«DN-online» de hoje
AS PESSOAS que se enervam quando ouvem falar em debates e reflexões, fazem-me lembrar uma cena que se passou comigo quando, em tempos que já lá vão, fui fazer as verificações finais numa instalação eléctrica importante:
A certa altura, tendo-me eu deparado com um fio que, aparentemente, estava fora do sítio, chamei o responsável pelo trabalho e, com os planos na frente e apelando à sua colaboração, tentei perceber o que se passava.
Porém, a certa altura, o homem, enervado (por ver o seu trabalho posto em causa - o que até era verdade, mas não era o essencial), exclamou:
- Mas o chefe quer pensar, ou quer que isto funcione?!
Tentei explicar-lhe que queria ambas as coisas. Foi tempo perdido, e eu já devia saber que há pessoas para quem o acto de reflectir é um exercício penoso e dispensável - quando não mesmo perigoso.
2 comentários:
(...) pegando na expressão "...é um exercício penoso" acho que a comparação é duplamente feliz porque a origem do fenómeno deve ser comum à da conhecida 'resistência ao exercício físico'... é que pura e simplesmente não está nos nossos hábitos, enquanto indivíduos ou povo, a começar pelo (mau) exemplo vem de cima, sendo curioso que, quem hoje reclama por essa mesma abertura e partilha de decisão foi quem mais a evitou, sob um qualquer argumento de autoridade ou urgência - curioso, não é?
AB
Actualmente, muitas das discussões não são mais do que conversa-fiada do género:
- Vocês, ontem, eram a favor e agora são contra!
Ao que lhes respondem, a propósito de outra patacoada qualquer:
- Vocês, ontem, eram contra e agora são a favor!
Ora, como isso é uma constante da vida política (e não só portuguesa), espera-se que os actores (Governo e Oposição) arrangem e esgrimam argumentos mais adultos e consistentes - se não for pedir muito...
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