quarta-feira, março 26, 2008

CRIL: Moradores concentrados em protesto

CRIL: Moradores concentrados em protesto
Os moradores concentraram-se junto ao corredor da CRIL para protestar contra o projecto de conclusão daquela via.

A Comissão de Moradores de Santa Cruz de Benfica e da Damaia concentrou-se hoje junto ao corredor da CRIL para protestar contra o projecto de conclusão daquela via que ligará a Buraca a Benfica.
O protesto, que reuniu cerca de duas centenas de moradores de Santa Cruz de Benfica e da Damaia, empenhando velas e cruzes, serviu para demonstrar o desagrado face a uma obra que consideram "ilegal e de uma gravidade extrema", segundo Jorge Alves, presidente da Comissão de Moradores de Santa Cruz de Benfica
Em declarações à Lusa, Jorge Alves, explicou que os moradores estão preocupados com "os graves impactos ambientais que aquela obra acarreta", acusando o Governo de estar "a faltar ao respeito às populações daquelas duas localidades".
O responsável citou um estudo técnico do Observatório de Estadas que "aponta graves problemas" de segurança rodoviária que obrigam a que a circulação seja feita a 60km/hora e controlada por radar e pareceres do Instituto do Ambiente que atestam que a construção de 310 metros a céu aberto propostos no projecto violam a Declaração de Impacte Ambiental
"O Governo adjudicou uma obra que contraria aquilo que estava previsto para esta zona e tinha ficado decidido em consulta pública. Desta forma comete uma clara violação à Declaração de Impacte Ambiental",referiu
Segundo explicou Jorge Alves, o último troço da CRIL passou de um projecto de 3+3 vias em túnel, a opção que esteve em consulta pública em 2004, para 4+4 vias a céu aberto numa extensão de mais de 300 metros.
"O Governo decidiu construir uma estrada aos "esses", em cima das populações, que põe em causa a segurança rodoviária e viola a declaração de impacto ambiental, quando havia condições para construir uma via em linha recta em terrenos do Estado", denunciou.
Jorge Alves considerou ainda a atitude do Governo como "incompreensível, pois sempre que é instado a pronunciar-se acerca da obra diz que não existe qualquer projecto".
Presente na manifestação esteve também a QUERCUS que, na voz de Aline Delgado, presidente do Núcleo de Lisboa, manifestou a sua "solidariedade" com os moradores.
"Consideramos que esta declaração (Impacto Ambiental) não está na ser respeitada, reflectindo-se na poluição e no ruído a que estas pessoas estarão sujeitas no futuro", afirmou.
A ambientalista lamentou que "grande parte dos processos de avaliação ambientais não passam de um proforma", sendo este mais um desses casos.
João Moura, morador na Damaia de Baixo há cerca de 30 anos, vê esta obra com "desconfiança" porque segundo ele irá criar "um Muro de Berlim" que isolará as duas freguesias.
Entretanto, as expropriações necessárias para a conclusão da obra já começaram e, de acordo com Ana Paula, uma das expropriadas, "o processo tem sido tudo menos amigável"
"A Estradas de Portugal (EP) veio-me apresentar-me uma proposta irrisória. Um valor que não me é suficiente para pagar outra casa", referiu, acusando a EP de estar a "ameaçar as pessoas".
O troço final da Cintura Regional Interna de Lisboa (CRIL) ligará o nó da Buraca ao da Pontinha e este à rotunda de Benfica, numa extensão aproximada de 4,5 quilómetros.
A obra, que deverá estar concluída até final de 2009, foi adjudicada no passado dia 16 de Novembro por cerca de 110 milhões de euros.
Notícia TVNET
(ISABEL G)

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