadora do urbanismo, Gabriela Seara.

- DD

Alguém fará a fineza de elucidar-me qual será, afinal e concretamente, a decisão/posição do actual Presidente da CML, relativamente à continuação ou não do actual Executivo camarário?

É que, pessoalmente, já não sei o que pensar!

Câmara Escura

Há um cerco a Lisboa. Um embargo conduzido pela sua própria Câmara Municipal, que sobrevive em decadência acelerada. Para além do total estrangulamento financeiro, da evidente ausência de projecto, da gestão trapalhona, da balbúrdia em que se encontra a cidade e da recente ruptura da coligação da direita, as suspeições e graves desconfianças sucederam-se. Insuportavelmente. Até que esta semana, 50 inspectores da PJ e procuradores do DIAP realizaram buscas em instalações da autarquia, residências e sedes de empresas, nomeadamente da Bragaparques, cujas relações perigosas com elementos da câmara há muito eram faladas. O resultado foi a constituição de arguidos. A vereadora do Urbanismo, o director dos serviços centrais e o vice-presidente, embora relativamente a este último existam notícias contraditórias.
Perante os ininterruptos imbróglios, negócios, traficâncias, pressões e opacidade- sempre a opacidade- seria de esperar, no mínimo, que os eleitos envolvidos, em particular Carmona Rodrigues, viessem a terreiro esclarecer toda esta escandalosa situação e todas as dúvidas. Mas o que tem acontecido é, justamente, o oposto. O Presidente da Câmara fala em normalidade, um vereador referiu-se às buscas como desagradáveis, a direcção nacional do PSD afirma que só há um problema com uma vereadora. Portanto, sem essa vontade de rectidão, ou Carmona mantém esta situação e deixa a Câmara Municipal de Lisboa ir caindo de podre até às próximas eleições, ou assume que este é um daqueles casos em que a dignidade está em saber parar.
Do ponto de vista da justiça, o processo ainda terá que correr, e determinar a culpa ou a inocência destes importantes elementos da equipa camarária. Politicamente, o processo já devia ter corrido. Este executivo municipal chegou ao fim da linha. Tem zero credibilidade, nenhuma autoridade, e nem sombra de futuro.
Marques Mendes que eleitoralmente se assumiu como o paladino da transparência autárquica – lembram-se do destino de Isaltino e Valentim Loureiro? – não reconhece o bruto falhanço desta equipa, por si escolhida. Era mesmo o que faltava a Marques Mendes: passar a imagem de que até suporta, convive bem, ou aplaude este tipo de política.

(Texto baseado na minha crónica da TSF - 26 de Janeiro, Programa Linha da Frente)

Portanto ...

... o mesmo será dizer que, se demite dentro de umas horas ou uns dias ...

Um verdadeiro atentado à inteligência dos demais. Para além de ser uma forma de pressão sobre as autoridades judiciárias - total falta de vergonha e de ética.

CML: Carmona demite-se se Fontão for constituído arguido

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carmona Rodrigues, admitiu ontem demitir-se se o seu vice, o vereador Fontão de Carvalho, for constituído arguido.

- DD

O que o banco Alves Ribeiro consegue ...
(Publicado no Eclético)

Uma saída

As notícias que chegam da Praça do Município são piores que más. Segundo os jornais, foram constituídos arguidos, no âmbito do processo Bragaparques, a vereadora do Urbanismo, Gabriela Seara, e o di-rector dos serviços centrais, Remédio Pires. Quanto a Fontão de Carvalho, há versões contraditórias: as notícias diziam que este também fora constituído arguido, mas o gabinete do vice-presidente desmentiu, entretanto, a informação. Seja como for, o centro do problema mantém-se.

Antes de mais, importa dizer - sempre - que os visados devem beneficiar de uma efectiva presunção de inocência. Mas, de seguida, há que avaliar politicamente a situação. Saber ler o rombo que isto significa na imagem de credibilidade da Câmara e tirar daí as necessárias consequências. Desta vez, nem toda a boa vontade do mun-do permitirá contornar a evidência: a crise aterrou em Lisboa. Carmona Rodrigues pode sorrir o seu sorriso "técnico" e esforçar-se por dar um ar de "normalidade" ao que se passa, mas o facto é que a questão é de gravidade extrema e não há como não a enfrentar.

É certo que daqui - da necessidade de uma leitura política das circunstâncias - não decorre uma espécie de "abertura da época de caça". Da oposição, espera-se que saiba mostrar vigilância e rigor, sim, mas também responsabilidade. Nem "caça às bruxas", nem "caça ao voto"...

No outro extremo, a solução avançada por Maria José Nogueira Pinto, de um consenso entre as forças da oposição, sob um espírito que eu chamaria de "junta de salvação municipal", também não parece adequada.

Mesmo admitindo que, em nome do interesse da cidade, tal consenso fosse possível, o mais provável era redundar num acordo de "gestão corrente" - precisamente o que a vereadora do CDS/PP diz não querer.

Não: a resposta tem de ser clarificadora. São embrulhadas a mais, dúvidas a mais, silêncios a mais. Há muito que o presidente da Câmara devia ter explicado os negócios em questão aos cidadãos de Lisboa, esclarecendo todos os pormenores e colhendo as lições devidas. Mas se não soube agir na altura própria, que saiba reagir agora, pelo menos. É preciso que o faça já e da forma mais transparente possível. Ou resta-lhe uma saída: a saída.

Jacinto Lucas Pires

In DN

Recomeçou-se a falar da hipótese "portagens à entrada das cidades"

Suponho que as notícias digam respeito às auto-estradas de Cascais e Loures e ao IC19, já que nos outros acessos já se paga portagens (apesar da Ponte 25 de Abril estar já paga, o que significa que a promessa feita aquando da sua inauguração foi metida sabiamente na gaveta).

Mas a introdução de portagens nos outros acessos só trará consigo o aumento imediato de receitas para o Estado e para os concessionários, já que ninguém espera que pelo facto de se pagar mais se entrará menos de carro em Lisboa?!

Tudo o resto - descongestionamento do trânsito, aumento de mobilidade, repovoamento de Lisboa, etc. - ficará pelo caminho se as portagens não trouxerem consigo a construção de linhas de metro ligeiro de superfície (que cheguem a Cascais-Sintra-Oeiras-Carnaxide-Linda-a-Velha-etc. ... o monocarril poderia ter sido uma solução, mas como está é apenas um mono), verdadeiros interfaces em cada concelho limítrofe, verdadeiros parques dissuasores (fora de Lisboa), mais corredores BUS, etc. Sem isso, anunciar-se portagens é apenas tentar tapar-se o sol com a peneira... mas lá que é mais fácil, rápido e barato, lá isso é.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Campeia a crise em Lisboa - a cidade foi esquecida


«Flashes» da Lisboa esquecida

No meio da crise política, e ao fim e cinco anos, a Cidade está mesmo esquecida. São diversos os aspectos que deviam ter merecido maior atenção, na minha opinião. Eis alguns exemplos consensuais, de certeza.
Comecemos pelo Pavilhão Carlos Lopes (antigo Pavilhão dos Desportos, lembra-se?). Aquela maravilha de equipamento ali está, abandonado e triste. A degradar-se cada vez mais. Um dia destes passo lá e caiu-lhe a cobertura… Lá dentro, a degradação é assustadora e progressiva, dizem-me. Mas quem se vai agira preocupar com o Carlos Lopes, quando as preocupações se centram na sobrevivência política pessoal e pouco mais além vão? É lamentável.
Por falar de coberturas: um dia destes cai a cobertura do palacete onde está instalada a Hemeroteca, ali ao Bairro Alto e ninguém dá conta – e lá se vai o acervo único de periódicos do País… ou a do Palácio dos Alvercas (sede da casa do Alentejo) – e a CML sem conseguir ajudar à reabilitação por não estar para aio virada – nem será falta de vontade política: será apenas falta de vontade., «tout court».
Outro caso: a higiene e limpeza da Cidade. Meu Deus! Nunca a vi assim. Fui assessor neste Pelouro anos seguidos. Procurava-se ter a Cidade «num brinquinho» – e mesmo assim, apesar dos cuidados, nem tudo eram rosas: quanto mais assim, sem tempo para pensar na Cidade por se estar preocupado com a crise dos dias que passam…
Programas como a revitalização da Baixa: quem é que agora pensa neles outra vez? O realismo de análise obriga-me a recolocar as questões do dia-a-dia, aquelas que verdadeiramente interessam aos lisboetas e cuja solução esperam há anos os lisboetas. Os quais estão fartos do folclore da crise instalada.
É que Lisboa está à deriva ou até mesmo a afundar-se.
A habitação está sem rumo. Nada se resolve. A acção social está pelas ruas da amargura. Os técnicos e serviços de apoio das diversíssimas áreas da Cultura estão desmotivados, desaproveitados, desgostosos e até alguns que conheço, ansiosos por voltarem a entusiasmar-se com o trabalho. É que passam os dias, passam os anos e não há nem continuidade nem orientação «de cima». E isso é o pior que pode acontecer a um exército: que os generais se demitam do seu comando…
… E por pudor, neste momento, nem consigo perguntar: então e a reabilitação do Parque Mayer que para Santana há cinco anos era coisa para oito meses? Isso, agora, não se pergunta: é tabu.
E, já agora: o que é que pode ter levado a CML a não accionar até este momento o Plano de Emergência para apoio aos sem-abrigo nestes dias mais frios do ano? Estará o Plano a ser guardado para a Primavera? Dói pensar nos pelo menos 300 sem-abrigo por aí com este frio... e as tendas arrecadadinhas no seu armazém, bem aconchegadas. Coitados!

