quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Lisboa viu ontem nascer um novo Carmona Rodrigues?



Ontem, na Assembleia Municipal assistiu-se a uma morte e a um parto (difícil, mas, em todo o caso, um parto).
Morreu um Carmona técnico e nasceu o Carmona político (no pior sentido que se costuma dar à palavra, que deve ser reabilitada no discurso – mas não o será desta forma, digo eu).
Lisboa não vai ficar a ganhar.
Carmona, manifestamente, tem menos jeito para o novo ser que desponta. Isso percebeu-se muito bem ontem:
- pelo azedume,
- pelo isolacionismo (rechaçou tudo e todos, até o CDS que o apoiou no primeiro ano),
- pela demagogia,
- pela agressividade.


Simpatias pessoais à parte, toda a gente percebeu na reunião extraordinária de ontem que o fato não tem a sua medida: o «velho» Carmona ainda lá está: «naïf» quanto baste – no que tem piada – e já mal no novo fato – mais largo e menos rigoroso. O antigo e o novo convivem mal em Carmona. O novo estreou-se, é um facto, mas mal descolou e não levantou voo.
Lisboa não ganhou nada. Também não acredito que tenha perdido.

Carmona perdeu ontem, no estrito âmbito da política local, o «hallo» de bom profissional competente. Todos os jornalistas notaram isso. Começou a despontar a auréola de candidato posicionado na grelha de partida – se a houver de repente.
Provam-no muitas coisas que apareceram ontem pela primeira vez em Carmona: a palavra mais fácil, o tom teatral ao mostrar os papéis, as «inverdades», na alegação espirituosa de MJNogueira Pinto, o puxar pelas palmas dos deputados da bancada do PSD – que no final o aplaudiram de pé quase todos (faltou-lhe esse «quase» dos santanistas, como era de esperar), bem como a situação de isolamento e vitimização em que ontem de repente se colocou definitivamente. Nunca antes, desde que a crise começou, levara tão longe esta ideia de estar sozinho. Sozinho em naufrágio. Esta crise é um naufrágio anunciado. É uma crise cada vez maior.


E como nasceu essa crise? Com as investigações da Judiciária. As quais decorrem ainda e com novas consequências que se adivinham mas que não se conhecem. Uma crise que nasceu e se desenvolveu por exclusiva responsabilidade de Santana, de Carmona e do PSD.
Infelizmente para Lisboa.

2 comentários:

Carlos Medina Ribeiro disse...

Carmona Rodrigues é apenas um exemplo acabado do Princípio de Peter - qualquer coisa como:

Bom aluno>bom engenheiro>bom professor>péssimo presidente de Câmara

Uma vez atingido o incontornável Nível de Peter, o nosso homem nunca mais sobe nem deixa subir ninguém: entrou na fase em que só estorva e chateia - mas é dos livros que é assim que as coisas se passam...

André Bernardes disse...

ui, isso do Peter, é em si mesmo um princípio perigoso, senão até parecido com um acto falhado...é que ainda nos leva, em desespero de causa(s) a clamar por um "volta Pedro...Santana, estás perdoado"!?