quinta-feira, dezembro 13, 2007

Leis da treta

Dezembro de 2006

Av. de Roma

Em finais de Novembro de 2005, o «DN» publicava a seguinte carta de um leitor que se referia, concretamente, à paragem de autocarro que se vê nestas imagens:

Que nome dar a esta gente?

Em tempos não muito distantes, acompanhei às urgências de um hospital uma pessoa de família que acabou por lá falecer. Se tivesse lá chegado alguns minutos antes, talvez se tivesse salvo.
Por isso, é com mal contida raiva que - como hoje voltou a suceder - sou frequentemente despertado pelas angustiantes sirenes de ambulâncias do INEM que não conseguem circular devido à espantosa falta de civismo de meia-dúzia de condutores que estacionam os carros em segunda linha e nas paragens de autocarros da avenida onde resido. Em consequência, estes (às vezes mais do que um) têm de parar numa das duas faixas de circulação, fazendo com que as filas de trânsito, que já de si são grandes, fiquem ainda maiores e completamente intransitáveis.
Tudo isso, como é do conhecimento público, é feito perante a mais espantosa inacção das autoridades - quer da Polícia Municipal, quer da Divisão de Trânsito da PSP - o que, suponho, também devo agradecer aos sucessivos Presidentes da Câmara Municipal de Lisboa e ministros da Administração Interna.
Sem subterfúgios, e por muito que o custe dizer:
Todas as pessoas que referi são responsáveis, por acção ou omissão pela morte de pessoas.
Isso não lhes tira o sono? Palpita-me bem que não...

-oOo-

Algum tempo depois, a carta voltou a aparecer na imprensa, desta feita no «PÚBLICO» e, mais tarde, também no «metro». No último caso, acompanhada por uma fotografia semelhante a estas, onde era visível o engarrafamento provocado por 3 ou 4 automóveis.
Nessa manhã, então, a Polícia Municipal lá saiu do seu torpor e rebocou alguns carros, acção essa que se repetiu mais algumas vezes nos dias seguintes.

Se foi eficaz ou não, que o diga a foto da esquerda, em baixo, tirada 13 meses mais tarde, em Dezembro de 2006..
Três meses depois, já em 2007, tivemos o estardalhaço mediático da tolerância zero, uma rábula que parece repetir-se com António Costa - pelo menos, a avaliar pela imagem-gémea, de Dezembro de 2007...

8 comentários:

Miguel Carvalho disse...

Esta paragem - que conheço bem - está muito mal desenhada. A paragem em si só se encontra no extremo final da reentrância para o autocarro (como dá para ver pela foto). Ou o autocarro usa a reentrância e pára a largos metros da paragem, ou tem que ocupar a faixa de rodagem para estar perto dos passageiros.
Até percebo que seja difícil convencer os automobilistas no extremo oposto que não podem estacionar ali. Isto obviamente não desculpa o abuso que se vê nas fotos e que acontece quase todos os dias (tem havido umas limpezas de N em N meses).

Anónimo disse...

Repare-se na besta da imagem de cima.

O animal, não contente com pôr o carro ali, ainda deixou metro-e-meio dentro da via.
Em hora de ponta, como se depreende pelo trânsito.

Anónimo disse...

Eu quase todos os dias passo na Rua de S. Bento, que, salvo algum excepcional dia em que por lá andou alguém a colocar um mínimo de ordem naquilo, é um modelo terceiro-mundista de bagunça.

Carlos Medina Ribeiro disse...

Na realidade, a situação esteve, durante tantos anos, sem controlo (atingindo tais proporções), que agora, mesmo que se queira, é incontrolável.

António Costa prometeu acabar com o estacionamento selvagem, o que, manifestamente, não podia cumprir.

Mais lhe valera, por isso, ter dito, apenas, que o ia combater.

Anónimo disse...

Então agora não era "tolerância zero" com António Costa?

Miguel Carvalho disse...

Tolerância Zero em horas muito específicas, em locais muito específicos. Fora disso é a rebaldaria de sempre

Carlos Medina Ribeiro disse...

Tenha-se em conta os 400 mil carros que entram diariamente (de 2ª a 6ª f) em Lisboa.
Descontem-se os que saem, e somem-se os que estão.
Chegaremos a cerca de 500 mil.

Agora, imagine-se (por absurdo) que só 5% desse meio-milhão está em estacionamento selvagem incomodativo.

Teremos 25 mil.

Quando é que alguma polícia consegue reprimir esse número TODOS OS DIAS?
Claro que não consegue - nem de perto nem de longe. Por isso, o melhor era não prometer nada...

Miguel Carvalho disse...

Exacto..
Por isso é que eu defendi no blog vizinho que as multas fossem aumentadas para Lisboa.