E as manhãs, o que são?*


Descobri há pouco tempo que não conhecia as manhãs. Para as manhãs, nunca estou. Vou, regresso, corro, já com a luz posta, com a cidade em movimento em edíficios fechados. Quando as ruas se esvaziam e cada um toma o seu lugar, a manhã enche-se dos seus habitantes, gente com quem não me cruzo nas manhãs dos meus dias a néon e ar condicionado, que toma o espaço que os outros libertam, com um ritmo mais lento, com passo menos seguro e com mais tempo. São os idosos, os reformados nos correios com as notas, as facturas e as pensões, os casais nos bancos à procura de uma vida em casas sonhadas, as mulheres e os homens com impressos, sisas, obrigações, fichas de chamada nas finanças, uma geração de mulheres sem impostos e sem rendimentos, de alcofa e porta-moedas que percorre o mercado, ao peixe, à carne que há-de ter pronta à noite para os seus.
Vejo-as chegar no 47, acordadas há muito, com o saco, o almoço, o avental, a bata, os sapatos para trocar, o carteiro a tocar às campainhas de casas vazias com as contas, as notícias e as cartas timbradas. Sem farda, os cobradores tentam arrecadar as quotas, os fiscais fazem vistorias e os limpa-chaminés vão tentando a sua sorte.
Por aqui e por ali, as manhãs também têm os vendedores de hortaliça e leite e lá ao longe ainda se ouve o assobio do amolador. Nas zonas de comércio, há muito que os pedintes tomaram os seus lugares, os artesãos arrumaram a mercadoria e os homens dos retratos prepararam as tintas.
O trânsito, condicionado e programado à força de sinais, tenta mexer-se, encaixar-se nas ruas estreitas das descargas e circular por entre o caos das avenidas na pressa para o escritório. Os arrumadores vão chegando pouco a pouco, acordando lentamente de ressacas sem fim, tentam as primeiras moeda para a dose do dia e junto aos semáforos, juntam-se o velho Borda d'Água e os novos jornais. São os tempos modernos.
São estas manhãs que terminam quando as ruas se enchem de novo, de gente a correr, barulhenta, com horas marcadas, relógios de ponto e estômagos vazios. A estes conheço-os, ocupamos os mesmos espaços, caminhamos lado a lado, cruzamo-nos sem nos vermos e mais tarde, já quase sem luz vamos esvaziando as ruas e enchendo as estradas na viagem de volta. Até ao outro dia. Para mim, para eles, sem estas manhãs que não vemos.

FARINHA DO MESMO SACO....

O que se passa na Câmara de Lisboa é apenas mais um episódio da degradação crescente em que esta têm vindo a cair desde há cerca de dez anos.

A alternância entre PS e PSD (com "ajudas" de CDS e PCP), não tem passado de um "vira o disco e toca o mesmo", em que o falatório pode ser diferente, mas a substância é a mesma. E voluntária ou involuntariamente, por parte do pessoal político, temos assistido a um crescendo de corrupção nos serviços camarários.

E é por isso mesmo, que quando surgem à luz do dia problemas como o actual, há sempre alguém da (suposta) oposição para fazer algum barulho, mas no fundo, no fundo fica quase tudo muito quietinho à espera que passe. E isto porque nas grandes negociatas que têm acontecido na CML quase todos estão implicados e provavelmente quase todos os partidos são financiados (ilegalmente) por essa via. Por isso não convém fazer muitas ondas....

Até quando irão as pessoas permitir este estado de coisas? Será que não percebem que cada negociata que ocorre é um custo acrescido para os contribuintes?

As minhas 7 maravilhas de Lisboa #7


A Capela de S. Jerónimo é «classificada como Monumento Nacional e foi edificada em 1514, dentro dos terrenos da cerca do Mosteiro de Santa Maria de Belém, foi concebida por Boitaca e concluída por Rodrigo Afonso. De planta quadrada, o corpo da capela é rematado superiormente por grosso cordão e pináculos torsos, com gárgulas nos cantos. Os cunhais estão reforçados por quatro gigantes com função estrutural, que apoiam a sustentação da cobertura, em abóbada polinervada, e dos panos murários. A porta principal apresenta, na molduração, diversa emblemática manuelina. No interior destaca-se o arco triunfal polilobado, com decoração vegetalista, dando acesso à capela-mor, um corpo mais pequeno e baixo, igualmente quadrangular. Esta mesma capela-mor já teve três altares, recobertos de azulejos sevilhanos quinhentistas; aquele que existe actualmente é já do século XX, e nele foram usados azulejos originais. A Capela tem sido restaurada ao longo dos séculos, sendo o restauro mais recente aqule que foi feito a par das grandes obras levadas a cabo no final do séc. XIX no Mosteiro dos Jerónimos, como prova a inscrição gravada sobre a pequena porta lateral: restaurada em 1886. Esteve sepultado nesta capela Pina Manique, (1733 - 1805), fundador da Casa Pia de Lisboa.»

Fontes: IPPAR e Mosteiro dos Jerónimos (foto)

A esplanada do São Carlos


Isto é tudo muito bonito mas o efeito prático, concreto e verificável diariamente, in loco, da «esplanada com capacidade para 100 lugares sentados» é este, que um lisboeta ferrenho denunciou há dias à Junta de Freguesia dos Mártires, à Câmara Municipal de Lisboa, ao Ippar e à Associação Turismo de Lisboa «para que tomem todos um papel mais activo na promoção de boas práticas de utilização dos espaços públicos nos bairros históricos da nossa cidade.»

Acrescento que não só acho que uma esplanada destas seria impensável defronte à fachada principal do La Scalla ou da Ópera Garnier, como acho que esta esplanada, tal como está, desfigura por completo a estética da praça, para já não falar da loggia do teatro, que vê a quase totalidade dos seus arcos tapados pela esplanada.

Seria bom, portanto, que o Grupo Silva Carvalho, que se esmera tanto pela aparência do seu site, resolvesse da melhor forma este problema.

(Foto: Perusio)

P.S. O mesmo se aplica à esplanada do Teatro Nacional Dona Maria II, com a agravante da esplanada estar virada para os gases lançados pelos tubos de escape dos milhares de carros que ali passam. É compreensível que face à toxicodependência das novelas televisivas e dos jogos de futebol os directores das salas de espectáculo optem por juntar o útil ao agradável; simplesmente, há regras a cumprir.

domingo, janeiro 28, 2007

"O Carmo e a Trindade" na JANELA INDISCRETA

Na Antena 1, no programa JANELA INDISCRETA, Pedro Rolo Duarte escolheu "O Carmo e a Trindade" como blog da semana.
Ouvir aqui.

