Falta de rigor em algumas redacções
Vou transcrever-lhe mais um caso em que uma pessoa diz uma coisa e um jornal titula em claro abuso de linguagem. Mas como a coisa se repete - como tenho registado em vários sítios/sites/blogs -, já não sei se é um caso de linguagem, se de má fé.
Vou transcrever-lhe mais um caso em que uma pessoa diz uma coisa e um jornal titula em claro abuso de linguagem. Mas como a coisa se repete - como tenho registado em vários sítios/sites/blogs -, já não sei se é um caso de linguagem, se de má fé.
Sem querer ser mais papista que o Papa, acho que isto é um gesto até indelicado para com o candidato em causa. O qual anda a evitar falar agora de maioria absoluta para evitar embaraços na noite de 15 de Julho. Como é evidente.
Vamos então ao caso.
1º - As palavras do candidato: «"Aquilo que me compete é ser tão claro quanto possível a expressar o que é melhor para a cidade, da habitação, do ambiente, das finanças ou das condições de governabilidade", disse António Costa, citado pela Lusa.
Em relação às condições de governabilidade, António Costa insistiu que, "numa Câmara com uma situação tão difícil como a de Lisboa, uma maioria é a boa solução para o futuro da cidade"».
Em relação às condições de governabilidade, António Costa insistiu que, "numa Câmara com uma situação tão difícil como a de Lisboa, uma maioria é a boa solução para o futuro da cidade"».
2º - O título do jornal: «Eleições intercalares de 15 de Julho / António Costa aproveita sondagem para insistir na maioria absoluta». Maioria absoluta. Leu? 1º abuso.
3º - O lead da mesma notícia no mesmo jornal: «O candidato do PS a presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, aproveitou a recente sondagem da Intercampus, que lhe dá uma vitória com 31,1 por cento, para reiterar o apelo a uma maioria absoluta socialista nas eleições intercalares de 15 de Julho». Maioria absoluta. Está a ver?
Acho que da candidatura de Costa só mesmo José Miguel Júdice, por algum desfasamento, é que veio a público pedir memso «maioria absoluta». António Costa, que eu tenha lido - e acho que leio praticamente tudo - não a pediu nunca.
Má nota para este tipo de atitude perante a informação como direito meu e como obrigação das redacções. Neste caso foi o 'Público Última Hora' e foi, julgo que originariamente, a Lusa. Mas isto mesmo já aconteceu quatro vezes em quinze dias, pelas minhas contas: Costa fala de «maioria» e... zás, aguém escreve que ele diz «maioria absoluta»; fala de «maioria estável» e dizem logo que disse «maioria absoluta»; diz «condições de governabilidade» e a cena repete-se num ou noutro meio de comunicação: dizem que ele pediu maioria absoluta.
Que falta de rigor... Se é que é disso que se trata.
6 comentários:
A falta de rigor (voluntária ou não), a deturpação de declarações e notícias, a selecção criteriosa de pormenores em relatórios que retirados do contexto deturpem o seu sentido geral, etc... têm invadido a nossa imprensa nos últimos anos.
Aliás, afirmo com orgulho, que deixei de comprar jornais.
(Com uma excepção, o Courrier Internacional que apenas tem textos seleccionados de jornais estrangeiros)
«Falata (?) de rigor...»
Alguém é capaz de explicar o título deste "post", nomeadamente o que significa FALATA?
Obrigado pela chamada.
Já está ressolvida a questão do título.
Já está resolvida a questão do título?
Ora aí está uma coisa de que José Sócrates não se pode gabar...
É que aqui era só uma gralha. No caso dele, provavelmente, é bem mais do que uma gralha... (logo se saberá: deixemos reverter o pico político).
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