Uma cidade incapaz de planear o seu futuro. Um futuro que há muito se adivinha instável e problemático. Um problema em grande medida insolúvel.
A crise energética mundial não é uma incómoda brisa passageira. É o sinal de que o mundo vai sofrer profundas e traumáticas mudanças, que muitos países se poderão tornar inviáveis, e que o modo de vida que conhecemos hoje tem os dias contados. As róseas promessas de energias limpas, renováveis e inesgotáveis são pouco menos que perigosos embustes.
O futuro das médias e grandes urbes adivinha-se feito de penúria, de tensão social, de aumento das desigualdades. Cidades com mais de 150.000 habitantes serão ecologicamente insustentáveis, socialmente incontroláveis, politicamente ingeríveis.
Lisboa será apenas mais um exemplo de idiotia colectiva da espécie humana. Mas é a cidade em que eu, e muitos outros pobres idiotas vivemos - uns com mais e outros com menos consciência de que nos estamos a empurrar a nós próprios para o abismo.
Se há alguém que pensa estrategicamente o futuro da cidade, esse alguém não aparece para nos alertar contra o perigo que corremos. Enquanto se vão acumulando os sinais de que algo está profundamente mal com os monstros que permitimos fossem criados (a cidade e a edilidade), cidadãos e edis assobiam para o lado, uns gritando urras à selecção nacional de futebol, e os outros clamando por obras públicas e aprovando obras privadas que não farão mais que acelerar a destruição da orgânica urbana de Lisboa.
Caricatura suprema, o auto-proclamado herdeiro de Ribeiro Teles suicida-se na Praça pública (ou será privada?) das Flores.
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