O CAIS DAS COLUNAS

jfernandolopes

O Cais das Colunas, um marco emblemático da Praça do Comércio, desapareceu há 10 anos devido às obras do Metro de Lisboa, deixando saudades nos lisboetas que anseiam pelo seu regresso, previsto para 2008. Desmontado no início de 1997 devido às obras de expansão do Metropolitano de Lisboa entre o Chiado e Santa Apolónia, o Cais das Colunas deverá regressar ao Terreiro do Paço em 2008, adianta o Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações. Datado de finais do século XVIII, o Cais das Colunas foi a principal ligação entre a cidade de Lisboa e o Tejo, mas na última década o local transformou-se num estaleiro das obras do Metro, para tristeza de quem ali passava horas a contemplar o rio, a ouvir as gaivotas ou mesmo a namorar. Muitos perguntam onde estão guardados os dois pilares seculares, mas uma fonte do Metro garantiu à agência Lusa que "todas as pedras do Cais das Colunas estão catalogadas e acondicionadas no Parque de Material e Oficinas do Metropolitano de Lisboa". "Serão colocadas no mesmo sítio, assim que as obras do Terreiro do Paço estejam concluídas", afirmou a mesma fonte. Para o olisipógrafo Carlos Consiglieri, "não há outra solução se não repor o Cais das Colunas, que faz parte integrante da cenografia, da funcionalidade e da tradição" da cidade. "A praça ficará incompleta se não levar o Cais das Colunas, com as escadarias laterais e central", sustentou. Carlos Consiglieri confessou à Lusa que tem "saudades" do cais e do muro, onde havia bancos de pedra e as pessoas se sentavam a ver o Tejo. "Certamente Cesário Verde e outros poetas, como Fernando Pessoa e talvez o próprio Eça de Queiroz, foram ali ver o Tejo, as gaivotas, cheirar a maresia, ver os cacilheiros, as fragatas e a outra margem do rio", comentou. O investigador Carlos Caetano, autor do livro "A ribeira de Lisboa na época da expansão portuguesa", também guarda "boas recordações daquele lugar tão bonito", mas teme que a "magia" do lugar nunca mais volte a ser a mesma. "Tornou-se um lugar muito ingrato por ter uma via rápida na frente [a avenida Ribeira de Naus]", disse à Lusa o investigador, comentando: ir para ali passear, namorar, contemplar o que quer que seja acompanhado daquele batalhão de carros é muito complicado". Mas o Cais das Colunas ainda povoa a imaginação de muitos lisboetas, como Carlos Almeida, 37 anos, que recorda bons momentos da sua infância passados ali com a avó. "Quando era pequeno ia passear para a Baixa com a minha avó e o passeio não terminava sem ir molhar os pés ao Cais das Colunas, "quando a maré estava baixa e os degraus da escadaria ficavam à mostra", contou. Carlos Almeida disse que tem "imensas saudades do cais, que era um marco lisboeta" e considera que a "vista para a margem Sul do Tejo nunca mais foi a mesma". "A geração dos meus filhos já não conheceu o Cais das Colunas, mas espero que o lugar ainda venha a fazer parte da vida deles", sublinhou. Sandra Maria, 36 anos, recorda o Cais das Colunas como "um espaço emblemático da cidade de Lisboa, que assistiu ao crescimento de gerações". "Foi um local onde passeei com os meus pais, partilhei segredos com amigas e namorei", contou, adiantando que "era uma forma muito interessante de viver Lisboa, tendo o rio como cenário". "Era dos poucos locais para estar com o rio como cenário, porque ainda não existiam as 'docas', a Expo, nem sequer o passeio ribeirinho", realçou. Sandra contou que quando soube que as obras do metro obrigavam a alterações naquela zona temeu pelas colunas. "Espero que estejam bem e que voltem àquele espaço. Hoje em dia procuro outros passeios junto ao rio, mas o Cais das Colunas ainda povoa a minha imaginação", rematou. O desejo é partilhado por Américo Marques, 73 anos, que durante muitos anos passou a hora de almoço naquele local a observar os cacilheiros, o rio e as crianças que ali brincavam. "Acho muito bem que voltem a colocar as colunas onde estavam, porque é um monumento bonito e histórico", frisou. A designação de Cais das Colunas deve-se à existência de dois pilares monolíticos erguidos nos extremos e que são parte integrante do Projecto da Praça do Comércio, da autoria do arquitecto Eugénio dos Santos, para a reconstrução da cidade após o terramoto de 1755. Não existem documentos escritos relativos ao ano da sua construção, sabendo-se apenas que foi concluído nos finais do século XVIII, aparecendo já numa gravura colorida de Noel e Wells, "A view of the Praça do Commércio at Lisbon", datada de 1792. As colunas caíram em finais do século XIX, tendo sido repostas apenas em 1929. O Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, informa no "site" oficial que a construção da extensão do metropolitano entre o Chiado e Santa Apolónia estará concluída no terceiro trimestre de 2007. Na mesma altura, estará concluído o interface do Terreiro do Paço e começará a reposição do Cais das Colunas, que estará concluída no segundo trimestre de 2008.


Fonte, Lusa

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Boas notícias!

O pivete que se tem sentido em Lisboa parece ter os dias contados!

Maus cheiros terminam no fim de ano

João Pereira, da Simtejo (Sistema Integrado dos Municípios do Tejo e Trancão), afirmou que a fase de entrega das propostas termina no final da próxima semana, dando-se depois início à obra, que pretende tapar "boa parte dos órgãos em funcionamento a céu aberto".

Esta empreitada, que se prevê estar concluída no final de 2007, deverá acabar os maus cheiros libertados pela ETAR de Frielas.

Estes maus cheiros agravaram-se no último mês devido a uma avaria nos compressores que procedem ao tratamento biológico dos efluentes, e chegam a ser sentidos em algumas zonas da cidade de Loures e de Olival Basto, já no concelho de Odivelas.

João Pereira explicou que o problema resultou de uma avaria em três dos quatro compressores existentes na central de tratamento.
"A falta de oxigenação provocada por esta avaria viria depois a libertar odores desagradáveis", explicou o responsável.

- Notícias da Manhã

Da situação camarária ...

... uma posição partidária.



Comunicado completo

Notícia Lusa / Sol:

«Para nós, é fundamental restabelecer a confiança e a credibilidade na governação da cidade. Lisboa não tem culpa e os lisboetas estão em primeiro lugar nas nossas preocupações»

Via Verde


O meu às vezes dá "amarelo", já me telefonaram há cerca de seis meses a dizer que tenho de mudar a pilha e, claro, não fiz nada e também nada aconteceu... e também já verifiquei que os pagamentos à Brisa através da minha conta bancária estão correctos, mesmo quando a passagem na "via verde" dá "amarelo" (o que, por exemplo, acontece sistematicamente na portagem de Carcavelos...será que a Brisa pensa que vivemos todos na Quinta da Marinha?

Luís Coimbra

As minhas 7 maravilhas de Lisboa #6

«Este projecto desenvolveu-se sobre o Presépio em terracota policromada, atribuído a Machado de Castro (c. 1782/83), que se encontra na Basílica da Estrela (Convento do Sagrado Coração de Jesus), em Lisboa, na sacristia lateral do lado da epístola.

Trata-se de uma obra de referência nacional, do século XVIII. Dos inúmeros núcleos conhecidos, este é o mais monumental (5,0 metros de frente X 4,0 metros de altura X 3,5 metros de profundidade) e dos poucos que ainda se encontra montado na estrutura em madeira e cortiça. Tem um total aproximado de 500 figuras. Encontra-se dentro de um camarim fechado com portas de vidro, permitindo uma observação de 270º.

Tal como nos outros presépios barrocos, encontram-se representados seis momentos fundamentais: a Natividade, como cena central, com uma estrutura arquitectónica com anjos suspensos, e composta pela Sagrada Família, a vaca e o burro; a Adoração dos Reis Magos, com os respectivos cavalos e estribeiros; a Adoração dos Pastores e Populares, com as várias figuras típicas; o Cortejo Régio, na parte superior; a Anunciação aos Pastores (à esquerda do observador), e a Matança dos Inocentes (à direita do observador). O restante espaço é preenchido com figuras do povo e cenas do quotidiano. Suspensas, cinco nuvens com anjos, querubins e putti.
(...)»

(in Instituto Português de Conservação e Restauro)

Na expectativa

Se é certo que, partidariamente falando, a haver eleições intercalares para a CML nesta altura (a meio do mandato), elas só interessarão a uma pessoa e a uma força partidária em concreto; para Lisboa nem sei o que interessará mais, pois não se vislumbra nada de consistentemente diferente no rescaldo de novas eleições. Justificar-se-á uma nova campanha? Novas promessas? Para daqui a 2 anos voltarmos a ter eleições?

No que toca às suspeitas de corrupção, elas, infelizmente, não são de hoje, bem pelo contrário, como é óbvio - só aqueles que têm uma memória selectiva o terão esquecido. Por isso, que este caso do Parque Mayer e a sindicância recente aos serviços de urbanismo da CML (que, recorde-se, foi requerida pela CML à Procuradoria e não aos serviços da própria CML, como no passado) sirvam para repôr a imagem de credibilidade, transparência e respeito que a CML já teve no passado junto dos cidadãos.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

POLÍTICA RASCA

A situação na Câmara Municipal de Lisboa não pára de surpreender. É mesmo um desafio ao velho ditado pessimista que “pior é impossível”. Na CML pior é sempre possível. No mesmo dia em que Marques Mendes se armava em campeão da luta contra a corrupção no Parlamento cara-a-cara com José Sócrates, a sua equipa da CML, as pessoas que escolheu contra Santana Lopes, Helena Lopes da Costa e Pedro Pinto, eram devassadas pela Polícia Judiciária, no âmbito da investigação às relações da empresa Bragaparques com a CML.

Em Lisboa, há muito que se chegou ao grau zero de política, embora só agora a evidência tome conta das sempre tão caprichosas agendas mediáticas. Com a muleta de Maria José Nogueira Pinto, que rapidamente se pôs ao fresco, com a falta de coragem (ai os rabos de palha…) do PS, Carmona Rodrigues e a sua imaculada equipa política têm feito da CML um ninho de descrédito. Acharão que ainda não chega? Quando partem? É só esta resposta que os lisboetas esperam.
(publicado no Democracia Liberal)

As minhas 7 maravilhas de Lisboa #5

«Restaurante rústico que conserva ainda o aspecto da antiga casa de pasto que aqui funcionava.
Muito agradável e com preços acessíveis. (in Expressso).

Antiga confeitaria e restaurante, num dos mais belos largos da cidade, conservou os "séparés", tão importantes para a vida amorosa clandestina do século passado. A este lugar quase único na cidade, leve o /a eleito(a) do seu coração para um almoço "tête a tête" entre paredes de madeira e cortina de chita. A comida é caseira e honesta. (in Portugal Virtual

A Estrelinha da Sé é tudo isso e muito mais. Fica no Largo de Santo António à Sé, Nº 4. Aberto do meio-dia às 15h, e das 19h-21h. Fecha Sábados e Domingos. Aconselha-se alheira de Mirandela com grelos.

