quinta-feira, março 06, 2008

Pão e protocandidatos

Sempre que o pão foi problema, verificou-se uma convulsão: umas mais fortes outras menos, mas lá que isso é sério, é.


Sigma é a letra do alfabeto grego correspondente ao nosso ‘s’. Em matemática designa o somatório de todos. Mas no País estamos cada vez menos todos: há o somatório parcelar dos cidadãos das preocupações diárias e o somatório parcelar dos que precisam de sobreviver à custa dos cargos públicos. E é aqui que as coisas começam a ficar curiosas.

Não é que de repente se sucedem declarações várias, vindas da área social-democrata, contra o (desejável) candidato a novo mandato presidencial?

Seria normal que vindas da área social-democrata se apontasse ao Governo as omissões e os erros evidentes.


É uma autofagia aparentemente incompreensível. Mas só na aparência. Na realidade trata- -se da mais clara e simples das razões: a necessidade de baixar o paradigma para a próxima disputa presidencial. Todos os actores que na área se perfilam ou desejam a cadeira presidencial – excepto o detentor actual – são menores. É preciso entendê-los na sua integralidade. São as vozes dos que nunca perdoaram um patamar de exigência que os afastou durante o chamado período do Cavaquismo (convém relembrar o período em que Portugal subiu em todos os indicadores, viu-se obra e o País cresceu). Essas vozes são em parte arautos de uma pequenez que se anuncia, de uma desigualdade assumida à partida. Voltam à intriga em circuito fechado: cria-se factos, imputa-se factos, tenta-se corroer a imagem...

Mas a figura de Cavaco Silva apouca os pretendentes enquanto protocandidatos presidenciais e a estratégia seguida é a habitual: criar dúvidas, apontar como erros actuações que de errado nada têm, sobretudo quando se põe as instituições à frente. Mas essa linguagem são incapazes de a compreender. O mundo dos protocandidatos não é o nosso, definitivamente.

Não pensaram no pão nem falaram dele. E o pão é o princípio. É por isso que vão continuar a não entender nada.

Esquecem a crise do pão. É só revisitar historicamente a questão: sempre que o pão foi problema verificou-se uma convulsão: umas mais fortes outras menos fortes, mas lá que isso é que é sério, é.

O que justifica algumas agonias contra o possível candidato a novo mandato presidencial é a vontade que outros agentes têm de se pré-posicionarem como candidatos presidenciais, ainda que apenas para justificarem a existência.



Paula Teixeira da Cruz
In Correio da Manhã

1 comentário:

Anónimo disse...

O prof. Cavaco está com certeza borrifando-se para bocas de meros funcionários do PSD, como as do senhor Duarte.