Não nos metam os dedos pelos olhos adentro!

«arguido | adj. | s. m.
adj.,
acusado; delinquente;
s. m., Jur.,
aquele a quem acusam de algum delito;
sujeito submetido a um processo penal.

testemunha | s. f. | s. m.
3ª pess. sing. pres. ind. de testemunhar
2ª pess. sing. imp. de testemunhar
de testemunhar
s. f.,
pessoa chamada a assistir a certos actos de outrem, para os tornar autênticos; pessoa que viu ou ouviu alguma coisa ou que é chamada a juízo, para depor sobre o que viu ou ouviu; prova;
s. m.,
(no pl. ) pedras que se colocam ao lado de um marco;
(no pl. ) árvores que estão ao lado de outra que serve de baliza;
pop., (no pl. ) testículos.»


(In Dicionário Porto Editora)

Por favor, Sr.Vereador Fontão de Carvalho, não repita declarações patéticas como aquelas que proferiu em directo na SIC Notícias, tentando fazer-nos crer que arguido e testemunha são a mesmíssima coisa.

A minha grande maravilha de Lisboa



Nada como a luz de Lisboa sobre o Rio... e tempo para aproveitar esse melhor do mundo...

Vou ao desafio do PF.

A maior maravilha física da Cidade, para mim, é a luz especial. Melhor: o efeito da luz que das paredes de Lisboa se espalha por nós dentro.
Lamento ser tão banal.
Mas é assim: isto sempre me dominou.

Isto, sempre me incomodou, no melhor sentido: sempre mexeu comigo.

Seja nas arcadas do Terreiro do Paço, seja nas esplanadas da zona ribeirinha. Seja no meio do casario dos bairros históricos. Seja na relva da Alameda da Cidade Universitária…

E o céu de Lisboa ao fim da tarde, sobre o Rio?

Tanta harmonia!

Ena…

Tanto prazer estar ali a olhar, a ler, a escrevinhar, a programar, a desenhar esboços de edições rápidas de intervenção cívica, feitos num ai, logo impressos, logo distribuídos…

(Procurei uma foto que simbolizasse isto tudo. Não encontrei. Tem de ir esta, não tão próxima do texto quanto isso. Mas é aí, no texto, que está a alma a questão, claro…).
Durmam bem.

RR garante que M. Mendes impôs hoje (4ª feira)

Gabriela suspende funções na Câmara de Lisboa

Na Renascença, hoje (4ª-feira): «A pedido do líder do PSD, a vereadora do Urbanismo da Câmara de Lisboa vai suspender o seu mandato, apurou a Renascença».

Deduz-se que se, como consta, houver mais arguidos, deverão suspender funções também, no entendimento do PSD.

Aguardo.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

As minhas 7 maravilhas de Lisboa #4

«A 17 de Novembro de 1873 é inaugurada a primeira linha de "americanos" entre a Estação da linha Férrea Norte e Leste (Stª. Apolónia) e o então extremo Oeste do Aterro da Boa Vista (Santos). Em 31 de Agosto de 1901 tem início o serviço de Carros Eléctricos

In Carris

terça-feira, janeiro 23, 2007

Não é um assunto sobre Lisboa mas, como foi aqui abordado há dias, deixo o link para a petição respectiva [aqui].

VERGONHA EM LISBOA

Cerca de 50 inspectores da PJ e procuradores do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa estão a realizar buscas em instalações da autarquia, residências e sedes de empresas, nomeadamente da Bragaparques, segundo fonte daquela polícia. A mesma fonte adiantou à Lusa que os inspectores e procuradores do DIAP estão à procura de documentos em papel e em formato informático. Os elementos da Direcção Central de Investigação da Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira (DCICCEF) da PJ e do DIAP estão a realizar buscas nos serviços da Câmara de Lisboa nos Paços do Concelho e no edifício do Campo Grande, onde se situam os departamentos de Urbanismo e Finanças. A PJ suspeita de crimes como participação económica em negócios, tráfico de influências e corrupção. De acordo com a mesma fonte, as investigações de hoje decorrem no seguimento de buscas efectuadas no final de 2005, altura em que a PJ esteve nos departamentos de Urbanismo e do Património da Câmara de Lisboa e nos escritórios da Bragaparques, em Braga. Em Dezembro de 2005, as buscas da PJ visavam a permuta de terrenos do Parque Mayer, propriedade da Bragaparques, e os terrenos municipais da Feira Popular, em Entrecampos, um negócio aprovado em Fevereiro de 2005 pela Assembleia Municipal de Lisboa, apenas com os votos contra da CDU. Fonte municipal referiu à Lusa que funcionários da autarquia estão hoje a impedir o acesso ao primeiro piso do edifício dos Paços do Concelho, onde se situa o gabinete da presidência, e à sala das sessões públicas da autarquia, onde a PJ e o Ministério Público a trabalhar. A Lusa contactou os escritórios da Bragaparques em Lisboa, mas não obteve qualquer confirmação de que as buscas estão a ser realizadas naquelas instalações, tendo um funcionário da empresa remetido qualquer esclarecimento para a sede da empresa, em Braga. Contactados pela Lusa, fonte do gabinete do presidente da Câmara Municipal, Carmona Rodrigues, e do vice-presidente e responsável pelas Finanças, Fontão de Carvalho, escusaram-se a fazer qualquer comentário. Carmona Rodrigues deverá fazer uma declaração aos jornalistas ainda esta tarde. As buscas de hoje surgem dias depois de o Ministério Público ter acusado, a 12 de Janeiro, o sócio-gerente da empresa Bragaparques de tentativa de corrupção do vereador do Bloco de Esquerda, José Sá Fernandes. O gerente da empresa propunha-se pagar ao irmão de José Sá Fernandes, o advogado Ricardo Sá Fernandes, 200 mil euros para que o vereador desistisse de contestar o negócio da Feira Popular. O MP apresenta, entre outras provas, as gravações dos telefonemas entre o arguido e o advogado Ricardo Sá Fernandes. Na origem do processo está um contrato celebrado a 05 de Julho de 2005 entre a Bragaparques e a autarquia lisboeta, então presidida por Pedro Santana Lopes. Tratou-se de uma permuta de imóveis em que a sociedade de Domingos Névoa cederia um terreno que detinha no Parque Mayer a troco de outro, propriedade da autarquia, situado no local da antiga Feira Popular. O Diário de Notícias revelou na edição de sábado que Domingos Névoa se reuniu pessoalmente com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carmona Rodrigues, poucos dias após a primeira notícia sobre a alegada tentativa de corrupção da Bragaparques ao vereador José Sá Fernandes, em 18 de Fevereiro de 2006. Segundo o jornal, o encontro foi detectado através do cruzamento de escutas telefónicas e de vigilâncias directas. A PJ detectou troca de mensagens de telemóvel entre Névoa e Carmona combinando um encontro nos Paços do Concelho, refere o jornal, adiantando que a Polícia Judiciária confirmou, através da vigilância directa, que o encontro efectivamente se realizou. Horas depois desse encontro, o executivo municipal aprovava por unanimidade uma moção pela qual se "repudiava" e se manifestava "estupefacção e indignação" pela "alegada tentativa de procurar corromper" um vereador da CML. A moção exigia "máxima celeridade" no apuramento dos factos pelas "instâncias próprias". Confrontado pelo DN com esta informação, o gabinete do presidente da câmara emitiu uma "nota às redacções" confirmando os factos. A CDU fez a 01 de Agosto de 2005 uma participação ao Ministério Público junto do Tribunal Administrativo de Lisboa, pedindo a impugnação judicial da permuta dos terrenos privados do Parque Mayer com parte dos terrenos municipais de Entrecampos. O processo previa ainda a venda em hasta pública da parte restante dos terrenos da antiga Feira Popular (que não estava incluída na permuta), que viria a ser comprado pela P. Mayer SA, antiga proprietária dos terrenos do Parque Mayer. A empresa, propriedade da Bragaparques, passou assim a deter a totalidade do espaço do antigo parque de diversões. A venda à P. Mayer suscitou grande polémica, já que propostas mais altas foram retiradas da hasta pública, e o direito de preferência exercido pela Bragaparques foi contestado por toda a oposição do executivo camarário. O anterior presidente da Câmara de Lisboa, Pedro Santana Lopes, pediu à Procuradoria-Geral da República e ao Tribunal de Contas, para que o processo de hasta pública fosse fiscalizado. Também a Inspecção-Geral da Administração do Território foi informada deste processo, tendo decidido remetê-lo para o tribunal de pequena instância.
Fonte: Lusa

Vade retro, Bragaparques!

E não é que a empresa de estacionamentos mais badalada dos últimos anos (pelas piores razões) tem o descaramento de andar a publicitar junto da CML uma proposta de estacionamento subterrâneo para a Avenida da Igreja?!

Por sinal uma proposta que é má ... e velha, pois vem do tempo de João Soares, e foi acarinhada (primeiro, e mal) e enterrada (depois, e bem) pelo executivo de Santana Lopes ... e foi enterrada porque os moradores (*) e comerciantes se revoltaram na altura (2003) contra o abate das árvores da Avenida da Igreja, aquelas entradas e saídas aberrantes, os prazos intermináveis, e o mistério que era a "escolha automática" da Bragaparques para a empreitada, e a não utilização do terreno camarário ao lado do Mercado de Alvalade para esse fim, em vez da Avenida.

Reza assim o "atirar o barro à parede":

«Lisboa, 18 de Dezembro de 2006
Assunto: Estac. Av.Igreja/apresentação de proposta da Bragaparques

Ex.mo Sr.Vereador

No âmbito da prevista construção de um parque de estacionamento no Bairro de Alvalade, desenvolveu a Bragaparques um projecto de parque ao longo da Avenida da Igreja.
(...)

No âmbito da divulgação dessa nossa proposta, elaborámos um documento de apresentação que vimos trazer ao vosso conhecimento

Contando que, com o empenho de V.Exa, num futuro próximo essa proposta se venha a tornar realidade.

José Santa Clara Gomes
»

(*) Se for necessário, voltarão à rua! Pois não querem a Avenida da Igreja transformada em Rua Mousinho da Silveira II

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Orçamento do Estado: apelo em defesa da Câmara de Lisboa






Finanças Locais: Governo contra Câmara de Lisboa

Uma coisa é certa: no Orçamento do Estado deste ano, e depois de várias peripécias, vários equívocos, erros, emendas e simulacros, a Câmara de Lisboa continua prejudicada e essa situação não pode manter-se. Uma qualquer entidade – parece que tem de ser o Tribunal Constitucional – então que o seja – tem de repor as coisas. Outras autarquias têm problemas idênticos, segundo sei. No caso de Lisboa, a questão é muito séria. São milhões de contos.

Arraial! Arraial!...

Os milhões em causa não podem continuar nos cofres do Estado, se eles pertencem à CML. O Povo de Lisboa vai entender isso e reclamar a devolução. Não à moda de antanho («Arraial! Arraial! Às armas...» - e tal - lembra-se?...), mas seguramente pelos gritos modernos de «Arraial! Arraial!», isto é: recorrendo às instâncias judiciais).
Ao que me esclarecem, tudo resultará de um erro original de cálculos de uma regra nova que foi logo estragada à nascença pelo Governo que a propôs. Eu explico: podem a partir de agora as câmaras beneficiar os seus munícipes numa percentagem do IRS a recolher. Entre 2 e 5%. A CML ainda não decidiu essa redução. Mas o OE / 2007 já lhe retirou essa verba.
Resultado: sem qualquer benefício para os lisboetas nem para a sua câmara, o Governo retira à CML uns milhões de euros.

Venha mas é para cá a massa, senhores da Rua da Imprensa a São Bento e do Torreão Sudeste da Praça do Comércio, que ela pertence à Cidade e não ao Governo…

(Curiosidade: este desenho do Terreiro do Paço é atribuído ao engenheiro da reconstrução após o terramoto de 1755, Eugénio dos Santos. Do ‘Bic Laranja’.)

As minhas 7 maravilhas de Lisboa #3

«O Cinema Odéon que se situa na Rua dos Condes, eixo nobre da cidade, em frente ao lisboeta Olympia, foi fruto de um projecto de 1923, pelo construtor Guilherme A. Soares. Abriu portas a 21 de Setembro de 1927, com A Viúva Alegre, de Stroheim e durante largos anos, estabeleceu laços fortes com a sala do Trianon Palace, sua contemporânea, de 1930, partilhando ambos a mesma cópia de filme. Em 1931, foi modernizado com as expressivas galerias metálicas, salientes da fachada, muito decorativas, com os seus rendilhados de vidros coloridos, que quase apagam o desenho ao estilo clássico do edifício. Estilo esse que é ainda visível no piso superior e, principalmente, na esquina com a Rua das Portas de Santo Antão. Destaque ainda, para o janelão que ocupa dois andares, sobre balcão semi-circular, assente em métopas que enquadram o nome Odeon. O interior é notável pela sua grande cobertura em madeira escura, pelo seu palco de frontão Art Deco, pelos sumptuosos e volumosos camarotes e pelo lustre central, irradiando néons.»

In IPPAR

Foto: JF São José

Outro tipo de pobreza


Desde garoto que este museu me fascina, pois sucede que, de cada vez que lá vou, o vejo com outros olhos.
É um museu fabuloso e extremamente interessante, onde não faltam motivos de atracção mesmo para quem não se interesse por armas: quadros de Columbano, Malhoa, Carlos Reis, Manini...; esculturas de Soares Branco, Teixeira Lopes...
Acrescem os expositores cuidados e as legendas (detalhadíssimas) em Português, Francês e Inglês.
Só lá falta uma coisa: visitantes.
Fui lá na 6ª feira passada e, enquanto lá estive (entre as 14h30m e as 15h30m), o único visitante era eu!
De facto, é verdade quando se diz que há dois tipos de pobreza: "não se ter o que se precisa" e "não se dar valor ao que se tem".
-
Horário: das 10h às 17h; encerra às 2ªs feiras e feriados. Preço: €2,50 (com as "borlas" habituais)

domingo, janeiro 21, 2007

CASTELO DE S. JORGE




Regresso a este blog, com um dos ex-libris de Lisboa. Foto tirada no Miradouro da Nossa Senhora do Monte

A passadeira

A passadeira

sábado, janeiro 20, 2007

Façam favor

Nem só de críticas vive um blog. Como escreveu o Miguel Somsen, para isso estamos cá nós, para dizer mal e bem.
Criticar, claro, mas porque não participar? A sua colaboração também ajuda a cidade. Os comentários estão abertos: façam favor.

Comentário ao post do Medina Ribeiro sobre os radares:

Apenas um leitor atento said...
Fala-se aqui muito em trânsito, de radares, de sinais mal colocados, de estacionamento selvagem... tudo correcto, aliás, mais que correcto. Mas quando o Carmo e a Trindade nasceu pensei que fosse um blog sobre Lisboa, sobre os problemas desta cidade. Mas pelo que aqui leio todos os dias, a cidade apenas tem um problema: o trânsito. Não admira que as coisas estejam como estão, a própria critica perde-se no seu ego, no seu narcisismo.
Uma sugestão: Deixem-se de politiquices e olhem para a cidade com olhos isentos, olhos de quem ama a cidade e não a política, olhos de quem consegue ver de facto o que é essencial.
Obrigado.

20/1/07 12:33
Carlos Medina Ribeiro said...

Caro "leitor atento",

Cada colaborador do blogue escreve sobre o que mais o preocupa.

A mim, o que mais me preocupa em Lisboa é o trânsito, pois já matou um dos meus melhores amigos, uma tia da minha mulher, e "ajudou a matar" um familiar bem próximo impedindo-o de chegar a tempo às urgências.

Mas os comentários dos «leitores atentos» também são lidos (e muito), pois os "posts" com comentários são os mais procurados.
Assim, força!, diga de sua justiça, que este espaço também é seu - mesmo que o assunto possa ser diferente do "post" em causa.
20/1/07 18:37

sexta-feira, janeiro 19, 2007

As árvores do Largo Hintze Ribeiro estão classificadas para quê?

"O Largo Hintze Ribeiro, à rua de São Bento e ao Rato, é um bem precioso. Para muitos, é apenas um selvático parque de estacionamento, numa zona da capital onde escasseiam lugares para deixar os veículos, e onde abundam condomínios habitacionais de luxo. O largo, porém, não é valioso por causa destes empreendimentos imobiliários de muitas centenas de milhares de euros, mas sim porque possui quatro árvores de interesse público, assim classificadas pela Direcção-Geral de Recursos Florestais (DGRF). (...)De acordo com os dados da DGRF, dos milhares de exemplares arbóreos existentes em Lisboa, apenas 87 estão protegidos. É o caso de três portentosas Ficus elastica e uma altíssima palmeira existentes no Largo Hintze Ribeiro, que se distinguiram pela sua beleza, raridade ou importância histórica. No seu tronco, em jeito de exibicionismo, está uma placa que informa o mais distraído transeunte que está perante um património de interesse público. Ninguém diria. Aos seus pés, existe entulho vário, lixo, inúmeras garrafas de cerveja, e até um gato morto, em putrefacção, já sem cabeça. Há carros por cima das suas raízes, e, para lembrança de uma requalificação do largo que ficou incompleta por falta de verbas há cerca de três anos, lá está uma barraca de zinco, mesmo por debaixo das copas frondosas das Ficus. A Câmara de Lisboa, questionada sobre esta situação, garantiu que irá proceder o mais rapidamente possível à correcção da mesma. Se não for assim, de nada vale classificar as árvores da cidade. "
Diana Ralha POL nº 6140 Quinta, 18 de Janeiro de 2007

Prova que gostas

"Lisboa à Prova: os melhores restaurantes da cidade são mesmo os melhores?”

A inscrição era livre, aberta a todos os restaurantes de Lisboa, divididos em quatro áreas: cozinha de autor, tradicional, do mundo ou sabores ao balcão. Ou seja, o McDonald’s poderia concorrer com a Bica do Sapato e ganhar. Não seria difícil: o McDonald’s concorreu, a Bica do Sapato não. Porquê, terão receado um escrutínio anónimo? Não me atrevo a perguntar. Mas foi assim o primeiro concurso de restauração da capital: o Lisboa à Prova encerrou as hostilidades no passado sábado, com festa na Cordoaria Nacional. E aberto ao público: jantava-se por 5 euros!

Pela primeira vez em Lisboa, os restaurantes decidiram competir abertamente entre si. Mesmo que o façam todos os dias à mesa, através de ementas elaboradas ou preços tentadores, fazê-lo num concurso estreante, cujos resultados foram determinados por um júri anónimo, é arrojado. Mas como disse Carmona Rodrigues no encerramento, “ficaram todos a ganhar”. Odeio concordar com um autarca que chega 80 minutos atrasado a uma cerimónia protocolar, mas Carmona tem razão. Quem participou, ganhou: em publicidade ou em prémios – de uma classificação que ia de 1 a 3 garfos.

Não seria arriscado ficar de fora, apenas uma estupidez. Ao receber 3 garfos, os vencedores abriram um precedente na cidade: a partir de agora, a bem ou a mal, existe uma hierarquia estabelecida. Seja ela corrupta ou incontestável, é uma hierarquia. Mesmo o Eleven, única estrela Michelin de Lisboa, poderia ter optado por não participar numa competição de segunda. No entanto, o Eleven foi à luta e venceu (três garfos). A presença do chefe Joachim Koerper, no encerramento, entre as bancadas rivais, foi também um raro exercício de humildade.

Outros vencedores? O Casino de Lisboa, porque, em seis meses, conseguiu três garfos para o Pragma e dois para o Spot LX, ambos do chefe Fausto Airoldi (ex-Bica do Sapato). O Luca, distinguido com três garfos, surpreende. Ou talvez não. A ementa não é topo de gama, mas o ambiente e serviço valem pelo resto. E, em dois anos, o Luca revolucionou a zona adormecida de Santa Marta. Outro vencedor: Luis Suspiro, que é rei e senhor na Ordem dos Médicos, na Avenida Gago Coutinho, há meses. E a Galeria Gemelli, na Rua São Bento, continua a ser italiano de elite, apesar dos detractores. No dia em que fui, o serviço foi negligente e o chefe Gemelli não estava disponível. “Foi receber mais um prémio”, disseram-me.

Os derrotados foram todos aqueles que, por sobranceria, preferiram não participar. Um deles, o Pap’Açorda, disse ao jornal Público que os “concurzinhos não se coadunam com a sua maneira de ser”. Mesmo que o Pap’Açorda não acredite em concurzinhos, escusa de difamar. Porque para isso sirvo eu.

Para 2008, o Lisboa à Prova precisa de descentralizar os serviços, atacar os arredores (Oeiras, Cascais, Sintra ou margem sul), distinguir restaurantes com menos de 12 meses, e premiar cozinheiros recém-encartados ou sub-30. Mais credibilidade e melhor divulgação, por favor. O meu restaurante favorito, a Charcutaria Francesa, à Praça das Flores, nunca tinha ouvido falar de semelhante iniciativa. O problema de se trabalhar com clientela fixa é que se pode perder o mundo. Erro que o Luca, por exemplo, jamais cometerá. Na festa do sábado passado, os seus responsáveis justificaram a ausência de serviços com um cartaz onde se lia: “Estamos a bulir”. O Lisboa à Prova 2008 começou a bulir na passada segunda feira, sem direito a descanso do pessoal.

Miguel Somsen

In Metro

Ou Luís Gomes em liberdade, ou cai o Carmo e a Trindade!

O cidadão Luís Gomes foi condenado a prisão por se recusar a revelar onde está a sua filha adoptiva (criança agora com 5 anos e vivendo com os Pais adoptivos desde os três meses de idade.
Os antecedentes são conhecidos: o pai biológico só se interessou (e reconheceu) que tinha uma filha, depois de sentença judicial; na sequência, uma decisão absurda ordena a Luís Gomes que entregue a criança a tão "extremoso" pai biológico.
Julgo que Luís Gomes não está preso numa cadeia de Lisboa, provavelmente nem será "alfacinha". Mas por razões morais, éticas e de solidariedade humana, penso que todos nos deveríamos associar, mesmo enquanto "blog", ao movimento de indignação nacional que está neste momento em curso e que irá conduzir a um pedido de "Habeas Corpus" junto do STJ, com a inerente e justa libertação de Luís Gomes - um Cidadão exemplar!
É caso para dizer: "Ou Luís Gomes em liberdade, ou cai o Carmo e a Trindade"!

Luís Coimbra

As minhas 7 maravilhas de Lisboa #2


Este é o órgão da Igreja de São Vicente de Fora, é da autoria de João Fontanes de Maqueixa e data de 1765. É revestido a talha dourada da primeira metade de setecentos e esta é a sua composição:

II - Órgão Principal
(Dó - Ré ''' , oitava curta)

Mão esquerda (Dó - Dó ' ) Mão direita (Dó # ' - Ré ''' )
Flautado de 24 Oitava Magna
Flautado de 12 Flautado de 24
Oitava Real Flautado de 12
Quinzena Oitava Real
Flautado de 12 tapado Flauta Travessa
Flautado de 6 tapado Flauta Doce
Quinta Real Voz Humana
Requinta Quinta em 12
Vintedozena Decimaquinta
Mistura Imperial Mistura Imperial
Címbala Címbala
Subcímbala Subcímbala
Clarão Clarãocilho
Trombeta Real Corneta Real
Trombeta de Batalha * Trombeta Real *
Baixãozinho * Clarim *
Dulçaina * Trombeta Marinha *
Chirimia * Dulçaina *
Oboé *

I - Órgão de Eco
(Dó - Ré ''' , oitava curta)

Mão esquerda (Dó - Dó ' ) Mão direita (Dó # ' - Ré ''' )
Flautado de 12 tapado Flautado de 12
Flautado Violão Flautado de 12 tapado
Flautado de 6 tapado Flauta Napolitana
Quinzena Flauta de 6
Dezanovena Oitava
Vintedozena Pífaro
Cheio Claro Vintedozena
Tolosana Cheio Claro
Nazardo de Eco Cornetilha
Sacabucha Corneta
Clarim de Eco

* Fonte: Meloteca

quinta-feira, janeiro 18, 2007

O transbordo nos «interfaces» do Metro

Vezes sem conta dou por mim, e pelos outros passageiros saídos da Linha Verde, a correr como loucos para a apanhar a composição do Metro, da Linha Azul, que se encontra parada na Baixa-Chiado vazia. Vezes sem conta ouço o apito accionado pelo maquinista e vejo as portas fecharem-se e todos baterem com o nariz na porta. Porquê?

A grande palhaçada

[Av. Roma, perto da AML]
Que nome dar a esta gente?
EM TEMPOS não muito distantes, acompanhei às urgências de um hospital uma pessoa de família que acabou por lá falecer. Se tivesse lá chegado alguns minutos antes, talvez se tivesse salvo.
Por isso, é com mal contida raiva que - como hoje voltou a suceder - sou frequentemente despertado pelas angustiantes sirenes de ambulâncias do INEM que não conseguem circular devido à espantosa falta de civismo de meia-dúzia de condutores que estacionam os carros em segunda linha e nas paragens de autocarros da avenida onde resido. Em consequência, estes (às vezes mais do que um) têm de parar numa das duas faixas de circulação, fazendo com que as filas de trânsito, que já de si são grandes, fiquem ainda maiores e completamente intransitáveis.
Tudo isso, como é do conhecimento público, é feito perante a mais espantosa inacção das autoridades - quer da Polícia Municipal, quer da Divisão de Trânsito da PSP - o que, suponho, também devo agradecer aos sucessivos Presidentes da Câmara Municipal de Lisboa e ministros da Administração Interna.
Sem subterfúgios, e por muito que o custe dizer:
Todas as pessoas que referi são responsáveis, por acção ou omissão pela morte de pessoas. Isso não lhes tira o sono? Palpita-me bem que não...
-oOo-

NOTA: Esta crónica foi publicada no "DN" em 22 Nov 05, no "Público/Local-Lisboa" em 23 Nov 05 e no "metro" em 24 Nov 05. Neste último, vinha acompanhada de uma fotografia da paragem referida, o que fez com que a Polícia Municipal saísse do seu marasmo e, nesse mesmo dia, fosse até lá rebocar um par de carros. Depois disso, a fiscalização ainda se manteve... durante algum tempo.
A foto que aqui se vê é exactamente do mesmo local - tirada um ano depois.

Os arrumadores de Lisboa






Hoje conto noutro blog uma história que gostava de partilhar consigo também. Tem a ver com arrumadores de Lisboa.

Diz assim, às tantas: «(…) Há então arrumadores que falam com os carros. Não com os donos dos carros. Não: com os carros, eles mesmos, depois de os donos os largarem e irem aos seus empregos – talvez ali mesmo, no Terreiro do Paço. (...)».




Digo que são quase como os heróis daquela canção do Caetano Veloso: « «Quase brancos quase pretos / Quase pretos quase brancos / Quase todos pobres».

E, mais adiante, que há arrumadores que «continuam a fazer os gestos de apoio para arrumar, de jornal na mão, tipo «Venha, venha, venha...», mesmo quando os carros já estão sozinhos e os donos no emprego... É verdade: vi eu.»




E, por fim, uma nota quase de reportagem: «Vi um arrumador (o tal «preto-quase-branco», gravata, casaco, chapéu de palha: castiço, mesmo) recolher a moeda e entregá-la ao outro (este, «branco-quase-preto»). Entregou as moedas, repetidamente ao outro. Não tem nada a ver com a cor da pele: são vidas (vivências) que fazem estas vidas assim».

Fotos: 'Automotor'

Leia o resto. Vai gostar. É aqui.

Pensamento do dia:

A maioria dos autarcas portugueses são os mais cristãos do mundo. Não assinam nada sem levar um terço.

Luís Coimbra

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Um fado para acompanhar a desdita!



Acabou-se a sorte
Começou o meu azar
Não cumpri a minha parte
Agora tenho que ir trabalhar

Acabou-se a boa vida
É preciso lutar
Já não tenho mais oportunidades
Vou recomeçar

Vou começar uma vida nova
Ainda há tempo para mudar
Qualquer dia estou com os pés para a cova
E não quero acreditar

Não sei se mereço
Esta vida de cão
Tudo o que vejo tem um preço
E eu não tenho um tostão

Será que mereço
Nunca fiz mal a ninguém
Estou perdido não tenho nada
Vou chamar a minha mãe

Sei que a vida não dura sempre
tempo passa devagar
Tenho tempo para rir
Tenho tempo para chorar

Voltas e voltas
E que grande confusão
Um homem anda aqui à toa
Nem sinto os pés no chão

Não sei se mereço
Esta vida de cão
Tudo o que vejo tem um preço
E eu não tenho um tostão

Será que mereço
Nunca fiz mal a ninguém
Estou perdido não tenho nada
Vou chamar a minha mãe


- Autor desconhecido, Não sei se mereço

Já ...

... 71 mil condutores foram apanhados em Lisboa pelos radares camarários em excesso de velocidade, isto enquanto ainda vigora um «regime "preventivo e pedagógico"», quando em Março for a "sério", será:

«(...) a partir de Março as multas serão a doer (ver infografia). Nessa altura, e ao contrário do que acontece actualmente [com os radares calibrados para dar um tolerância de 20 km/hora acima do permitido na via], a tolerância será de zero.

A fiscalização é feita pela Polícia Municipal, que terá a responsabilidade de levantar o auto que depois será enviado para a Direcção- -Geral de Viação. O valor das coimas é o estipulado no artigo 27.º do Código da Estrada. Por exemplo, os 218 km/hora registados na Radial de Benfica equivalem a uma multa que pode ir dos 500 aos 2500 euros. A este valor acresce a sanção acessória, ou seja, inibição de conduzir que pode variar entre dois meses e dois anos, visto ser considerada uma contra-ordenação muito grave.»

(...)

- DN

Pedagogia da treta?

(«Destak» de hoje)
IMAGINE-SE que, no seguimento da instalação de um novo sistema de vídeo-vigilância, as autoridades detectavam, dia após dia, uns tantos indivíduos aos tiros nas ruas da capital - em cenas que ficavam perfeitamente documentadas.
Mas imagine-se, também, que as mesmas autoridades, em vez de meterem na prisão ou num hospício os "artistas" que haviam sido devidamente identificados, nos vinham dizer que só daqui a algum tempo é que iriam actuar.
Talvez pensássemos que estava tudo doido, mas o que atrás se descreve é semelhante ao que se tem passado na sequência da instalação dos novos radares pela Câmara Municipal de Lisboa: detectam-se e identificam-se verdadeiros assassinos a mais de 200km/h e, naquilo que é uma inenarrável afronta aos mortos e estropiados por gente dessa, vêm dizer-nos, com a maior das naturalidades, que por enquanto nada se faz, pois o sistema, até Março, é apenas... pedagógico!

Radares em Lisboa

Não estraguem…

… Não estraguem esta coisa dos radares com a falta de jeito para a informação e com a habitual queda para a propaganda… deslocada. E oiçam lá a PSP, já agora...

Senhores da Câmara, por favor não estraguem o que pode estar bem. Não dêem largas à falta de jeito. Isto já está a dar resultados psicológicos.

Hoje, já vi uns quantos aceleras a retrair-se. E há menos malta a acender os máximos para que ande depressa, tipo: «Mexa-se, mexa-se». Realmente parece uma pena andar a 50 na Infante D. Henrique. Mas que diabo: é a velocidade legal, não é? Por causa dessas e de outras é que apanhei há tempos um susto dos diabos. E ia ficando sem carta. E estou género «à experiência»…

Mas nem tudo são rosas, nesta coisa dos radares. Há logo quem diga depressa que é só caça à multa. E há mais - e mais sério.
Há uns tempos lia-se no Expresso: «A PSP não foi ouvida no processo da colocação dos 21 novos radares em Lisboa. Zonas críticas em acidentes ficaram esquecidas». E mais isto: «A PSP, que até era a única autoridade a fazer controlo de velocidade em Lisboa, não foi ouvida pela autarquia para a escolha dos locais onde os radares estão a ser instalados. Em 2005, a PSP levantou mais de 10 mil autos por excesso de velocidade em Lisboa, no valor de cerca de 13 milhões de euros».

Oh, diabo! Isso já é pior.
Aquilo da PSP não ter sido ouvida foi escrito há umas semanas. Mas logo, logo fez-se um silêncio absoluto sobre esta matéria. A PSP já foi ouvida? Os locais perigosos esquecidos já estão cobertos?

Mais: hoje de manhã, na Marginal, em Algés, à entrada de Lisboa, deparei com o cartaz electrónico de Bom Ano da CML. Mas parece-me que é um painel deste programa da instalação de radares de controlo de velocidade. E dizia assim: «Bom Ano / Em Segurança / CML». Ou seja: um painel de publicidade / propaganda. Para quê misturar as coisas? Não faz sentido nenhum e vem estragar a festa que todos reconhecem justa.
Falta de jeito ou vício de contaminar tudo com propaganda? Há quem dependa do álcool, outros da cafeína… etc…. e outros, pelos vistos, dependem da propaganda na mesmísima medida…
Uma pena.

Mistérios de Lisboa (cont.)

Tem-se falado muito dos 21 radares que a CML está a espalhar pela capital, algo que, segundo em tempos li, custará uns 2,5 milhões de euros. Mas, em princípio, não há nada a opor, pois tudo o que reduza a sinistralidade é bom. No entanto, como há gente que nunca está satisfeita, têm sido colocadas algumas objecções, tais como:
A escolha dos locais não corresponde aos de maior sinistralidade; a colocação dos aparelhos foi feita sem que fosse informada a PSP; as multas serão cobradas pela Polícia Municipal, apesar de ela se queixar de não ter efectivos nem sequer para multar os carros mal estacionados; fará sentido haver «zonas demarcadas» (do género da genial Tolerância Zero) onde o Código da Estrada tem de ser cumpido? etc.
De qualquer forma, atente-se nestas fotos (tiradas em 29 Dez 06):

As imagens são do Campo Grande (lado nascente), um dos locais brindados com esses novos radares. Só que estes dois placards não são a avisar da sua existência; não!, referem-se a uns outros que, supostamente, deviam lá estar.
Pergunta-se, então: onde páram esses "outros"? Alguma vez funcionaram?
Ainda funcionam? Se sim, para que são os novos? Se não, porque continuam a ser anunciados?
E, já agora: como os carros passam lá a velocidades de avião, quantos condutores foram, nos últimos anos, apanhados por estes radares-mistério?

As minhas 7 maravilhas de Lisboa #1



Esta foto e o resumo histórico que se segue, dizem respeito ao Jardim Botânico de Lisboa:

«O JARDIM BOTÂNICO DE LISBOA (2)
C.N. TAVARES
"HISTÓRIA DO JARDIM BOTÂNICO DA FACULDADE DE CIÊNCIAS
DE LISBOA" In: Jardim Botânico da Faculdade de Ciência de Lisboa. Guia.
Imprensa Portuguesa, Porto, 1967

Em fins de 1877 estavam concluídas as obras dos corpos laterais da estufa e o conde de FICALHO (1878) podia escrever: «O systema de aquecimento, de assombramento e de ventilação funccionam do modo o mais perfeito. E a excellente apparencia das plantas ali collocadas mostra as boas condições da estufa» (1).

Quanto ao corpo central, os violentos temporais que assolaram o país nos fins de 1876 causaram importantes danos na armação metálica da respectiva cobertura. Foi celebrado um contrato adicional com a casa ORMSON para a reparação dos prejuízos, mas a vistoria feita por técnicos portugueses, após conserto, mostrou não terem sido satisfatórias as melhorias introduzidas. Em Dezembro de 1877 não estavam ainda completadas as reparações e foi necessário encarregar J. J. DE PAIVA CABRAL COUCEIRO de dirigir as obras indispensáveis, que foram dadas como concluídas em Fevereiro de 1878. As despesas foram pagas pela Junta Administrativa da Escola. (...)»

terça-feira, janeiro 16, 2007

A calçada portuguesa (cont.)

(continuação)
O argumento tem a sua pertinácia. É que, enquanto as veneradas pedrinhas se soltam, sujas de óleo de motor e travões, sob os nossos pés, os prédios – as nossas casinhas - esboroam-se vetustos e malqueridos. E quanto mais nós, pobres contribuintes autárquicos, tropeçamos nos passeios, mais os carros reluzentes e novinhos em folha tomam conta das nossas cabeças.
Resumindo muito: a nossa relação com as “calçadas” está toda de pernas para o ar.
Cá por mim, fazia-se já um concurso público, escolhia-se as 1000 melhores calçadas do país. Essas, deveriam ser convenientemente amadas e conservadas. Quanto às outras, seriam cobertas com alcatrão liso e antiderrapante para acabar com as manutenções milionárias e as entorses do pé esquerdo. Dir-me-ão: “Mas, e a tradição... os romanos... o património histórico...?! Seu iconoclasta!...”
Responderei: “Até meados do século XIX, não existiam em Portugal passeios públicos com ‘calçada à portuguesa’. Eram usados, em vários pátios e ruelas, seixos rolados do rio. Um ou outro palácio de Lisboa e arredores teria o centro do seu átrio atapetado com pedras facetadas, como rudimentares mosaicos decorativos. Um dia, certo governador do Castelo de São Jorge, o irrequieto e empreendedor capitão Eusébio Furtado, confrontado com o repugnante aspecto das ruelas da freguesia, decidiu inovar, disciplinar e educar: requisitou presos de delito comum e pô-los a partir pedra. Após o que (como agora também se diz), lhes ordenou que as enterrassem à maneira do macadame. Como se estava no princípio da coisa, os pavimentos ficaram muito certinhos, quase tão bons como os da “calçada à checa” que ornamentava e ornamenta as ruas da oriental Praga.
A cidade gostou do resultado, o governo de Fontes Pereira de Melo gostou da ideia de humilhar ladrões e indigentes pondo-os a trabalhar de cócoras à vista de toda a população, e o capitão Furtado foi contactado (e contratado) para navegações mais altas. Pôs os seus heróis vilões a martelar no Rossio e desenhou o passeio que focou conhecido como o ‘Mar Largo’. Depois, foi a glória do processo. Tudo o que era estrangeiro, à falta de poder dizer bem de uma cidade pobrezinha e indecisa entre ser estaleiro e ruína, aclamava a graça dos nossos ‘passeios de calçada ornamental’. De piropo em piropo, a cidade de Lisboa foi inchando de orgulho até à presente miséria. Em 1895, o executivo da Câmara determinava que ‘d’ora avante se empregue o empedrado à portuguesa nas construção e reconstrução dos passeios laterais das ruas’. A calçada universalizou-se, e nacionalizou-se, como O passeio público do império lusofónico, da Betesga ao Lobito, do Tamaris a Copacabana, e de Rio de Onor a Timor.
Quando o rectangular ‘Mar Largo’ do Rossio, viu as angulosas esquinas serem recortadas em redondo por um génio da Vereação do Trânsito com gosto por corridas de Fórmula Um, ninguém se deu conta que o destino dos passeios de “calçada à portuguesa” tinha novos traços. O que vemos hoje por aí são porventura os acordes finais do fado do empedrado”
.
Respondido está. Entretanto, reconfortemo-nos. O tapete calcário continua a fazer desenhos sob os pés de quem se aventura a percorrer a ocidental urbe lusitana, assinalada por matagais de esverdeados pilaretes. Como histórias aos quadradinhos.

Lembrete: em 1849, o calcetamento do “Mar Largo” do Rossio custou à Câmara Municipal de Lisboa a soma total de 37 réis. Hoje em dia, um metro quadrado de “calçada à portuguesa” não ornamental custa 18 contos de réis (90 Euros, se não me engano) e requer labor suado e ininterrupto de um calceteiro, de um batedor de maço e de um servente, durante 4 a 6 horas. A colocação de alcatrão anti-derrapante fica por uns meros 3 contos de réis por metro quadrado e faz-se em três tempos (mais ou menos uma hora e meia, julgo). Meu rico dinheiro. Meu rico tornozelo. Minha rica trotinette.
Manuel João Ramos para a revist Linhas Cruzadas 200?

Amadeo teve 100.117 visitantes


A exposição foi inaugurada a 14 de Novembro e fechou no Domingo à meia-noite. Valeu a pena, o artista merece e os lisboetas agradecem mais este gigantesco contributo da Gulbenkian em prol da cultura lusitana. Para a próxima apenas peço aos serviços que disponham os quadros de forma a perceber-se a ordem cronológica das coisas, coloquem a legendagem junto a cada peça, e não em bloco, todas ao canto da parede (percebo que queiram evitar que as pessoas se concentrem em frente de um quadro, mas ...); e façam de maneira que se circule pela direita, sala a sala.

Parque Mayer e Feira Popular de Lisboa

São duas coisas diferentes: por um lado, o negócio entre a Bragaparques e a CML; por outro, a tentativa de corrupção. E essas duas realidades distintas têm de ser analisadas separadamente...

A empresa beneficiária desta grande «negociata» que foi todo o processo Parque Mayer / Feira Popular, a Bragaparques, está agora acusada de corrupção activa.

Esta é uma questão.

Outra, completamente diferente, é a dos termos de todo o negócio – levado ao Ministério Público pelo PCP e considerado «urgente» por esta entidade judicial, só não se entendendo por que é que não anda.
Este negócio, aliás, foi aprovado na Assembleia Municipal por todos os partidos, excepto o PCP e «Os Verdes», que votaram contra.
Isso, pode ser confirmado na acta da Assembleia Municipal de 1 de Março de 2005, pág. 54 do pdf respectivo, aqui. (Cabe dizer aqui que as célebres avaliações agora descobertas estão à vista no processo há anos. Não se entende o quadro sherlockholmesiano. A sério: não se percebe.)

Mas, uma coisa de cada vez.

O BE aprovou há um ano o que agora parece repudiar? Não se percebe.
De facto, o Bloco aprovou em 1 de Março de 2005, com o PSD, o PS e o CDS, todo o sistema do negócio em causa. Se bem que uma sua proposta aprovada imediatamente antes tenha salvaguardado alguns aspectos urbanísticos, a verdade é que o negócio em si contou com o voto favorável do BE. Ainda não percebi se haverá total sintonia hoje, no BE, sobre esta questão.

Isto nada tem a ver com a tentativa de corrupção denunciada por Sá Fernandes e actualmente na agenda do Ministério Público.

A minha inteira solidariedade, naturalmente, para Sá Fernandes nesta matéria.

Toda a história no blog lisboalisboa, onde, aliás, já há uns meses tinha citado esta votação para mim estranhíssima.
Os passeios de “calçada à portuguesa” são, caros passeantes, três coisas numa só: são tapetes públicos estirados sob os nossos pés, são mapas da cidade em escala 1 por 1, e são bandas desenhadas de artistas anónimos. Escrito de outro modo: são sítio, são percurso, e são repositório de efémeras e inúmeras narrativas individuais e colectivas. Numa palava, ou em três, são “histórias aos quadradinhos”. E gostava de poder dizer que gosto deles.
Mas...
As “calçadas” são tudo isso que ficou escrito. São também perturbador sinal de um paradoxo da vida urbana em Portugal. Porquê? Eu explico.
“Então é assim”, como agora “toda a gente” diz – para dar voz às falsas evidências:
Tratamos os passeios de “calçada à portuguesa” de forma ignominiosa. Pisamo-los, sujamo-los, cuspimo-los, atropelamo-los, desprezamo-los. Fazemos deles cinzeiro, lixeiro, e estacionamento das nossas luzidias baratas com rodas. Não os tratamos apenas como chão público que são. Tratamo-los como coisas que não são nossas, como porcarias deixadas no meio da rua pelo vizinho do terceiro direito a quem gostávamos de cuspir na cara se tivéssemos coragem para isso um dia.
E, no entanto... E, no entanto, os passeios de “calçada à portuguesa” são cálido objecto da nossa veneração discursiva. Não há urbanita nacional que não se disponha a colocar uma coroa de flores na lápide do nosso orgulho colectivo pelas “calçadas à portuguesa”. Quando falamos delas, uma lágrima de comoção rola pela nossa bochecha.
“Ah, sim!”, diria o advogado do Mafarrico, “Ele é tão original fazer passeios com pedrinhas sem graça nem colorido, todos tortos, e tão caros que devoram vorazmente os magros orçamentos camarários destinados à manutenção e renovação urbana em Portugal”.O argumento tem a sua pertinácia. É que, enquanto as veneradas pedrinhas se soltam, sujas de óleo de motor e travões, sob os nossos pés, os prédios – as nossas casinhas - esboroam-se vetustos e malqueridos. E quanto mais nós, pobres contribuintes autárquicos, tropeçamos nos passeios, mais os carros reluzentes e novinhos em folha tomam conta das nossas cabeças. Resumindo muito: a nossa relação com as “calçadas” está toda de pernas para o ar. (continua)

Artigo de Manuel João Ramos publicado na revista Linhas Cruzadas em 200?